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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Pecados sutis e perigosos

 


Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros” (Gl.5.26)


Com “apenas” três pecados, é possível se quebrar todos os mandamentos da lei do Senhor. Esses três pecados são sutis, pois não possuem um caráter tão concreto e visível quanto o matar, o adulterar e o furtar. Por essa razão, podemos dizer que os três pecados que desejamos mencionar tornam-se mais perigosos e danosos para a igreja.


Os três pecados são:  ORGULHO, INVEJA e MALEDICÊNCIA.

Esses três pecados, bem presentes no seio do cristianismo, não são tão combatidos quanto deveriam por sua natureza discreta, mas, juntos, se constituem na quebra de todos os dez mandamentos de Deus. Por meio deles, pastores podem exaltar a si mesmos e até derrubar outros pastores; ovelhas podem se destruir dentro do aprisco local e até tentar prejudicar seus líderes; e a relação dos cristãos se torna meramente fingida, aparente e enganosa, destruindo, assim, a comunhão dos santos e manchando a beleza da noiva do Cordeiro.


Você já viu alguém ser disciplinado por causa de orgulho? Ao contrário disso, já vi pastor alimentar o orgulho de pessoas já demasiadamente orgulhosas e, até, xenofóbicas. Mesmo assim, ninguém observou o absurdo. Constantemente, é possível se ver o orgulho denominacional entre os evangélicos, cada qual erguendo bem alto a bandeira de sua denominação como se esse procedimento fosse algo agradável a Deus. Os relatórios dos líderes costumam ser adornados de floreios, porque visam conquistar aplausos e elogios. Assim, parece que está cada vez mais raro ver líderes que praticam a humildade de Jesus (Fp.2.5-8). 


Você já viu alguém ser posto em disciplina por causa de inveja? Todavia, já vi pessoas dizerem para o pastor não comprar um carro bom para não despertar inveja nos irmãos. Parece, então, que se estabeleceu a cultura do ter algo aparentemente simples para não chamar a atenção de pessoas que deveriam se alegrar com as bênçãos divinas derramadas sobre seus irmãos na fé. Muito estranho, não acha? Por causa dessa cultura medíocre, outro pecado é cometido, mas pouco corrigido: a maledicência. Talvez, você já tenha visto alguém ser exortado por causa de maledicência, mas parece ser algo raro. Assim, esses três pecados tomam conta da cristandade, por causa do caráter sutil. Precisamos, então, mostrar, pela Palavra de Deus, quão sérios são esses pecados aos olhos do Senhor. Somente assim, pelo operar do Espírito Santo nos corações dos leitores, esses pecados serão tirados do meio das igrejas locais. 


ORGULHO – O orgulho pode ser visto no rico e no pobre, no poderoso e no miserável. Não existe um status social único para os orgulhosos. Portanto, é um pecado perigoso para qualquer cristão e deve ser combatido por toda a igreja de Jesus. Por meio do orgulho, o pecador quebra os três primeiros mandamentos a respeito de Deus, além do quinto e do sexto mandamento que tratam da relação entre as pessoas.


Primeiro – O orgulhoso usurpa a glória de Deus, pois deseja os louvores devidos somente ao Senhor. Ele quer aparecer, ser exaltado e busca os melhores lugares para si. Suas “boas obras” precisam de aplausos, pois visam seu próprio engrandecer, quebrando assim o primeiro mandamento.


Segundo – O orgulhoso transforma a divindade em sua própria imagem, pois endeusa a si mesmo. Ainda que criado à imagem de Deus, o pecador não possui a glória de Deus, mas atribui a beleza e a pureza da imagem divina a si mesmo. Quando os seguidores do orgulhoso o idolatram, também quebram os dois primeiros mandamentos, de modo que, alimentando nos corações a idolatria, o orgulhoso torna-se pedra de tropeço como fora o bezerro de ouro.


Terceiro – O orgulhoso denigre o NOME do Senhor. O NOME do Senhor diz respeito a seus atributos, não somente ao Tetragrama hebraico. Quando seu próprio nome é exaltado em lugar do NOME do Senhor, o orgulhoso peca contra o NOME do Deus Todo-Poderoso que deveria ser zelado por todos os homens. Eis a quebra do terceiro mandamento.


Quinto – Para o orgulhoso os demais estão abaixo dele. Portanto, em seu coração, ele é a maior autoridade de si mesmo. Logo, três pecados ocorrerão, quebrando o quinto mandamento:  O orgulhoso olhará para seu igual como se fosse inferior, não lhe dando o devido direito e respeito; olhará para seu inferior com desprezo, desonrando-o e impondo-lhe desprezo e sofrimento; olhará para seu superior com desdém, pois não o considerará nem o ouvirá com respeito nem o honrará como Deus ordena para com toda autoridade. Assim, o orgulhoso não trata as autoridades com verdadeira humildade e submissão.


Sexto – O orgulhoso mata o próximo, pois todos são inferiores a ele em seu coração. Não é incomum que pessoas orgulhosas tentem matar outras pessoas para que todos os holofotes estejam focados nelas. O problema da quebra do sexto mandamento começa no coração, como nos diz Cristo (Mt.5.21-26), mas muitas implicações sutis aparecerão em sua relação com as pessoas.


INVEJA – A inveja é outro pecado demasiadamente sutil, pois habita no coração do pecador. Todavia, mesmo aparentemente invisível, a inveja se constitui na quebra de alguns mandamentos da Lei do Senhor e traz implicações nocivas para as relações humanas. Por meio da inveja, o pecador quebra o quarto mandamento a respeito de Deus, além do sexto, do oitavo e do décimo mandamentos sobre as relações sociais.


