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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

O Deus-Homem (O Todo-poderoso em carne e osso)

 


A sua pá, ele a tem na mão, para limpar completamente a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; porém queimará a palha em fogo inextinguível” (Lc.3.17)


Jesus parecia apenas um homem como qualquer outro, pois não havia nada especial em sua aparência. Ele comia e bebia como qualquer pessoa comum; mamou no peito de sua mãe; recebeu os primeiros alimentos no tempo certo; e, passou a comer com a família até o dia que deu início a seu ministério. Jesus dormia como alguém que se cansava da lida diária (Mt.8.24). Até mesmo, bebia vinho com amigos e familiares, participando da vida social comum a seu povo (Mt.11.19). Cristo tinha necessidades comuns, ainda que nunca tivesse ficado doente. Ele aprendeu a Palavra de Deus como todas as crianças e participou de todos os ritos exigidos pela Lei de Moisés (Lc.2.39). Sua vida foi extremamente comum a todos, de modo que não chamou a atenção de ninguém até o dia que deu início ao ministério da pregação da Palavra do Senhor (Mt.4.17; Jo.2.11).

A despeito da vida comum de Jesus, ali estava o Deus Todo-Poderoso Criador dos céus e da terra. Quando as multidões queriam saber de João Batista “se não seria ele, porventura, o próprio Cristo” (Lc.3.15), o profeta anunciou-lhes a glória do Filho de Deus, o Santo de Israel. Por maior que João Batista fosse aos olhos das multidões, seu propósito era direcionar o povo para alguém que realmente era Santíssimo e Todo-Poderoso. A glória do Messias era tamanha que nem João Batista era digno de “desatar-lhe as correias das sandálias” (Lc.3.16). Porém, toda aquela glória estava escondida na figura de uma pessoa aparentemente comum vivendo entre pessoas comuns, por isso ninguém havia percebido a presença de Deus entre os homens, o Deus Emanuel (Mt.1.23). O Criador de todas as coisas estava vivendo entre os homens, mas os homens não perceberam, pois Ele se fez um de nós (Jo.1.10).

O Filho de Deus tornou-se verdadeiro homem, assumindo toda a natureza humana sem o pecado. Jesus nasceu sem pecado, porque o pecado não é parte da natureza humana. O pecado é um acidente, ou seja, algo que passou a fazer parte da vida humana, mas não é parte da essência humana. O pecado não define o ser humano, como explicamos em capítulo anterior, (a imagem e semelhança divina define o ser humano) e, por isso, um dia a corrupção será totalmente retirada da humanidade, a fim de que os filhos de Deus vivam eternamente em santidade para o Senhor e Salvador, como puros seres humanos: 


1 Coríntios 15:50-53  Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.  51 Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos,  52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.  53 Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade


Cristo é a perfeita humanidade, a plena imagem e semelhança de Deus sem qualquer corrupção. Por isso, enquanto estivermos vivendo nesse mundo que “jaz no maligno” (1Jo.5.19), Deus estará trabalhando nossas vidas, por meio do Espírito Santo e da Santa Palavra, “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef.4.13). Assim como Adão, Cristo nasceu puro e sem pecado, razão para Paulo chamar Jesus de último Adão (1Co.15.45). Mas, diferente do primeiro Adão que pecou e morreu, o último Adão, Cristo, venceu o pecado e a morte, tendo poder para dar vida eterna a todo aquele que nEle crer: “Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante” (1Co.14.45).

Todavia, sua aparência era comum a qualquer outro homem. Não havia algo especial que chamasse a atenção das pessoas. Seus hábitos eram mais comuns do que a vida reclusa do profeta João Batista. Jesus comia e bebia com as pessoas comuns e vivia o simples e o comum cotidiano de sua pequena cidade Nazaré. Sua vida era tão “comum” às pessoas comuns, sem qualquer ascetismo, que os principais religiosos da época o consideravam alguém “vulgar” por se misturar com o “povão” considerado impuro (uma das razões para o desprezarem). Por isso, Jesus afirmou: “Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!” (Mt.11.19).

