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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Nova Vida, Novo Rumo


Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mt.16.26)

De tantos lugares que ele poderia estar, de tantas coisas que estava acostumado a fazer, em noites como aquela, ali estava, sentado, numa convidativa noite de sexta-feira, na praia de Cabo Branco, próximo às tranqüilas águas que iam e viam, enquanto refletiam o brilho reluzente da lua. Os refletores clareavam boa parte da praia, mas ele preferiu o canto mais escondido. Em quase toda a extensão da orla havia grupos se divertindo, mas ele escolheu um lugar sossegado. Diversos casais contemplavam a beleza daquele luar, desfrutando de uma noite romântica e agradável, no entanto, ele estava só, seu coração e mente eram suas únicas companhias.

O mundo parecia haver parado. O celular tocou diversas vezes, mas ele não atendeu. Eram seus amigos à sua procura, mas naquela noite não queria ser achado. Tantas vezes esteve ali, curtindo a vida ao seu jeito, rodeado de amigos que compartilhavam do mesmo estilo de vida. Corriam, bebiam e faziam o que seus instintos queriam. O mundo parecia deles, a vida era vivida como se todo controle estivesse em suas mãos.

Mas, desta vez era diferente. Aquele coração que costumava voar livre, desafiando as leis da vida e da morte, trocando as noites pelos dias, correndo sem limite de velocidade, como se a vida fosse uma longa freeway, agora estava calmo como as águas daquela maré baixa e tranqüila. Habituou-se a viver sem muita necessidade de propósitos, sem muito conteúdo em sua mente para não lhe pesar na carroceria que ia velozmente em direção a lugar nenhum. Contudo, o coração estava pesado naquela noite, cheio de muitas dúvidas que o obrigaram a parar. Enquanto, outros continuavam tangendo em alta velocidade seu canto reservado, ele apenas contemplava o luar, fito os olhos naquela imensa bola branca que nunca foi tão atentamente contemplada por ele.

Qual o sentido de sua vida? Afinal, havia vivido sem nenhum propósito até aquele momento. Ele havia desfrutado de alguns privilégios, que, talvez, a maioria das pessoas não tivesse. Seus pais possuíam boas condições financeiras, favorecendo seus devaneios em cada dia e noite. Estudou nos melhores colégios, ainda que não desse valor a nenhum deles. Teve as melhores roupas, mesmo que nunca tivesse agradecido por alguma delas. Teve tudo que uma criança, adolescente e jovem gostaria de ter. Mas, agora, em seus vinte e cinco anos, uma única palavra desmoronou seu mundo banal e vazio. Tudo que sempre fez, parecia não fazer mais sentido. Suas alegrias perderam a graça. Seus amigos pareciam vãos. Seu futuro era incerto e agora, assustadoramente duvidoso. Nada fazia mais sentido em seu coração.

Para onde iria sua vida? O que encontraria no final daquela jornada percorrida há algum tempo? Finalmente, se deu conta que todo início haveria de ter um fim. A estrada que um dia começou a percorrer o conduziria a algum lugar. Mas, que lugar seria? Em meio a tantas dúvidas, estava se dando conta que precisava de respostas urgentes. Não poderia continuar correndo sem saber para onde iria. Finalmente ele percebeu que seria melhor conhecer o caminho antes de chegar ao final da estrada.

Foi passando em frente a uma igreja, sem que tivesse o propósito de ouvir o que o pregador veementemente anunciava ao público, que ele o ouviu ler: “Que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mt.16.26). Essas duas perguntas entraram em seu coração e ecoaram em sua alma, que nem mesmo sabia que tinha. Passou o restante da noite dividido entre a diversão junto aos amigos, e a reflexão sobre o que ouvira. E, sem muito espaço para pensar sobre a sua vida, foi para casa descansar.

Era uma quinta-feira. Este dia ficaria marcado para sempre em seu coração. O dia em que ouviu aquela palavra tão forte e decisiva. O dia seguinte foi longo e desafiador. Esteve pensando o tempo todo no texto que ouviu ser lido. À noite, tomou rumo diferente daqueles que estava acostumado a percorrer. Sentado na praia, pensava na repercussão daquele pequeno texto que ouviu na noite anterior, sobre o qual nunca havia parado para pensar.

