“E
a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a
vossa mente em Cristo Jesus” (Fp.4.7)
Apesar de ser considerado o mal do século, o conceito de
depressão tem sido tão confuso e variado que dá a entender ser ainda desconhecido
até daqueles que escrevem sobre o assunto. É possível perceber isso pelos
exemplos de depressão apresentados, principalmente, na tentativa de mostrar
quadros de pessoas depressivas dentro da Palavra de Deus: Moisés, Ana, Davi, Salomão,
Elias, Jonas, Jó, Asafe, Jeremias, Pedro, Paulo, Timóteo etc. Por isso, tem
crescido o número de pessoas que atribuem, a si mesmas, sintomas de depressão
quando se encontram momentaneamente tristes por alguma razão enquanto outras
são tratadas como depressivas quando, na verdade, estão submersas no pecado da
idolatria.
Um pai de família perde o emprego ficando, naturalmente,
triste e preocupado enquanto não consegue emprego. Uma mãe perde seu filho e
passa certo tempo sem comer direito acometida pela tristeza. Um profissional é
perseguido pelo chefe de seu setor e difamado por colegas de trabalho, tornando
o ambiente bastante desagradável e, consequentemente sente-se angustiado, não
tendo quem possa ajudá-lo. Alguém está sendo ameaçado de morte por problemas
judiciais e fica amedrontado e aflito. Uma pessoa vê seu casamento se desfazendo
em crises e brigas constante, passando a ficar abatida. Um filho vê seus pais
brigando com frequência e, então, começa a se isolar com tristeza, sem saber o
que fazer com a situação, temendo o divórcio deles. Esse e outros casos reais
poderiam ser considerados depressão? Tais pessoas estão tristes, angustiadas,
aflitas, preocupadas, abatidas por razões reais e justas, aguardando que a vida
tome um rumo melhor e possam se alegrar novamente. Elas precisam de ajuda, mas um
tratamento para depressivos não resolverá o problema dessas pessoas.
Caso você afirme que tais pessoas estão com depressão, então
a depressão terá sido tratada como sinônimo de tristeza, pois na maioria dos
casos é fácil mudar o ânimo dessas pessoas revertendo o quadro que as levou à angústia
momentânea. Um novo e bom emprego alegraria o pai de família outra vez. A
mudança de emprego ou de atitude dos colegas de trabalho traria paz ao coração
daquele profissional perseguido. A restauração do casamento alegraria bastante
o coração dos cônjuges e dos filhos. Cessar a perseguição sobre alguém deixaria
seu coração em paz. Obviamente, teríamos grandes dificuldades em considerar
reversão do problema da morte, mas diversas iniciativas de familiares e amigos
poderiam ajudar na superação do problema (1Ts.4.13-18). O mesmo pode ser dito
sobre diversos personagens da Bíblia que foram equivocadamente diagnosticados
como portadores de depressão. Após a mudança do cenário desses personagens, o
comportamento deles também mudou e a tristeza foi trocada por alegria: “o
anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” (Sl.30.5).
Percebemos, então, que a depressão, para muitos, tem sido sinônimo
de tristeza, por isso é atribuída a diversos personagens da Escritura que
tinham razão de sobre para ficarem tristes diante das muitas perseguições e
tribulações que sofreram ao longo de vasto tempo. Todos os personagens que
demonstraram algum tipo de tristeza têm em comum o amplo sofrimento ao qual
foram submetidos. Contudo, é importante salientar que nenhum deles deixou de
ser fiel a Deus e esperar no Senhor, eles não se isolaram por causa de uma angústia
incontrolável, mas por causa da perseguição que sofriam, exigindo deles a fuga
da morte. Até Jonas, que sofria de um pecado chamado “falta de misericórdia”
(dureza de coração para com os adversários e seu povo) é considerado, por
alguns, como alguém que sofria de depressão ao se mostrar endurecido para com
os ninivitas, inimigos de Israel (Jn.4.1-11). O hábito de ver, demasiadamente,
certo problema ou característica em “todas as pessoas” é comum para quem está
empolgado com alguma área do conhecimento, ainda que não seja maduro. Por isso,
há uma tendência em procurar a depressão em todas as pessoas, do passado e do
presente, como se o mundo todo estivesse sofrendo desse mal, aparentemente tão
impreciso.
