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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

O Deus-Homem (Nasce o Filho de Deus)

 


"Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc.2.6-7)


A história humana já testemunhou muitos grandes eventos. Da Antiguidade, com certeza, o maior evento visível e significativo para a população mundial foi o dilúvio (Gn.6-9). Após o dilúvio, houve o êxodo de Israel que ocorreu através das dez pragas enviadas por Deus contra o Egito, devastando o maior império da época (Ex.3-15). Bem mais tarde, Israel e povos de Canaã presenciaram um evento cósmico sem precedentes: o sistema solar parou por várias horas, a fim de que não houvesse pôr-do-sol, garantindo que Josué e o povo de Israel vencessem a batalha contra os inimigos do Senhor (Js.10). Afora os eventos relatados pela Escritura, a história humana presenciou o surgimento e a queda de expressivos impérios, inesquecíveis guerras, grandes epidemias e fomes. A despeito de tudo isso, durante toda a jornada de Israel no Antigo Testamento, Deus manifestou seu poder, a fim de garantir que a redenção prometida fosse concretizada através do nascimento, vida, sofrimento, morte, ressurreição e ascensão do Filho Eterno.


Portanto, no decurso da história humana, Deus manifestou seu poder a toda a criação, intervindo constantemente, mesmo sem ser percebido. Muitos eventos do Antigo Testamento foram significativos para a história humana, como a distribuição de línguas durante a construção da torre de Babel (Gn.11.1-9). Todos esses eventos falam ao coração dos cristãos de todas as gerações, trazendo conforto, segurança e ânimo, mostrando-nos que Deus é poderoso para cumprir suas promessas, cuidando de todo aquele que confia nEle (Is.64.4). Nesses eventos, o Criador nos revela que não está longe de sua criação e está pronto a intervir sempre que for necessário, tanto através de meios ordinários quanto extraordinários. Conforme a Escritura Sagrada, não há uma só criatura e um só lugar em todo o universo que Deus não tenha o total domínio. Portanto, até mesmo Satanás está debaixo da autoridade divina, e somente atua malignamente na criação, porque Deus deixa que assim faça, a fim de cumprir diversos propósitos divinos; alguns além de nosso conhecimento, mas outros revelados a nós: castigar os pecadores rebeldes (1Rs.22); disciplinar os filhos de Deus (1Co.5.5; 1Tm.1.20); provar o povo do Senhor (Mt.4.1); humilhar os servos do Cristo para não se ensoberbecerem (2Co.12.7-10); quebrantar o coração para a santificação dos eleitos (Jó.1.9-12; 2.4-6 // 42.1-6); entre outros propósitos (Jo.13.27).


Em todos os eventos cósmicos, Deus manifestou seu poder sobre a criação. E mesmo que o Senhor sempre esteja presente em todos os lugares da criação (terra, céu e inferno), as teofanias manifestam de forma especial seu governo sobre tudo e todos. E ainda que o Antigo Testamento nos revele o envolvimento do Criador com a história humana, Ele nunca se tornou parte dela. Portanto, o maior de todos os eventos divinos para a criação de Deus é aquele no qual a divindade imanou profundamente a criação, tornando-se um de nós, de modo que Cristo é chamado “Emanuel, que quer dizer: Deus conosco” (Mt.1.23). Essa grandiosa intervenção divina deve ser entendida como o conjunto de acontecimentos relacionados a Cristo, que começa com a concepção do Filho de Deus (Lc.1.35) e vai até sua ascensão para estar à destra do Pai como eterno Deus-Homem, intercedendo incessantemente por seu povo (Rm.8.34). Desse modo, Aquele que é maior que o universo se deixou limitar pela matéria e forma humanas; Aquele que é Senhor de tudo e todos se deixou ser reduzido a servo maltratado; Aquele que é Juiz dos céus e da terra se deixou ser julgado pelos homens ímpios; Aquele que é revestido de glória e majestade se deixou viver humildemente, privado das riquezas desse mundo. A criação fora feita para manifestar a grandeza da glória de Deus, mas nada pode ser comparado à espetacular revelação da santíssima beleza divina por meio de Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado, “a imagem do Deus invisível” (Cl.1.15).