O que para alguns era o desperdício de uma noite não aproveitada, na verdade foi a primeira noite de sua nova vida. Seu coração desejoso de obter respostas estava disposto a procurar por um pastor, a fim de ouvir mais daquele livro que falou tão poderosamente ao seu coração. Sua vida começaria a obter sentido e a longa freeway que, um dia começou a percorrer, tinha destino certo, pois não correria mais em vão (1 Co.9.26). Ele não queria mais comer, beber e repetir a rotina à toa, seja qual fosse. Queria ter um propósito que lhe desse razão para viver. Algo que fosse muito maior que a rotina diária de uma vida comum na sociedade. Afinal todos teriam o mesmo final: a morte. E, como seria a morte? O que ou quem determinaria que tipo de morte seria? Ele não estava preocupado com a forma como morreria, mas o destino que esta morte lhe traria. Pela primeira vez estava consciente de que a vida era realmente curta e por melhor que fosse não poderia fugir de seu fim.

A graça de Deus alcançou aquele coração. A Palavra de Deus foi colocada pelo Espírito Santo no mais íntimo do ser daquele jovem. Era impossível resistir. E, desta vez, ele realmente não desejava se opor a tudo aquilo. Sua mente e coração foram transformados e consequentemente sua vida estava no início de uma grande e maravilhosa nova vida. Aquele que “estava perdido foi achado” (Lc.15.24). Os pecados estavam sendo abandonados. A vida vazia começou a ser cheia com a Palavra de Deus e se iniciou uma longa jornada andando “humildemente com Deus” (Mq.6.8). Como está escrito: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co.5.17).

Como está a tua vida? Talvez não seja igual à vida de nosso personagem fictício da estória acima, mas, sem Cristo, tua vida também está sem sentido. Afinal, pense consigo mesmo: Qual o propósito da tua vida? E, depois que a morte chegar, o que acontecerá, você sabe? Será que estamos perdidos no universo, como um planeta vagando sem propósito? Não, é certo que não! Cada criatura em seus mínimos detalhes, cada lei da natureza, revelam a sabedoria e glória daquele que fez tudo para o Seu louvor (Sl.19.1-4; Rm.11.33-36).

Cuide melhor da vida que Deus te deu, “porque a juventude e a primavera da vida são vaidade” (Ec.11.10), ou seja, passam rapidamente. A Palavra de Deus diz que “aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna” (Gl.6.7-8). Nossas ações trazem conseqüências futuras, boas ou más. Quais serão os frutos que você colherá no futuro e após a morte? Ou, você pensou que nunca morreria?

Nunca é tarde para se recomeçar e nem cedo demais para mudar de rumo. Esse é o momento de você parar, como o jovem da estória, e refletir sobre a vida e a morte, sobre o presente e o futuro, sobre céu e inferno, sobre Deus e você. A Palavra de Deus é poderosa para salvar o que se perdeu, mudar o que não está bom e dar esperança de uma nova vida abundante no Senhor. O Espírito do Senhor pode mudar teu coração e mente, tua família e forma de viver. Pois, Cristo já venceu e tem vida para dar à todo aquele que o buscar. Nunca será cedo ou tarde demais enquanto houver vida.

No entanto, quanto maior a distância percorrida sem Cristo, maiores serão os danos dessa vida sem rumo, sem sentido, sem direção. Incline os ouvidos para a Palavra de Deus e tua “alma viverá” (Is.55.3). Ouça o que diz o Senhor Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt.11.28), e corra aos pés da cruz. Ouça com o coração o ecoar das Palavras de Jesus, que diz: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?” (Jo.11.25-26).

sábado, 21 de maio de 2011

Mais que Vencedores


Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (Rm.8.37)

A realidade diária dos cidadãos metropolitanos é, em geral, corrida e estressante, marcada por trânsitos engarrafados, longas horas de trabalho, pouco tempo para dormir e muita preocupação com o enriquecer. Os pais não têm mais tempo para estar com seus filhos, e nem aqueles que um dia declararam imenso amor a Cristo têm encontrado mais tempo e ânimo para ir à igreja adorar Deus. Com isto, a depressão se espalhou, alcançando diversas idades; a degeneração dos valores morais e éticos atinge seus níveis mais altos; e, a perda de sentido da vida tem conduzido a sociedade ao consumismo desenfreado.

