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domingo, 26 de dezembro de 2010

O Amor de Cristo entre os Irmãos

Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (Jo.13.34)

Nossos dias são maus e nosso coração sofre com isso. Os pecados, a maldade do mundo e as tentações do diabo costumam deixar marcas nele. O livro de Provérbios nos exorta a cuidar muito bem do coração: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv.4.23) Em geral, a sociedade fria e calculista tem tornado os corações em cubos de gelo destroçados. Os relacionamentos não são mais permeados por terno amor e real cuidado com o próximo. As relações entre as pessoas são expressas no ditado: “amigos, amigos negócios à parte”.
Mas, não é novidade para a Bíblia, pois o Senhor Jesus havia predito o esfriamento do amor: “E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos” (Mt.24.12). No entanto, a igreja não deve se acomodar com o mundo e nem aceitar sua forma. O esfriamento do mundo não deve levar a igreja a se esfriar também: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm.12.2). A igreja deve reagir ao mundo, lutando contra o sistema maligno e buscando a graça de Deus. Enquanto o mundo te odeia, “não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm.12.21).
Enquanto o mundo quase todo esfria ao seu redor, a igreja deve permanecer ardendo em amor, pois “nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo.13.35). Além do esfriamento, a descrição e práticas do amor no mundo são marcadas pelo pecado. O amor do mundo é um sentimento egoísta, conveniente a cada um, que visa o prazer. Ou seja, não passa de sensações internas que produzem satisfação ao corpo. O amor, segundo vemos no mundo, é um sentimento que justifica pecados. Os jovens se entregam à relação sexual antes do tempo em nome de um suposto amor. Há aqueles que aprisionam e até matam por um fictício amor que dizem ter; enquanto outros são ciumentos e utilitaristas em seus relacionamentos.
Isto ocorre porque o coração do homem está impregnado com a maldade, “a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria” (Rm.3.14-16). E mesmo quando o mundo demonstra boas ações e aparentes gestos de amor, não consegue produzir verdadeiros frutos de justiça, pois seu amor não procede da Verdade.
O verdadeiro amor é gerado pela Palavra do Senhor e procede de Deus: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1 Jo.4.7). Desta forma, o verdadeiro amor é restrito àqueles que conhecem a Cristo. Assim como os verdadeiros adoradores são aqueles que nasceram de Deus, pois o verdadeiro amor é uma virtude que pertence ao Reino dos céus e “quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (Jo.3.5). Somente os que nascem do Espírito, recebem novo coração para amar a Deus e ao próximo para “que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ez.36.27). Por isso, enquanto o mundo desprezar a Deus não conhecerá o verdadeiro amor.
Você está sem amor? Você é incapaz de amar as pessoas? Incapaz de perdoar o outro? É preciso conhecer a Cristo primeiro e lhe entregar o coração. Somente Cristo pode colocar amor em teu coração como fez com o apóstolo Paulo. Antes de conhecer a Cristo, Paulo “respirava ameaças de morte contra os discípulos” (At.9.1-2). Mas, depois de conhecer a Jesus ele torna-se capaz de dar a vida pelos irmãos em Cristo: “Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Cristo Jesus, por amor de vós, gentios” (Ef.3.1).
Deus nos amou primeiro e nos deu de Seu amor para que amemos também. Recebemos o amor de Deus para mostrá-lo ao mundo pecador. A igreja é o reflexo da glória de Deus, mostrando as virtudes de Deus ao mundo. É através da igreja que Deus revela ao mundo a santidade de todas as suas virtudes prescritas nos mandamentos, “guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente” (Dt.4.6).
Diferente do que os dicionários dizem sobre o amor considerando-o abstrato e emocional, o amor não é um simples sentimento, mas uma parte do fruto do Espírito (Gl.5.22,23). O amor faz parte de um conjunto de virtudes que vem de Deus através do Espírito Santo. O amor não se limita ao sentimento do coração, amar é um modo de agir, de pensar, de vê o mundo ao redor, de vê a própria vida. O cristão age com amor e por amor a Cristo, refletindo nas conseqüências de suas ações. As decisões do cristão são pensadas e conduzidas pela Palavra, em amor a Jesus. O cristão projeta a vida por amor a Jesus, visando também o bem ao próximo (Rm.14.15). Por amor a Cristo, e ao irmão, o cristão abre mão de suas vontades. Além disso, o amor de Deus na vida do cristão confirma sua conversão e sua eleição eterna: “recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, [...] da abnegação do vosso amor [...] reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição” (1 Ts.1.3,4)

