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quinta-feira, 7 de março de 2019

Seja exemplo em tudo no ensino aos filhos

Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.” (Jo.13.15)

O dia da chegada do bebê é muito especial, adornado com muitas expectativas. Uma dessas expectativas diz respeito a aparência da criança. Com quem será que ela vai parecer? Isso só é possível porque Deus nos fez para compartilhar quem somos. Podemos dizer que o organismo da criança “imita” o organismo dos pais. Feições, tipo de corpo, cor de pele, entre outras características serão herdadas dos pais e serão carregadas por toda a vida. Os filhos carregam a imagem e semelhança de seus pais (Gn.5.3).

E as imitações não param por aí. Deus nos fez com a capacidade para aprender, imitando aquilo que vemos e ouvimos. Apenas ouvindo alguém tocar, há pessoas que conseguem repetir o som. Um aprendiz de artesão vê seu mestre trabalhando e, então, confecciona a mesma obra de arte repetindo os passos observados. De modo semelhante, aprendemos a falar um idioma, cozinhar qualquer coisa e realizar os mais diversos trabalhos. O ser humano imita a natureza a seu redor, copia as pessoas com quem divide o mesmo espaço social e até tenta imitar os atos criativos e governamentais de Deus. Somos imitadores por natureza!

Portanto, tudo aquilo que uma criança vê e ouve em casa, na rua, na escola, dos pais, dos familiares e dos amigos terá alguma influência, grande ou pequena, sobre a vida dela. A criança cresce imitando o mundo a seu redor sem o discernimento acerca do que é bom e do que é mau. Esse processo de imitação ocorre naturalmente, lentamente e eficazmente dando alguns sinais esporádicos de seu funcionamento por meio de demonstrações de algumas marcas mais fortes. Há momentos em que a criança quer ser um super-herói, em seguida demonstra imitar um personagem famoso de seu interesse, depois começa a fazer coisas que viu na roda de seus amigos e assim por diante. Mas, os sinais mais fortes costumam apontar para as pessoas com quem mais convivem: jeito de falar, modo de agir, forma de tratar as pessoas etc.

Por conseguinte, a maior preocupação dos pais deve ser com respeito à formação do caráter dos filhos, que será construído a partir da imitação daquilo que eles veem e ouvem. Essa preocupação não deve ser aplicada apenas aos cuidados com o que dizem a TV, as músicas, os filmes, a internet, os amiguinhos e outros agentes externos à família. Os pais devem primeiramente se preocupar com o que os filhos estão aprendendo dentro de casa no relacionamento com a família, a primeira e principal agente formadora da cosmovisão dos filhos e, consequentemente, do caráter deles.

Mas, porque essa preocupação dentro de famílias que desejam o melhor para os filhos? A questão é que nem sempre essas famílias que desejam o melhor para os filhos estão atentas aos mínimos, mas importantíssimos, detalhes da caminhada junto aos filhos. Maus filmes podem trazer prejuízo para a educação de filhos, mas nada pior do que ver diariamente os pais cometerem erros diversos, tais como o simples hábito de mentir. Pequenas e aparentemente inofensivas mentiras no dia a dia alimentarão no coração da criança muitos outros pecados que procedem da mentira, tal como a corrupção política.

Isso ocorre porque o ensino diário é a forma mais eficaz de educar alguém, conforme foi ordenado por Deus em Deuteronômio 6.7: “tua as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.” Israel deveria ensinar seus filhos diariamente por meio da palavra e do exemplo. A escola bíblica das crianças de Israel seria o próprio lar e, portanto, os pais seriam os professores. Nesse convívio diário, os filhos veriam o quanto seus pais amam a Deus (Dt.6.6) e aprenderiam a amar a Deus também, não somente em palavras, mas sobretudo com atitudes, segundo mais adiante nos diz o Senhor Jesus: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama” (Jo.14.21).

Devemos observar que Jesus educou seus discípulos durante três anos convivendo com eles. Não foram encontros diários nem muito menos periódicos. Os discípulos deixaram tudo para andar com Jesus por três anos (Mt.19.27) nos quais puderam ver e ouvir o mestre (At.4.20). Podemos dizer que Jesus adotou seus discípulos para cuidar deles como um pai cuida de seus filhos (Jo.17.6). Poucos foram os momentos nos quais Jesus esteve sozinho (Mt.14.23; Mc.6.47; Lc.9.36; Jo.6.15). Desse modo, ao concluírem o período de preparação, os discípulos realmente conheciam o modo de falar e agir do mestre, de forma que a liderança religiosa da época viu na maneira de falar e agir dos discípulos as marcas de Cristo, reconhecendo “que haviam eles estado com Jesus” (At.4.13).