Esses dias maus têm deixado graves marcas na alma do cristão. E, como se não bastassem os problemas externos que temos enfrentado neste mundo pervertido, ainda temos que lutar contra a própria natureza pecaminosa que guerreia dentro de nós, “porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer” (Gl.5.17).

Neste contexto de lutas e dores, Deus tem Palavra de vida para nós. Para o cristão cansado, desanimado, desconsolado, aguardando nas promessas de Deus, a Palavra de Deus traz alento, ânimo, consolo e esperança. E, para aqueles que estão perdidos, “sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Ef.2.12), a Palavra de Deus traz perdão em Cristo, paz com Deus e um novo coração.

Como resposta à necessidade do homem pecador, Deus enviou seu precioso Filho. Cristo, o Filho de Deus, derramou seu precioso sangue para salvar aqueles que crêem. E, esta é a primeira razão pela qual o cristão é chamado de: Mais que vencedor. Jesus aceitou voluntariamente a condição de trocar de lugar com o pecador. Tendo vivido em santidade e obediência, morreu pelos pecadores como se fosse um deles. Cristo “foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados (Is.53.5). Aquele que viveu há aproximadamente dois mil anos atrás, pagou a dívida eterna. Jesus, o único santo e justo, carregou as transgressões de muitos pecadores.

Não pense que Deus simplesmente passou a mão em tua cabeça e disse: – Deixe para lá! Estás desculpado! Não se preocupe, eu não ligo para o teu pecado – Deus não ignorou e nem pode ignorar o teu pecado, pois a justiça dEle não permite isso. Foi preciso que a dívida fosse paga, que o justo castigo determinado por Deus fosse cumprido. Então, Deus enviou o Seu Filho para morrer, para sofrer o juízo de Deus por nós. Agora, justificados por Cristo, perdoados pelo Senhor, somos os mais felizes dos homens. Por isso, diz o Salmo 32: “Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniqüidade e em cujo espírito não há dolo

Jesus morreu por nós, mas foi o Espírito de Deus quem trouxe a justiça de Cristo para nós. O Espírito do Senhor trouxe ao nosso coração nova vida e com ela a justiça de Jesus. Não estamos debaixo “da lei do pecado e da morte”, mas debaixo “da lei do Espírito”. Ou seja, não estamos sob domínio da carne, lutando para obedecer à Lei de Deus, sozinhos, à mercê de nossa própria justiça. Não estamos mais entregues à escravidão do pecado, “porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, [nos] livrou da lei do pecado e da morte” (Rm.8.2). Cristo obedeceu por nós, Jesus foi castigado em nosso lugar. Agora, estamos livres da condenação.

Estamos em paz com Deus! Em vez da ira de Deus, temos recebido de Seu amor sobre medida “que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna” (Tt.3.6,7). E, por sermos filhos de Deus, em Cristo Jesus, “já não [somos] estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e [somos] da família de Deus” (Ef.2.19). Nele, somos herdeiros de um reino glorioso e indescritível, herdeiros de maravilhas celestiais. Esta é a segunda razão pela qual somos mais que vencedores: Deus nos chama de filho, e “se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (Rm.8.17).

Os Cristãos do 1º século passaram por uma série de lutas e tribulações por causa da fé. Eles foram pressionados a negar a fé em Cristo, com ameaças de tortura e morte. Eles foram tentados de todas as formas para retornarem ao mundo insensato e pecador. A jornada foi árdua demais e o vale da sombra da morte bastante tenebroso. Mas, a Escritura lhes garantiu que ao final eles encontrariam pastos verdejantes (Sl.23). E, mesmo em face da morte, os cristãos de Roma deveriam continuar firmes, esperando no Senhor, certos de “que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Rm.8.18). Quando tudo estivesse mal ao redor deles, quando viesse o desânimo e houvesse vontade de desistir, os cristãos poderiam, e sempre poderão, descansar nas promessas do Senhor, “com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef.1.3).