Dos quatro evangelhos, encontramos a narrativa do nascimento de Jesus apenas em Mateus 1.18-2.23 e Lucas 1.26-38; 2.1-40. O apóstolo João faz menção do nascimento de Cristo somente em forma breve e poética: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo.1.14), sem narrar os acontecimentos. Todavia, é interessante e importante observarmos que todos os evangelhos relatam a morte e a ressurreição de Cristo (Mt.27-28; Mc.15-16; Lc.23-24; Jo.18-21). Todos os evangelhos nos contam os detalhes, de modos distintos, da via crucis (sofrimento e morte) até a ascensão, frisando a ressurreição de Jesus e todas as testemunhas desses eventos fundamentais da história humana. Devemos concluir que o ponto central do cristianismo é a morte e a ressurreição de Jesus, conforme Paulo nos fala em 1 Coríntios 15:


1 Coríntios 15.1-8  Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais;  2 por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão.  3 Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras,  4 e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.  5 E apareceu a Cefas e, depois, aos doze.  6 Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora; porém alguns já dormem.  7 Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos  8 e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo.


Nos primeiros séculos da era cristã, apareceram alguns textos com supostas revelações sobre o nascimento e infância de Jesus. Caso alguém tenha interesse em conhecer esses textos, poderá encontra-los na coletânea publicada pela Fonte Editorial que hoje já conta com três volumes. Esses apócrifos e pseudepígrafos nos mostram que houve um certo interesse (curiosidade) sobre o evento natalício e o período juvenil de Jesus, algo não detalhado nos evangelhos. Então, a imaginação de grupos heterodoxos do cristianismo produziu narrativas que preenchessem as lacunas textuais bíblicas. Todavia, a curiosidade de alguns não representava a cristandade. A rejeição desses textos, nos mostra que o cristianismo estava alerta ao aparecimento de falsas revelações e, também, estava bem focado no coração da mensagem do evangelho: a morte e a ressurreição de Cristo.


Contudo, a Palavra de Deus nos revela algo que devamos saber sobre o nascimento de Cristo. Aquilo que foi revelado deve ser considerado o conteúdo que Deus quer que tenhamos conhecimento. O que passar disso, será nossa vã curiosidade e não precisaremos tentar saciá-la. Então, vamos analisar os textos bíblicos para extrair deles ensinamentos e aplicações pretendidos pelo Senhor. Comecemos com o texto de João 1.14, por ser o mais curto de todos, ainda que igualmente significativo: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai


Conforme o evangelho de João, a Palavra divina criativa que operava nos dias da criação de todas as coisas se fez carne. Podemos dizer que o Filho de Deus é o “Yohmér Elohim” (Disse Deus) de Gênesis 1. Não tinha forma nem matéria e assumiu para si tanto uma quanto a outra. Cristo se fez verdadeiro homem, de carne e osso, e viveu como um verdadeiro ser humano. Portanto, retirando o pecado, já que Jesus nasceu sem pecado, tudo que diz respeito a uma vida humana Ele vivenciou, desde o nascimento até sua ascensão. Ele passou por todo tipo de tentação e sofrimento, mas nunca caiu em pecado. Sua plena humanidade é fator fundamental para a redenção, pois era necessário que Ele representasse perfeitamente o ser humano, caso contrário não poderia substituí-lo legalmente perante o tribunal divino, a fim de fazer a substituição penal. Cristo ter vivido entre nós indica que “foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb.4.15). Portanto, ao vencer as tentações, Jesus se tornou plenamente apto a advogar a nosso favor, tanto entregando sua vida em nosso lugar quanto nos confortando nas lutas da vida, “pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb.2.18).


