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segunda-feira, 26 de março de 2012

Rendei graças ao SENHOR!

Rendei graças ao SENHOR, invocai o seu nome, fazei conhecidos, entre os povos, os seus feitos.” (1Cr.16.8)

Certa vez o Senhor Jesus encontrou numa aldeia, a caminho para Jerusalém, 10 leprosos que de longe pediram a compaixão de Cristo necessitados de que fossem curados. Diz o texto Sagrado que todos os 10 foram restaurados fisicamente, pela Palavra do Senhor, desfrutando da misericórdia de Jesus. Contudo, apenas 1 voltou alegre e grato, glorificando a Deus e agradecendo pela cura (Lc.17.11-19).
Em Mateus 5.45, o Senhor Jesus diz, ainda, que Deus mostra Sua grande bondade (graça universal), fazendo “nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos”. O mundo, portanto, tem usufruído dos favores de Deus constantemente, mas o coração endurecido do homem pecador não o permite ver a graça comum de Deus nem tampouco agradecer àquele que o tem sustentado. E você, como tem agido diante das muitas bênçãos do Senhor?
Semelhante aos 9 leprosos, Israel passou 40 anos de ingratidão murmurando em sua peregrinação no deserto. O povo foi liberto da escravidão e caminhava para uma terra boa e fértil, mas preferia voltar para o Egito; tinha o Senhor da glória à frente, mas fazia ídolos para adorá-los; comia pão do céu enviado por Deus diariamente, mas queria as iguarias de Faraó; não se envelheciam as vestes nem as sandálias, mas Israel vivia reclamando de tudo. O homem sem o Espírito de Deus não tem prazer nas dádivas do Senhor nem compreende que “mais vale o pouco do justo que a abundância de muitos ímpios” (Sl.37.16).
Mas, em Atos dos Apóstolos encontramos um Israel diferente. Cristo havia consumado a redenção por Seu sangue e o Espírito Santo passara a agir abundantemente, convertendo o coração dos pecadores e transformando a vida daqueles que criam em Jesus. Por isso, mesmo em meio a muitas tribulações, os cristãos nos dias da igreja primitiva “tomavam suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo” (At.2.46-47). O Espírito Santo dera um novo coração para eles; um coração grato e alegre, um coração firme na esperança e cheio de amor.
Na Palavra de Deus o cristão tem consolo e modelo para seguir “pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm.15.4). A santidade, gratidão e perseverança da igreja, nos dias dos apóstolos, foram registradas para servir de exemplo e ânimo aos cristãos de todas as gerações (1Ts.1.7).
No castigo de Deus sobre Israel, se aprende que Deus aborrece a ingratidão do homem pecador, mas nas bênçãos do Senhor sobre Sua amada igreja, os cristãos são despertados para uma vida de gratidão e dedicação a Deus, confiando a Cristo a vida, buscando no Espírito a direção e louvando o Senhor por suas grandes obras operadas na vida daqueles que o amam de todo o coração (Dt.6.5).
Como está o teu coração? Com um coração novo é possível ver a presença de Deus mesmo em meio às trevas; é possível amar aqueles que nos fazem mal; é possível fazer o bem aos que nos perseguem; é possível nos alegrarmos em meio à tribulação. Com este novo coração é possível render sempre graças ao Senhor, por vê, pela fé, que “o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade” (Sl.100.5).

quinta-feira, 15 de março de 2012

Cristianismo sem cruz

Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm.1.16-17)

O evangelicalismo pós-moderno tem retirado, paulatinamente, alguns vocábulos bíblicos de conteúdos singulares e fundamentais para a fé cristã, trocando-os por jargões evangélicos: a soberania de Deus deu lugar à expressão “está amarrado”, e o diabo passou a ser temido e endeusado; a santificação foi trocada pela “frequência nas programações”, tornando o púlpito num palco para “pop stars” religiosos; a esperança perdeu para a “prosperidade”, e Deus se tornou o “gênio da lâmpada mágica” dos evangélicos; e a justificação deu lugar ao “perdão simplório”, sem preço pago, sem justiça satisfeita, sem sangue derramado.