No entanto, é verdade que ainda estamos neste mundo que “jaz no maligno” (1 Jo.5.19). Por isso, Jesus nos enviou outro consolador que nos guia e sustenta, dando-nos uma terceira razão para sermos chamados de mais que vencedores: O Espírito de Deus habita e intercede continuamente por nós.

Por estarmos neste mundo que “jaz no maligno” (1 Jo.5.19), precisamos de constante ajuda do Senhor. No entanto, nosso coração pecador pode nos enganar na hora de pedirmos ajuda. Em vez de você orar com o propósito de glorificar a Deus, buscando a vontade dEle, suas orações poderão ser egoístas e interesseiras e até mesmo carnais. Nos dias do profeta Isaías, Deus não estava atendendo as orações de Israel. As orações deles eram interesseiras e carnais, pois “no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho. Eis que jejuais para contendas e rixas” (Is.58.3-4).

Não somente Israel era carnal em suas orações, pedindo a Deus o que não convém. Também, alguns cristãos do primeiro século estavam sendo interesseiros e mundanos em suas petições. E, por isso diz Tiago: “pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres. Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg.4.3-4).

Precisamos do Espírito do Senhor, porque Ele sabe qual a vontade de Deus e nos ensina a orar como convém. O Espírito de Deus põe em nossa mente e coração o desejo pela vontade do Senhor, “porque não sabemos orar como convém” (Rm.8.26). O Espírito Santo nos capacita a buscar a vontade de Deus mesmo nas adversidades. Portanto, somos os mais felizes dos homens, porque o Espírito nos guia na vontade de Deus. E, orando no Espírito, temos a certeza que o Senhor nos atende a oração, porque pedimos o que agrada o Seu coração, segundo Sua vontade que é “boa, perfeita e agradável” (Rm.12.2).

Em tudo isso, somos mais que vencedores, porque “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm.8.28). Para salvar, santificar e sustentar na fé aqueles “que são chamados segundo o seu propósito” (Rm.8.28), Deus enviou Seu Filho e opera por meio do Santo Espírito no coração pecador. E, para que saibamos como viver a vontade de Deus, Ele nos deu a Sua Santa Palavra. O propósito de Deus para nossas vidas vai muito além das bem-aventuranças terrenas. Deus tem para nós riquezas celestiais que não podem ser comparadas às conquistas neste mundo, pois “nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Co.2.9). Por todas estas coisas podemos dizer que somos Mais que Vencedores, somos os mais felizes de todos os homens, por meio daquele que nos amou.

sábado, 14 de maio de 2011

No Temor do Senhor


Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb.10.31)

No Segundo século da era cristã um homem chamado Marcião agrupou o evangelho de Lucas e dez epístolas de Paulo, considerando que estes seriam os únicos livros inspirados pelo bom Deus. Para Marcião, e outros gnósticos, o Antigo Testamento e os demais livros do Novo Testamento anunciavam um deus mau, que apenas julgava e condenava os pecadores. Este deus, portanto, era diferente do Deus que enviara Jesus, pronto para perdoar o pecador e dar a vida eterna. Por rejeitar a totalidade da Palavra de Deus, Marcião não conseguiu ver a santidade e o amor do Senhor caminhar juntos, manifestos na justiça e na misericórdia, no juízo e na graça. A Santidade, na morte daqueles que tomavam a Ceia do Senhor desrespeitosamente na igreja de Coríntios (1 Co.11.30), e o Amor, no perdão dispensado constantemente à Israel no Antigo Testamento.