A Bíblia revela três modos da igreja se relacionar com o próximo:

O primeiro é o relacionamento entre os irmãos em Cristo. A este chamo de: Amor na Verdade. Os cristãos devem amar uns aos outros como Jesus os amou: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (Jo.13.34). Trata-se de um amor sacrificial, pronto para dar a vida pelo irmão, fazendo tudo por ele: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos” (1 Jo.3.16). É tirar de si para dar ao outro, preferir a honra do outro que a própria: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm.12.10).
O segundo é o relacionamento com a criação, um amor dispensado a todos os seres humanos em geral. A este chamo de Amor conforme a Verdade. O cristão deve imitar a graça comum de Deus que abençoa a criação com gestos de bondade: “amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mt.5.44,45). Todos devem ser tratados com cordialidade, bondade, paciência, mansidão, justiça e etc. O cristão não deve maltratar as pessoas, nem mesmo as que perseguem a igreja. O cristão deve fazer de tudo para que o ímpio chegue ao conhecimento de Deus. E nesse empenho o testemunho é fundamental mostrando ao descrente a nova vida em Cristo: “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns” (1 Co.9.22)

O terceiro é o relacionamento com os falsos profetas, anticristos, deturpadores da verdade. A este chamo de Amor à Verdade. O cristão não deve tolerar as heresias que surgem dentro e fora da igreja. “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas” (2 Jo.1.10). É preciso lutar pela preservação da fé, ou seja, a sã doutrina, que nos conduz à salvação: “Amados, [...] me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd.1.3). O cristão, à semelhança de Jesus, zela pela Palavra de Deus, lutando contra toda distorção da verdade.
Mas, por que a Bíblia faz distinção entre estes três tipos de relacionamento?
  a) Relacionamento entre os cristãos (Amor na Verdade)
  b) Relacionamento com a criação (Amor conforme a Verdade)
  c) Relacionamento com os inimigos de Deus (Amor à Verdade)

Em primeiro lugar, porque o amor cristão está fundamento na Verdade, a Palavra de Deus. O amor cristão não é um simples sentimento, mas um mandamento que vem de Deus. Devemos amar a quem Deus nos mandar, e da forma como Deus nos ensina a amar. O amor cristão é resultado do conhecimento de Deus revelado nas Escrituras Sagradas: Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão” (1 Jo.4.21).
Em segundo lugar, porque o amor cristão é virtude proveniente de Deus e reflete a glória de Deus. O amor cristão vem de Deus para mostrar ao mundo as virtudes de Deus. Desta forma, o cristão imita a Deus para revelar ao mundo Sua glória:
  a) Deus ama sacrificialmente Sua igreja, então, os cristãos devem se amar assim também: Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós” (Cl.3.13)
  b) Deus cuida da criação com bênçãos comuns, então, os cristãos devem abençoar também: para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mt.5.45)
  c) Deus abomina os falsos profetas, então, os cristãos devem rejeitá-los também: porque o SENHOR abomina o perverso, mas aos retos trata com intimidade” (Pv.3.32)

E porque nosso amor não vem de nosso coração pecador, devemos buscar em Deus esse amor. Se precisas de amor peça-o a Deus, entregando o coração a Cristo. Nosso amor vem de Deus e é guiado pela Palavra do Senhor, a fim de glorificar àquele que em Sua essência é Amor.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Verdadeira Adoração


Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo.4.24)

Desde o século quatorze, o homem vem afirmando ser a “medida de todas as coisas”. Ou seja, Deus é visto como expressão fictícia de uma cultura primitiva e o mundo proclama sua independência e capacidade para se “virar” sozinho. Um mundo cada vez mais perdido e destruído é conseqüência da escolha humana pela autonomia na gestão da vida. Até mesmo aqueles que crêem no Deus Criador e Senhor do universo querem que Deus viva em função deles, satisfazendo suas vontades como um mordomo. E, como uma criança que faz de tudo para chamar a atenção dos pais, os crentes pós-modernos agem como se Deus tivesse que mover o mundo em favor deles.

