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sábado, 8 de fevereiro de 2020

De quem é a culpa?


Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.” (Gn.3.12)

Após a informação de que o voo havia sido cancelado, uma jovem se aproxima do atendente da companhia aérea, a fim de questionar sobre a razão do cancelamento. Então, educadamente, o rapaz responde: - Normalmente, eu culparia o governo, mas, dessa vez, o motivo é a chuva mesmo. (Filme: Casa comigo?, 2010)

Não foi diferente com Adão, após ter comido, intencionalmente e voluntariamente, o fruto proibido. Ao ser questionado, por Deus, pelo que havia feito, o homem respondeu: “A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi” (Gn.3.12). Adão encontrou alguém para colocar a culpa por seus erros, na tentativa de livrar-se das consequências.

Quando Caim ficou irado por ter sido rejeitado, não teve coragem de culpar Deus, algo que seria absurdo depois da exortação divina. Então, o Senhor revelou para Caim quem era o verdadeiro culpado: “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.” (Gn.4.7).

O grande culpado por todos os males que sobrevieram ao mundo encontra-se dentro do coração do homem: o pecado. É por causa da natureza pecadora do ser humano que guerras são travadas, políticos são corruptos, homens e mulheres se prostituem, casais se divorciam, pessoas matam etc. Mas, o culpado por tudo isso não está fora do homem; antes, está profundamente arraigado ao coração do pecador (Jr.17.9).

Conhecer o verdadeiro culpado por tudo é fundamental para que os pais saibam educar seus filhos, vendo-os da maneira correta: nem anjinhos nem diabinhos, mas “pecadorzinhos”. Cônscios disso, os pais persistirão em ensinar a Verdade transformadora com amor e disciplina na esperança de que Deus dê aos filhos o entendimento necessário. Ciência, lazer, presentes etc. não são capazes de mudar o coração “desesperadamente corrupto” dos filhos. É preciso levar as crianças a Cristo, a fim de serem verdadeiramente transformadas.

De mesma forma, cônjuges precisam aprender a olhar para o próprio coração, a fim de reconhecer que diversas de suas atitudes tem origem no pecado: orgulho, egoísmo, frieza, grosseria, mentira, maldade, vingança etc. Sendo assim, a solução para o casamento não é o divórcio (outro pecado), mas o arrependimento, o domínio próprio e a mudança de comportamento. A desculpa esfarrapada de que casais são incompatíveis é apenas mais uma forma de encontrar um culpado fora do coração do ser humano.

A Palavra de Deus direcionada a Caim (Gn.4.7) é aplicável a todas as pessoas em todos os casos em qualquer que seja a geração. Portanto, ela também é direcionada para você que está lendo esse texto. Deus chama todo homem ao arrependimento, domínio próprio e mudança de vida. Três atitudes necessárias diante da realidade de que o ser humano erra diariamente, afinal Deus sabe que todo homem nasce pecador e precisa de sua imensa graça.

Então, quando alguma coisa estiver errada, não procure alguém para culpar. Tentar culpar alguém não mudará a Verdade sobre seus erros que estão claros diante do Senhor que sonda os corações dos homens (Sl.139). Apenas olhe para você mesmo, para o mais fundo de seu coração, assim como Deus olhou para o coração de Caim, e encontre sua natureza pecadora, a fim de, arrependido, dominá-la (pela Palavra de Deus e pelo Espírito Santo) com vistas a uma mudança real da vida em Cristo Jesus. Fingir que não erra o tornará ainda mais pecador diante do Senhor (1Jo.1.5-10).

Muitos dos conflitos familiares (e muitos outros conflitos) seriam resolvidos com relativa facilidade se o orgulho fosse dominado. O orgulho é um dos principais agentes que impede o reconhecimento de que o problema está dentro do coração, nem sempre no outro à frente. A dureza de um coração orgulhoso, no entanto, prefere encontrar outro culpado para não reconhecer suas falhas, fraquezas e limitações. E sem esse reconhecimento, o pecador priva a si mesmo da graça divina que concede misericordioso perdão ao arrependido e poderoso auxílio para que o cristão não viva mais para si mesmo, mas para Aquele que por ele morreu numa cruz (Gl.2.20).

Portanto, esteja sempre ciente de que seu maior adversário não é o cônjuge, os pais, o pastor, o chefe do trabalho ou mesmo a sogra. Seu coração pecador é seu maior inimigo e poderá levar você a muitas derrotas na vida, caso não o domine. Se Caim tivesse se arrependido, dominado o coração e mudado sua atitude, diante do gracioso chamado divino, não teria matado o próprio irmão nem recebido justo castigo de Deus. É ruim fazer coisas erradas, seja para quem for. Mas, é muito pior não reconhecer os próprios erros nem mostrar real arrependimento e desejo de mudar as atitudes.

Há muitos cristãos incapazes de reconhecer seus erros, pois não querem que as pessoas os vejam como pecadores (principalmente quando são pastores). Parece que têm medo de não serem admirados (idolatrados) e, então, nunca pedem perdão, preferindo fingir que nada aconteceu. Assim, alimentam a cultura do pastor que nunca erra. Essa prática também é vista nas famílias, principalmente (mas não unicamente) no homem que se mostra incapaz de pedir perdão à esposa e aos filhos quando comete um erro. E quando seu erro é evidente demais, ele simplesmente fica calado, pois é incapaz de admitir a falha com as seguintes palavras: “Eu errei, me perdoem”. Desse modo, a dureza de coração tem destruído muitos relacionamentos dentro e fora da família, dentro e fora da igreja criando, assim, uma geração obstinada e cheia de conflitos aparentemente insolucionáveis.

A obstinação de um homem pode levar até uma nação à ruina. Foi o que aconteceu com o Egito nos dias de Moisés. Faraó foi advertido por Deus diversas vezes, antes da morte dos primogênitos da nação egípcia, mas “o coração de Faraó está obstinado; recusa deixar ir o povo” (Ex.7.14). Assim como Caim, Faraó virou as costas para a graciosa Palavra de Deus proferida por Moisés que o advertia do perigo de se opor ao Criador e, então, recebeu a devida punição divina tendo que ver a nação ser destruída e seu filho morrer.

Não cometa o mesmo erro de Adão, Caim e Faraó! Reconheça seus erros e peça perdão pelos seus pecados (Sl.32). Esse é o caminho para a restauração de sua vida, sua família e muitas outras relações humanas. Jamais despreze a graça divina que nos convida ao arrependimento e à mudança de vida. Lembre-se que os grandes homens de Deus do passado se destacaram por atenderem o chamado à graça de Deus, afinal todos eles eram pecadores. Não admitir seus erros não fará de você alguém melhor que outros, apenas alguém orgulhoso e incapaz de analisar a própria vida e reconhecer quando erra, já que “não há um justo, nem um sequer” (Rm.3.10). De modo que aquilo que diferencia uma pessoa da outra não é a quantidade de erros cometidos, mas a atitude frente aos erros e ao chamado divino: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados” (At.3.19).

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