“Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt.25.21)
Em seis dias Deus criou todas as coisas. No sexto dia, Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, a fim de que esse homem cuidasse de tudo que fora criado, como representante do Criador. O homem e a mulher, então, deveriam desenvolver a criação, como escultores hábeis nas mãos do Senhor. Mas, como cada pessoa deve contribuir para o desenvolvimento do mundo? Como você deveria contribuir, também? Será que você está servindo como Deus quer que sirva? Como aplicar à sua vida a Palavra de Deus que diz: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças.” (Ec.9.10)?
Deus fez o homem e a mulher com inúmeras habilidades físicas e mentais, afinal foram criados à imagem do Criador. Suas habilidades foram desenvolvidas rapidamente, aparecendo na pecuária (Gn.4.1), na agricultura (Gn.4.2), na construção civil (Gn.4.20), na arte, com especialidade em música (Gn.4.21), e na fabricação artesanal de ferramentas (Gn.4.22). Mais adiante, Noé mostrará habilidade para construir grandes projetos, um imenso barco que deveria resistir à mais forte tempestade que o mundo já viu: o dilúvio (Gn.6.14-22). E pouco tempo depois do dilúvio, a arquitetura tornou-se tão desenvolvida que os homens planejam construir uma torre de tamanho inigualável (Gn.11.1-9).
É interessante observarmos que o homem passou a morar em tendas em pouquíssimo tempo depois que foi expulso do jardim do Éden (Gn.4.20). A necessidade é forte agente motivador para a criatividade humana. E as condições climáticas conturbadas de uma terra debaixo do pecado, exigiram, do homem, criatividade para se proteger e se cuidar. A religião darwinista evolucionista que chamam equivocadamente de teoria científica possui crenças bastante equivocadas a respeito do desenvolvimento social e cultural humano. As primeiras civilizações asiáticas, onde a vida humana teve início (não na África, conforme todas as evidências arqueológicas e históricas apontam), mostram uma humanidade lutando pela sobrevivência enquanto busca o maior conforto possível. Deus colocou na mente do homem, desde sua criação, um conhecimento básico suficiente para ser desenvolvido com rapidez e eficiência, como é possível vermos em nossos dias, também.
Logo após Deus ter criado o homem, Ele ordenou que trabalhasse sobre toda a criação, a partir do jardim do Éden. O Criador preparou toda a matéria prima para que o homem pudesse desenvolver, como podemos ver em nossos dias. Tudo era muito rudimentar, ainda que harmônico, belo, fértil e riquíssimo. Caso o homem não tivesse pecado, o desenvolvimento da criação seria perfeito, pois não sofreria os danos do pecado com todo seu descomedimento. Ao mesmo tempo, podemos afirmar que, sem o pecado presente no mundo, o homem desenvolveria a criação muito mais lentamente, pois não estaria extremamente motivado pelas necessidades vitais que pressionam o ser humano a providenciar urgentes soluções criativas nem pelas paixões do coração que alimentam a busca pelo prazer, conforto e ambições. As guerras sempre foram fortes agentes motivadores do desenvolvimento tecnológico, mostrando que o homem cria para satisfazer ambições do coração.
Propositadamente, Deus não entregou uma criação em último estágio, para o homem e para a mulher. Em vez de dar uma casa para Adão e Eva, Deus lhes deu um jardim que deveria ser cultivado e desenvolvido. No Éden, o homem tinha todo alimento necessário e prazeroso a seu alcance. Mas, ao ser expulso do jardim, o homem precisou desenvolver ferramentas necessárias para o cultivo da terra, “a fim de lavrar a terra de que fora tomado” (Gn.3.23).
Mas, por onde o homem deveria começar? O que Adão e Eva deveriam fazer para servir a Deus? Muitos cristãos, principalmente recém convertidos, precisam de uma resposta a essa pergunta. O que Deus quer que eu faça? Como devo contribuir dentro da sociedade e da criação? Como devo servir a Deus? Preciso descobrir algum dom especial para servir a Deus? Essas e outras perguntas semelhantes carecem de uma resposta imediata, pois a dúvida pode ser grande empecilho, retardando o serviço de muitos cristãos que terminam não contribuindo com o desenvolvimento da criação e da sociedade, por não saberem o que fazer.