Você não é o centro do universo! O fato de “todas as coisas colaborarem para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm.8.28), não torna o crente o centro do universo, como se tudo trabalhasse por ele. Não é em vão que a ordem correta desse versículo é: “aos que amam a Deus tudo coopera para o bem” (Rm.8.28a), pois, a idéia principal é o amor a Deus. Deus deve ser amado, e esta deve ser a preocupação do cristão. Não podemos nos colocar no centro do universo, como se tudo girasse em torno de nós. Na verdade todas as coisas foram feitas por Cristo e para Cristo e por isso o universo gira em torno dEle, “porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude” (Cl.1.19); “segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra” (Ef.1.9-10).

Quando se diz que tudo gira em torno de Cristo, isto inclui a tua vida. Os estudos, trabalho, propósitos, pensamentos, sentimentos, escolhas, palavras, ações, relacionamentos, e ainda tudo quanto tens, existe “por meio dEle, e para Ele” (Rm.11.36). A vida do cristão deve girar em torno da pessoa de Jesus. Cristo é nossa fonte de vida e mais ainda é caminho para a vida eterna. Se você não viver em função dEle é porque a tua vida está fora desse sistema solar chamado Reino de Deus, onde o Sol é o Senhor Jesus.

Antes do diálogo de Jesus com a mulher samaritana em João 4.1-30, o evangelista traz, em seu livro, a narrativa em que Cristo conversa com Nicodemos, um mestre da lei, sobre o Reino de Deus. Essa narrativa fornece luz ao diálogo de Jesus sobre o verdadeiro culto a Deus. Nicodemus estava interessado no Reino de Deus anunciado por Jesus e “a isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo.3.1-6).

Os judeus estavam esperando a vinda do Reino de Deus, prometido pelos profetas (Is.60; Dn.2.34,35). E, nessa expectativa, algumas especulações surgiram entre as seitas judaicas mais conhecidas: fariseus, saduceus, zelotes e essênios, causando certo alvoroço entre os cidadãos da Judéia e Galiléia. A chegada de Jesus, com sua pregação e as maravilhas que fazia, chama a atenção de todos, surgindo entre o povo a esperança da chegada do Redentor e libertação definitiva dos Judeus. Seria Jesus de fato o filho de Davi que reinaria sobre Judá, a fim de libertá-la de Roma? Nicodemus não tinha respostas, mas reconhecia que algo de extraordinário estava acontecendo entre eles. Jesus, então, lhe fala sobre a conversão, a única forma de se entrar no Reino de Deus: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo.3.3).

Nicodemos era líder no Judaísmo, mas ainda não era um homem segundo o coração de Deus. Era preciso nascer de novo, nascer pelo poder da Palavra e do Espírito. Sem a regeneração, troca de coração e recebimento do Espírito não há como entrar no Reino. Era preciso receber um “coração novo” e um “espírito novo”. Deus retiraria “o coração de pedra” para lhes dá “coração de carne”. Somente assim eles seriam capazes de andar, guardar e observar os estatutos de Deus (Ez.36.26,27).

Sem que Nicodemos compreendesse, Jesus estava falando da dimensão espiritual do Reino, “porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm.14.17). O Reino já estava entre eles, vindo com Cristo em sua manifestação de poder e graça. Mas, era preciso nascer espiritualmente para fazer parte e desfrutar das bem-aventuranças desse maravilhoso Reino celeste.