É fundamental, também, mencionarmos que certas aparentes
melancolias podem ser o resultado do pecado da idolatria. O coração do homem
necessita amar demasiadamente algo ou alguém, pois fora feito para adorar o
Criador. Assim, a idolatria é o apego demasiado a algo e/ou alguém, a fim de
devotar a estes um profundo amor que necessita “por para fora”
(Mt.6.19-24). Tamanha é a necessidade do homem de amar, que sempre procurará
algo ou alguém para devotar esse amor. Quando isso não acontece, ocorre a
sensação de vazio no coração. Por isso, certas perdas podem ocasionar um
aparente estado de depressão, exigindo uma análise cuidadosa e um tratamento
adequado. A aparente depressão, na verdade, é um profundo (e comum) problema
espiritual de alguém que não amando a Deus de todo seu coração, de toda sua
alma e de toda a sua força (Dt.6.5), procura um ídolo para devotar esse amor,
trazendo para si angústias inevitáveis, já que tudo nessa vida passa e é
imperfeito. A angústia decorrente da idolatria tem remédio certo e não é o mesmo
a ser aplicado à pessoa depressiva.
Pessoas apegadas a bens materiais e/ou a outras pessoas,
podem “se entristecer como os demais, que não têm esperança” (1Ts.4.13).
Eles depositaram a esperança da felicidade naquilo que passaram a amar. Jesus
falou sobre o perigo disso: “onde está o teu tesouro, aí estará também o teu
coração […] Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se
de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis
servir a Deus e às riquezas” (Mt.6.21,24). O remédio para essas pessoas é o
reconhecimento de seus pecados e o conhecimento da nova vida em Cristo Jesus
(Fp.4.4-7), no qual o amor de todo o coração, de toda a alma e de toda a força
é dedicado exclusivamente para Deus (Dt.6.4-5). Portanto, podemos encontrar
diversas causas para as tristezas das pessoas e cada uma dessas tristezas
possui tratamento específico.
Depressão não é o mesmo que tristeza, simplesmente. Pessoas
com verdadeiro caso de depressão não saberão explicar a razão de se encontrarem
profundamente angustiadas, ainda que tudo na vida dessas pessoas esteja bem.
Uma tristeza inexplicável toma conta da mente e do coração do depressivo e, por
isso, não é possível reverter a situação de forma simplória. Elas têm tudo, mas
sente-se como se não tivessem nada; elas são amadas por pessoas, mas se sentem
sozinhas; elas são cercadas de agradáveis momentos de lazer, mas não conseguem
sentir prazer na vida. Uma sensação de vazio profundo no coração em que nada
basta, nada é suficiente, nada produz contentamento. Então, a mente vagueia
perdida por um universo desconhecido e sem sentido, como se procurasse algo sem
saber o que é. Nenhum dos personagens da Escritura tiveram tais sintomas.
Se é possível mudar o ânimo de uma pessoa solucionando
problemas que estão incomodando-a, então ela não está depressiva, mas
momentaneamente triste. A tristeza é algo normal ao mundo caído, afinal a terra
produz, constantemente, “cardos e abrolhos” (Gn.3.18). Pessoas tristes
por razões diversas precisam de um tratamento diferente daquele que o depressivo
deve receber. Não confundir é fundamental, pois a dose errada de “remédio
sagrado”, a Palavra de Deus, pode não trazer solução ao que está carecendo de
ajuda. Se o problema daquele que está angustiado é detectado como mal
direcionamento do amor e, portanto, pode ser resolvido por meio do
redirecionamento desse amor para Deus, então, mais uma vez, deve-se descartar o
diagnóstico de depressão. O problema é espiritual, pois exige a conversão do
coração que deve deixar os ídolos para servir, amar e adorar somente a Deus.
Tenho sido incisivo em afirmar que é equivocado atribuir a
diversos personagens bíblicos um quadro depressivo. Pouquíssimas pessoas de
nossos dias viveram, ou vivem, experiências semelhantes aos personagens da
Escritura que lutaram para sobreviver em um mundo que os odiava e, por isso,
procurava mata-los. Atribuir um quadro depressivo a pessoas que estão realmente
sendo atribuladas é ignorar todo o contexto em que vivem e a justa razão para
se sentirem abatidas. Além do mais, essas mesmas pessoas mostram mudança de
comportamento logo que as circunstâncias mudam, provando, assim, que a tristeza
momentânea tinha uma razão, certa (muitas vezes justa), como no caso de Davi, Elias,
Jó, Jeremias etc. E para demonstra isso, a seguir falaremos um pouco sobre cada
um desses personagens.
