“Por isso,
deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos
membros uns dos outros” (Ef.4.25)
Quem casa quer casa, diz um ditado
popular. Então, aproveitando esse ditado, vamos comparar o casamento à
construção de uma casa. A casa precisa de três partes fundamentais: alicerce,
paredes e teto. Além dessas partes, é bom que haja cômodos distribuídos pela
casa, para maior conforto de seus moradores. Contudo, essas divisórias não são
indispensáveis, como podemos ver nos kitnets (imóveis de um único cômodo), mesmo
que tenham certo valor para o bem-estar da família. De tudo o que uma casa pode
ter, o que realmente lhe é fundamental são as três partes chamadas: alicerce,
paredes e teto. Elas estão presentes nas casas mais simples e, também, nos
maiores palácios já construídos. Precisamos saber, então, para que servem essas
três partes.
O alicerce da casa dá sustentação
para toda a construção, garantindo que suas paredes e teto não cairão diante
das tempestades nem com o passar do tempo. Portanto, o alicerce deve ser muito
bem-feito e bastante forte, pois carregará sobre si todo o peso da casa inteira.
Por isso, Jesus contou a seguinte parábola: “Todo aquele, pois, que ouve
estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que
edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios,
sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque
fora edificada sobre a rocha.” (Mt.7.24-25).
As paredes da casa protegem a
família das investidas de pessoas mal-intencionadas que estão fora da casa. Portanto,
as paredes não devem ter brechas (Ne.6.1; Is.30.13; Ez.22.30) que possibilitem
a entrada de estranhos indesejados. Elas servem para proteger do mal, por isso
não podem apenas ter beleza, devem ser seguras, feitas com um bom material. As
paredes não sustentam toda a casa, mas sustentam o teto, a fim de abrigar a
família diante das variações de tempo. As paredes, portanto, são de grande
importância para a família que mora dentro de sua casa e não deveriam ser
removidas sob nenhuma circunstância.
O teto da casa protege seus
moradores tanto do sol escaldante quanto da chuva e do frio. Assim como o
alicerce da casa indica o começo, as bases, o teto da casa indica seu fim, seu
ápice, delimitando, junto com as paredes até onde vai aquela casa. O teto
impede que coisas indesejadas caiam sobre a família abrigada pela casa. Sem um
teto, ficamos expostos à chuva e ao sol, aos bichos indesejados e aos dejetos
que algumas aves soltam quando sobrevoam. Portanto, o teto também ajuda a
proteger a família e, unido às paredes ajuda a manter a casa quentinha nos dias
frios, tornando-a um agradável abrigo para a família.
Vimos, então, que o alicerce é uma
das partes mais importantes da casa e precisa ser forte o suficiente para
sustentar toda ela. Mas, nosso propósito aqui não é falar sobre construções e,
sim, sobre a família que habita dentro da casa. Podemos dizer que o casamento
também precisa de alicerce, paredes e teto como elementos fundamentais à
semelhança das moradias. E para que o casamento esteja pronto para todos os temporais
da vida, é necessário ter sido construído sobre rochoso fundamento (Mt.7.24-25).
Dentre os materiais que devem estar presentes na base do casamento, a Verdade é
o mais importante, pois Cristo é a Verdade, a Palavra de Deus é a Verdade
(Jo.8.32.14.6), por meio dos quais todas as coisas vieram à existência.
Para que se entenda melhor a
necessidade de se construir o casamento sobre a Verdade (Cristo, Palavra de
Deus), precisamos ir até a criação onde encontraremos o Criador, aquele que instituiu
o casamento (Gn.2.18-25) por meio de sua Palavra poderosa. Mas, não devemos
pensar que o casamento foi apenas instituído por Deus, como se todo o restante
da jornada da família devesse ser trilhado sozinha. O Salmo 127 e 128 nos dizem
que Deus é tanto o edificador da família quanto o sustentador dela, aquele que
a guarda de todo mal, que a sustenta em dias bons e ruins, que quebranta o
coração dos familiares, para os abençoar com uma vida agradável e bonita.
A entrada do pecado no mundo acentuou
a necessidade que o ser humano tem de Deus, o Criador. O pecado desestabilizou
a mente e o coração do homem, tornando-o egoísta, rebelde, irresponsável,
impuro, mentiroso etc. Todas essas características que compõe a vida do ser
humano pecador o tornam incapaz de sustentar e conduzir plenamente a vida
familiar; o impossibilitam de garantir seu bem-estar e felicidade. Seus muitos
erros muitas vezes levarão o lar para lugares sombrios e suas muitas fraquezas
revelarão sua inaptidão para guardar a família quando esta estiver passando
pelo vale da sombra da morte. Quantas vezes você pensou que estava indo pelo
caminho certo e somente depois de ter visto as más consequências de suas escolhas
percebeu que estava completamente errado?
Portanto, Deus é uma necessidade
da família. Ele é a Verdade! E tudo o que procede de Deus é verdadeiro. Logo,
fora de Deus não há verdade, afinal o que não é verdadeiro é, consequentemente
mentiroso. Não existe meia verdade. Os homens fingem amar, fingem ser justos,
fingem ser bons, fingem ter conhecimento, fingem ter bons propósitos, fingem
ser honestos, fingem ser donos das pessoas, dos bens e do mundo, fingem muitas
outras coisas. Ou seja, sem Deus, a vida do homem é uma mentira, ora
aparentemente bem contada ora notoriamente mal teatralizada. Em todos os casos,
a vida do homem, fora do verdadeiro único fundamento (Deus) será sempre uma
mentira.