Contudo, o que este diálogo tem haver com a adoração? O evangelista nos ensina que é preciso ser crente para ser um verdadeiro adorador. Os verdadeiros adoradores são aqueles que nasceram da água e do Espírito. Ou, como Jesus diz à mulher Samaritana: “em ESPÍRITO e em VERDADE” (Jo.4.23). Os verdadeiros adoradores foram alcançados e vivem pela Palavra e Espírito de Deus. Para Nicodemus a Palavra e o Espírito davam ingresso no Reino de Deus. Para a mulher samaritana a Palavra e o Espírito tornam o homem em verdadeiro adorador.

Cônscios, disso, podemos dizer que a adoração procede de corações convertidos. Não é a estrutura do culto quem define sua aceitação, mas a presença do “cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo.1.29). É preciso ter um novo coração para crer na Palavra, um novo Espírito para amar a Deus. Deus somente recebe a adoração daqueles que o adoram em Espírito e em Verdade, ou seja, daqueles que nasceram do Espírito e da Palavra. Davi entende isto quando clama a Deus dizendo: “Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca manifestará os teus louvores. Pois não te comprazes em sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não te agradas de holocaustos. Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” (Sl.51.15-19). Não seria suficiente o sacrifício, era necessário um coração convertido.

Em segundo lugar, podemos dizer que a adoração é expressão da presença de Deus. Tanto Isaías quanto Apocalipse revelam a presença de Deus na adoração (Is.6.2-4; Ap.4.8-11). Mas, é nos evangelhos onde fica mais evidente a presença de Deus no meio da congregação, “porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt.18.20). O Culto manifesta o Reino de Deus presente entre nós e proclama a gloriosa vinda da plenitude deste Reino, assim como “anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1 Co.11.26) ao realizar a Ceia do Senhor.

E, em terceiro lugar, a adoração proclama as virtudes de Deus. É por esta razão que a pregação ocupa lugar central na liturgia, pois proclama “as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe.2.9). Na adoração a Palavra de Deus traz instruções para a igreja, ensinando-a a fazer a vontade do Senhor, fortalecendo-a na esperança da volta de seu Senhor e Salvador. Na pregação da palavra os perdidos são confrontados em seus pecados e chamados ao arrependimento, proclamando a necessidade de conversão aos perdidos pecadores. E para executar essa sublime tarefa, Deus “mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.” (Ef.4.11-14)

A Verdadeira Adoração agrada o coração de Deus e não o do perdido pecador. A verdadeira adoração não promove entretenimento para o coração enganoso, mas santificação para o pecador arrependido. A verdadeira adoração proclama Deus como Ele é, revelando Sua Santa presença entre Seu povo e Sua misericórdia para com os pecadores quebrantados, transformando-os em verdadeiros adoradores através da conversão.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Vitrinas de Deus



Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, [...]. E não vos conformeis com este século” (Rm.12.1-2)
Quando admiramos a perfeição da criação, costumamos pensar somente em sua utilidade. Se eu lhe perguntasse: para que Deus fez o sol? Você provavelmente me responderia: para iluminar e aquecer o planeta terra. No entanto, Deus criou tudo para revelar a glória de seu Ser e perfeição de Suas obras. Por isso, Deus criou o sol para mostrar o fulgor de Sua glória, a beleza de seu resplendor; e lhe deu uma função que bem conhecemos. A vastidão do universo mostra a grandeza imensurável de Seu Ser. A imensidão e profundeza do mar revelam quão inescrutável e insondável é a mente de Deus e Seus pensamentos. Ao colhermos um delicioso fruto na árvore somos lembrados da bondade de Deus. Quem sabe, a lesma nos ensine e conforte quanto à paciência do Senhor para conosco. A fragilidade dos pássaros revela nossa dependência de Deus e o constante cuidado do Senhor por Sua criação. Cada obra da criação revela a glória do Criador. Pois, tudo foi feito por Ele e para Ele e por isso, “glória a Ele eternamente” (Rm.11.36).
A descrição da criação e seu papel de glorificar o Senhor já são suficientes para fazer-nos vislumbrar com a glória de Deus (Sl.96). No entanto, há muito mais razão para louvarmos o Senhor.

