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sábado, 25 de fevereiro de 2017

Cidade dos homens x Cidade de Deus

Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (Jo.17.15)

Diversas cidades brasileiras tem experimentado um alto índice de desordem (Vitória-ES, Rio de Janeiro-RJ, Porto Alegre-RS etc). O número populacional do mundo tem aumentado exacerbadamente e as lideranças municipais, estaduais e federais perdem o controle administrativo de suas respectivas instâncias de governo. Mas, por que pessoas formadas em cursos superiores, inseridas no contexto de um mundo tão desenvolvido tecnologicamente, com sistemas legais tão aprimorados não conseguem viver bem em sociedade? Porque, sem Cristo, o homem edifica para si cidades de pecadores. Portanto, quanto mais cresce as cidades dos homens mais pervertida se torna a sociedade formada pelos pecadores. Como resolver esse problema?
Gênesis 4.17 a 5.32 conta-nos o começo da trajetória de duas genealogias bastante distintas: a genealogia de Caim e a genealogia de Sete. Por meio de seus descendentes, o mundo se divide entre os descendentes: daquele que assassinara seu próprio irmão, tornando-se maldito na terra (Gn.4.11); e os descendentes de Sete, tão envolvidos com a adoração a Deus (Gn.4.25-26). Surgem, então, duas cidades: “a cidade segundo os homens” e “a cidade segundo Deus”.
Após ser expulso da presença do Senhor, Caim coabita com sua mulher e tem um filho o qual chamou de Enoque. Também Adão, após a morte de Abel, pois Caim o matara, coabita com Eva e esta tem um filho o qual chamam de Sete. A partir deles, Caim e Sete, duas cidades serão erguidas no mundo, percorrendo caminhos bastante distintos: o amor a si mesmo – a Cidade de Caim (Gn.4.17-24), e o amor a Deus – a Cidade de Sete (Gn.4.25-5.32).
Após o nascimento de Enoque, o coração de Caim se enche do orgulho de ter gerado alguém a sua própria imagem e semelhança. Enoque carregava em si o coração de um pecador como todos os demais homens, e como Caim, viveria longe do Senhor, seguindo os passos de seu pai. Então, Caim nomeia sua primeira cidade com o nome de seu primogênito: Enoque. Ao fazer isso, Caim não estava orgulhoso de seu filho, mas de si mesmo por ser seu pai, e ver em seu filho sua própria imagem. O amor demasiado a si mesmo fazia com que Caim olhasse para seus feitos, cheio de orgulho próprio.
Todavia, enquanto Enoque era símbolo de orgulho próprio, na cidade dos homens, Adão e Eva dão graças ao Senhor pelo nascimento de Sete, pois Deus concedeu-lhes outro filho em lugar de Abel (Gn.4.25). Eles não se gloriam em Sete, mas rendem toda glória ao Senhor. Eles não se orgulham pelo nascimento de um filho que carregava a imagem deles, mas depositam a esperança em Deus, pois criam na promessa redentora. Cada filho que lhes nascia enchia o coração de Adão e Eva de expectativa da chegada do Salvador.
Outros descendentes de Caim aparecem, sendo um deles Lameque. A cidade dos homens cresce pouco a pouco e com ela os pecados se proliferam. Então, Lameque toma para si duas esposas. Uma só mulher já não era suficiente para os filhos de Caim. O hedonismo, condução da vida com o fim de alcançar o prazer, torna-se uma filosofia de vida. Na cidade dos homens, o que importa é a satisfação da própria vontade, pois a vontade de Deus é completamente desprezada. A prostituição de Lameque segue o pecado do homicídio cometido por Caim e o mal se espalha rapidamente.
Enquanto isso, “a Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos” (Gn.4.26). Esvaziado do orgulho próprio, Sete ensina a seu filho o temor a Deus, o Criador de todas as coisas. Então, o culto ao Senhor ressurge, após um tempo suspenso por causa do assassinato de Abel. Portanto, Deus era o centro da vida de Sete e seus filhos, pois a adoração foi posta em primeiro lugar. Não há qualquer referência a homicídios nem à prostituição. Um povo dedicado ao Senhor vive pela esperança da redenção e enquanto aguardam o cumprimento da promessa redentora, adoram a Deus com a vida e com o culto solene ao Criador.