A presente geração de crentes tem sofrido de um mal semelhante ao de Marcião. Cada qual tem feito seleção do que considera viável para a sua “fé”. Em nome de uma suposta liberdade cristã dão vazão à carne, regendo toda a vida religiosa pelo próprio coração enganoso (Jr.17.9; Jz.21.25). Consequentemente, a exortação ao arrependimento e mudança de vida tem deixado de ser tema das pregações nos púlpitos, que viraram palco para “shows da fé”. Ou se prega meros moralismos superficiais e insuficientes para salvar o pecador, ou se estimula o êxtase emocional, propagando falsas esperanças, “enganando o [...] povo, dizendo: Paz, quando não há paz” (Ez.13.10). Eles “curam superficialmente a ferida do [...] povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz” (Jr.6.14).

Com a extensa pregação do evangelho no primeiro século, multidões ouviram a Palavra de Deus e muitos se uniram à comunidade dos fiéis. No entanto, com o passar do tempo, nem todos demonstraram fruto do Espírito (Gl.5.22,23), fruto de uma legítima conversão de mente e coração. Essas pessoas começaram a trazer problemas para a igreja, motivando a divisão das comunidades, se ocupando “com fábulas e genealogias sem fim, que, antes, promovem discussões do que o serviço de Deus, na fé” (1 Tm.1.4), tornando “evidente que [andavam] segundo os homens (I Co.3.4) e não segundo Cristo. Também promoveram falsas doutrinas dentro da igreja, conduzindo cristãos a passar “tão depressa daquele que [...] chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que [...] perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo (Gl.1.6,7). Além disso, eram pedras de tropeço para os novos convertidos e vergonha perante os pagãos, praticando “imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai” (ICo.5.1).

O autor de Hebreus, como um profeta responsável, exorta a igreja quanto às conseqüências desse caminho tortuoso. Aqueles que conheceram a Palavra e desfrutaram das bênçãos no seio da igreja, não poderiam voltar ao mundo outra vez para servir aos ídolos do coração. Cristo não morreria outra vez por eles, para cobrir a multidão de seus pecados (Hb.10.26). Se voltassem à vida de pecados estariam regressando ao mundo e, portanto, morrendo para Deus.

Considerando que os destinatários do livro de Hebreus eram judeus, eles bem conheciam a história de seus pais. Todos os que quiseram voltar para o Egito morreram no deserto, pois recusaram ouvir o Senhor e “endureceram a sua cerviz e na sua rebelião levantaram um chefe, com o propósito de voltarem para a sua servidão no Egito” (Ne.9.17). Eles “endureceram o rosto mais do que uma rocha” (Jr.5.3), deixando de crer nas promessas de Deus. De forma semelhante, aqueles que iniciaram a jornada cristã não poderiam olhar mais para trás, pois “ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus (Lc.9.62).

Os judeus se vangloriaram por causa da presença do Templo em Jerusalém, “dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este” (Jr.7.4), considerando que nenhum mal lhes podia acometer. A nação vivia uma vida pecaminosa, cometendo “abominação sem sentir por isso vergonha; [sem saber] que coisa é envergonhar-se” (Jr.6.15). Contudo, Deus veio com juízo sobre Jerusalém e matou muitos do povo (2 Cr.36.17), enquanto outra parte foi levada para o cativeiro de uma nação pagã (2 Rs.25.11). Uma terceira parte ficou de resto, jogada à fome e miséria numa terra destruída (Jr.12.11).

As narrativas do Antigo Testamento são ensino e exortação para a igreja, “tendo-as posto como exemplo a quantos venham a viver impiamente” (2 Pe.2.6). Por isso, o Senhor nos exorta a que “esforcemo-nos, [...], por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência” (Hb.4.11). Em Romanos 11.21, Paulo alerta a igreja de que “Se Deus não poupou os ramos naturais, também não te poupará”. Deus é o vingador de todo e qualquer que vive confrontando-O numa vida pecaminosa, irreverente e irresponsável. Deus é o justo juiz do Antigo e Novo Testamento, “mostrando a Sua santidade naqueles que se cheguem a Ele e sendo glorificado diante de todo o povo” (Lv.10.3), como ocorrera com Nadabi e Abiu (Lv.10.1-2), e com Ananias e Safira (At.5.1-11).