Conforme Paulo, em Efésios 2.12, estavas perdido no mundo: “naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Ef.2.12). Sua vida estava numa ladeira espinhosa, que no fim dava para um abismo chamado: inferno. E ninguém podia lhe ajudar a sair dessa terrível ladeira que cai no abismo, pois “não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Rm.3.10-12).
Mas, da mesma forma como Deus teve misericórdia de Israel no Egito, o Senhor também teve compaixão de ti e te deu nova vida, libertando-o da escravidão: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo” (Ef.2.4-5). E, agora, transformado pelo Espírito e perdoado por Cristo, como tens glorificado a Deus? Deus pergunta ao Seu povo: “O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo?” (Ml.1.6). Pergunte ao seu coração o mesmo que Moisés perguntou para Israel: “É assim que recompensas ao SENHOR? [...] Não é ele teu pai, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu?” (Dt.32.6).


Como nosso coração é enganoso, Deus mesmo nos ensina como viver para a glória dEle. A Palavra de Deus nos revela tudo quanto Deus requer de nós. Portanto, a vida cristã está fundamentada na verdade: a Sagrada Escritura. É a Palavra de Deus quem gera em nós vida, e nos ensina a praticar as virtudes Divinas. O apóstolo João diz que seu amor está fundamentado na verdade, ou seja, na Palavra de Deus: “O presbítero à senhora eleita e aos seus filhos, a quem eu amo na verdade e não somente eu, mas também todos os que conhecem a verdade” (2 Jo.1.1). A obra redentora de Deus opera no coração do crente a transformação da vida, “porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação” (1 Ts.4.7). Porém, a fidelidade e santificação do cristão dependem completamente da obra e presença de Cristo: “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo.15.5). Para o apóstolo Paulo, a santidade é gerada pela Palavra e a Palavra veio para gerar nova vida.

Conforme Romanos 12.1-2, o cristão deve viver de modo digno do evangelho (Ef.4.1). Portanto, o cristão deve Viver por amor e temor a Deus - Tudo na vida cristã deve ser feito em amor e temor ao Senhor que nos amou primeiro: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo.4.10). Por amor a Deus, Israel deveria obedecer seus mandamentos e buscar Sua vontade: “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, e todos os dias guardarás os seus preceitos, os seus estatutos, os seus juízos e os seus mandamentos” (Dt.11.1).
Em obedecer a Deus, Jesus afirma aos discípulos que eles provariam que o amavam verdadeiramente: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele” (Jo.14.21).
Os discípulos aprenderam a entregar a vida e servir a Jesus obedecendo-o em tudo. O ministério de Paulo foi marcado por seu imenso amor a Jesus: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo” (2 Co.12.10). E, por amor a Cristo, entregou sua vida à Pregação da Palavra, pois “em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (At.20.24). Da mesma forma, todas as áreas da vida cristã deveriam ser vividas por amor a Jesus. Segundo Paulo, as mulheres deveriam ser submissas ao próprio marido por amor de Cristo: “As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor” (Ef.5.22). Os escravos deveriam obedecer e honrar o dono deles por amor a Jesus: “Quanto a vós outros, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a Cristo, servindo de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens” (Ef.6.5,7). Tudo, fossem palavras ou ações, deveria ser feito por amor a Jesus: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens, cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo” (Cl.3.23,24).

