“iluminados os olhos do vosso coração, para
saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua
herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que
cremos” (Ef.1.18-19)
Três palavrinhas fazem parte de todas as cartas de Paulo: Fé,
Amor e Esperança, pois, mesmo não aparecendo o termo “esperança” nas cartas de
2 Timóteo e Filemom, seu conceito está presente: “promessa da vida que está em Cristo” (2Tm.1.1); “espero que, por vossas orações, vos serei
restituído” (Fm.22)
A fé no Senhor Jesus, o amor divino no coração e a esperança
da vida eterna são marcas necessárias na vida do cristão, porque são frutos
produzidos pela Palavra e Espírito de Deus. A graciosa salvação do Senhor
começa em um tribunal no qual Cristo nos torna justos aos olhos do grande Juiz
e segue a vida daquele que fora liberto, a fim de torna-lo semelhante ao Redentor
por meio da santificação. Por isso, a fé, o amor e a esperança não são apenas
conceitos abstratos nem teorias para serem discutidas entre filósofos e teólogos.
Essas três palavras são práticas que demonstram a beleza da nova vida recebida da
parte do Senhor Jesus.
Na igreja de Tessalônica, essas três marcas estavam bem
presentes, razão para Paulo louvar a Deus pela vida dos cristãos da cidade e
afirmar sua convicção de que eles verdadeiramente haviam sido alcançados por
Cristo Jesus (1Ts.1.4). A igreja, portanto, era exemplo para as demais e seu
testemunho estava extrapolando as fronteiras da cidade (1Ts.1.9), motivando os
cristãos de diversas outras regiões a viverem uma fé operosa, um amor abnegado
e uma esperança firme (1Ts.1.3).
Todavia, escrevendo aos efésios, Paulo não afirma ter
encontrado naquela igreja as três marcas em igual medida. O apóstolo agradece a
Deus pela fé e pelo amor dos efésios, mas ora ao Senhor para que a igreja tenha
maturidade na convicção de qual a esperança reservada para aqueles que creem no
Senhor Jesus. A deficiência daquela igreja estava relacionada a esta esperança,
de modo que Paulo dedica-se a falar para a igreja sobre a esperança da glória
de Cristo Jesus, conduzindo os cristãos daquela cidade ao amadurecimento.
Diante disso, vemos que as três marcas são igualmente
importantes e a igreja não deve negligenciar nenhuma delas. Paulo não faz pouco
caso de qualquer uma das três marcas nem se contenta com a presença de duas
delas apenas. Ter fé em Cristo, mas não ter amor mostra deficiência cristã. O
mesmo podemos dizer caso alguém diga ter amor, mas não demonstre uma fé
operosa. De semelhante modo, não pode faltar a esperança, pois, como disse o
apóstolo Pedro, Deus “nos regenerou para
uma viva esperança” (1Pe.1.3).
E para amadurecer a esperança, em efésios 1.15-23, Paulo fala
da íntima relação entre a Palavra de Deus e as três marcas de uma autêntica
vida cristã. Por isso, ele ora pedindo sabedoria para os cristãos, a fim de que
compreendessem a Escritura e pudessem aperfeiçoar a esperança da glória. Quanto
maior o conhecimento de Deus, maior deveria ser a maturidade dos efésios em todos
os assuntos teóricos e práticos, afinal a Palavra de Deus é o poder do Senhor
tanto para converter o pecador quanto para transformar dia a dia aquele que já
entregou sua vida para Cristo Jesus.
O resultado do amadurecimento da vida cristã pode ser visto
na vida do cristão. Em Colossenses, Paulo conclama os destinatários a buscarem “as coisas lá do alto, onde Cristo vive,
assentado à direita de Deus” (Cl.3.1) e, logo em seguida, aponta diversos
comportamentos aprovados e alguns reprovados pelo Senhor. Ou seja, com os olhos
fitos em Jesus, na esperança da glória de Deus, os cristãos viveriam uma vida agradável
ao Salvador, tanto dentro quanto fora de casa, quer em palavras quer em ações,
seja sozinho seja perante a sociedade.
Portanto, o cristão deve e precisa buscar o conhecimento da
Palavra de Deus, por meio do qual aperfeiçoará a fé, o amor e a esperança. Cristãos
imaturos mostrarão uma fé imatura, tendente ao fideísmo, ao misticismo e até às
superstições, como ocorre com diversos ramos do evangelicalismo brasileiro. De
forma semelhante, sem o conhecimento de Deus o amor estará mais próximo de um
sentimento instável e incoerente (teoria x prática) do que do verdadeiro amor
de Deus, revelado em Cristo Jesus (Jo.13.34-35). Não será diferente em relação
à esperança, pois é preciso conhecer bem Aquele que fez a promessa e saber o
conteúdo daquilo que deve ser esperado, a fim de aguardar com firme confiança.
Diversas teologias materialistas de nossos dias (teologia da
prosperidade, liberalismo teológico, teologia da missão integral etc.) são o
resultado de uma imaturidade na compreensão e na prática da esperança cristã.
Quando o religioso não tem a verdadeira esperança põe os olhos sobre coisas
passageiras, limitando sua esperança apenas a esta vida, fazendo-se o mais “infeliz de todos os homens” (1Co.15.19).
Para uma prática correta da vontade de Deus, é necessário um conhecimento certo
da Palavra de Deus (Os.4.6), adornada, em todo tempo, pela iluminação do
Espírito Santo que habita no meio da Igreja de Jesus Cristo.
Diante de tudo isso, precisamos perguntar: Como estão sua fé em Cristo,
seu amor ao outro (Deus, irmãos na fé e demais pessoas) e sua esperança nas
promessas do Senhor? Você está amadurecendo essas marcas necessárias por meio
de seu constante aprendizado da Palavra de Deus junto a uma vida de oração? Não
se deixe acomodar a uma vida cristã mediana de pequeno conhecimento e poucos
frutos. Antes esforce-se para ser abundante em toda boa obra, pois isso vem do
Senhor e o agrada. Então, lembre-se sempre que essas três marcas precisam estar
bem presentes e amadurecidas, já que elas identificam a verdadeira conversão
daqueles que se dizem cristãos, como Paulo afirma: “reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição” (1Ts.1.4).
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