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sexta-feira, 14 de junho de 2019

A Verdade na base do casamento

Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros” (Ef.4.25)

Quem casa quer casa, diz um ditado popular. Então, aproveitando esse ditado, vamos comparar o casamento à construção de uma casa. A casa precisa de três partes fundamentais: alicerce, paredes e teto. Além dessas partes, é bom que haja cômodos distribuídos pela casa, para maior conforto de seus moradores. Contudo, essas divisórias não são indispensáveis, como podemos ver nos kitnets (imóveis de um único cômodo), mesmo que tenham certo valor para o bem-estar da família. De tudo o que uma casa pode ter, o que realmente lhe é fundamental são as três partes chamadas: alicerce, paredes e teto. Elas estão presentes nas casas mais simples e, também, nos maiores palácios já construídos. Precisamos saber, então, para que servem essas três partes.

O alicerce da casa dá sustentação para toda a construção, garantindo que suas paredes e teto não cairão diante das tempestades nem com o passar do tempo. Portanto, o alicerce deve ser muito bem-feito e bastante forte, pois carregará sobre si todo o peso da casa inteira. Por isso, Jesus contou a seguinte parábola: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha.” (Mt.7.24-25).

As paredes da casa protegem a família das investidas de pessoas mal-intencionadas que estão fora da casa. Portanto, as paredes não devem ter brechas (Ne.6.1; Is.30.13; Ez.22.30) que possibilitem a entrada de estranhos indesejados. Elas servem para proteger do mal, por isso não podem apenas ter beleza, devem ser seguras, feitas com um bom material. As paredes não sustentam toda a casa, mas sustentam o teto, a fim de abrigar a família diante das variações de tempo. As paredes, portanto, são de grande importância para a família que mora dentro de sua casa e não deveriam ser removidas sob nenhuma circunstância.

O teto da casa protege seus moradores tanto do sol escaldante quanto da chuva e do frio. Assim como o alicerce da casa indica o começo, as bases, o teto da casa indica seu fim, seu ápice, delimitando, junto com as paredes até onde vai aquela casa. O teto impede que coisas indesejadas caiam sobre a família abrigada pela casa. Sem um teto, ficamos expostos à chuva e ao sol, aos bichos indesejados e aos dejetos que algumas aves soltam quando sobrevoam. Portanto, o teto também ajuda a proteger a família e, unido às paredes ajuda a manter a casa quentinha nos dias frios, tornando-a um agradável abrigo para a família.

Vimos, então, que o alicerce é uma das partes mais importantes da casa e precisa ser forte o suficiente para sustentar toda ela. Mas, nosso propósito aqui não é falar sobre construções e, sim, sobre a família que habita dentro da casa. Podemos dizer que o casamento também precisa de alicerce, paredes e teto como elementos fundamentais à semelhança das moradias. E para que o casamento esteja pronto para todos os temporais da vida, é necessário ter sido construído sobre rochoso fundamento (Mt.7.24-25). Dentre os materiais que devem estar presentes na base do casamento, a Verdade é o mais importante, pois Cristo é a Verdade, a Palavra de Deus é a Verdade (Jo.8.32.14.6), por meio dos quais todas as coisas vieram à existência.

Para que se entenda melhor a necessidade de se construir o casamento sobre a Verdade (Cristo, Palavra de Deus), precisamos ir até a criação onde encontraremos o Criador, aquele que instituiu o casamento (Gn.2.18-25) por meio de sua Palavra poderosa. Mas, não devemos pensar que o casamento foi apenas instituído por Deus, como se todo o restante da jornada da família devesse ser trilhado sozinha. O Salmo 127 e 128 nos dizem que Deus é tanto o edificador da família quanto o sustentador dela, aquele que a guarda de todo mal, que a sustenta em dias bons e ruins, que quebranta o coração dos familiares, para os abençoar com uma vida agradável e bonita.

A entrada do pecado no mundo acentuou a necessidade que o ser humano tem de Deus, o Criador. O pecado desestabilizou a mente e o coração do homem, tornando-o egoísta, rebelde, irresponsável, impuro, mentiroso etc. Todas essas características que compõe a vida do ser humano pecador o tornam incapaz de sustentar e conduzir plenamente a vida familiar; o impossibilitam de garantir seu bem-estar e felicidade. Seus muitos erros muitas vezes levarão o lar para lugares sombrios e suas muitas fraquezas revelarão sua inaptidão para guardar a família quando esta estiver passando pelo vale da sombra da morte. Quantas vezes você pensou que estava indo pelo caminho certo e somente depois de ter visto as más consequências de suas escolhas percebeu que estava completamente errado?

Portanto, Deus é uma necessidade da família. Ele é a Verdade! E tudo o que procede de Deus é verdadeiro. Logo, fora de Deus não há verdade, afinal o que não é verdadeiro é, consequentemente mentiroso. Não existe meia verdade. Os homens fingem amar, fingem ser justos, fingem ser bons, fingem ter conhecimento, fingem ter bons propósitos, fingem ser honestos, fingem ser donos das pessoas, dos bens e do mundo, fingem muitas outras coisas. Ou seja, sem Deus, a vida do homem é uma mentira, ora aparentemente bem contada ora notoriamente mal teatralizada. Em todos os casos, a vida do homem, fora do verdadeiro único fundamento (Deus) será sempre uma mentira.