Pregadores anunciam um evangelho sem cruz; uma salvação sem Cristo; uma nova vida sem a santificação pelo Espírito Santo; um cristianismo sem a Palavra e Deus. As mensagens tornaram-se autoajudas que pouco, ou mesmo nada, podem transformar. De um lado, o showman fala coisas bonitas e engraçadas atraindo o carisma da plateia e aumentando sua lista de fãs; de outro, o palestrante cativa as pessoas com promessas que não se cumprirão aprisionando os ambiciosos que não desejam mais do que as regalias de um coração hedonista. Pecadores que deveriam ser desafiados têm o ego massageados, como clientes da religião. E, no meio de toda essa religiosidade, lembramos as Palavras do Senhor Jesus: “quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc.18.8).


Essa religiosidade superficial e problemática de nossos dias tem nos sensibilizado à necessidade de se abrir a porta da igreja local para a entrada de pessoas de outras denominações. Em nossos dias, não basta dizer para alguém: - Procure a igreja mais próxima. É preciso falar sobre a necessidade de se encontrar uma igreja bíblica. Dentre aqueles que recebemos de outras denominações, certa vez um jovem nos falou sobre sua antiga vida religiosa em outra denominação, dizendo: “Passei dez anos na igreja anterior aprendendo que Jesus salva sem me dar conta de que não sabia de que Ele me salvaria. Durante todo esse tempo, nunca ouvi falar sobre a doutrina da justificação”. Ele passou dez anos como cristão sem conhecer uma doutrina fundamental para o cristianismo. Surge a pergunta: Ele, realmente, era cristão nesse tempo?


Em 1 Coríntios 15, o apóstolo Paulo nos diz que a morte e a ressurreição de Cristo são os fundamentos da pregação da igreja. Encontramos a morte e a ressurreição no sermão do apóstolo Pedro, nos dias de Pentecostes (At.2.14-36): “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At.2.36). E, também, vemos Cristo morto e ressurreto na visão apocalíptica que João recebeu nas regiões celestiais em Apocalipse 5.6: “Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra”.


Portanto, a substituição penal, revelação de que o Filho de Deus encarnou tornando-se um de nós, a fim de pagar a nossa dívida para com Deus (tanto o pecado de Adão quanto nossos pecados), é a doutrina mais fundamental do Evangelho. Quando Paulo nos diz: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm.1.16-17), ele está falando da morte e da ressurreição de Cristo, conteúdo central da pregação apostólica: “Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.” (1Co.15.3-4). Conforme o apóstolo Pedro nos diz: 


1 Pedro 1:17-21  Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação,  18 sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram,  19 mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo,  20 conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós  21 que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus.


É nessa doutrina que se encontra o grande conforto dos cristãos na difícil jornada da vida e em face à morte, como diz o apóstolo Paulo: “Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós” (Rm.8.34). A paz de Deus em nosso coração provém da justificação alcançada por Cristo Jesus a nosso favor (Rm.5.1). A esperança da vida eterna decorre da plena certeza de que Jesus satisfez a justiça de Deus na cruz do Calvário, livrando-nos da condenação eterna (1Ts.1.10), a fim de vivermos para sempre com Ele como filhos de Deus (1Ts.4.17-18). Sem cruz não há cristianismo. Sem a justificação não há nova vida (Rm.6.8).


Cristianismo não é apenas uma religião, mas a família daqueles que foram justificados pela fé em Cristo; não é um clube de pecadores, mas, sim, a manifestação do poder de Deus para redimir e transformar os pecadores “justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé” (Rm.3.24-25). A graça de Deus se revela no alto preço pago por Cristo na cruz do calvário, sofrendo a ira de Deus, padecendo nas mãos de pecadores. Sem o Evangelho da cruz, os pecadores sentem-se à vontade dentro da igreja em vez de constrangidos pelo amor divino, pois não são postos diante da justiça de Deus que se manifestou no calvário: “Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” (2Co.5.14-15).


