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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Não andeis ansiosos

Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp.4.6-7)

Provavelmente, a ansiedade é um dos males que mais assolam o coração de nossa geração, trazendo sérios prejuízos para a saúde das pessoas. Frenesi, palpitações, tremores, insônia, falta ou excesso de apetite, ausência de concentração, angústia, aperto no peito etc. são alguns dos sintomas da tão comum ansiedade.

O estilo de vida da sociedade atual é demasiadamente complexo. Deus criou o ser humano para precisar de coisas básicas, tais como: comer, beber, vestir-se e dormir. Todavia, o homem de nossos dias tem ido muito além de suas necessidades, muito além daquilo que ele realmente precisa para viver, criando diversas “necessidades” artificiais que tornam a vida demasiadamente pesada.

A sociedade deu à luz a um filho muito mimado chamado “Conforto”. Os pais de “Conforto” o amam bastante, mas para cuidar dele é preciso muito trabalho, correria e atenção. Portanto, “Conforto” é um filho caro que exige uma busca constante e incansável por dinheiro. E para a tristeza de seus pais, “Conforto” não cresce nunca, mantendo uma permanente relação de dependência de seus pais que se tornam escravos da necessidade de cuidar desse filho mimado. Desse modo, o homem vive a correr atrás do vento, enchendo seu coração de ansiedades.

No deserto, Israel foi completamente sustentado pelo Senhor. O povo deveria descansar em Deus e confiar na provisão do Senhor, que viria sobre a nação diariamente, como “pão nosso de cada dia” (Mt.6.11). Os israelitas tinham uma vida simples, pois precisavam apenas de comida, bebida, roupas, moradia e proteção. E tudo isso seria suficiente para um viver contente, apontando ao povo que sua alegria deveria estar no Senhor, seu Deus.

Mas, o cidadão de nossos dias foi ensinado a sentir necessidade de tudo o que pode ser criado e vendido pelo homem. “Ironicamente”, pessoas sentem mais necessidade de comer fora (restaurante) do que da comida; de estar na moda do que da roupa; da “geladeira frost free smart” do que do alimento; da televisão smart 4k 80 polegadas do que do momento de lazer em família; do carro super moderno e bonito do que da possibilidade de servir pessoas levando-as aos lugares; de ter uma aparência corpórea segundo os padrões vigentes do que uma vida integralmente saudável.

O coração, então, é inclinado à ideia de que precisa ter cada vez mais. Surge feroz e implacável a ansiedade por diversas razões. Dentre elas, por causa da sensação de necessidade de se ter aquilo que fora ensinado como necessário, mesmo que não seja: aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos, utensílios na moda e objetos de estética em geral. O coração se porta freneticamente em busca das ultimas novidades, como se fossem necessidades vitais.

E tendo adornado o Conforto com tudo o que é possível se adquirir, o coração que aparentemente alcançou relativo e temporário sossego volta a ser atormentado pela ansiedade, pois descobre que tudo tem um preço. A ansiedade revela, então, que possui ainda uma segunda causa: a carência de correr atrás do dinheiro necessário para manter tudo o que se adquiriu: energia, água, condomínio, IPVA, combustível, prestações, boletos, financiamentos, IPTU, TCR, mensalidades, internet, telefone etc.

Desse modo, o cidadão de nossos dias tem tudo menos paz em seu coração, atormentado por uma constante ansiedade para ter e pelas implicações de ter, sem se aperceber que aquilo que realmente era necessário à vida seria o suficiente para viver em paz e satisfeito, sem qualquer ansiedade no coração. Todavia, disseram-lhe que ter é mais importante do que ser, conduzindo-o para o abismo da ansiedade muito bem ornamentada.

O que você realmente precisa para viver bem e satisfeito? Reflita bem e faça uma relação. De que adianta ter tanto, mas não usufruir de paz no coração? Você verá que o necessário à vida é simples e que Deus jamais deixou faltar na vida de seu povo. No Salmo 37, Davi nos diz: “Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão” (Sl.37.25).

Em Mateus 6.25-34, o Senhor Jesus adverte seus discípulos a não andarem ansiosos, confiando que Deus tanto sabe quais são todas as nossas necessidades quanto que Ele tem satisfação em supri-las. O cristão, então, é exortado a aquietar o coração em Cristo, como fez Maria que se colocou aos pés do Senhor Jesus enquanto sua irmã Marta agia ansiosamente por causa de afazeres domésticos (Lc.10.38-42).

Para que a paz do Senhor esteja sempre presente no coração, Paulo nos diz que é preciso entregar a vida toda a Deus (Fp.4.6-7), olhando atentamente para a vida eterna (Cl.3.1-2), ou seja, para Cristo e suas bênçãos alcançadas por meio da cruz do Calvário (Ef.1.3). Em Cristo, o ser sobrepõe sobremaneira o ter, e esse ser encontra plena satisfação nAquele que é a causa e o propósito de toda existência.

Portanto, na luta contra a ansiedade, precisamos primeiramente reorganizar o conceito de necessidade, recolocando o lugar e o valor do ser no lugar do ter. É preciso mostrar ao coração que Cristo basta (Sl.63.3; 2Co.12.9), pois “não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do SENHOR viverá o homem” (Dt.8.3; Mt.4.4). É necessário “vacinar” o coração contra a influência do Marketing pagão que tem tornado vidas cativas das ilusões de um mundo de fantasia e futilidades.

Por fim, para vencer a ansiedade, você precisará ter os olhos bem fitos na eternidade (1Co.15.19; 1Ts.4.13-18; Ap.22.17), de modo que almeje profundamente a vida eterna (Fp.1.21), encontrando alegria na esperança da glória prometida para aqueles que andam com o Senhor (Fp.4.4; Tt.2.13). Para um viver sem ansiedade, Deus deve ser o seu bem maior, a razão e o propósito de sua vida, a plenitude de sua alegria diária (Sl.16).

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