Davi passou, aproximadamente, quinze anos fugindo de Saul,
sem que tivesse feito qualquer coisa ruim para ele. Um jovem garoto que
apascentava o rebanho do pai deixou o pacato ambiente doméstico (parcialmente
pacato – 1Sm.17.34-37) para peregrinar pelo deserto fugindo de seu inimigo
“gratuito” que o procurava persistentemente para o matar: “Permaneceu Davi
no deserto, nos lugares seguros, e ficou na região montanhosa no deserto de
Zife. Saul buscava-o todos os dias, porém Deus não o entregou nas suas mãos”
(1Sm.23.14). Então, Davi clama diversas vezes (por vários anos) a Deus rogando
auxílio, a fim de ser livrado da morte, diariamente iminente: “Ao mestre de
canto. Salmo didático. Para instrumentos de cordas. De Davi, quando os zifeus
vieram dizer a Saul: Não está Davi homiziado entre nós? Ó Deus, salva-me, pelo
teu nome, e faze-me justiça, pelo teu poder” (Sl.54.1//1Sm.23.19; 26.1).
Mesmo diante de tais situações, Davi mostra confiança no Senhor, em vez de
desespero; mostra disposição para lutar, em vez de melancolia; mostra esperança
na salvação de Deus, em vez de desesperança; mostra um coração seguro nas
promessas do Senhor, em vez de desistência da vida: “Eis que Deus é o meu ajudador, o SENHOR é quem me sustenta a vida. Ele
retribuirá o mal aos meus opressores; por tua fidelidade dá cabo deles.
Oferecer-te-ei voluntariamente sacrifícios; louvarei o teu nome, ó SENHOR,
porque é bom. Pois me livrou de todas as tribulações; e os meus olhos se enchem
com a ruína dos meus inimigos” (Sl.54.4-7). Portanto, atribuir qualquer
quadro depressivo a Davi seria bastante equivocado e demasiadamente
reducionista.
Elias foi um profeta excessivamente perseguido. Acabe e
Jezabel foram instrumentos de Satanás para levar o povo de Deus aos seus piores
dias, alimentando todo tipo de pecado em um povo já propenso para todo tipo de
mal (1Rs.16.28-33). Por causa da maldade do rei e da rainha, e ainda de todo o
povo de Israel que sacrificava aos ídolos conforme as nações pagãs ao redor,
Deus ordena ao profeta que se retire para lugar isolado, livrando-o da morte
(1Rs.17.2-3; 18.10). O profeta viu a aflição do povo de Deus que por três anos
e meio foi privado do fruto da terra por falta de água (1Rs.17.1; 18.1;
Tg.5.17-18). Durante esses anos, o profeta viveu escondido de Acabe e Jezabel,
pois estes intentavam mata-lo, como Jezabel já havia feito a muitos outros
profetas do Senhor (1Rs.18.1-4, 10). Sabedor dos assassinatos que Jezabel
praticara contra os profetas de Deus, Elias pensava ter ficado sozinho (18.22).
Por meio desse profeta, Deus operara vários sinais que chamavam o povo ao
arrependimento (1Rs.17.1//18.41; 18.20-40). Todavia, o coração do rei e da
rainha continuava endurecido e o povo ainda sacrificava aos deuses. A dureza do
coração do povo era demasiadamente grande e desanimadora para qualquer profeta
do Senhor.
Então, diante da ameaça da rainha Jezabel, Elias foge “para
salvar sua vida” (1Rs.19.3). Elias viu claramente que não adiantaria
continuar insistindo para que o povo e seus governantes se voltassem para Deus.
Por isso, Elias não vê mais razão para continuar lutando em vão. Ao pedir a
morte para si (1Rs.19.4), Elias não está com depressão, como se uma tristeza inexplicável
tivesse tomado conta de seu coração. Elias está em pleno juízo pedindo a Deus
que lhe dê descanso das lutas que vem combatendo, pois em vão era todo seu
esforço. Elias quer se aposentar como qualquer homem deseja descansar de seu
trabalho árduo exercido por muitos e longos anos. Elias não está mergulhado em
angústia profunda e incontrolável. Quando Deus ordenou que Elias comesse, ele
comeu normalmente (1Rs.19.5-7), quando o Senhor ordenou que o profeta
caminhasse uma longa jornada, ele caminhou sem desanimar (1R.19.7-8). Ele
esperou pacientemente o silêncio de Deus (1Rs.19.11-13) e quando o Senhor lhe
apareceu, então expôs com clareza, e sem qualquer exagero, tudo o que havia
acontecido até o momento, pois só ele estava na ativa lutando contra a
impiedade de Israel (ainda que houvessem outros homens tementes a Deus além dele):
“Ele respondeu: Tenho sido zeloso pelo
SENHOR, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança,
derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só,
e procuram tirar-me a vida” (1Rs.19.10). Um homem com tamanhos
problemas já poderia ter surtado, mas Elias permanece lúcido e tranquilo.