Ao abandonar o Evangelho da cruz, a cristandade abriu inúmeras brechas para os pecadores não convertidos (joio) entrarem. Como Jerusalém sitiada pelos adversários, queimada e destruída, o cristianismo tem sido invadido pelos inimigos, perdendo sua identidade e santidade provenientes da justiça daquele que pagou o preço da nossa redenção. Quanto mais bíblica for a igreja, todo seu ensino-pregação e toda sua prática, mais protegida ela estará das ameaças externas e, também, internas. Quando o cristianismo abandona a cruz, torna-se vulnerável a todo tipo de mazela e vergonha, testemunhadas pela presente geração, “como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa” (Rm.2.24).


O cristianismo precisa da cruz de Jesus, pois nela Deus venceu o pecado (Cl.2.14; Hb.9.22) e expos seus inimigos ao ridículo, despojando-os (Cl.2.15). Por meio da cruz, O Senhor confronta o pecador, conclamando todos a se arrependerem de seus pecados (At.3.19), se prostrarem perante o Cordeiro de Deus que venceu e viverem uma nova vida por meio de Cristo (Gl.2.20; Cl.3.1-3). Por meio da pregação do Evangelho da cruz, o mundo é dividido em dois grupos opostos: aqueles que odeiam a Cristo e aqueles que se rendem humildemente a Jesus. Por meio do Evangelho da cruz, os pecadores são envergonhados, os inimigos expostos, os arrependidos encontram esperança de vida eterna e Deus é glorificado na vitória de seu Filho, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo.1.29).


A mensagem da cruz é o evangelho que o Espírito Santo ministra ao coração do pecador convertendo os ímpios e despertando os cristãos adormecidos. Não é possível dissociar Cristo de sua cruz, pois foi nela que Ele realizou a obra de redenção e foi glorificado por ter cumprido toda a justiça divina. Também não é possível dissociar a obra do Espírito Santo da cruz de Cristo, pois é a justiça consumada nela que possibilita o operar divino santificador no coração do pecador para restaurar a imagem e semelhança de Deus naqueles que foram unidas na morte e ressurreição do Filho de Deus (Rm.8).


Por meio do Evangelho da cruz, aqueles que hoje dizem: “Senhor! Senhor!” (Mt.7.21), mas vivem brincando com o evangelho, desprezando a graça divina e vivendo segundo o próprio coração serão lançados no fogo do inferno por terem rejeitado a graciosa justiça de Cristo (Mt.7.23). Mas, aqueles que se arrependeram e confiaram na justiça do Filho de Deus são justificados pelo sangue do cordeiro e santificados pelo poder do Espírito e da Palavra, a fim de herdarem as benditas promessas do Senhor. Eles se deleitarão na presença de Deus por toda a eternidade, porque a cruz os aproximou do Criador, fazendo-os justos perante o Todo-Poderoso. O Evangelho da cruz é luz lançada sobre os pecadores, revelando a miséria dos ímpios enquanto dirige os arrependidos para Cristo, o Senhor e o Salvador de todo aquele que nEle crê.


Sem o Evangelho da cruz não há cristianismo, apenas uma religião existencialista e/ou ritualista. O propósito da igreja não é fazer as pessoas se sentirem bem, nem mesmo dar a elas uma sensação de serem boas cidadãs. O cristão não deve esquecer que nossa viva esperança foi alcançada não por meio de “prata ou ouro, [...] mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1Pe.1.18-19). E, reconhecendo o alto preço pago na cruz, os verdadeiros cristãos são capacitados a andarem humildemente com o Senhor, vivendo “por modo digno do evangelho de Cristo”, firmados “em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica” (Fp.1.27); até que venham a ouvir daquele que tudo venceu na cruz: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; venha e participe da alegria do seu senhor” (Mt.25.21). Só há cristianismo quando o Evangelho da cruz é pregado e crido entre os homens.