Contudo, não fomos criados para a
mentira, pois fomos feitos por Deus de quem procede toda verdade. Por isso, não
somos felizes na mentira, não vivemos harmonicamente na mentira, não gostamos
de ser alvo de mentiras, detestamos ser enganados etc. Esposas enganadas sentem
angústia, maridos traídos ficam irados, filhos iludidos criam muitos
sentimentos ruins sobre os pais e pais desonrados sentem-se frustrados com os
filhos. A família não cresce saudável se não estiver bem firmada na Verdade. A
mentira é como solo arenoso que é impróprio para a construção; como areia
movediça que traga para o fundo aqueles que fazem dela um caminho. Quando a
mentira é a base da família, ela está fadada à destruição. Corações são
despedaçados, filhos são destruídos por dentro, pais se mostram irresponsáveis
e aquilo que deveria ser um lar torna-se uma selva hostil e devastada.
Para vencer o pecado que a tudo
destrói, o homem e a família precisam ser firmados na verdade, erguidos pela
verdade. Ou seja, a família precisa daquele que a instituiu e, também, pode
sustenta-la. A família precisa buscar o Deus que a criou; a família necessita
do redentor que tem poder para resgatá-la; a família carece do Espírito transformador
que pode convence-la daquilo que é certo e bom por meio da Palavra de Deus. Negar
Aquele que é a origem e o sustentador da família é viver uma mentira,
semelhante a uma criança que finge não precisar de pai e mãe. Tal fingimento
leva a pessoa a “quebrar a cabeça”, cometendo muitos erros que poderiam ser
evitados por meio do conhecimento da Verdade.
Relacionamentos fundamentados na
Verdade duram a vida toda e superam as dificuldades, pois sua base e pilares
são fortes e firmes. Estando na Verdade, os membros da família podem exercitar
a capacidade de ser confrontados pela Verdade e dizer a Verdade para o outro,
mesmo que o desagrade. A Verdade será inculcada na mente e no coração, a fim de
que permeie toda a vida. E uma vez presente, fluirá pelos lábios e modo de
viver transmitindo graça para aqueles que ouvem e veem, aqueles que receberão
as palavras e tratamentos dentro de um relacionamento de trocas constantes, quer
por diálogo quer por atitudes diárias.
A mentira nunca será o melhor
caminho, mesmo sendo o mais fácil. As pessoas devem aprender a viver na Verdade
mesmo quando houver prejuízos. Ou seja, em vez de mentir para evitar conflitos,
devemos ensinar o perdão, a paciência, a mansidão, o amor, o saber ouvir etc.
Ou seja, devemos desenvolver em família a capacidade de se relacionar com o
outro diante das muitas falhas e fraquezas de ambos. É preciso aprender a falar
a verdade e, também, ouvir a verdade. Aquele que precisa falar a verdade deve
ser honesto e corajoso, principalmente quando souber as implicações do erro
que cometeu. E o outro que ouvirá a verdade precisará saber ouvi-la com
compreensão, paciência, compaixão, disposição para perdoar quando for ferido e
humildade para reconhecer quando estiver errado. Pessoas que não desenvolvem em
casa a capacidade de viver, falar e ouvir a verdade tornam-se arredias quando
confrontadas pela verdade, como ocorre frequentemente dentro das igrejas
locais.
Portanto, o convite à verdade é um
desafio para o amadurecimento das virtudes divinas em nós. A verdade é a base
para uma vida cheia do fruto do Espírito: “amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”
(Gl.5.22-23). Ao mesmo tempo, quanto mais maduro for o fruto do Espírito na
vida de um cristão, mais verdade deveremos encontrar nela, pois o fruto do
Espírito nos impulsiona para a verdade, levando-nos a cultiva-la no dia a dia.
A verdade anda junta com o amor, com a paciência, com a justiça, com a alegria,
com a fidelidade e assim por diante. A verdade jamais será um problema ou um
mal. Cônjuges podem brigar ao ouvir a verdade; filhos podem ficar com raiva dos
pais ao ouvirem a verdade; pessoas podem sair da igreja ao ouvir a verdade.
Contudo, o problema não estará na verdade, mas na incapacidade das pessoas de
lidarem com ela. A verdade sempre é boa! Logo, precisamos desenvolver a
capacidade de viver, ouvir e falar a verdade.
É desse modo que tantas verdades
engasgadas serão ditas aliviando o coração e amadurecendo o relacionamento conjugal.
Quantos maridos não têm coragem de dizer para a esposa que a roupa está inapropriada
ou que não se sentem bem diante de certos comportamentos dela? Quantas mulheres
fingem sensações e escondem pensamentos com receio de desagradar o marido? Não
deveria ser assim! O relacionamento conjugal deveria ser pleno da verdade, como
importante instrumento para a edificação do casal. Casais que desenvolvem a
capacidade de falar e ouvir a verdade, também praticarão o ouvir e falar a verdade
com outras pessoas, quer na igreja quer fora dela. O contrário também é verdade,
ou seja, pessoas que não desenvolvem em casa a capacidade de viver, falar e
ouvir a verdade tornam-se arredias quando confrontadas pela verdade, como
ocorre frequentemente dentro das igrejas locais.
Quer um casamento forte? Então, o
edifique sobre a Verdade!
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