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sábado, 25 de janeiro de 2020

Depressão?

E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp.4.7)

Apesar de ser considerado o mal do século, o conceito de depressão tem sido tão confuso e variado que dá a entender ser ainda desconhecido até daqueles que escrevem sobre o assunto. É possível perceber isso pelos exemplos de depressão apresentados, principalmente, na tentativa de mostrar quadros de pessoas depressivas dentro da Palavra de Deus: Moisés, Ana, Davi, Salomão, Elias, Jonas, Jó, Asafe, Jeremias, Pedro, Paulo, Timóteo etc. Por isso, tem crescido o número de pessoas que atribuem, a si mesmas, sintomas de depressão quando se encontram momentaneamente tristes por alguma razão enquanto outras são tratadas como depressivas quando, na verdade, estão submersas no pecado da idolatria.

Um pai de família perde o emprego ficando, naturalmente, triste e preocupado enquanto não consegue emprego. Uma mãe perde seu filho e passa certo tempo sem comer direito acometida pela tristeza. Um profissional é perseguido pelo chefe de seu setor e difamado por colegas de trabalho, tornando o ambiente bastante desagradável e, consequentemente sente-se angustiado, não tendo quem possa ajudá-lo. Alguém está sendo ameaçado de morte por problemas judiciais e fica amedrontado e aflito. Uma pessoa vê seu casamento se desfazendo em crises e brigas constante, passando a ficar abatida. Um filho vê seus pais brigando com frequência e, então, começa a se isolar com tristeza, sem saber o que fazer com a situação, temendo o divórcio deles. Esse e outros casos reais poderiam ser considerados depressão? Tais pessoas estão tristes, angustiadas, aflitas, preocupadas, abatidas por razões reais e justas, aguardando que a vida tome um rumo melhor e possam se alegrar novamente. Elas precisam de ajuda, mas um tratamento para depressivos não resolverá o problema dessas pessoas.

Caso você afirme que tais pessoas estão com depressão, então a depressão terá sido tratada como sinônimo de tristeza, pois na maioria dos casos é fácil mudar o ânimo dessas pessoas revertendo o quadro que as levou à angústia momentânea. Um novo e bom emprego alegraria o pai de família outra vez. A mudança de emprego ou de atitude dos colegas de trabalho traria paz ao coração daquele profissional perseguido. A restauração do casamento alegraria bastante o coração dos cônjuges e dos filhos. Cessar a perseguição sobre alguém deixaria seu coração em paz. Obviamente, teríamos grandes dificuldades em considerar reversão do problema da morte, mas diversas iniciativas de familiares e amigos poderiam ajudar na superação do problema (1Ts.4.13-18). O mesmo pode ser dito sobre diversos personagens da Bíblia que foram equivocadamente diagnosticados como portadores de depressão. Após a mudança do cenário desses personagens, o comportamento deles também mudou e a tristeza foi trocada por alegria: “o anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” (Sl.30.5).

Percebemos, então, que a depressão, para muitos, tem sido sinônimo de tristeza, por isso é atribuída a diversos personagens da Escritura que tinham razão de sobre para ficarem tristes diante das muitas perseguições e tribulações que sofreram ao longo de vasto tempo. Todos os personagens que demonstraram algum tipo de tristeza têm em comum o amplo sofrimento ao qual foram submetidos. Contudo, é importante salientar que nenhum deles deixou de ser fiel a Deus e esperar no Senhor, eles não se isolaram por causa de uma angústia incontrolável, mas por causa da perseguição que sofriam, exigindo deles a fuga da morte. Até Jonas, que sofria de um pecado chamado “falta de misericórdia” (dureza de coração para com os adversários e seu povo) é considerado, por alguns, como alguém que sofria de depressão ao se mostrar endurecido para com os ninivitas, inimigos de Israel (Jn.4.1-11). O hábito de ver, demasiadamente, certo problema ou característica em “todas as pessoas” é comum para quem está empolgado com alguma área do conhecimento, ainda que não seja maduro. Por isso, há uma tendência em procurar a depressão em todas as pessoas, do passado e do presente, como se o mundo todo estivesse sofrendo desse mal, aparentemente tão impreciso.