O apóstolo João nos diz que a encarnação do Verbo foi cheia “de graça e de verdade”, manifestando a glória divina para nós. Após a entrada do pecado no mundo, todo ser humano nasce em pecado, como nos diz Davi: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl.51.5). Fazendo um paralelo antinonímico a esta verdade, João nos diz que Jesus encarnou cheio “de graça e de verdade”. Não havia pecado em Cristo, mas graça divina e verdade. Isso não o fazia menos humano, porque o pecado não é um elemento da natureza humana. Não é correta a comum frase: “errar é humano”, porque o homem não foi criado pecador. O pecado é um acidente no homem, ou seja, não faz parte de sua essência, mas veio ao homem e está nele até que seja retirado na ocasião da volta de Cristo (1Co.15.50-58). O pecado não define o ser humano. O que define o homem é a imagem de Deus, pois Deus fez o ser humano à sua imagem e semelhança (Gn.1.26-27), razão para que os atributos divinos comunicáveis (amor, justiça, bondade, paciência etc.) sejam vistos em todas as pessoas, até mesmo naquelas que são ateias. Por isso, o fato de Cristo ter nascido sem pecado não o torna menos humano. Adão nasceu sem pecado, nasceu completamente puro, e era 100% humano.


Cristo era “cheio de graça e de verdade” como todo homem deveria ser, pois são virtudes divinas comunicadas ao ser humano. Ele não precisava chamar a atenção para si, como é comum no movimento “pop star gospel” de nossos dias. Sua dedicação ao Senhor nas pequenas e grandes coisas da vida manifestava a todos a graça e a verdade que enchiam sua vida. As multidões “maravilhavam-se sobremaneira” (Mc.7.37) com suas Palavras e com suas atitudes, “porque Ele ensinava como quem tem autoridade” (Mt.7.29) e “tudo Ele tem feito esplendidamente bem” (Mc.7.37). Como se todos pudessem ver o rosto de Deus em sua face, resplandecia em seu olhar a graça divina (Nm.6.22-27), pois de todo seu ser emanava a graça e a verdade procedentes de Deus, abençoando todo aquele que se achegava com fé, crendo que ali estava o enviado do Senhor para abençoar seu povo, graciosamente.


Unidos a cristo, somos enchidos do Espírito Santo de Deus (Gl.3.27; Ef.5.18; Cl.3.9) para vivermos em Cristo e para Cristo, revestindo-nos “pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade” (Cl.3.12), de modo a dizermos, como disse o apóstolo Paulo “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl.2.20). Portanto, a graça divina e a verdade que sempre procede de Deus devem ser encontradas em todo cristão, assim como emanava de Cristo, nosso Senhor. Sua vida deve refletir a graça abençoadora de Deus, atraindo as pessoas para a bondade do Senhor. 


Os evangelhos nos mostram quão abençoadores eram os encontros das multidões com Cristo. Elas encontravam nEle a bondade de Deus que saciava suas mãos com as benevolências do Senhor; encontravam nEle a esperança de uma nova vida, a partir do gracioso perdão que lhes transmitia a sensação de passado apagado; encontravam nEle o verdadeiro amor sempre disposto a doar-se para que tivessem vida nEle. Suas Palavras exortavam, confortavam, edificavam, fortaleciam e transformavam os ouvintes, pois ecoavam plenamente a Verdade divina. Portanto, era bom estar com Ele, pois nEle estavam as Palavras de vida eterna (Jo.6.68). Sua presença antecipava a alegria da eternidade, pois trazia consigo as eternas bênçãos de Deus.


Jesus cumpriu nEle a Palavra divina dita ao patriarca Abraão: “Sê tu uma bênção!” (Gn.12.2). Jesus foi uma bênção para sua geração e as pessoas podiam ver nEle a presença de Deus, não somente por causa dos milagres que Ele realizava (Mt.11.5) curando as enfermidades físicas, mas, principalmente, pelas virtudes que eram tão evidentes nEle que se sobressaiam em tudo o que Ele dizia e fazia. Essa vida cheia de graça e de verdade deve ser o alvo de todo cristão, sabendo que, em Cristo, é possível se viver uma vida abundantemente abençoadora, por meio da presença do Espírito Santo na igreja. Ser sal da terra e luz do mundo (Mt.5.13-16) é ser bênção para a criação, no meio da sociedade, nas mãos do Criador. É mostrar a beleza dos atributos de Deus, certo de que fomos criados à imagem e semelhança do Senhor. E, assim, transmitir graça e verdade para todos ao redor, ainda que haja aqueles que não queiram desfrutar das bênçãos divinas.