Após receber resposta do Senhor, Elias segue seu caminho
conforme a Palavra de Deus. Elias não se isola evitando a sociedade nem se mostra
amargurado com a vida nem fala mais sobre sua justa queixa a respeito dos
profundos problemas que lhe alcançaram. A Palavra de Deus foi suficiente para o
coração do profeta. Sua disposição para obedecer a Deus é de um homem
plenamente saudável. Elias vai atrás de Elizeu, o escolhido para ser sucessor
do profeta, e passa a treina-lo, como discípulo, a fim de habilitá-lo para o
ministério (1Rs.19.19-21). Elias se mostra um mestre disposto a ensinar seu
discípulo. Depois disso, ele vai, corajosamente, ao encontro de seus inimigos para
enfrenta-los em nome do Senhor (1Rs.21.17-29). A Palavra do Senhor havia
renovado o ânimo de Elias, pois sua confiança nela permaneceu inabalável. Após
esses eventos, Elias, ainda perseguido por Acabe e Jezabel, confronta-os outra
vez (2Rs.1). Em todo esse tempo, o profeta manteve sua comunhão com Deus
intacta, sem desanimar. Ele orava ao Senhor, ouvia a Palavra de Deus, adorava o
Criador e o obedecia em tudo quanto era ordenado. Elias não teve depressão nem
melancolia nem qualquer tristeza incontrolável em sua alma. Ele foi um homem
saudável, forte, firme e estável que enfrentou os mais diversos desafios esperando
sempre no Senhor.
Jó é considerado o homem mais atribulado de todos. Perdeu
todas as coisas que havia conquistado, pela graça de Deus, ao longo de seus
anos (Jó.1.13-20; 2.7-8). Ele só não perdeu a mulher, que se apresenta mais como
um problema do que como consolo para ele, pois tanto o tentou a blasfemar
contra Deus (Jó.2.9) quanto o tratava com desprezo e nojo (Jó.19.17). Todos
seus filhos morreram em um só acidente e todos os seus bens foram arrancados
dele em, praticamente, um só momento. Mesmos assim, Jó adorou a Deus e não
atribuiu ao Senhor mal algum (Jó.1.20,22), mostrando que o Senhor era o maior
bem que ele possuía, razão de seu contentamento no início do amplo sofrimento a
que foi submetido. Todavia, o tempo foi passando e as dores em seu corpo,
privações e acusações dos três amigos não cessavam, antes aumentavam. Por isso,
Jó, sem compreender a razão de tudo o que estava sofrendo, inicia suas queixas
na presença de Deus.
É interessante observarmos que, apesar de todos se colocarem
como adversários contra Jó, seu estado mental permanece intacto. Suas muitas
lágrimas decorrem de todo o contexto atribulador que lhe submeteram, sem
aparente razão (Jó16.20). Ele quer respostas, pois não faz a menor ideia de que
o Senhor estava trabalhando sua vida por meio daquele amplo sofrimento
(conferir o texto: https://voxscripturae.blogspot.com/2018/08/o-livro-de-jo-dentro-do-projeto-redentor.html
). Porém, no final de tudo, Jó reconhece com lucidez a soberania divina, sua
própria presunção e pecados e a mudança que fora operada nele por meio da aquisição
do conhecimento de Deus (Jó.42.1-6). Em seguida, ele ora por aqueles que o
atormentavam injustamente, a fim de que o Senhor os perdoasse. Jó, então, vive,
seus dias pós-tribulação, feliz na presença do Senhor e de sua família
restaurada, como se o sofrimento não tivesse deixado qualquer marca em seu
coração, além daquilo que Deus quis ensinar-lhe.