Além de viver por amor e temor a Deus, o cristão deve Entregar a vida completamente ao Senhor – Segundo Paulo, o cristão deve se apresentar vivo, santo e agradável a Deus para o serviço a Ele. Da mesma forma como os levitas dedicavam a vida a Deus consagrados para o serviço ao Senhor, a igreja, povo consagrado exclusivamente para Deus e Sua obra, deve servir integralmente a Jesus: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe.2.9).
Como povo exclusivo de Deus, Ele não o divide com mais nada, nem ninguém: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mt.6.24) Você não pode viver mais para o mundo, servindo aos deuses do mundo como: dinheiro, prazer, fama, paixões, bebedices, glutonarias, idolatria, e outras coisas mais. Deus não divide seu povo com nada nem ninguém. Ele nos tirou do mundo para dedicarmos a mente, o coração, as forças, e todo o corpo ao Senhor (Dt.6.5). Tudo deve ser feito da melhor forma com o propósito de glorifica a Deus, por amor a Jesus. A nossa vida é de Deus. Ele é toda nossa razão de existir. Somente Ele pode preencher nosso coração e nos dar razão para viver, “porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Rm.14.8)
Busque o Senhor em todo tempo, meditando em Sua Santa Palavra para apresentar-se “perante Ele santo, inculpável e irrepreensível” (Cl.1.22). Paulo e os demais apóstolos deram suas vidas para ensinar a Palavra de Deus com o propósito de entregar a igreja nas mãos de Jesus: santa, sem ruga, sem defeito (Ef.5.27). Não dedique apenas um pouco de tempo a Deus, quando você vai à igreja. Dedique a vida. Deus não é o Senhor apenas dos momentos do culto. Ele é o Senhor da vida e de tudo.

No propósito de entregar toda a vida a Deus, você deve Não se amoldar aos pecados do mundo - Israel deveria ter abandonado a forma mundana que havia adquirido ao viver no Egito. Deus propõe ao povo o abandono do pecado, para que fosse abençoado por Ele: “Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal” (Dt.30.13). Israel havia sido tirado do Egito, mas não havia tirado o Egito de dentro de seu coração.
Quando cremos em Cristo, somos identificados e encravados com Ele na cruz. Desta forma, morremos para o mundo e para o pecado: “sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos” (Rm.6.6). Fomos feitos santuário de Deus, habitados pelo Espírito Santo (1 Co.6.19; 2 Co.6.16). Não temos mais comunhão com o mundo, pois fomos tirados do meio de seus pecados. Recebemos novas vestes, novo coração, novo Espírito, e entramos no Reino de Seu Filho (Cl.1.13). Estamos em processo de saída do mundo, santificando a vida até a volta de Cristo, “o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai” (Gl.1.4). Não podemos perder tempo com este mundo, temos que seguir sempre olhando para Cristo e tendo “cuidado [para] que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo” (Cl.2.8). Por isso, lute contra a natureza pecaminosa, contra as inclinações de seu coração: “Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância” (1 Pe.1.14). “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” (1 Jo.2.15). Não pode haver lugar para mais de um senhor em tua vida, ou você ama a Deus ou ama o mundo, porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo” (1 Jo.2.15-16).

A vida Cristã é vitrine da glória de Deus. Cada Palavra deve anunciar as virtudes de Deus, cada gesto deve revelar a santidade de suas obras. Portanto, lembre-se continuamente que foste chamado para uma nova e eterna vida, e esta vida deve ser vivida para o Senhor que a criou.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Progresso da Vida Cristã


desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Fp.2.12)