A vida na cidade dos homens prossegue com seus pecados. As esposas de Lameque geram filhos e esses, completamente longe de Deus, procuram satisfazer o vazio do coração por meio da busca pelo conforto. Surgem, então, os fabricantes de tendas, os tocadores de harpa e flauta e os artífices “de todo instrumento cortante, de bronze e de ferro” (Gn.4.22). Com o coração voltado para si mesmo, a cidade dos homens avança tecnologicamente promovendo conforto para os pecadores, a fim de camuflar a dura realidade em que se encontravam: um povo debaixo da ira divina, aguardando o dia do juízo do Senhor. A cidade dos homens lança holofotes sobre pecadores, revelando a genialidade, esperteza e arte de seus habitantes, razão para continuar orgulhando-se em si mesma (Ap.18.7).
Mas, a cidade dos filhos de Deus tem no Senhor sua única glória. Sua alegria está no Senhor, e em dar à luz a homens que amam a Deus de todo seu coração, jubila. Dentre esses, nasce Enoque, homem íntegro e justo diante de Deus, pois seu prazer era fazer a vontade do Senhor (Gn.5.21-24). Enoque, filho de Jarede, completamente diferente de seu xará, deixa a marca de uma caminhada com Deus. Os filhos de Caim erguem cidades, vivem como hedonistas, desenvolvem tecnologias e proliferam pecados, como a violência praticada por Lameque (Gn.4.23). Enquanto isso, Adão e Eva glorificam a Deus pelo nascimento de Sete, perseverando na esperança da redenção, e geram filhos que temem ao Senhor, pois desde sua infância ensinam-lhes a Promessa redentora. Por isso, também, Lameque, filho de Metusalém, bem diferente de seu xará descendente de Caim, profetiza a esperança redentora que seria preservada por meio de Noé, seu filho, um tipo messiânico.
A história passou e Cristo, o restaurador de todas as coisas, chegou. Por meio de Jesus, o Reino de Deus veio ao mundo trazendo consigo uma nova vida entre os homens. Sua manifestação não é material, mas é visível e se dá por meio do testemunho de todos os que creem no Senhor Jesus, pois “o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”. (Rm.14.17). Cristo é a única esperança para nossas cidades brasileiras, para as cidades do mundo inteiro. Somente Cristo pode mudar o coração do homem para que este edifique para Deus cidades santas. De forma que, há esperança para as cidades, mas esta esperança encontra-se tão somente em Jesus (Ef.2.11-22).
Desta forma, a igreja propaga o Reino de Deus, invadindo a cidade dos homens por meio dos valores do Reino dos céus. Enquanto os homens buscam prazer, a igreja ensina-lhes a adoração ao Criador; enquanto os homens procuram conforto na tecnologia, a igreja ensina-lhes a andar com Deus; enquanto os homens pecam, a igreja mostra-lhes a santidade do Senhor, propagando que em Cristo Deus está restaurando o mundo, a fim de que a cidade de Deus um dia encha toda a terra.

Portanto, mesmo peregrinando na cidade dos homens, viva como morador do Reino dos céus (Cl.3.1-25). Neste viver novo, cheio do Espírito de Deus, a igreja reconduz todas as coisas para Jesus anunciando que Cristo reivindica tudo, pois o mundo pertence a ele: política, economia, arte, ciência, família, cultura etc. Fazendo assim, a igreja estará sendo fiel, cumprindo seu importante ministério de ser “sal da terra” e “luz do mundo” (Mt.5.13-14). Somente assim, o mundo verá que em meio à cidade dos homens existem cidadãos de outra cidade: uma cidade celestial.

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