A aparência comum e os hábitos populares ocultavam a majestade gloriosa do Filho do Altíssimo, Deus de Deus, Criador de todas as coisas (Jo.1.1-3). E mesmo que o Filho de Deus tenha se humilhado, esvaziando-se de si mesmo (Fp.2.7), não deixou, em um só momento, de ser Deus, afinal nenhum ser pode deixar de ser quem é, pois a essência de cada ser é o próprio ser e o Filho de Deus é essencialmente Deus. Ou seja, deixar de ser quem Ele é seria deixar de existir e isso é impossível para Deus. Portanto, mesmo que o Filho de Deus tenha encarnado, Ele não poderia deixar de ser quem Ele é: Deus. Por isso, em todo e qualquer momento, Jesus era (é e sempre será) o Deus-Homem. A humanidade de Cristo não anulou sua divindade, assim como o fato de Cristo ser Deus não o tornou menos homem. As duas naturezas de Cristo coexistem em uma única pessoa sem qualquer redução de uma ou das duas. Jesus é 100% Deus e, também, é 100% homem, pois ao encarnar, o Filho de Deus assumiu a essência humana: a alma criada à imagem de Deus. Por isso, Cristo é o perfeito e o eterno mediador entre Deus e os homens, representando Deus entre os homens e os homens na presença de Deus.

Precisamos aplicar à vida de todo cristão, aquilo que aprendemos com a vida comum do Filho de Deus. A vida comum não torna o cristão menos cristão. Cristo não deixou de ser Deus quando comia e bebia com as pessoas; Ele não deixou de ser o Criador de todas as coisas quando fazia suas necessidades físicas comuns a todas as pessoas. De modo semelhante, sua vida cotidiana: acordar, comer, trabalhar ou estudar, se relacionar com pessoas comuns, desfrutar de lazer e dormir não tornam você menos cristão do que aqueles que tiveram uma vida ascética no passado. Assim como ninguém deixa de ser humano, ainda que queira ou tente, o genuíno cristão também não deixa de ser cristão, ainda que o universo inteiro atente contra ele, “porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm.8.38-39).

Ser um verdadeiro cristão é ser nascido do Espírito de Deus, de modo que a natureza humana é liberta da escravidão do pecado. Ser genuinamente cristão é ter o Espírito do Senhor; ser unido a Cristo, tornando-se um com Ele, a fim de vivermos sua vida. A vida comum criada por Deus não é pecado, de modo que nem mesmo o prazer sexual (dentro do casamento) é pecado, pois foi criado por Deus e chamado de “muito bom” (Gn.1.31), junto a todo o restante da criação. Pecado é desobedecer a Deus, quer por meio de vícios (o oposto das virtudes) quer por meio de incredulidade e dureza de coração. Ser cristão é ser livre para fazer o que é bom, vivendo a vida comum virtuosamente, em obediência ao Deus Criador. Assim, a vida comum de um cristão comum glorifica a Deus, manifestando o poder de Deus para libertar aquele que estava preso, purificar o que estava sujo, transformar aquilo que estava disforme. Desse modo, a simples vida de qualquer cristão genuíno vivendo virtuosamente é, em si mesma, uma expressão de louvor ao Deus Redentor e um estímulo divino, para que todo cristão, simplesmente, viva em Cristo, como disse o apóstolo Paulo: “quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co.10.31).

João Batista havia sido enviado para batizar sua geração, chamando-a ao arrependimento. O batismo de João simbolizava a purificação dos pecados, à semelhança da lavagem de água praticada no Antigo Testamento (Ex.19.14; 29.4; 30.18-21; Lv.11.25,28,40; 15.1-33; Nm.19.19-21; Sl.51.2,7; Is.1.16; 4.4; Jr.4.14; ). E essa é a grande diferença entre o batismo de João Batista e o batismo de Jesus, pois enquanto o profeta ministrava um símbolo de purificação para a chegada de Cristo, Jesus ordenou que se ministrasse um sinal de aliança, a nova aliança, em nome da Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo (Mt.28.18-20). Também podemos dizer que o batismo realizado por João preanuncia o cumprimento da profecia de Ezequiel 36.25-27:


Ezequiel 36:25-27  Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei.  26 Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.  27 Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.