Jeremias viveu nos dias mais difíceis da cidade de Jerusalém,
dias que antecederam a destruição da cidade querida. O profeta foi comissionado
por Deus (Jr.1.4-10) para anunciar a destruição de Jerusalém (Jr.1.13-19), já
que Israel se rebelara contra Deus ao longo das gerações acumulando pecados
(Jr.2.9-37) contra Aquele que os havia tomado para si, libertando-os da
escravidão do Egito (Jr.31.32). Jeremias vê ao longo de anos o sofrimento de
seu povo, maltratado pela seca e pela fome, cercado pelos adversários sem que houvesse
alguém para o livrar, pois Deus mesmo o entregou ao castigo (Jr.8.18-22;
20.7-13). Que triste visão! Como se não bastasse a dura missão de pregar contra
seu próprio povo sem que este fosse se arrepender (Jr.6.27-30), Jeremias sofreu
as consequências dessa pregação sendo duramente perseguido e maltratado pelos
cidadãos de Jerusalém (Jr.11.18-23; 18.18-23). Israel se fez seu inimigo,
aprisionando-o para que não mais profetizasse em meio ao povo de Deus
(Jr.37.1-21) e até em uma cisterna sem água o colocou para amargurar sua vida e
mata-lo de fome e sede (Jr.38.1-13). Apesar disso, Jeremias amava seu povo e
intercedia por ele, para que Deus mudasse sua sorte. Porém, o profeta vê suas
orações serem rejeitadas e confirmado o castigo divino determinado contra Israel
(Jr.14.7-22). Seriam poucas as tribulações a que foi submetido o profeta
solitário?
Esperar de Jeremias certa apatia diante de todo seu
sofrimento, tendo que ver sua cidade querida ser consumida pela fome e pelos
adversários, seria algo, no mínimo, estranho. Jeremias não precisaria ter
depressão para se angustiar por tudo o que estava testemunhando e sofrendo. Uma
pessoa realmente depressiva no lugar de Jeremias não teria suportado nem mesmo
um quinto daquilo que o profeta suportou. Alguns, teriam se suicidado muito
antes de começar a ver a cidade cair nas mãos dos adversários. E boa parte
sentiria a necessidade de um tratamento medicamentoso, a fim de conseguir
continuar vivendo. O depressivo não precisa de razões para sentir angústia.
Todavia, Jeremias tinha razões de sobra para ficar demasiadamente angustiado e
mesmo assim, escreveu as seguintes palavras: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do
SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não
têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o
SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. Bom é o SENHOR para os que
esperam por ele, para a alma que o busca” (Lm.3.21-25). Diagnosticar
Jeremias como portador de depressão é, no mínimo, injusto para com aquele
profeta sofredor.
Antes de diagnosticar alguém, ou a si mesmo, como pessoa
depressiva, é preciso avaliar tudo. Nesse texto, não pretendemos apresentar
soluções para pessoas depressivas, mas mostrar que diversas avaliações que
encontramos em nossos dias estão equivocadas. Por isso, a solução apresentada é
ineficaz. Antes de pensar na possibilidade de ter depressão, analise sua vida e
seus hábitos. Uma rotina saudável com boa alimentação são importantes
contribuintes para um estado de espírito também saudável. Uma pessoa pode ficar
desanimada fisicamente por diversas razões, dentre elas por causa de seu estilo
de vida e tipo de alimentação. Então, procure ter certa disciplina em sua vida,
mas cuidado para não buscar o total controle sobre ela. Tente caminhar um pouco
por dia, a fim de gastar impurezas do corpo. Cultive uma vida familiar saudável,
amando seu cônjuge (inclusive por meio da intimidade sexual contínua) e
participando da vida de seus filhos. Trabalhe com satisfação e não por
dinheiro, apenas. Tenha momentos de descanso e lazer, a fim de renovar as forças
do corpo e da mente. E viva na presença do Criador, entregando diariamente sua
vida e seu coração a Ele para que Ele cuide de toda a sua vida.
E mesmo com todo esse cuidado virão dias tristes (Jo.16.33).
Nesses dias, você não precisará de remédios, mas de uma dose correta da Palavra
do Senhor que o confortará, fortalecerá, exortará e lembrará da verdadeira
esperança do cristão. Tenha muito cuidado com o uso de medicamentos, pois a administração errada desses remédios pode piorar a situação tornando as pessoas dependentes e transtornando mais ainda a vida delas, pois se verão incapazes de viver sem
eles, sem resolver o problema em questão. Portanto, é importante também estar pronto
para os dias maus. E para que seu coração e sua mente estejam preparados para
lidarem com esses dias maus, é fundamental uma vida em comunhão com o Senhor,
por meio de Cristo Jesus. A Escritura é uma poderosa arma e armadura contra toda
ameaça desse mundo pecador (Ef.6.10-18). Então, não procure a Deus apenas
quando estiver com problemas. Ele deve ser o Senhor e Salvador de sua vida inteira,
aquele que guiará cada um de seus passos diariamente, para que, no vale da
sombra da morte, você não tema mal algum pela firme convicção de que O Senhor
está presente para o proteger e consolar através de seu Santo Espírito e poderosa
Palavra.
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