Deus é amoroso e gracioso para com todos os que confiam na justiça de Seu Filho e no poder de Seu Espírito. Mas, o Senhor é temível e terrível para os com todos os desobedientes e rebeldes. E, por ser temível e terrível Ele deve ser sempre obedecido por todos: “Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra. Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos nele com tremor” (Sl.2.10,11). Por isso, “o temor do SENHOR é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os que o praticam” (Sl.111.10).

Não deixe que o mundo, o diabo e o seu coração pecador lhe atrapalhem a caminhada cristã. Siga as mesmas instruções que Paulo deu à Timóteo: “tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes (1 Tm.4.16). Volta para o primeiro amor antes que seja tarde demais. Corrige a tua vida e dedica-a completamente a Deus, antes que Ele tire-a de você. Verta lágrimas de um coração arrependido e “Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal” (Joel 2.13).

Subjugue o teu corpo e a tua vida para que “não venha [...] a ser desqualificado” (1 Co.9.27). Pense na severidade de Deus para teres medo de pecar contra Ele. Pense na misericórdia de Deus para confessares teus pecados a Ele. Pense no amor de Deus para servi-lo com alegria e dedicação. Por fim, ouça o que ensina o livro de Provérbios e reconheça a misericórdia de Deus “em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te do mal; será isto saúde para o teu corpo e refrigério, para os teus ossos” (Pv.3.6-8).

