“Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (Jo.17.15)
Diversas cidades
brasileiras tem experimentado um alto índice de desordem (Vitória-ES, Rio de
Janeiro-RJ, Porto Alegre-RS etc). O número populacional do mundo tem aumentado
exacerbadamente e as lideranças municipais, estaduais e federais perdem o
controle administrativo de suas respectivas instâncias de governo. Mas, por que
pessoas formadas em cursos superiores, inseridas no contexto de um mundo tão
desenvolvido tecnologicamente, com sistemas legais tão aprimorados não
conseguem viver bem em sociedade? Porque, sem Cristo, o homem edifica para si
cidades de pecadores. Portanto, quanto mais cresce as cidades dos homens mais
pervertida se torna a sociedade formada pelos pecadores. Como resolver esse
problema?
Gênesis 4.17 a 5.32
conta-nos o começo da trajetória de duas genealogias bastante distintas: a
genealogia de Caim e a genealogia de Sete. Por meio de seus descendentes, o
mundo se divide entre os descendentes: daquele que assassinara seu próprio
irmão, tornando-se maldito na terra (Gn.4.11); e os descendentes de Sete, tão
envolvidos com a adoração a Deus (Gn.4.25-26). Surgem, então, duas cidades: “a
cidade segundo os homens” e “a cidade segundo Deus”.
Após ser expulso da
presença do Senhor, Caim coabita com sua mulher e tem um filho o qual chamou de
Enoque. Também Adão, após a morte de Abel, pois Caim o matara, coabita com Eva
e esta tem um filho o qual chamam de Sete. A partir deles, Caim e Sete, duas
cidades serão erguidas no mundo, percorrendo caminhos bastante distintos: o
amor a si mesmo – a Cidade de Caim (Gn.4.17-24), e o amor a Deus – a Cidade de
Sete (Gn.4.25-5.32).
Após o nascimento de
Enoque, o coração de Caim se enche do orgulho de ter gerado alguém a sua própria
imagem e semelhança. Enoque carregava em si o coração de um pecador como todos
os demais homens, e como Caim, viveria longe do Senhor, seguindo os passos de
seu pai. Então, Caim nomeia sua primeira cidade com o nome de seu primogênito:
Enoque. Ao fazer isso, Caim não estava orgulhoso de seu filho, mas de si mesmo
por ser seu pai, e ver em seu filho sua própria imagem. O amor demasiado a si
mesmo fazia com que Caim olhasse para seus feitos, cheio de orgulho próprio.
Todavia, enquanto
Enoque era símbolo de orgulho próprio, na cidade dos homens, Adão e Eva dão
graças ao Senhor pelo nascimento de Sete, pois Deus concedeu-lhes outro filho
em lugar de Abel (Gn.4.25). Eles não se gloriam em Sete, mas rendem toda glória
ao Senhor. Eles não se orgulham pelo nascimento de um filho que carregava a
imagem deles, mas depositam a esperança em Deus, pois criam na promessa
redentora. Cada filho que lhes nascia enchia o coração de Adão e Eva de
expectativa da chegada do Salvador.
Outros descendentes de
Caim aparecem, sendo um deles Lameque. A cidade dos homens cresce pouco a pouco
e com ela os pecados se proliferam. Então, Lameque toma para si duas esposas.
Uma só mulher já não era suficiente para os filhos de Caim. O hedonismo,
condução da vida com o fim de alcançar o prazer, torna-se uma filosofia de
vida. Na cidade dos homens, o que importa é a satisfação da própria vontade,
pois a vontade de Deus é completamente desprezada. A prostituição de Lameque
segue o pecado do homicídio cometido por Caim e o mal se espalha rapidamente.
Enquanto isso, “a Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual
pôs o nome de Enos” (Gn.4.26). Esvaziado do orgulho próprio, Sete ensina a
seu filho o temor a Deus, o Criador de todas as coisas. Então, o culto ao
Senhor ressurge, após um tempo suspenso por causa do assassinato de Abel.