É fundamental, também, mencionarmos que certas aparentes melancolias podem ser o resultado do pecado da idolatria. O coração do homem necessita amar demasiadamente algo ou alguém, pois fora feito para adorar o Criador. Assim, a idolatria é o apego demasiado a algo e/ou alguém, a fim de devotar a estes um profundo amor que necessita “por para fora” (Mt.6.19-24). Tamanha é a necessidade do homem de amar, que sempre procurará algo ou alguém para devotar esse amor. Quando isso não acontece, ocorre a sensação de vazio no coração. Por isso, certas perdas podem ocasionar um aparente estado de depressão, exigindo uma análise cuidadosa e um tratamento adequado. A aparente depressão, na verdade, é um profundo (e comum) problema espiritual de alguém que não amando a Deus de todo seu coração, de toda sua alma e de toda a sua força (Dt.6.5), procura um ídolo para devotar esse amor, trazendo para si angústias inevitáveis, já que tudo nessa vida passa e é imperfeito. A angústia decorrente da idolatria tem remédio certo e não é o mesmo a ser aplicado à pessoa depressiva.

Pessoas apegadas a bens materiais e/ou a outras pessoas, podem “se entristecer como os demais, que não têm esperança” (1Ts.4.13). Eles depositaram a esperança da felicidade naquilo que passaram a amar. Jesus falou sobre o perigo disso: “onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração […] Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt.6.21,24). O remédio para essas pessoas é o reconhecimento de seus pecados e o conhecimento da nova vida em Cristo Jesus (Fp.4.4-7), no qual o amor de todo o coração, de toda a alma e de toda a força é dedicado exclusivamente para Deus (Dt.6.4-5). Portanto, podemos encontrar diversas causas para as tristezas das pessoas e cada uma dessas tristezas possui tratamento específico.

Depressão não é o mesmo que tristeza, simplesmente. Pessoas com verdadeiro caso de depressão não saberão explicar a razão de se encontrarem profundamente angustiadas, ainda que tudo na vida dessas pessoas esteja bem. Uma tristeza inexplicável toma conta da mente e do coração do depressivo e, por isso, não é possível reverter a situação de forma simplória. Elas têm tudo, mas sente-se como se não tivessem nada; elas são amadas por pessoas, mas se sentem sozinhas; elas são cercadas de agradáveis momentos de lazer, mas não conseguem sentir prazer na vida. Uma sensação de vazio profundo no coração em que nada basta, nada é suficiente, nada produz contentamento. Então, a mente vagueia perdida por um universo desconhecido e sem sentido, como se procurasse algo sem saber o que é. Nenhum dos personagens da Escritura tiveram tais sintomas.

Se é possível mudar o ânimo de uma pessoa solucionando problemas que estão incomodando-a, então ela não está depressiva, mas momentaneamente triste. A tristeza é algo normal ao mundo caído, afinal a terra produz, constantemente, “cardos e abrolhos” (Gn.3.18). Pessoas tristes por razões diversas precisam de um tratamento diferente daquele que o depressivo deve receber. Não confundir é fundamental, pois a dose errada de “remédio sagrado”, a Palavra de Deus, pode não trazer solução ao que está carecendo de ajuda. Se o problema daquele que está angustiado é detectado como mal direcionamento do amor e, portanto, pode ser resolvido por meio do redirecionamento desse amor para Deus, então, mais uma vez, deve-se descartar o diagnóstico de depressão. O problema é espiritual, pois exige a conversão do coração que deve deixar os ídolos para servir, amar e adorar somente a Deus.

Tenho sido incisivo em afirmar que é equivocado atribuir a diversos personagens bíblicos um quadro depressivo. Pouquíssimas pessoas de nossos dias viveram, ou vivem, experiências semelhantes aos personagens da Escritura que lutaram para sobreviver em um mundo que os odiava e, por isso, procurava mata-los. Atribuir um quadro depressivo a pessoas que estão realmente sendo atribuladas é ignorar todo o contexto em que vivem e a justa razão para se sentirem abatidas. Além do mais, essas mesmas pessoas mostram mudança de comportamento logo que as circunstâncias mudam, provando, assim, que a tristeza momentânea tinha uma razão, certa (muitas vezes justa), como no caso de Davi, Elias, Jó, Jeremias etc. E para demonstra isso, a seguir falaremos um pouco sobre cada um desses personagens.