O que você está ensinando a seus filhos? Não me refiro ao que você disse ontem quando conversava com eles. O que seus filhos estão aprendendo com seu exemplo? Essa pergunta exige que os pais olhem para si mesmos, não para os filhos. Qual a conduta de vocês, pais, dentro e fora de casa? O propósito dessa reflexão não é conduzi-los a uma vida fingida, tentando aparentar algo bom para os filhos quando a realidade do coração não é boa. O objetivo é incentivar os pais a mudarem primeiramente a própria vida, a fim de que possam moldar também a vida de seus filhos conforme a Palavra de Deus.

Em Deuteronômio 6.4-7, o Senhor admoesta Israel a amar a Deus de todo o coração e a ensinar esse amor a Deus para os filhos, por todas as gerações. Observemos que primeiramente os pais precisariam realmente amar a Deus, não apenas fingir diante dos filhos. Somente vivendo esse amor profundo, intenso e verdadeiro por Deus, os pais conseguiriam mostra-lo aos filhos no dia a dia: assentado, andando, ao deitar e ao levantar (Dt.6.7).

Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.  5 Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.  6 Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;  7 tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. (Dt.6.4-7)

É comum o homem fingir boas aparências para agradar as pessoas de um determinado ambiente. Todavia, agimos com naturalidade quando estamos com pessoas de nosso convívio cotidiano, principalmente familiar. Aquilo que não faríamos em público, fazemos em casa. E para que sejamos exemplos dentro e fora do lar é preciso que nosso coração e mente tenham realmente aprendido, guardado e aderido àquilo que Deus nos ensina em sua Palavra, a fim de colocarmos, naturalmente, em prática no dia a dia. Portanto, reflita profundamente na seguinte questão: Você ama o Senhor nosso Deus de todo seu coração, de toda sua alma e de toda sua forma? Você está disposto a negar a si mesmo por amor a Deus, a fim de viver conforme a vontade do Senhor? Essas perguntas são fundamentais para que os pais tenham atitudes conscientes dentro e fora de casa, buscando ser exemplo em tudo para a glória de Deus.

Interessante observar ainda que a imitação além de ser algo natural ao ser humano, no Novo Testamento aparece como ordenança, tornando-se uma prática comum ao cristianismo desde os primeiros séculos da era cristã:

Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus.  16 Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores.  17 Por esta causa, vos mandei Timóteo, que é meu filho amado e fiel no Senhor, o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo Jesus, como, por toda parte, ensino em cada igreja. (1Co.4.15-17)

Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo (1Co.11.1)

Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados;  2 e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave. (Ef.5.1-2)

Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós.  18 Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. (Fp.3.17-18)

Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo, (1Ts.1.6)

Tanto é assim, irmãos, que vos tornastes imitadores das igrejas de Deus existentes na Judéia em Cristo Jesus; porque também padecestes, da parte dos vossos patrícios, as mesmas coisas que eles, por sua vez, sofreram dos judeus,  15 os quais não somente mataram o Senhor Jesus e os profetas, como também nos perseguiram, e não agradam a Deus, e são adversários de todos os homens, (1Ts.2.14-15)

Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança;  12 para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas. (Hb.6.11-12)

Um dos papéis da liderança seja familiar seja eclesiástica, quer privada quer pública é ser exemplo para seus liderados. Paulo entendia sua obrigação de ser exemplo para as igrejas de Jesus, tanto por ser apóstolo designado por Cristo quanto por ser o plantador de diversas das igrejas para as quais escreve. Os pais também precisam ser exemplo para seus filhos tanto no tratamento quanto nas palavras, no modo de viver e na maneira de pensar. Em tudo, os pais devem ser exemplo, pois seus filhos estarão atentos a todos os detalhes da vida deles e os imitarão de modo consciente ou inconsciente. Portanto, os pais precisam assumir o peso da responsabilidade de serem, inevitavelmente, um modelo para seus filhos.

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