Portanto, Deus era o centro da vida de Sete e seus filhos, pois a adoração foi
posta em primeiro lugar. Não há qualquer referência a homicídios nem à
prostituição. Um povo dedicado ao Senhor vive pela esperança da redenção e
enquanto aguardam o cumprimento da promessa redentora, adoram a Deus com a vida
e com o culto solene ao Criador.
A vida na cidade dos
homens prossegue com seus pecados. As esposas de Lameque geram filhos e esses,
completamente longe de Deus, procuram satisfazer o vazio do coração por meio da
busca pelo conforto. Surgem, então, os fabricantes de tendas, os tocadores de
harpa e flauta e os artífices “de todo
instrumento cortante, de bronze e de ferro” (Gn.4.22). Com o coração
voltado para si mesmo, a cidade dos homens avança tecnologicamente promovendo
conforto para os pecadores, a fim de camuflar a dura realidade em que se
encontravam: um povo debaixo da ira divina, aguardando o dia do juízo do
Senhor. A cidade dos homens lança holofotes sobre pecadores, revelando a
genialidade, esperteza e arte de seus habitantes, razão para continuar
orgulhando-se em si mesma (Ap.18.7).
Mas, a cidade dos
filhos de Deus tem no Senhor sua única glória. Sua alegria está no Senhor, e em
dar à luz a homens que amam a Deus de todo seu coração, jubila. Dentre esses,
nasce Enoque, homem íntegro e justo diante de Deus, pois seu prazer era fazer a
vontade do Senhor (Gn.5.21-24). Enoque, filho de Jarede, completamente
diferente de seu xará, deixa a marca de uma caminhada com Deus. Os filhos de
Caim erguem cidades, vivem como hedonistas, desenvolvem tecnologias e
proliferam pecados, como a violência praticada por Lameque (Gn.4.23). Enquanto isso,
Adão e Eva glorificam a Deus pelo nascimento de Sete, perseverando na esperança
da redenção, e geram filhos que temem ao Senhor, pois desde sua infância
ensinam-lhes a Promessa redentora. Por isso, também, Lameque, filho de
Metusalém, bem diferente de seu xará descendente de Caim, profetiza a esperança
redentora que seria preservada por meio de Noé, seu filho, um tipo messiânico.
A história passou e
Cristo, o restaurador de todas as coisas, chegou. Por meio de Jesus, o Reino de
Deus veio ao mundo trazendo consigo uma nova vida entre os homens. Sua
manifestação não é material, mas é visível e se dá por meio do testemunho de
todos os que creem no Senhor Jesus, pois “o
reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no
Espírito Santo”. (Rm.14.17). Cristo é a única esperança para nossas cidades
brasileiras, para as cidades do mundo inteiro. Somente Cristo pode mudar o
coração do homem para que este edifique para Deus cidades santas. De forma que,
há esperança para as cidades, mas esta esperança encontra-se tão somente em
Jesus (Ef.2.11-22).
Desta forma, a igreja
propaga o Reino de Deus, invadindo a cidade dos homens por meio dos valores do
Reino dos céus. Enquanto os homens buscam prazer, a igreja ensina-lhes a
adoração ao Criador; enquanto os homens procuram conforto na tecnologia, a
igreja ensina-lhes a andar com Deus; enquanto os homens pecam, a igreja mostra-lhes
a santidade do Senhor, propagando que em Cristo Deus está restaurando o mundo,
a fim de que a cidade de Deus um dia encha toda a terra.
Portanto, mesmo
peregrinando na cidade dos homens, viva como morador do Reino dos céus
(Cl.3.1-25). Neste viver novo, cheio do Espírito de Deus, a igreja reconduz
todas as coisas para Jesus anunciando que Cristo reivindica tudo, pois o mundo
pertence a ele: política, economia, arte, ciência, família, cultura etc.
Fazendo assim, a igreja estará sendo fiel, cumprindo seu importante ministério
de ser “sal da terra” e “luz do mundo” (Mt.5.13-14). Somente
assim, o mundo verá que em meio à cidade dos homens existem cidadãos de outra cidade:
uma cidade celestial.
Muito bom!!
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