Davi passou, aproximadamente, quinze anos fugindo de Saul, sem que tivesse feito qualquer coisa ruim para ele. Um jovem garoto que apascentava o rebanho do pai deixou o pacato ambiente doméstico (parcialmente pacato – 1Sm.17.34-37) para peregrinar pelo deserto fugindo de seu inimigo “gratuito” que o procurava persistentemente para o matar: “Permaneceu Davi no deserto, nos lugares seguros, e ficou na região montanhosa no deserto de Zife. Saul buscava-o todos os dias, porém Deus não o entregou nas suas mãos” (1Sm.23.14). Então, Davi clama diversas vezes (por vários anos) a Deus rogando auxílio, a fim de ser livrado da morte, diariamente iminente: “Ao mestre de canto. Salmo didático. Para instrumentos de cordas. De Davi, quando os zifeus vieram dizer a Saul: Não está Davi homiziado entre nós? Ó Deus, salva-me, pelo teu nome, e faze-me justiça, pelo teu poder” (Sl.54.1//1Sm.23.19; 26.1). Mesmo diante de tais situações, Davi mostra confiança no Senhor, em vez de desespero; mostra disposição para lutar, em vez de melancolia; mostra esperança na salvação de Deus, em vez de desesperança; mostra um coração seguro nas promessas do Senhor, em vez de desistência da vida:Eis que Deus é o meu ajudador, o SENHOR é quem me sustenta a vida. Ele retribuirá o mal aos meus opressores; por tua fidelidade dá cabo deles. Oferecer-te-ei voluntariamente sacrifícios; louvarei o teu nome, ó SENHOR, porque é bom. Pois me livrou de todas as tribulações; e os meus olhos se enchem com a ruína dos meus inimigos” (Sl.54.4-7). Portanto, atribuir qualquer quadro depressivo a Davi seria bastante equivocado e demasiadamente reducionista.

Elias foi um profeta excessivamente perseguido. Acabe e Jezabel foram instrumentos de Satanás para levar o povo de Deus aos seus piores dias, alimentando todo tipo de pecado em um povo já propenso para todo tipo de mal (1Rs.16.28-33). Por causa da maldade do rei e da rainha, e ainda de todo o povo de Israel que sacrificava aos ídolos conforme as nações pagãs ao redor, Deus ordena ao profeta que se retire para lugar isolado, livrando-o da morte (1Rs.17.2-3; 18.10). O profeta viu a aflição do povo de Deus que por três anos e meio foi privado do fruto da terra por falta de água (1Rs.17.1; 18.1; Tg.5.17-18). Durante esses anos, o profeta viveu escondido de Acabe e Jezabel, pois estes intentavam mata-lo, como Jezabel já havia feito a muitos outros profetas do Senhor (1Rs.18.1-4, 10). Sabedor dos assassinatos que Jezabel praticara contra os profetas de Deus, Elias pensava ter ficado sozinho (18.22). Por meio desse profeta, Deus operara vários sinais que chamavam o povo ao arrependimento (1Rs.17.1//18.41; 18.20-40). Todavia, o coração do rei e da rainha continuava endurecido e o povo ainda sacrificava aos deuses. A dureza do coração do povo era demasiadamente grande e desanimadora para qualquer profeta do Senhor.

Então, diante da ameaça da rainha Jezabel, Elias foge “para salvar sua vida” (1Rs.19.3). Elias viu claramente que não adiantaria continuar insistindo para que o povo e seus governantes se voltassem para Deus. Por isso, Elias não vê mais razão para continuar lutando em vão. Ao pedir a morte para si (1Rs.19.4), Elias não está com depressão, como se uma tristeza inexplicável tivesse tomado conta de seu coração. Elias está em pleno juízo pedindo a Deus que lhe dê descanso das lutas que vem combatendo, pois em vão era todo seu esforço. Elias quer se aposentar como qualquer homem deseja descansar de seu trabalho árduo exercido por muitos e longos anos. Elias não está mergulhado em angústia profunda e incontrolável. Quando Deus ordenou que Elias comesse, ele comeu normalmente (1Rs.19.5-7), quando o Senhor ordenou que o profeta caminhasse uma longa jornada, ele caminhou sem desanimar (1R.19.7-8). Ele esperou pacientemente o silêncio de Deus (1Rs.19.11-13) e quando o Senhor lhe apareceu, então expôs com clareza, e sem qualquer exagero, tudo o que havia acontecido até o momento, pois só ele estava na ativa lutando contra a impiedade de Israel (ainda que houvessem outros homens tementes a Deus além dele): “Ele respondeu: Tenho sido zeloso pelo SENHOR, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida” (1Rs.19.10). Um homem com tamanhos problemas já poderia ter surtado, mas Elias permanece lúcido e tranquilo.

