“Porquanto, para mim, o viver é
Cristo, e o morrer é lucro” (Fp.1.21)
Não fomos feitos para a
morte, mas para a vida. Deus criou o homem para viver nEle e com Ele para
sempre, alegrando-se na glória do Senhor, plenamente cheios da presença divina.
Não havia morte no paraíso, pois o homem não morreria enquanto fosse fiel à
Palavra de Deus (Gn.2.16-17). Todavia, o orgulho e a cobiça surgiram no coração
de Eva ao ser tentada por Satanás e a presença graciosa e abundante de Deus não
lhe foi mais suficiente (Gn.3.1-6). Então, Adão e Eva pecaram contra Deus,
rejeitando tudo que haviam recebido do Criador, e, com isso, a morte entrou no
mundo interferindo em seu curso normal.
Por essa razão, o ser humano
não se acostuma com a morte, não consegue lidar com ela com naturalidade, mesmo
sabendo ser inevitável. Vem geração e vai geração e não nos acostumamos com o
fato de que todas as pessoas ao nosso redor morrerão um dia, inclusive nós
mesmos. A morte é sempre vista como um intruso em nossas vidas, afinal não fomos
feitos para morrer, mas, sim, para viver.
Contudo, a morte passou a
fazer parte do curso da vida de todos os pecadores e assim será até o dia da
volta de Jesus (1Co.15.51-58). Por isso, é necessário que estejamos prontos
tanto para lidar com a morte das pessoas ao nosso redor quanto com o fato de que
chegará, também, o dia da nossa morte. Portanto, precisamos perguntar: você
está pronto para morrer?
Essa pergunta possui duas
respostas: A primeira resposta tem caráter objetivo, pois diz respeito à
justificação necessária ao pecador para que este esteja pronto para morrer e se
encontrar com Deus, o justo juiz de toda a terra. A segunda resposta aborda o
caráter subjetivo da questão, ou seja, o modo como o sujeito lida pessoalmente
com o assunto, tanto emocionalmente quanto racionalmente.
É fundamental que a
primeira resposta ao assunto tenha um caráter objetivo, pois independentemente
de como cada um se comporte diante da realidade da morte, o mais importante é
como Deus receberá cada pessoa. Medo ou coragem, fraqueza ou força, tristeza ou
alegria podem anteceder o dia da morte, mas não determinarão a forma como Deus
receberá o pecador após sua morte.
Então, o que define,
objetivamente, se alguém está realmente pronto para morrer? Podemos encontrar
essa resposta no texto de Romanos 5.1-2: “Justificados, pois, mediante a fé,
temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de
quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes;
e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.” Paulo fala objetivamente de
nossa redenção, ou seja, do estado como a pessoa que crê no Senhor Jesus se
encontra diante de Deus por causa do sacrifício eficaz e suficiente do Filho de
Deus.
Sete termos/expressões
são chaves no texto: Justificados, fé, paz, Jesus Cristo,
graça, firme, esperança. Por meio dessas palavras sabemos o
que é necessário para que estejamos prontos para morrer. Três delas nos falam
do estado em que o homem deve se encontrar diante do Senhor: Precisamos estar
justificados, ou seja, sem qualquer dívida para com Deus; necessitamos estar em
paz com Deus, ou seja, não mais debaixo da ira dEle; carecemos estar debaixo da
graça divina, ou seja, do favor não merecido da parte de Deus, como um súdito
que encontra o favor do Rei, o rosto da realeza reluzindo satisfatoriamente
para ele.
Os demais termos do texto
bíblico mencionado acima comunicam o meio pelo qual o pecador desfruta dos três
(justificados, paz, graça) estados necessários para que esteja pronto para
morrer. Ou seja, o pecador precisa ter fé na pessoa do Senhor Jesus
Cristo, mantendo-se firme nesta fé até o fim, através da qual deverá
exercer uma viva esperança do desfrute da glória de Deus (fé, Jesus
Cristo, firme, esperança). Somente assim, o pecador pode ser considerado pronto
para morrer e se encontrar com Deus sem que aquele dia lhe seja penoso, pois aqueles
que não estiverem objetivamente prontos para se encontrarem com Deus serão julgados
por seus muitos pecados e condenados à morte eterna, o inferno.
A segunda resposta à
questão: “Você está pronto para morrer?”, é subjetiva, pois diz respeito à
forma como você, particularmente, lida com a realidade da morte. Para responder
a esta questão, usaremos outro texto de Paulo: “Não queremos, porém, irmãos,
que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes
como os demais, que não têm esperança” (1Ts.4.13). O texto completo
(1Ts.4.13-18) fala tanto sobre o caráter objetivo quanto subjetivo de se estar
pronto para morrer. Nesse momento, desejamos enfatizar apenas o caráter
subjetivo, tendo em vista já termos dado a primeira resposta.
Então, pergunto
novamente: “Você está pronto para morrer?”. E como você lida com a morte de
outras pessoas? Ou seja, você se desespera diante da realidade da morte? Você
fica com medo, nervoso(a), angustiado(a), triste ou coisa semelhante? É importante a
forma como você subjetivamente lida com a morte, pois demonstra uma maior ou
menor maturidade cristã e uma maior ou menor comunhão com Cristo.
Paulo nos diz em 1Ts.4.13
que o cristão não deve ficar entristecido à semelhança das pessoas que não
conhecem a Cristo e que, portanto, não tem esperança. Na carta aos filipenses,
Paulo disse que “o viver é Cristo, e o morrer é lucro” e que morrer “e
estar com Cristo” é “incomparavelmente melhor” (Fp.1.21,23). Por
causa da intensa comunhão que Paulo tinha com Cristo e sua firme e viva esperança
nas promessas do Senhor, ele não somente estava pronto para se encontrar com o
dia de sua morte como também almejava esse dia, pois ansiava encontrar-se com o Senhor Jesus e estar com Ele para sempre.
Portanto, quanto maior e
melhor for seu relacionamento com Cristo, mais estável será seu coração, bem
firmado nas promessas do Senhor. A coragem não é para valentes guerreiros, apenas, mas
para firmes cristãos que vivem pela esperança da glória de Cristo. Nem todo guerreiro
valente tem esperança de vida eterna; nem todo guerreiro valente sabe o que há
de acontecer após sua morte, razão para poder temê-la. Porém, todo cristão bem
alicerçado na Palavra de Deus e bem relacionado com Cristo Jesus tem uma viva
esperança bem fundamentada nas promessas do Senhor. Enquanto o guerreiro
aprende a não temer a morte e o desconhecido, o cristão não teme a morte por
conhecer seu destino.
Então, se você tem medo
da morte e não se sente preparado para morrer, precisa colocar seu coração e
mente sobre a Palavra de Deus. As promessas do Senhor são fiéis e verdadeiras
para todos aqueles que tem verdadeira fé e esperança no Senhor Jesus e vivem um
real relacionamento de amor com Cristo. Amadureça seu relacionamento
com a Escritura e com Cristo e, também, amadurecerá a forma como lidará com a
morte, tanto sua quanto de outros. E sempre que quiser ter paz no coração sobre
a morte de alguém, pregue o evangelho para essa pessoa, pois Cristo pode
garantir a vida eterna para todo aquele que nEle crer.
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