Contudo, não fomos criados para a mentira, pois fomos feitos por Deus de quem procede toda verdade. Por isso, não somos felizes na mentira, não vivemos harmonicamente na mentira, não gostamos de ser alvo de mentiras, detestamos ser enganados etc. Esposas enganadas sentem angústia, maridos traídos ficam irados, filhos iludidos criam muitos sentimentos ruins sobre os pais e pais desonrados sentem-se frustrados com os filhos. A família não cresce saudável se não estiver bem firmada na Verdade. A mentira é como solo arenoso que é impróprio para a construção; como areia movediça que traga para o fundo aqueles que fazem dela um caminho. Quando a mentira é a base da família, ela está fadada à destruição. Corações são despedaçados, filhos são destruídos por dentro, pais se mostram irresponsáveis e aquilo que deveria ser um lar torna-se uma selva hostil e devastada.

Para vencer o pecado que a tudo destrói, o homem e a família precisam ser firmados na verdade, erguidos pela verdade. Ou seja, a família precisa daquele que a instituiu e, também, pode sustenta-la. A família precisa buscar o Deus que a criou; a família necessita do redentor que tem poder para resgatá-la; a família carece do Espírito transformador que pode convence-la daquilo que é certo e bom por meio da Palavra de Deus. Negar Aquele que é a origem e o sustentador da família é viver uma mentira, semelhante a uma criança que finge não precisar de pai e mãe. Tal fingimento leva a pessoa a “quebrar a cabeça”, cometendo muitos erros que poderiam ser evitados por meio do conhecimento da Verdade.

Relacionamentos fundamentados na Verdade duram a vida toda e superam as dificuldades, pois sua base e pilares são fortes e firmes. Estando na Verdade, os membros da família podem exercitar a capacidade de ser confrontados pela Verdade e dizer a Verdade para o outro, mesmo que o desagrade. A Verdade será inculcada na mente e no coração, a fim de que permeie toda a vida. E uma vez presente, fluirá pelos lábios e modo de viver transmitindo graça para aqueles que ouvem e veem, aqueles que receberão as palavras e tratamentos dentro de um relacionamento de trocas constantes, quer por diálogo quer por atitudes diárias.

A mentira nunca será o melhor caminho, mesmo sendo o mais fácil. As pessoas devem aprender a viver na Verdade mesmo quando houver prejuízos. Ou seja, em vez de mentir para evitar conflitos, devemos ensinar o perdão, a paciência, a mansidão, o amor, o saber ouvir etc. Ou seja, devemos desenvolver em família a capacidade de se relacionar com o outro diante das muitas falhas e fraquezas de ambos. É preciso aprender a falar a verdade e, também, ouvir a verdade. Aquele que precisa falar a verdade deve ser honesto e corajoso, principalmente quando souber as implicações do erro que cometeu. E o outro que ouvirá a verdade precisará saber ouvi-la com compreensão, paciência, compaixão, disposição para perdoar quando for ferido e humildade para reconhecer quando estiver errado. Pessoas que não desenvolvem em casa a capacidade de viver, falar e ouvir a verdade tornam-se arredias quando confrontadas pela verdade, como ocorre frequentemente dentro das igrejas locais.

Portanto, o convite à verdade é um desafio para o amadurecimento das virtudes divinas em nós. A verdade é a base para uma vida cheia do fruto do Espírito: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl.5.22-23). Ao mesmo tempo, quanto mais maduro for o fruto do Espírito na vida de um cristão, mais verdade deveremos encontrar nela, pois o fruto do Espírito nos impulsiona para a verdade, levando-nos a cultiva-la no dia a dia. A verdade anda junta com o amor, com a paciência, com a justiça, com a alegria, com a fidelidade e assim por diante. A verdade jamais será um problema ou um mal. Cônjuges podem brigar ao ouvir a verdade; filhos podem ficar com raiva dos pais ao ouvirem a verdade; pessoas podem sair da igreja ao ouvir a verdade. Contudo, o problema não estará na verdade, mas na incapacidade das pessoas de lidarem com ela. A verdade sempre é boa! Logo, precisamos desenvolver a capacidade de viver, ouvir e falar a verdade.

É desse modo que tantas verdades engasgadas serão ditas aliviando o coração e amadurecendo o relacionamento conjugal. Quantos maridos não têm coragem de dizer para a esposa que a roupa está inapropriada ou que não se sentem bem diante de certos comportamentos dela? Quantas mulheres fingem sensações e escondem pensamentos com receio de desagradar o marido? Não deveria ser assim! O relacionamento conjugal deveria ser pleno da verdade, como importante instrumento para a edificação do casal. Casais que desenvolvem a capacidade de falar e ouvir a verdade, também praticarão o ouvir e falar a verdade com outras pessoas, quer na igreja quer fora dela. O contrário também é verdade, ou seja, pessoas que não desenvolvem em casa a capacidade de viver, falar e ouvir a verdade tornam-se arredias quando confrontadas pela verdade, como ocorre frequentemente dentro das igrejas locais.

Quer um casamento forte? Então, o edifique sobre a Verdade!

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