Quarto – O invejoso possui um vazio em seu coração que é o descontentamento. Caso estivesse contente com tudo o que Deus lhe dá, não teria inveja daquilo que o outro recebeu de Deus. Logo, o invejoso peca contra a própria fé, já que deveria crer que tudo vem do Senhor e que, portanto, deve descansar o coração em Deus, direcionando ao Criador suas orações sempre que tiver a necessidade de alguma coisa. Ao invejar os bens alheios em vez de buscar o sustento divino, o invejoso peca contra o quarto mandamento, pois não descansa seu coração no Senhor, sustentador de toda a criação.


Sexto – Assim como o orgulhoso, o invejoso mata sua vítima no coração, pois alimenta sentimentos ruins contra aquele que Deus abençoou com dádivas diversas. Ele fica descontente com a prosperidade alheia em vez de ter alegria em ver as bênçãos divinas sobre a outra pessoa. Algumas pessoas chegam a pôr em prática aquilo que está em seu coração e tiram a vida de seu próximo, mostrando, assim, quão nociva é a inveja, e como ela, de fato, é uma quebra do sexto mandamento da Lei do Senhor.


Oitavo – Por seu descontentamento e cobiça, o invejoso rouba o direito alheio. Podemos ver isso em pessoas que alcançam status às custas de outras pessoas. Para crescer, muitas pessoas precisam colocar outras para baixo. O invejoso tentará atrair tudo para si, agindo como ladrão de direitos, de méritos, de alegrias. Quando alguém tira de outro o que lhe é direito, está roubando o direito alheio. Quando investimos em algo e alguém nos toma o objeto de nosso investimento, está roubando. Quando alguém não dá o mérito devido ao outro, está roubando o direito do outro ao mérito. Quantos cristãos capazes dentro das denominações não são reconhecidos, porque alguns poucos detentores do poder não lhes dão os méritos? Isso se constitui em quebra do oitavo mandamento. 


Décimo – Além do descontentamento com a felicidade alheia, o invejoso cobiça aquilo que o outro tem. Como dissemos anteriormente, a raiz do pecado da inveja está na falta de contentamento com aquilo que Deus dá ao pecador. Primeiramente, o pecador deveria se considerar indigno de qualquer bênção divina. Depois, deveria sentir-se completamente grato por todas as bênçãos não merecidas que vem da parte do Senhor. Então, sentir-se completamente contente, pois sabe que Deus dá ao homem tudo aquilo que ele precisa e que, se precisar de algo a mais, pode pedir ao Senhor que é bondoso para aqueles que esperam nEle. Invejar é cobiçar o bem alheio e, portanto, é uma quebra do décimo mandamento.


MALEDICÊNCIA – Dos três pecados que estamos citando, a maledicência é o mais aparente, pois se expressa em falas difamatórias sobre alguém. Quando cristãos se acostumam com esse pecado, as relações se tornam uma grande hipocrisia repleta de sorrisos fingidos e aparentes, elogios falsos e enganadores. A maledicência Quebra do sexto, sétimo, oitavo e nono mandamento


Sexto – Palavras podem doer mais que um tapa na cara, diz o ditado popular, expressão de quem já levou muita surra por meio de palavras duras. A maledicência se constitui na quebra do sexto mandamento, pois tanto demonstra que a vítima morreu no coração do difamador quanto ocorre um homicídio culposo quando outras pessoas são induzidas a matar em seus corações a vítima difamada. Portanto, mesmo que você nunca tenha puxado o gatilho de um revolver, pode ter matado muita gente com a língua venenosa, pois, como diz a carta de Tiago, “a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero” (Tg.3.8).


Sétimo – Quando alguém é difamado, recebe uma imagem determinada por outra pessoa. Todos que ouvirem a maledicência terão uma imagem negativa que, normalmente, não condiz com a verdade sobre a integridade do ser da vítima. Portanto, a maledicência se constitui na quebra do sétimo mandamento, tendo em vista que a correta imagem da vítima é adulterada. O adultério da imagem alheia pode trazer grandes prejuízos para a vítima, como aconteceu com os cristãos da Idade Média. Os iluministas adulteraram a imagem do cristianismo medieval, acusando-o de diversos pecados grotescos falsos. Por isso, ainda hoje, reformados e evangélicos olham com desprezo e até ódio para os cristãos daquele belíssimo período da história cristã.


Oitavo – A maledicência também pode ser constituída em roubo da verdadeira imagem alheia. Muitas pessoas perdem a imagem positiva, porque lhe roubaram difamando-a para outras pessoas. Além disso, quando se fala mal de uma pessoa, se tira o direito dela de se defender, afinal ninguém faz isso na frente da vítima. Roubar os direitos de alguém não é menos furto que roubar o celular de uma pessoa. Portanto, a maledicência se constitui na quebra do oitavo mandamento.


Nono – Por fim, a maledicência é, claramente, a quebra do nono mandamento. Todo ser humano foi criado à imagem de Deus e, portanto, possui os atributos comunicáveis do Criador. Mas, o maledicente dá falso testemunho, destruindo a imagem divina no homem. Por isso, a carta de Tiago nos diz: “Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim.” (Tg.3.9-10)


Vê-se, diante do exposto acima, que ORGULHO, INVEJA e MALEDICÊNCIA são pecados seríssimos, mesmo que a cristandade atual não esteja dando a eles a devida seriedade. Esses três pecados destroem denominações, Concílios e igrejas locais. Esses pecados atrasam a obra do Senhor e fazem famílias inteiras sofrer. Portanto, Deus quer que lutemos contra eles, tirando-os do meio da noiva do Cordeiro, a fim de que a igreja venha a ser apresentada a Cristo como “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef.5.27).

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