Mateus e Lucas situam o nascimento do Filho de Deus de modos diferentes. Mateus apresenta o contexto judaico, falando de Herodes (rei convertido ao judaísmo) e Jerusalém (a capital de Judá). Os magos aparecem perguntando: “Onde está o recém-nascido Rei dos judeus?” (Mt.2.2). Seu foco realmente é o judaísmo. Conforme Mateus, a notícia do nascimento do Messias provocou certo alvoroço em Jerusalém. Interessante observarmos que o evangelista não relata alegria entre os judeus, mas preocupação (Mt.2.3). Enquanto os “magos do Oriente” (Mt.2.1) procuram ansiosamente o Filho de Deus e se alegram “com grande e intenso júbilo” (Mt.2.10) ao encontrarem o menino, os judeus demonstram uma preocupação leviana e um desprezo vil (Mt.2.1-12). Ninguém mais, além dos magos do Oriente, apareceu para adorar o recém-nascido Rei dos Judeus. Deles, Cristo recebe ofertas preciosas: “ouro, incenso e mirra” (Mt.2.11), enquanto Herodes, governante da Judeia, planeja matar Cristo, preocupado com a perda de seu trono (Mt.2.16-18). Em Mateus, visualizamos o drama descrito nas palavras do apóstolo João: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo.1.11).


Diferente de Mateus, Lucas situa o nascimento de Cristo dentro de um contexto gentílico, bem mais amplo que a Judeia: o império romano, nos dias de César Augusto (Lc.2.1). Antes de Maria dar à luz, ela e José estavam na Galileia dos gentios (Lc.2.4; Mt.4.15). E por causa do recenseamento obrigatório, a família vai “à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida” (Lc.2.4-5). Portanto, conforme Lucas, Deus usou o imperador César Augusto para cumprir a profecia a qual dizia que o Messias nasceria em Belém (Mq.5.2//Mt.2.6). É evidente que César Augusto não fazia a menor ideia de que fora instrumento divino para o cumprimento de uma profecia relacionada ao grande advento do Filho de Deus, mas essa informação revela, ao mundo, que a salvação em Cristo é um evento cósmico, não apenas judaico. A história humana está, direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente, relacionada com a encarnação do Verbo Eterno. E mesmo assim, Lucas afirma que, estando José e Maria na Judeia, Jesus nasceu em um estábulo, colocado “numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc.2.7).


Devemos trazer algumas aplicações das verdades acima: A primeira delas é a amplitude da redenção. A salvação é cósmica, isso implica que a igreja deve se dedicar à pregação da Palavra ao mundo todo. Não sabemos quem são os eleitos, mas sabemos que a salvação alcançará vidas de todas as nações, como canta Apocalipse em louvor a Cristo: “Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap.5.9). Além disso, o cristão deve olhar para a criação a partir do propósito divino de restaurá-la (Rm.8.18-21), a fim de desfrutar dela da forma correta sem “demonizar” nem “divinizar” comidas e bebidas, lazer, prazer e trabalho. Em Cristo, tanto a criação quanto nosso olhar para ela estão em processo de restauração que culminará com a volta de Jesus, quando finalmente tudo será transformado para ser eternamente incorruptível e imortal (1Co.15.50-58; Ap.21-22).


A segunda aplicação diz respeito à amplitude do poder de Deus e o uso que o Senhor faz de quem Ele quiser para cumprir sua vontade que é “boa, agradável e perfeita” (Rm.12.2). No Antigo Testamento, muitas vezes Deus se utilizou de pessoas e povos pagãos para cumprir sua vontade. O mais comum uso diz respeito aos castigos que sobrevinham a Israel. No decurso da história redentora, por causa das muitas desobediências de seu povo, Deus anunciava castigos que seriam aplicados através da instrumentalidade de povos pagãos. Ou seja, mesmo Ele sendo o Deus de Israel, também era o Senhor de todos os povos, o Deus de toda a terra e podia operar por meio de toda sua criação. Por essa razão, também, Caifás profetizou a morte substitutiva de Cristo por seu povo, sem se aperceber que estava sendo instrumento de Deus para isso. Essa verdade deve nos fazer humildes, a fim de não nos vangloriarmos por causa de aptidões, dons e cargos recebidos (1Co.4.7), pois o Senhor pode usar quem Ele quiser, até mesmo o mais ímpio de todos os homens:


