- NÃO AOS DESCARTÁVEIS!
Grita apaixonada, em protesto público, Gisele, uma defensora
do meio ambiente.
Findo o protesto, Gisele vai para casa, toma um banho e,
vendo que o esposo esqueceu de encher as garrafas com água, começa a gritar,
sedenta, com o marido, ameaçando deixa-lo por várias razões que são relembradas
mais uma vez. A defensora de materiais permanentes em lugar de descartáveis,
com vistas a não poluição do meio ambiente, mostra um coração inclinado a
poluir a sociedade tornando o relacionamento conjugal em algo descartável.
Gisele está disposta a lutar em defesa da natureza, mas não se dá conta de que
está destruindo a sociedade com sua medíocre visão sobre o casamento. Ela usaria
o mesmo copo de vidro por toda a vida (em vez de fazer uso de um só descartável),
mas seria capaz de descartar o esposo por causa de seus defeitos ou mesmo em razão
de um esfriamento do próprio coração; ela não jogaria um copo descartável no
chão, mas seria capaz de jogar o próprio marido na rua.
Lembro-me de ter visto muitos e apaixonados protestos nas
redes sociais por causa de um cachorro morto a paulada. De fato, a ação do cara
que matou o cachorro foi brutal e desnecessária. Semelhantes protestos ocorrem
em favor de gatinhos, cachorrinhos e outros animaizinhos maltratados
desnecessariamente por mera maldade de algumas pessoas. Todavia, as mesmas
pessoas que protestam contra os maus-tratos a bichos chegam em casa e gritam
com o cônjuge, abandonam a relação sexual com o marido, maltratam aquele que é
carne de sua carne com atitudes e palavras, deixando profundas feridas no
coração de alguém que fora criado à imagem e semelhança do Criador. Desse modo,
enquanto a natureza é preservada por seus defensores, a sociedade é destruída por
essas mesmas pessoas que, sem qualquer senso de culpa, violentam o casamento,
maltratam a família e se mostram tão brutais em casa quanto aquele rapaz que
matou o cachorro a paulada.
A desordem mental do ser humano, por causa da ação do pecado
no homem, faz com que este inverta a ordem de prioridades. Bichos se tornaram
mais importantes que pessoas, o meio ambiente é mais valorizado do que a
sociedade e bens materiais são mais estimados do que a família. Essa desordem
na lista de prioridades que devemos ter faz com que o casamento se torne
descartável, a sociedade seja poluída e as pessoas sejam maltratadas sem
qualquer remorso no coração. E todas essas coisas acontecem diariamente sem
qualquer manifesto nas ruas, desconsiderando-se, completamente, os profundos
danos que tudo isso traz para a vida como um todo. Não há quem grite em
protesto dizendo: – Não ao divórcio! – Não ao orgulho feminino e masculino! – Não
às brigas de casais! – Não ao egoísmo dos cônjuges!
Portanto, de que adianta ter tanto cuidado com coisas
secundárias quando algo primário está sendo negligenciado? A família está sendo
destruída pelo orgulho de seus cônjuges, mas o casal se preocupa com a forma
como as pessoas os veem, como se a aparência pudesse sarar feridas deixadas pelos
maus-tratos feitos um ao outro. Filhos estão sendo marcados profundamente com
as brigas, ignorâncias, indiferenças, confusões etc. da relação de seus pais,
mas estes só se preocupam com as notas que os filhos tiram na escola. A
inversão de valores está destruindo a família e a sociedade, mas ninguém se dá
conta de sua parcela de culpa.
De que adianta defender animais quando estão maltratando
pessoas?
De que adianta preservar coisas quando estão jogando pessoas
no lixo?
De que adianta alimentar bichos quando há pessoas famintas?
De que adianta ser bom com estranhos quando se faz maldade
com a propria família?
De que adianta tratar bem amigos quando se trata mal o
próprio casamento?
De que adianta servir aqueles que estão fora quando se nega
até a relação íntima ao cônjuge?
Primeiramente, é preciso colocar em ordem as prioridades
dentro do coração, a fim de que toda luta pelo que é certo seja batalhada da
forma correta. Quando alguém se indigna com os maus-tratos a bichos, mas faz
mal ao cônjuge, está afirmando que os animais são mais importantes do que as pessoas,
tornando o ser humano em alguém sem dignidade alguma. Então, todo protesto
contra a maldade humana deve começar dentro do próprio coração em sua relação
com as pessoas mais próximas: a família. Portanto, é fundamental perguntarmos: Qual
a ordem de prioridades dentro de seu coração?
Para que saibamos cuidar bem daquilo que é secundário, é
necessário, primeiramente, darmos o devido valor ao que é primário. Quem não
sabe cuidar da família não saberá cuidar de amigos; quem não ama o cônjuge não
amará o estranho; quem não preserva o relacionamento conjugal não cuidará corretamente
dos animais; quem não zela pelo bem-estar da sociedade não terá o devido
cuidado com o meio ambiente. Militantes que lutam por alguma causa em favor do
homem, da sociedade ou da natureza precisam começar pela própria família,
cuidando dela como Deus, o Criador, nos ensina em sua Palavra (Gn.1.18-25;
Sl.127; Sl.128; Mt.19.3-9; Jo.13.34-35; 1Co.13.1-8; Ef.5.22-33; Tt.2.1-10; 1
Tm.5.8 etc.). Caso contrário, o homem será negligente, deixando de cuidar
daquilo que requer sua atenção, ou será idólatra, tratando de modo errado a
criação, colocando-a no lugar do Criador. Então, é preciso organizar as
prioridades em seu coração!
Se você quer cuidar bem da criação e da sociedade, se você
quer defender os direitos humanos do homem, da mulher e da criança, então
comece a valorizar, defender e cuidar de sua própria família, a começar pelo
seu cônjuge. De que vale cuidar de um bichinho quando se maltrata o cônjuge?
Ame seu marido ou sua esposa! Sirva ao cônjuge com prazer, inclusive com a
relação íntima que o alegrará. Cuide bem do ambiente doméstico onde vive sua
família, antes de pensar em cuidar da natureza a seu redor. Seja,
primeiramente, uma bênção para seu cônjuge para, depois, ser uma bênção para
outras pessoas quer da igreja quer da sociedade em geral. Preserve a relação conjugal
por toda a vida, mesmo que muitos erros e problemas apareçam no decurso do
casamento, pois não devemos jogar pessoas no lixo por causa de seus pecados nem
muito menos em razão de interesses particulares. Se é errado desmatar a Amazônia
por causa de ambições particulares de algumas pessoas, mais errado ainda será
acabar com o casamento e jogar fora o cônjuge por causa de questões
particulares do coração. Então, Diga não aos descartáveis!
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