“Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua
alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu
coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa,
e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.” (Dt.6.5-7)
Toda
pessoa tem uma cosmovisão, mesmo que não saiba disso. A cosmovisão de uma
pessoa é construída a partir de diversas influências que ela recebe, quer sejam
diretas quer sejam indiretas. Familiares, amigos, livros, professores, pessoas
famosas, partidos políticos, mídias etc. são instrumentos para a formação da
cosmovisão de uma pessoa. Você sabe qual cosmovisão seus filhos estão
construindo ao longo dos anos? Você já prestou atenção em sua contribuição para
a construção da cosmovisão de seus filhos?
A
construção da cosmovisão de seus filhos se dará por meio tanto do ensino verbal
quando demonstrativo e será fixado no coração deles por meio da constância. Por
isso, mídias investem tanto em descontruir a cultura cristã por meio de uma
insistente programação anticristã. Para vencer a cosmovisão pagã desse mundo
que jaz no maligno, os pais precisam não apenas rejeitar os ensinamentos do
mundo ou desligar a televisão, mas ensinar uma cosmovisão bíblica para os
filhos. Isso exigirá consciência do papel dos pais, conhecimento da Palavra de
Deus e perseverança no cumprimento da missão.
Fazendo
isso, os pais darão aos filhos uma visão de mundo que se assemelha à forma como
Deus vê o mundo. Ou seja, os filhos verão o mundo por meio da Palavra de Deus e
se tornarão capazes de compreender tanto a si mesmos quanto ao mundo que está
ao redor. Com uma cosmovisão bíblica, crianças, adolescentes, jovens e adultos
poderão construir uma sociedade piedosa e crítica, íntegra e justa, em que a
Verdade é o fundamento balizador para todas as coisas. Essa construção começa
com a família, núcleo base da sociedade, e é transmitida de uma geração para a
outra por meio de uma educação bíblica de pais para filhos.
Desejamos
tratar sobre dez temas que devem ser praticados e ensinados pelos pais na
educação de seus filhos, a fim de construir neles uma cosmovisão bíblica: 1)
Apontando para Cristo; 2) Sendo exemplo em tudo; 3) Ensinando a andar com Deus;
4) Sendo forte na fraqueza; 5) Aprendendo a discernir entre o bem e o mal; 6)
Ensinando os filhos a amarem a igreja; 7) Ensinando os filhos a serem
missionários; 8) O valor do dízimo para o cristão; 9) Trabalhando para a glória
de Deus; 10) Aprendendo a viver em família. O fundamento desses dez temas é o
fato de que somos criaturas do Criador, nosso Deus, e pertencemos a Cristo,
Herdeiro de toda a criação e Salvador de todo aquele que crê. Esse é um
pressuposto fundamental que deve ser ensinado para os filhos. Não viemos do
acaso, não somos obra de uma evolução “fortuita” de um universo divino. A
Escritura nos diz que “somos feitura
dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão
preparou para que andássemos nelas” (Ef.2.10).
Além
de sermos criaturas de Deus, também somos pecadores. Essa verdade precisa fazer
parte da cosmovisão do ser humano, pois está presente em tudo o que o homem é e
faz. Cada pensamento e sentimento tem uma relação com a natureza pecaminosa que
a tudo contaminou. As relações sociais são afetadas pelo pecado do homem que se
indispõe a perdoar ao mesmo tempo em que não reconhece seus próprios erros.
Egoísmo, orgulho, maldade, mentira, inveja, maledicência, engano, intrigas etc.
são pecados que atrapalham os relacionamentos. Portanto, é preciso conhecer a
si mesmo, a fim de reconhecer a necessidade de lutar contra aquilo que está
prejudicando as relações sociais do ser humano, desde a mais tenra idade.
A
partir da compreensão de quem somos, os pais poderão ensinar aos filhos o
propósito para o qual existimos. Juntos, causa e propósito, definirão a forma
como devemos viver. A compreensão de quem é o ser humano, sua causa e
propósito, conduzirá os filhos à necessidade de um relacionamento inevitável
com Deus. Inevitável porque não há pessoa que não se relacione com Deus, quer
com amor quer com desprezo, pois todos estão diante de Deus inevitavelmente. Os
filhos precisam refletir sobre essa realidade inevitável, a fim de que façam
escolhas conscientes e, pela graça de Deus, possam desejar ter um relacionamento
pacífico e amável com o Deus Criador.
Eis
um resumo dos dez pontos a serem tratados posteriormente:
1 – Aponte para Cristo em todo ensino aos filhos
Tudo
que Deus criou foi dado para Jesus. Toda a Escritura aponta para a glória de
Jesus. Não deveríamos mostrar isso para nossas crianças? Os filhos precisam
aprender a ver a beleza da glória de Cristo tanto nas Escrituras quanto em toda
a criação e história humana. Comer é algo tão comum ao dia a dia que
dificilmente paramos para pensar na bênção de poder sentir o gosto das coisas;
conviver com a criação ao redor, mesmo nas cidades grandes, tornou-se algo tão
“normal” que não refletimos na grandeza de quem a criou. Os pais precisam
ensinar os filhos a viverem a vida como criação divina, mostrando que tudo nos
conduz à glória daquele por meio do qual tudo fora criado: Jesus.