Após receber resposta do Senhor, Elias segue seu caminho conforme a Palavra de Deus. Elias não se isola evitando a sociedade nem se mostra amargurado com a vida nem fala mais sobre sua justa queixa a respeito dos profundos problemas que lhe alcançaram. A Palavra de Deus foi suficiente para o coração do profeta. Sua disposição para obedecer a Deus é de um homem plenamente saudável. Elias vai atrás de Elizeu, o escolhido para ser sucessor do profeta, e passa a treina-lo, como discípulo, a fim de habilitá-lo para o ministério (1Rs.19.19-21). Elias se mostra um mestre disposto a ensinar seu discípulo. Depois disso, ele vai, corajosamente, ao encontro de seus inimigos para enfrenta-los em nome do Senhor (1Rs.21.17-29). A Palavra do Senhor havia renovado o ânimo de Elias, pois sua confiança nela permaneceu inabalável. Após esses eventos, Elias, ainda perseguido por Acabe e Jezabel, confronta-os outra vez (2Rs.1). Em todo esse tempo, o profeta manteve sua comunhão com Deus intacta, sem desanimar. Ele orava ao Senhor, ouvia a Palavra de Deus, adorava o Criador e o obedecia em tudo quanto era ordenado. Elias não teve depressão nem melancolia nem qualquer tristeza incontrolável em sua alma. Ele foi um homem saudável, forte, firme e estável que enfrentou os mais diversos desafios esperando sempre no Senhor.

Jó é considerado o homem mais atribulado de todos. Perdeu todas as coisas que havia conquistado, pela graça de Deus, ao longo de seus anos (Jó.1.13-20; 2.7-8). Ele só não perdeu a mulher, que se apresenta mais como um problema do que como consolo para ele, pois tanto o tentou a blasfemar contra Deus (Jó.2.9) quanto o tratava com desprezo e nojo (Jó.19.17). Todos seus filhos morreram em um só acidente e todos os seus bens foram arrancados dele em, praticamente, um só momento. Mesmos assim, Jó adorou a Deus e não atribuiu ao Senhor mal algum (Jó.1.20,22), mostrando que o Senhor era o maior bem que ele possuía, razão de seu contentamento no início do amplo sofrimento a que foi submetido. Todavia, o tempo foi passando e as dores em seu corpo, privações e acusações dos três amigos não cessavam, antes aumentavam. Por isso, Jó, sem compreender a razão de tudo o que estava sofrendo, inicia suas queixas na presença de Deus.

É interessante observarmos que, apesar de todos se colocarem como adversários contra Jó, seu estado mental permanece intacto. Suas muitas lágrimas decorrem de todo o contexto atribulador que lhe submeteram, sem aparente razão (Jó16.20). Ele quer respostas, pois não faz a menor ideia de que o Senhor estava trabalhando sua vida por meio daquele amplo sofrimento (conferir o texto: https://voxscripturae.blogspot.com/2018/08/o-livro-de-jo-dentro-do-projeto-redentor.html ). Porém, no final de tudo, Jó reconhece com lucidez a soberania divina, sua própria presunção e pecados e a mudança que fora operada nele por meio da aquisição do conhecimento de Deus (Jó.42.1-6). Em seguida, ele ora por aqueles que o atormentavam injustamente, a fim de que o Senhor os perdoasse. Jó, então, vive, seus dias pós-tribulação, feliz na presença do Senhor e de sua família restaurada, como se o sofrimento não tivesse deixado qualquer marca em seu coração, além daquilo que Deus quis ensinar-lhe.