Como todos sabem, a vida humana segue um curso comum a todos e limitado também. Nascemos do ventre de nossa mãe, nos desenvolvemos durante um período de tempo e, então, morremos, deixando para trás a vida como a conhecemos aqui. Seu início não depende de nós; nem mesmo seu fim pode ser determinado pela vontade humana. Não escolhemos nascer. Não decidimos onde, quando, nem como nasceremos. Tão somente nascemos. O mesmo pode ser dito acerca da morte. Por melhor e mais saudável que seja a vida de um homem, ninguém pode determinar o dia de sua morte. Um micro ser vivo pode causar a morte do mais forte e valente dos seres humanos. Em pleno dia ensolarado, quando tudo vai bem, algo inesperado pode determinar o fim da vida: Porque “para morrer basta estar vivo”.
Diante de tudo isso, há apenas uma etapa da vida que devemos nos preocupar: o desenvolvimento. Deus nos confiou o tempo entre o nascimento e a morte para administrarmos com sabedoria e temor a Ele: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Ec.9.10). Não prestaremos contas pelo nosso nascimento, nem por nossa morte, mas pela vida que usufruímos aqui. Se a vida foi longa ou breve, rica ou pobre, fácil ou difícil, em Paris ou sertão, não importarão para o Senhor da glória. Ele cobrará de cada um apenas pelo que lhe foi dado e como foi administrado para Ele: “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm.11.36). Não importam quantos talentos recebemos, mas o quanto desenvolvemos para o Senhor (Mt.25.14-30).
Os Filipenses receberam a salvação gratuitamente. Um povo “sem Cristo, separado da comunidade de Israel e estranho às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Ef.2.12) é agraciado com o amor de Deus e alcançado pela obra redentora de Cristo, na Cruz do Calvário. Aqueles que estavam mortos em seus pecados recebem vida em abundância (Ef.2.1; Rm.5.17,20; Jo.10.10). Esta deveria ser a razão de toda a alegria no coração dos Filipenses. As lutas e sofrimentos de Paulo, ou mesmo deles, “não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Rm.8.18), quando por ocasião da volta de Jesus, Deus “habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap.21.3-4). Eles deveriam vencer as tribulações olhando para o amor de Jesus, pois “Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm.5.8). Enquanto estivessem com vida, deveriam ser “firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Co.15.58), trabalhando para o Senhor Jesus com amor, falando “com mais desassombro a Palavra de Deus” (Fp.1.14). Em outras palavras, Paulo estimula os irmãos a desenvolverem o precioso dom da salvação que receberam gratuitamente do Senhor. A gratuidade da salvação não deveria levá-los à inércia espiritual, sentados na cadeira de uma igreja assistindo os outros trabalharem. Era preciso dar frutos de acordo com o que Deus colocara nas mãos deles para fazer. Pois, tanto seriam cobrados quanto recompensados por Deus, que dirá: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt.25.21).
No entanto, os Filipenses não trabalhariam sozinhos. Paulo afirma que Deus os capacitaria a desenvolver a salvação, “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade” (Fp.2.13). Todos os mandamentos de Deus seriam acompanhados com a capacitação para cumpri-los. Tudo que era necessário a igreja fazer para a glória de Deus: proclamar a mensagem da cruz e testemunhar as virtudes de Deus, seria acompanhado com o poder de Deus. O Espírito do Senhor estaria sempre presente com eles, intercedendo sobremaneira todos os dias, “com gemidos inexprimíveis” (Rm.8.26), enviado por Jesus como consolador de seu povo: “o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo.14.26). O Espírito Santo capacitaria a igreja para realizar a obra da pregação e testemunho do evangelho, como Jesus dissera aos apóstolos: “recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At.1.8). Tanto o projeto quanto as ferramentas para executá-lo são dados pelo Senhor, a fim de que tudo ocorra perfeitamente e “experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm.12.2).
Por isso, a igreja não se intimida diante dos inimigos, certa de que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt.16.18). Diante das lutas impostas pelo mundo maligno, o Senhor “olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra” (At.4.29). A missão da igreja é sublime: proclamar “as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe.2.9) e nada pode detê-la, pois “se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm.8.31). Portanto, prossigamos fazendo a obra do Senhor, proclamando o evangelho de Cristo e testemunhando seu poder transformador que operou em nossas vidas. Ao realizar a boa obra de Deus descanse no Senhor, pois Ele “fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia” (Sl.37.6). Para alegria e consolo da igreja, “quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes” (Sl.126.6), pois Deus mesmo acrescenta “dia a dia, os que iam sendo salvos” (At.2.47).
Faça do propósito da tua vida a glória de Deus. Não a utilize somente para seu benefício próprio, pois perderias o propósito de viver. Diga ao teu coração: “em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (At.20.24). E como o apóstolo Paulo, poderás, no final de tudo, dizer: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” (2 Tm.4.7).