“Por
isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque
somos membros uns dos outros” (Ef.4.25)
Como é bom ter alguém em
quem confiar! O ser humano precisa se relacionar, viver em sociedade, e mesmo que
a mentira faça parte de sua natureza pecaminosa, o homem necessita da presença
da Verdade em suas relações, pois a ausência da Verdade torna os relacionamentos
fingidos, inseguros e superficiais.
O pecado transtornou as
relações sociais. Na ausência da Verdade, a política da boa convivência se
estabeleceu e, para ser bem-sucedida no propósito de agradar a todos, se
apropriou da mentira das formas mais variadas. Por isso, é tão comum as pessoas
estarem sempre sorrindo mesmo quando há lágrimas no coração.
Quantas vezes você já
mentiu para as pessoas? Considere que o fingimento também é uma mentira, pois
visa enganar o outro, em alguma medida, por alguma razão. É comum a cena de
duas ou mais pessoas conversando sobre alguém e, logo em seguida, disfarçando
para a conversa não ser ouvida. Essa encenação é a mentira expressa em
sentimentos, palavras e atitudes.
Todavia, Jesus nunca
mentiu. Cristo não sorria para agradar as multidões nem fingia estar se
agradando de algo para não contrariar as pessoas mais próximas. Diversas vezes
seu amigo mais chegado, Pedro, ouviu palavras duras (Mt.8.26; 14.31; 16.8,23; 26.34;
Jo.13.8) e, também, foi perdoado em suas profundas faltas (Mt.26.75//Jo.21.15-17).
Desse modo, quando Jesus dizia que amava seus discípulos (Jo.13.34; 15.9,12),
todos sabiam que esse amor era realmente verdadeiro.
Mas, como saber se as
pessoas nos amam de verdade se elas não vivem seus relacionamentos na Verdade? Quantos
sorrisos e cumprimentos são verdadeiros? Quantos “tudo bem” dizem respeito ao
real estado das coisas? Quanto das boas palavras expressam a verdade do que
sente o coração? A ausência da Verdade torna as relações em mera formalidade
social.
Certa vez, falando para diversos
judeus que o questionavam, Jesus afirmou que o diabo tanto é homicida quanto
pai da mentira (Jo.8.44). Os Evangelhos demonstram que aquela geração havia se
acostumado com a mentira e a falsidade em suas relações (Mt.23). Ao contrário
disso, Cristo se apresentou como a Verdade e o Libertador (Jo.8.32,36) capaz de
dar vida eterna para quem tiver um relacionamento verdadeiro com Ele (Jo.8.51).
Portanto, precisamos
resgatar os relacionamentos por meio da Verdade. Para isso, chamamos a atenção
para três importantes fundamentos das relações verdadeiras: 1) Cristo; 2) a
Palavra de Deus; 3) a sinceridade. Esses três devem ser empilhados como uma pirâmide
em que Cristo é a base sobre o qual encontra-se a Palavra de Deus e, no cume, encontra-se
a sinceridade bem firmada sobre a Escritura e Cristo.
Cristo é o restaurador de
todas as coisas: animadas e inanimadas, concretas e abstratas, “quer sobre a terra, quer nos céus”
(Cl.1.20). Portanto Ele também é o restaurador dos relacionamentos. Por meio dEle
o homem é liberto da escravidão do pecado, do mundo e do diabo (Ef.2.1-10) de
onde procedem toda sorte de mentira (Jo.8.44). Em Cristo, o pecador é
transformado em um novo homem (Gl.2.20) capaz de viver na Verdade em todas as
suas relações: com Deus, com o próximo e consigo mesmo.
A libertação da mentira é
fundamental para a construção de relacionamentos firmados na Verdade. Para que
sorrisos e lágrimas sejam verdadeiros, elogios e exortações sejam sinceros, comportamentos
e palavras sejam os mesmos tanto na presença quanto na ausência, é preciso
tratar primeiro o coração, afinal “cada
árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de
espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas. O homem bom do bom tesouro do
coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do
que está cheio o coração” (Lc.6.44-45).
Para tratar o coração,
retirando a mentira que está arraigada nele, Cristo age pelo Espírito Santo
encravando a Palavra de Deus, que é a Verdade (Jo.3.3-8). A Escritura lança luz
sobre todas as coisas revelando até as mais ocultas do coração. Então, toda
mentira é manifesta e todo engano desvendado. O coração de pedra é esmiuçado
pelo golpe poderoso da Espada do Espírito e um novo coração é posto em seu
lugar.
Esse novo coração
(Ez.36.26) pertence a Cristo e anda em sintonia com Ele. E mesmo que o pecado tente
contaminá-lo, não será capaz de destruí-lo, pois o Senhor cuida dele. Diante
disso, é importante perguntarmos: Seu coração pertence a Cristo? Então, ele está
fundamentado na Verdade, pois nasceu na Verdade que é a Palavra de Deus e pulsa
vibrante para a Verdade que é Cristo Jesus.
A partir desse novo
coração, as relações poderão ser adornadas de sinceridade. A sinceridade não procede
da mentira, mas da Verdade como aplicação desta. Seu propósito não é agradar as
pessoas, tão somente. Seu foco deve ser Cristo, a fim de satisfazer a vontade daquele
que deu o novo coração. Quando Cristo não é o propósito, a Verdade torna-se secundária
e as relações superficiais e inseguras.
Por isso, é incoerente
para a igreja que cristãos tenham relações fingidas, superficiais e inseguras.
Caso isso esteja acontecendo, significa que Cristo não está sendo o fundamento
dos corações e a Palavra de Deus não está permeando o interior, a fim de que
haja sinceridade em cada palavra, atitude, gesto e sentimento. Portanto, comece
seus relacionamentos colocando seu coração na presença de Cristo, pois somente
Ele pode torna-lo apto a viver a Verdade nos relacionamentos.
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