Jeremias viveu nos dias mais difíceis da cidade de Jerusalém, dias que antecederam a destruição da cidade querida. O profeta foi comissionado por Deus (Jr.1.4-10) para anunciar a destruição de Jerusalém (Jr.1.13-19), já que Israel se rebelara contra Deus ao longo das gerações acumulando pecados (Jr.2.9-37) contra Aquele que os havia tomado para si, libertando-os da escravidão do Egito (Jr.31.32). Jeremias vê ao longo de anos o sofrimento de seu povo, maltratado pela seca e pela fome, cercado pelos adversários sem que houvesse alguém para o livrar, pois Deus mesmo o entregou ao castigo (Jr.8.18-22; 20.7-13). Que triste visão! Como se não bastasse a dura missão de pregar contra seu próprio povo sem que este fosse se arrepender (Jr.6.27-30), Jeremias sofreu as consequências dessa pregação sendo duramente perseguido e maltratado pelos cidadãos de Jerusalém (Jr.11.18-23; 18.18-23). Israel se fez seu inimigo, aprisionando-o para que não mais profetizasse em meio ao povo de Deus (Jr.37.1-21) e até em uma cisterna sem água o colocou para amargurar sua vida e mata-lo de fome e sede (Jr.38.1-13). Apesar disso, Jeremias amava seu povo e intercedia por ele, para que Deus mudasse sua sorte. Porém, o profeta vê suas orações serem rejeitadas e confirmado o castigo divino determinado contra Israel (Jr.14.7-22). Seriam poucas as tribulações a que foi submetido o profeta solitário?

Esperar de Jeremias certa apatia diante de todo seu sofrimento, tendo que ver sua cidade querida ser consumida pela fome e pelos adversários, seria algo, no mínimo, estranho. Jeremias não precisaria ter depressão para se angustiar por tudo o que estava testemunhando e sofrendo. Uma pessoa realmente depressiva no lugar de Jeremias não teria suportado nem mesmo um quinto daquilo que o profeta suportou. Alguns, teriam se suicidado muito antes de começar a ver a cidade cair nas mãos dos adversários. E boa parte sentiria a necessidade de um tratamento medicamentoso, a fim de conseguir continuar vivendo. O depressivo não precisa de razões para sentir angústia. Todavia, Jeremias tinha razões de sobra para ficar demasiadamente angustiado e mesmo assim, escreveu as seguintes palavras: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca” (Lm.3.21-25). Diagnosticar Jeremias como portador de depressão é, no mínimo, injusto para com aquele profeta sofredor.

Antes de diagnosticar alguém, ou a si mesmo, como pessoa depressiva, é preciso avaliar tudo. Nesse texto, não pretendemos apresentar soluções para pessoas depressivas, mas mostrar que diversas avaliações que encontramos em nossos dias estão equivocadas. Por isso, a solução apresentada é ineficaz. Antes de pensar na possibilidade de ter depressão, analise sua vida e seus hábitos. Uma rotina saudável com boa alimentação são importantes contribuintes para um estado de espírito também saudável. Uma pessoa pode ficar desanimada fisicamente por diversas razões, dentre elas por causa de seu estilo de vida e tipo de alimentação. Então, procure ter certa disciplina em sua vida, mas cuidado para não buscar o total controle sobre ela. Tente caminhar um pouco por dia, a fim de gastar impurezas do corpo. Cultive uma vida familiar saudável, amando seu cônjuge (inclusive por meio da intimidade sexual contínua) e participando da vida de seus filhos. Trabalhe com satisfação e não por dinheiro, apenas. Tenha momentos de descanso e lazer, a fim de renovar as forças do corpo e da mente. E viva na presença do Criador, entregando diariamente sua vida e seu coração a Ele para que Ele cuide de toda a sua vida.

E mesmo com todo esse cuidado virão dias tristes (Jo.16.33). Nesses dias, você não precisará de remédios, mas de uma dose correta da Palavra do Senhor que o confortará, fortalecerá, exortará e lembrará da verdadeira esperança do cristão. Tenha muito cuidado com o uso de medicamentos, pois a administração errada desses remédios pode piorar a situação tornando as pessoas dependentes e transtornando mais ainda a vida delas, pois se verão incapazes de viver sem eles, sem resolver o problema em questão. Portanto, é importante também estar pronto para os dias maus. E para que seu coração e sua mente estejam preparados para lidarem com esses dias maus, é fundamental uma vida em comunhão com o Senhor, por meio de Cristo Jesus. A Escritura é uma poderosa arma e armadura contra toda ameaça desse mundo pecador (Ef.6.10-18). Então, não procure a Deus apenas quando estiver com problemas. Ele deve ser o Senhor e Salvador de sua vida inteira, aquele que guiará cada um de seus passos diariamente, para que, no vale da sombra da morte, você não tema mal algum pela firme convicção de que O Senhor está presente para o proteger e consolar através de seu Santo Espírito e poderosa Palavra.

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