João 11:49-52  Caifás, porém, um dentre eles, sumo sacerdote naquele ano, advertiu-os, dizendo: Vós nada sabeis,  50 nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação.  51 Ora, ele não disse isto de si mesmo; mas, sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus estava para morrer pela nação  52 e não somente pela nação, mas também para reunir em um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos


Na terceira aplicação, precisamos chamar sua atenção para o valor que se deve dar ao Senhor, nosso Salvador. O Filho de Deus foi mal recebido pelos judeus que eram seu próprio povo. Herodes tentou mata-lo e a cidade de Belém não tinha lugar para Ele. O Criador de tudo estava entre os homens, mas eles não lhe deram a devida honra. E você, tem glorificado a Cristo como Ele é digno de ser honrado? Devemos agradecer a Deus por tudo não somente em palavras, mas, sobretudo, com atitudes que mostrem nosso amor e nosso reconhecimento de que Ele tem nos “abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef.1.3). Sua dedicação à obra do Senhor, sua adoração de todo o coração, seu esforço por buscar a comunhão da igreja, sua diligência em cultivar uma vida santa ao Senhor são expressões práticas que glorificam a Deus. Talvez, você não seja hábil com as palavras ou tenha vergonha de falar em público, mas seu testemunho glorificará a Deus perante as pessoas, porque Cristo é a razão de nossa nova vida. A santidade da igreja proclama em alto e bom som: Nosso Deus é Santo! Portanto, honre a Deus com sua vida, desde o acordar até o adormecer, lembrando as Palavras do apóstolo Pedro: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe.2.9)


A despeito de toda a simplicidade do momento do nascimento de Cristo, Deus escolheu alguns pastores de ovelhas para manifestar-lhes algo glorioso. Lucas revela para nós que “havia, naquela mesma região, pastores que viviam nos campos e guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite” (Lc.2.8). Não eram reis nem governadores; não eram escribas nem sacerdotes, mas Deus os escolheu, homens do campo, para testemunharem a aparição grandiosa de “uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens a quem Ele quer bem” (Lc.2.13-14). O cântico dos anjos nos conduz a dizer que aqueles pastores eram amados de Deus, pois foram agraciados com tamanha revelação, sendo privilegiados com a bênção de estarem entre os pioneiros que viram o Filho de Deus, o Cristo, o Salvador:


Lucas 2:16-20  Foram apressadamente e acharam Maria e José e a criança deitada na manjedoura.  17 E, vendo-o, divulgaram o que lhes tinha sido dito a respeito deste menino.  18 Todos os que ouviram se admiraram das coisas referidas pelos pastores.  19 Maria, porém, guardava todas estas palavras, meditando-as no coração.  20 Voltaram, então, os pastores glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes fora anunciado


O comportamento dos pastores nos mostra o tipo de relação que tinham com Deus. Eles foram “apressadamente”, “divulgaram o que lhes tinha sido dito” e voltaram “glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto”. Podemos ver neles a esperança da salvação. Neles, a salvação graciosa de Deus é uma obra interna e externa ao homem. Eles estavam diante do Filho de Deus encarnado e o coração deles estava se alegrando com a alegria da salvação proporcionada pelo Espírito Santo (Fp.4.4). A salvação dos homens a quem Deus quer bem é completa. São esses que se alegrarão no dia da volta de Jesus. A encarnação do Verbo Eterno significava que a redenção do Cosmo estava mais perto do que nunca. Finalmente, a história estava testemunhando a presença de Deus entre os homens para realizar a maior obra que o mundo veria: A redenção eterna.

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