O prenúncio batismal de João Batista visava preparar o povo para algo muito maior. O profeta fora capacitado para pregar a Palavra de Deus com fidelidade e excelência, mas não tinha poder para justificar, purificar, converter e transformar o coração dos pecadores, a fim de salvá-los, dando-lhes nova vida. As multidões estavam prestes a se encontrar com o Verdadeiro Salvador, o Filho de Deus, o Emanuel, a maior intervenção divina na história humana; e, as pessoas precisavam estar prontas para encontrar-se com Cristo. Jesus era aparentemente um homem comum, vivendo uma vida comum. Mas, sua simplicidade guardava a glória do Deus Todo-Poderoso, o Criador de todas as coisas, Aquele que separaria os justos dos ímpios:


Mateus 25:31-33  Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória;  32 e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas;  33 e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda


O encontro de Cristo com sua geração remete-nos a Êxodo 19, quando Deus apareceu a Israel, no monte Sinai, por meio de fogo, fumaça e o zunido ensurdecedor, estabelecendo uma aliança com seu povo. Deus se manifestou assim, a seu povo, para que Israel o temesse por todos os seus dias. Ele andou no meio de Israel como uma coluna de fogo e uma coluna de nuvem (Ex.13.21-22), realizando grandes manifestações de seu poder. Todavia, o advento de Cristo não seria aterrorizante, mas profundamente gracioso; não pretendia amedrontar as pessoas, mas atraí-las para um novo e verdadeiro relacionamento com Deus; não imporia medo aos corações, apavorando o povo, mas constrangeria o coração das pessoas com a maior manifestação do amor de Deus (Rm.5.8; 2Co.5.14). 

João Batista veio com a missão de purificar o povo para o encontro com Deus, assim como Israel precisou ser purificado para testemunhar a manifestação da presença divina no monte Sinai: “Disse também o SENHOR a Moisés: Vai ao povo e purifica-o hoje e amanhã. Lavem eles as suas vestes e estejam prontos para o terceiro dia; porque no terceiro dia o SENHOR, à vista de todo o povo, descerá sobre o monte Sinai” (Ex.19.10-11). O Todo-Poderoso, que aparecera a Moisés e Israel através de teofanias, nos dias de João Batista tornara-se humano, manifestando-se em carne e osso para sua geração: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo.1.14).

Em seu propósito de purificar o povo, preparando-o para o advento de Cristo, João Batista testemunhou a amplitude da glória do Filho de Deus, a fim de que todos fossem a Jesus, o Messias Redentor de Israel. Todos os quatro evangelhos registram, ainda que de modos diferentes, o testemunho que João Batista deu sobre Cristo, por ocasião do batismo de Jesus (Mt.3.13-17; Mc.1.9-11; Lc.3.21-22; Jo.1.32-34). Dentre esses testemunhos, focados no momento do batismo, encontra-se a palavra do profeta sobre o poder de Cristo:


Mateus 3:11-12  Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.  12 A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível (//Lc.3.16-17)

João 1:15  João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia antes de mim.

João 1:29-34  No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!  30 É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim.  31 Eu mesmo não o conhecia, mas, a fim de que ele fosse manifestado a Israel, vim, por isso, batizando com água.  32 E João testemunhou, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele.  33 Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo.  34 Pois eu, de fato, vi e tenho testificado que ele é o Filho de Deus.


Jesus e João Batista eram primos, mas a Escritura não nos diz qual o grau de relacionamento entre eles. Teriam eles sentado algumas vezes para conversar sobre questões teológicas? Segundo o profeta, Jesus não se revelou a ele até o momento certo: “Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo.1.33). Quando João Batista afirmou que “não o conhecia”, estava se referindo sobre não saber quem era o Messias. Porém, João Batista conhecia seu primo, Jesus. O Filho de Deus esperou pacientemente o dia certo para se revelar ao mundo como o Messias. E o primeiro a conhece-lo foi João Batista, na ocasião do batismo de Jesus. Mas, antes desse dia, Deus revelou, ao profeta, algo sobre a natureza e a obra de Cristo. Conforme João Batista, Deus falou diretamente para ele como se daria a revelação do Messias (Jo.1.33). Devemos supor, também, que Deus revelou, ao profeta, que o Messias era o preexistente Filho de Deus enviado como “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo.1.29). Se considerarmos os detalhes do testemunho de João Batista, podemos afirmar que o profeta recebeu a revelação completa sobre a natureza do Messias e sobre a obra que viera realizar, ainda que de modo bastante resumido e, consequentemente, não tão clara quanto hoje é para a igreja.

