“Não
andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de
Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a
paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa
mente em Cristo Jesus” (Fp.4.6-7)
Provavelmente, a ansiedade é um dos males que mais assolam o
coração de nossa geração, trazendo sérios prejuízos para a saúde das pessoas.
Frenesi, palpitações, tremores, insônia, falta ou excesso de apetite, ausência
de concentração, angústia, aperto no peito etc. são alguns dos sintomas da tão
comum ansiedade.
O estilo de vida da sociedade atual é demasiadamente
complexo. Deus criou o ser humano para precisar de coisas básicas, tais como:
comer, beber, vestir-se e dormir. Todavia, o homem de nossos dias tem ido muito
além de suas necessidades, muito além daquilo que ele realmente precisa para
viver, criando diversas “necessidades” artificiais que tornam a vida
demasiadamente pesada.
A sociedade deu à luz a um filho muito mimado chamado “Conforto”.
Os pais de “Conforto” o amam bastante, mas para cuidar dele é preciso muito
trabalho, correria e atenção. Portanto, “Conforto” é um filho caro que exige
uma busca constante e incansável por dinheiro. E para a tristeza de seus pais, “Conforto”
não cresce nunca, mantendo uma permanente relação de dependência de seus pais
que se tornam escravos da necessidade de cuidar desse filho mimado. Desse modo,
o homem vive a correr atrás do vento, enchendo seu coração de ansiedades.
No deserto, Israel foi completamente sustentado pelo Senhor.
O povo deveria descansar em Deus e confiar na provisão do Senhor, que viria
sobre a nação diariamente, como “pão nosso de cada dia” (Mt.6.11). Os
israelitas tinham uma vida simples, pois precisavam apenas de comida, bebida, roupas,
moradia e proteção. E tudo isso seria suficiente para um viver contente,
apontando ao povo que sua alegria deveria estar no Senhor, seu Deus.
Mas, o cidadão de nossos dias foi ensinado a sentir
necessidade de tudo o que pode ser criado e vendido pelo homem. “Ironicamente”,
pessoas sentem mais necessidade de comer fora (restaurante) do que da comida; de
estar na moda do que da roupa; da “geladeira frost free smart” do que do
alimento; da televisão smart 4k 80 polegadas do que do momento de lazer em
família; do carro super moderno e bonito do que da possibilidade de servir
pessoas levando-as aos lugares; de ter uma aparência corpórea segundo os
padrões vigentes do que uma vida integralmente saudável.
O coração, então, é inclinado à ideia de que precisa ter
cada vez mais. Surge feroz e implacável a ansiedade por diversas razões. Dentre
elas, por causa da sensação de necessidade de se ter aquilo que fora ensinado
como necessário, mesmo que não seja: aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos, utensílios
na moda e objetos de estética em geral. O coração se porta freneticamente em
busca das ultimas novidades, como se fossem necessidades vitais.
E tendo adornado o Conforto com tudo o que é possível se
adquirir, o coração que aparentemente alcançou relativo e temporário sossego volta
a ser atormentado pela ansiedade, pois descobre que tudo tem um preço. A
ansiedade revela, então, que possui ainda uma segunda causa: a carência de
correr atrás do dinheiro necessário para manter tudo o que se adquiriu: energia,
água, condomínio, IPVA, combustível, prestações, boletos, financiamentos, IPTU,
TCR, mensalidades, internet, telefone etc.
Desse modo, o cidadão de nossos dias tem tudo menos paz em
seu coração, atormentado por uma constante ansiedade para ter e pelas
implicações de ter, sem se aperceber que aquilo que realmente era necessário à
vida seria o suficiente para viver em paz e satisfeito, sem qualquer ansiedade
no coração. Todavia, disseram-lhe que ter é mais importante do que ser,
conduzindo-o para o abismo da ansiedade muito bem ornamentada.
O que você realmente precisa para viver bem e satisfeito? Reflita
bem e faça uma relação. De que adianta ter tanto, mas não usufruir de paz no
coração? Você verá que o necessário à vida é simples e que Deus jamais deixou faltar na vida de seu povo. No Salmo 37, Davi nos diz: “Fui
moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua
descendência a mendigar o pão” (Sl.37.25).
Em Mateus 6.25-34, o Senhor Jesus adverte seus discípulos a
não andarem ansiosos, confiando que Deus tanto sabe quais são todas as nossas
necessidades quanto que Ele tem satisfação em supri-las. O cristão, então, é
exortado a aquietar o coração em Cristo, como fez Maria que se colocou aos pés
do Senhor Jesus enquanto sua irmã Marta agia ansiosamente por causa de afazeres
domésticos (Lc.10.38-42).
Para que a paz do Senhor esteja sempre presente no coração,
Paulo nos diz que é preciso entregar a vida toda a Deus (Fp.4.6-7), olhando atentamente
para a vida eterna (Cl.3.1-2), ou seja, para Cristo e suas bênçãos alcançadas
por meio da cruz do Calvário (Ef.1.3). Em Cristo, o ser sobrepõe sobremaneira o
ter, e esse ser encontra plena satisfação nAquele que é a causa e o propósito de
toda existência.
Portanto, na luta contra a ansiedade, precisamos
primeiramente reorganizar o conceito de necessidade, recolocando o lugar e o valor
do ser no lugar do ter. É preciso mostrar ao coração que Cristo basta (Sl.63.3;
2Co.12.9), pois “não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da
boca do SENHOR viverá o homem” (Dt.8.3; Mt.4.4). É necessário “vacinar” o coração
contra a influência do Marketing pagão que tem tornado vidas cativas das ilusões
de um mundo de fantasia e futilidades.
Por fim, para vencer a ansiedade, você precisará ter os
olhos bem fitos na eternidade (1Co.15.19; 1Ts.4.13-18; Ap.22.17), de modo que
almeje profundamente a vida eterna (Fp.1.21), encontrando alegria na esperança
da glória prometida para aqueles que andam com o Senhor (Fp.4.4; Tt.2.13). Para
um viver sem ansiedade, Deus deve ser o seu bem maior, a razão e o propósito de
sua vida, a plenitude de sua alegria diária (Sl.16).
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