domingo, 1 de maio de 2011

Libertos do Império das Trevas



Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Cl.1.13,14)
A conquista da liberdade é o maior e mais antigo desejo do ser humano. Homens morreram na luta por liberdade, nações guerrearam para se verem livres da subserviência, leis foram criadas para promover a libertação de escravos. Gerações vão e outras vêm e o desejo de liberdade permanece no coração do homem, sem que este saiba o que realmente o aprisiona. Infelizmente, a liberdade tem sido confundida com a libertinagem. E, na tentativa de sentir-se livre, valores tem sido negados e substituídos pelo parecer pessoal e subjetivo de cada coração confuso e perdido. A sociedade se subdividiu em pequenos mundos individuais, semelhante aos dias dos juízes de Israel quando “cada um fazia o que achava mais reto” (Jz.21.25).
O sonho de liberdade de Israel começou com sua ida ao Egito. Antes mesmo de se tornar escrava, a família de Jacó precisava se livrar da seca que assolava a terra. “Então, José mandou chamar a Jacó, seu pai, e toda a sua parentela, isto é, setenta e cinco pessoas” (At.7.14). A família vai ao Egito e com o passar dos anos se multiplica e se torna um grande povo, mas, um novo governante se levanta sobre o Egito e passa a oprimir os filhos de Israel. Após 430 anos, o povo clama ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó (Ex.3.6-9), rogando a liberdade. A nação que lhes havia sido abrigo e provisão, torna-se o jugo e o fardo de Israel, escravizando o povo e matando suas crianças (Ex.1.11,22). Então, Deus se compadece de Israel e o liberta da escravidão daquela nação idólatra. “Assim, o SENHOR livrou Israel, naquele dia, da mão dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar. E viu Israel o grande poder que o SENHOR exercitara contra os egípcios; e o povo temeu ao SENHOR e confiou no SENHOR e em Moisés, seu servo” (Ex.14.30,31). O Egito foi o primeiro império, humano e visível, que escravizou Israel durante sua história como nação, e, é a mais importante analogia do império das trevas, que tem escravizado bilhões de vidas no decurso das gerações.
Mesmo fora do Egito, a idolatria não saiu do coração do povo, que era escravo do pecado. Por causa da dureza de coração, a geração que saiu do Egito passou 40 anos andando no deserto até morrer. Eles haviam saído do Egito, mas não haviam tirado o Egito de dentro do coração deles. Contudo, a morte daquela geração não resolveu o problema da nação. A semente da incredulidade continuava impregnada na alma da geração seguinte, mostrando para os filhos de Israel que o maior inimigo deles estava dentro do coração: a natureza pecaminosa. Mesmo quando Israel tinha paz com os povos ao seu redor, dentro de cada coração estava o caos, rebelando-se contra os mandamentos do Senhor. Por isso, inúmeras vezes, Deus reivindicou a obediência que lhe é devida: “Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu” (Is.29.13).
O povo precisava ser liberto, não de um inimigo visível, mas da escravidão do pecado, pois “todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo.8.34). O Egito fora apenas uma pequena demonstração de quão perverso era o império que o escravizava, o império das trevas, destruindo suas vidas, matando suas famílias e impedindo-os de entrar numa “terra que mana leite e mel” (Ex.3.8). Por causa da incredulidade, Israel sofreu durante anos o jugo opressor e fardo pesado que o império das trevas impunha sobre a nação. Apenas uns poucos obtiveram pela fé a graça de serem livres da escravidão do pecado, se apegando, por esta mesma fé, à esperança da promessa da vida eterna. No entanto, eles “foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra” (Hb.11.37-38). “Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé” permaneceram firmes ainda que não vissem a concretização da promessa divina (Hb.11.39).
A obstinação da nação de Israel durou 1400 anos, de Moisés até Jesus, e durante todo este tempo, Deus usou Seus profetas para falarem ao coração do povo, pregando arrependimento e obediência em todo tempo. Israel cumpria as leis cerimoniais, praticando diariamente os ritos ensinados por Moisés, no entanto, continuava com o coração escravizado pelo pecado. Ainda que Israel fosse uma nação livre, sendo o “SENHOR, [...] o único SENHOR” (Dt.6.4), “contudo, os altos não se tiraram, porque o povo não tinha ainda disposto o coração para com o Deus de seus pais” (2 Cr.20.33), e “povo ainda sacrificava e queimava incenso nos altos” (2 Rs.14.4), servindo ao império das trevas, adorando outros deuses e cometendo todo tipo de coisa abominável à Deus. O coração do povo estava em trevas e Deus exortava-os através de Seus profetas, dizendo: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas” (Is.1.16,17).
Era de Cristo que eles precisavam. Moisés os libertara da escravidão do Egito, mas somente Jesus poderia libertá-los da escravidão do pecado e da opressão do império das trevas. Cristo veio e os apóstolos anunciaram a Sua Salvação não somente aos Judeus como também aos Gentios, do mundo da época, e, neste propósito, o apóstolo Paulo desbravou cidades diversas, pregando a libertação do império das trevas. A graça de Deus alcançou a muitos, libertando-os das trevas e dando-lhes a esperança da eterna vida.
Muitos dos colossenses não eram mais escravos, pois Cristo os libertara definitivamente. Pela fé eles se apropriaram da vitória de Cristo na cruz e se tornaram co-participantes das promessas de Deus. Agora, libertos da escravidão, deveriam servir a Deus em novidade de vida. Da mesma forma, como os Israelitas deveriam ter tirado o Egito do coração, os colossenses precisavam abandonar a velha vida mundana. A nova vida no “reino do Filho do seu amor” (Cl.1.13), além de esperançosa é adornada de santidade à imagem de Cristo (Rm8.29). Nesta nova vida, o pecador feito cristão é “o sal da terra” (Mt.5.13) e “a luz do mundo” (Mt.5.14).
E você, de que realmente precisa ser livre? Há muitas coisas que podem lhe incomodar durante a vida, mas somente se “o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo.8.36). Se você foi liberto pela fé em Jesus, viva, então, como um verdadeiro filho de Deus, súdito de um único Reino, o Reino de Deus. E, lembre-se que há muita gente ainda escravizada carecendo de verdadeira libertação que só Cristo pode dar aos corações perdidos. Por isso, “prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não” (2 Tm.4.2). “Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm.10.13-14).
Ao mesmo tempo em que Colossenses 1.13 e 14 nos encanta, falando ao nosso coração sobre a maravilhosa obra de Cristo na cruz do calvário por nós, também nos exorta quanto à necessidade de se pregar o evangelho à bilhões de vidas que ainda estão escravizadas sem conhecer a graça salvadora de Deus. O evangelho que alcançou e transformou, poderosamente, a tua vida, é o mesmo evangelho que é poderoso para alcançar e transformar as muitas vidas que caminham perdidas e confusas ao seu redor.
O mundo vive a era da “liberdade de expressão”, mas somente se “o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo.8.36).