A dimensão da revelação dada ao profeta João Batista fez com que ele esperasse algo demasiadamente glorioso por ocasião da manifestação de Jesus. João Batista esperava o Filho de Deus revestido de poder para tirar o pecado do mundo e separar os justos dos ímpios (Mt.3.12//25.31-46). Com seu poder, o Messias poria fim ao pecado e ao sofrimento do povo de Deus e, ainda, libertaria os judeus do jugo pagão. Mas, em vez de liberdade, João Batista experimentou a prisão (Mt.4.12), momento em que Jesus começou seu ministério (Mt.4.17). É compreensível que João Batista tenha ficado ansioso enquanto esperava que algo extraordinário acontecesse durante sua prisão. Essa deve ser a razão, porque João Batista sentiu-se, posteriormente, confuso e pediu a seus discípulos que perguntassem a Jesus se seria ele mesmo aquele que deveria vir (Mt.11.3; Lc.7.19). João Batista não era melhor do que Jeremias que, apesar de receber a revelação divina, angustiou-se muitas vezes por causa do sofrimento decorrente de seu ministério (Jr.20.7-18).

Todos os judeus esperavam um grande rei, o filho de Davi (2Sm.7.12-16). Mas, João Batista proclama alguém maior que um rei, alguém mais poderoso. Poeticamente, o profeta anuncia o poder e o propósito do filho de Davi e, nos detalhes de suas afirmações, ele declara a glória divina do Messias, remetendo-nos ao Senhorio divino do Juiz de toda a criação, o único que pode salvar e condenar os pecadores: “A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível” (Mt.3.12). Como Deus, o Messias é Senhor de tudo e todos, e tem toda autoridade nos céus e na terra (Mt.28.18). Logo, o Messias deveria ser amado e temido, pois em suas mãos estava a salvação e a condenação dos pecadores.

Segundo as palavras de João Batista, o Messias não era apenas um homem especial. Sua glória vai além daquilo que os profetas do passado fizeram pelo poder do Espírito do Senhor. O Messias era alguém poderoso, Senhor do TEMPO, do ESPAÇO e de todas as CRIATURAS. E em seu testemunho sobre a pessoa de Cristo, João Batista afirma que o Messias existia antes dele, ainda que tivesse sido enviado depois dele, o que podemos constatar no fato de que Jesus era seis meses mais novo que seu primo, o profeta (Jo.1.15). O Messias é Senhor do tempo, pois existe antes dele, ainda que tenha se humilhado sujeitando-se à realidade temporal. Cristo passou nove meses no ventre de Maria e se sujeitou a passar por cada fase natural da vida humana, crescendo paulatinamente ano após ano. Posteriormente, Jesus reafirmou sua preexistência quando dialogava com os judeus, dizendo: “Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU.” (Jo.8.58). 

O Messias também é Senhor do espaço, pois Ele o criou. O profeta diz que a “eira” (mundo), o “celeiro” (igreja/céu) e o lugar onde se queimará a palha (inferno) pertencem a Cristo. Tamanha é a glória do Messias que Ele é Senhor do mundo, das regiões celestiais e do inferno. O Messias governa sobre todos os espaços e os administra conforme sua vontade. Portanto, o Messias é maior do que a realidade espacial, ainda que tenha se humilhado sujeitando-se ao tempo e ao espaço, pois tomara a forma humana com todas as suas limitações. Aquele que, na eternidade, estava em todo lugar, fora do tempo e do espaço, sujeitara-se a estar em um único lugar em cada momento da vida. O Deus Todo-Poderoso estava presente entre os homens em carne e osso. 

Conforme a Palavra de João Batista, o tempo, o espaço e as criaturas pertencem ao Messias (Mt.3.12). No evangelho de João, Cristo é o Verbo Criador de todas as coisas, pois “todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (Jo.1.3). Portanto, o Messias é Senhor de todas as criaturas e tem poder sobre elas. Com justiça e retidão, Ele julga cada um dos homens para lhes dar o que é justo. E com graça mostra a seu povo seu poder redentor. Mesmo assim, Cristo se submeteu aos homens e foi julgado por pecadores, “porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram” (At.4.27-28). O Senhor de tudo e todos esteve entre os homens, para ser glorificado por sua obra redentora, humilhando-se “até a morte, e morte de cruz” (Fp.4.8). E tendo vencido toda humilhação, sofrimento e a morte, foi erguido gloriosamente, assentando-se à destra do Pai, para ser glorificado por todas as suas criaturas eternamente:


Apocalipse 5:11-14  Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares,  12 proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.  13 Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.  14 E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram.


O Todo-Poderoso andou entre os homens em carne e osso. Deus-homem, Senhor e servo, manifestando o poder divino enquanto vivia a fraqueza humana. O Rei da glória se fez humilde carpinteiro, para em todas as coisas ser glorificado por todos os anjos e por todos os homens, e assim “em todas as coisas ter a primazia” (Cl.1.18).


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