O peso dessa pergunta costuma ser bem grande, porque tendemos a imaginar que Deus quer grandes coisas de nós. Olhamos para os homens do passado e destacamos as coisas especiais que eles fizeram. Então, pensamos que Deus sempre requer de nós coisas especiais, tais como matar gigantes, abrir o mar, ser profeta, rei ou sacerdote etc. Assim, muitos cristãos gastam mais esforço e tempo preocupando-se em ter uma habilidade especial do que investindo naquilo que já tem, mesmo que pareça insignificante a seus olhos.
Outro problema encontra-se no espírito da atual geração: a vaidade. A demasiada preocupação com status, titulação, fama, cargos e coisas semelhantes tem atrapalhado demasiadamente a obra do Senhor, pois tudo é feito apenas para que se apareça diante das pessoas. Esse demasiado orgulho e sua irmã vaidade alimentam uma busca incessante por coisas grandes e extraordinárias para que possam ser vistos. Vivemos uma imensa corrida do ouro em que todos lutam para se auto afirmar, mostrando ao mundo suas glórias.
Então, por onde todas as pessoas devem começar para que a vida seja bênção para a criação e para a sociedade? A primeira resposta ao problema é: faça bem-feito tudo o que Deus colocar em suas mãos. Sim, Deus mesmo coloca nas mãos de cada pessoa aquilo que Ele quer que seja desenvolvido tanto na criação quanto na sociedade. Portanto, seu dever primeiro é desenvolver tudo o que está a seu alcance, independentemente de ser grande ou pequeno, público ou particular. Não se preocupe em criar coisas novas nem em fazer coisas extraordinárias. Desenvolva o que Deus lhe der às mãos!
Deus mesmo proveu as pessoas de habilidades e vontades diferentes. Cada pessoa possui um estilo de vida e um contexto vital. Cada pessoa se inclina naturalmente para certos trabalhos e hobbys particulares. Cada família possui uma cultura própria e cada pessoa dentro de uma mesma família possui características próprias. Toda essa diversidade provém de Deus que tudo criou com sabedoria (Jó.38-41). E, em toda essa diversidade, Deus tem propósito específico: “Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. 5 E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. 6 E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos. 7 A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.” (1Co.12.4-7).
Tudo aquilo que temos de bom vem de Deus, pois “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg.1.17). Portanto, devemos considerar que Deus quer que cada pessoa, cada família, cada igreja e cada sociedade desenvolva aquilo que Ele lhes deu. Não importa o quanto Deus lhe deu nem quais foram as dádivas do Senhor para você. É seu dever desenvolver aquilo que recebeu, servindo ao Senhor e ao próximo com suas habilidades e bens, como nos diz a parábola dos talentos (Mt.25.14-30).
Portanto, não fique preocupado em ter mais nem em ser igual à outras pessoas. Olhe para o que Deus lhe confiou às mãos e trabalhe nisso. Tudo o que você sabe fazer é o ponto de partida para seu serviço a Deus. Tudo o que você tem hoje é a oficina para você servir à criação e à sociedade. Procure ser fiel no pouco servindo a Deus com o que tem hoje e você também será fiel no muito, caso Deus lhe dê muitas outras habilidades e bens amanhã.
Porém, não queremos limitar você. Se o Senhor lhe deu novas e boas ideias para desenvolver na sociedade e na criação, então mãos à obra. Você pode aprender novos saberes e pode desenvolver tanto as habilidades atuais quanto novas habilidades para as quais não despertou ainda. Então, não considere o presente como uma limitação, mas como um ponto de partida. O importante é não esperar para ter algo amanhã, a fim de trabalhar contribuindo com o desenvolvimento da criação e da sociedade. Você deve servir com o que tem hoje, ainda que se aperfeiçoando para servir com maior qualificação amanhã.
De uma forma ou de outra, você deve confortar seu coração com a certeza de que só precisa fazer aquilo que Deus lhe der para fazer, nem mais nem menos. Deus não cobrará de você aquilo que não lhe deu. Na parábola dos talentos (Mt.25.14-30), cada servo fiel deu a seu Senhor o correspondente ao que havia recebido, nem mais nem menos. E o Senhor os abençoou por terem sido fiéis no desenvolvimento daquilo que receberam. Não há comparações nem cobranças injustas. Apenas aquilo que lhes fora dado.
Então, nem cobre de si mesmo mais do que convém nem se acomode numa vida infrutífera. Deus quer que sirvamos fielmente no pouco e no muito, sempre pensando no hoje, não no amanhã. Portanto, deixe que Deus mesmo decida o que dará a você para ser desenvolvido. Enquanto isso, “arregace as mangas” e trabalha fazendo seu melhor na certeza que isso é tudo o que Deus quer de ti.
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