Disponível em: http://voxscripturae.blogspot.com/2019/02/aponte-para-cristo-ensinando-aos-filhos.html
Disponível em: http://voxscripturae.blogspot.com/2019/02/aponte-para-cristo-ensinando-aos-filhos.html
2 – Seja exemplo em tudo no ensino aos filhos
A
melhor forma de ensinar ao aprendiz é mostrando como se faz. Os filhos precisam
ouvir a Palavra de Deus, mas, também, necessitam ver o exemplo dos pais.
Perdão, leitura da Bíblia, oração, comunhão com a igreja, adoração,
relacionamento familiar, relação trabalhista, modo de lidar com o dinheiro etc.
fazem parte da vida e precisam ser ensinados aos filhos por meio de um modelo
que primariamente se espera encontrar nos pais. A importância do exemplo, no
impacto que causa na vida dos filhos, deve chamar a atenção dos pais para o
cuidado necessário que precisam ter com o próprio comportamento, antes mesmo de
cuidarem da vida de seus filhos, pois nossas atitudes falam mais alto do que
nossas palavras. Esse texto está disponível em duas partes, sendo que a primeira aborda a necessidade de ser exemplo (Disponível em: http://voxscripturae.blogspot.com/2019/03/seja-exemplo-em-tudo-no-ensino-aos.html) e a segunda parte aborda os dez mandamentos aplicados à família.
3 – Ensinando a andar com
Deus
Ser
cristão não é participar de programações de uma igreja local, apenas. Ser
cristão é ter a nova vida que o Espírito Santo dá, ser justificado por Cristo e
andar com Deus no dia a dia. As crianças precisam aprender a andar com Deus, a
fim de não viverem um cristianismo reduzido a um prédio ou a tradições, tantas
vezes praticadas sem qualquer compreensão. Os filhos precisam andar com Deus em
casa, na escola, na rua e em qualquer lugar onde estiverem. Eles devem ter
prazer em andar com Deus em todo tempo. Essa caminhada com Deus, definirá as
escolhas que farão e a forma como verão o mundo. O modo como nossos filhos se
relacionarão com Deus será fundamental para o amadurecimento e fortalecimento
deles diante de um mundo de problemas e tentações. Portanto, o futuro dos
filhos não depende do tempo que viveram na casa dos pais, mas do modo como eles
se relacionaram com Deus. (Disponível em: http://voxscripturae.blogspot.com/2019/04/ensine-aos-filhos-o-andar-com-deus.html).
4 – Sendo forte na fraqueza
A
força do cristão está em reconhecer sua fraqueza e sua dependência de Deus,
confiando nas promessas do Senhor, mesmo quando nada contribui para isso. Os
filhos precisam aprender a depender de Deus e descansar em Deus em toda e
qualquer situação, para que tenham paz no coração e um bom estado emocional quando
tiverem problemas para resolverem. A ansiedade tem tomado conta de boa parte
das pessoas, criando uma sociedade inquieta que vive de aparências. Por isso,
cônjuges brigam quando tem problemas financeiros e pais se mostram incapazes de
pedir perdão quando cometem erros. Os filhos precisam aprender que a força do
homem se encontra naquele que o criou: Deus. Ao aprender a lidar com as fraquezas,
os filhos repousarão o coração nas promessas do Senhor e desenvolverão uma
mente equilibrada, pronta para lidar com as adversidades da vida.
5 – Aprendendo a discernir
entre o bem e o mal
Um
dos desafios dos pais é preparar os filhos para viverem nesse mundo que “jaz no
maligno” (1Jo.5.19). Para isso, os filhos precisarão estar bem firmados em
Cristo e saber discernir entre o bem e o mal. Contos de fadas alimentam ilusões
que podem prejudicar a visão de mundo das crianças, afinal não há príncipes e
princesas perfeitos, mas pecadores cheios de defeitos que podem ser tratados.
Constantemente, os filhos são assediados pelo mundo quer amigos da escola quer
pessoas do trabalho. Portanto, é preciso ajuda-los a serem críticos, a fim de
que analisem tudo e saibam discernir o que realmente é bom. Assim, poderão
rejeitar o que é mau, mesmo longe dos pais. Ou seja, melhor do que vigiar os
filhos 24 horas é ensiná-los a discernir entre o certo e o errado, de modo a
capacitá-los a escolher o que é bom pelas corretas razões.
6 – Ensinando os filhos a
amarem a igreja
A
legítima conversão nos coloca no corpo de Cristo e o batismo é o sinal que nos
identifica como participantes da igreja visível. Essa igreja é amada por Cristo
que deu a vida por ela. Portanto, é muito importante que os cristãos aprendam a
amar a igreja de Jesus. Mas, como amar a igreja de Jesus? É preciso saber como
amar a igreja de Cristo, abençoando-a para seu bem-estar, pois Deus se agrada
com isso. Filhos que aprenderam a amar a igreja quando pequenos, continuarão amando a igreja quando crescerem. Mas, de que modo aprender a amar a igreja
contribuirá na construção da cosmovisão dos filhos? O mundo está dividido em
apenas duas partes: cristãos e não-cristãos, ou seja, entre a igreja e os
pagãos (2Co.6.14-18). Não é em vão que o mundo odeia o cristão nem foi sem
razão que os mártires morreram por Cristo. Uma guerra está travada entre o
inferno e o Reino de Deus, entre os filhos das trevas e o povo do Senhor. Desse
modo, aprender a amar a igreja ajudará os filhos a saberem lutar por ela contra
o paganismo do mundo maligno.
7 – Ensinando os filhos a
serem missionários
É
bonito ouvir notícias de missionários que deixaram tudo para trás, a fim de
pregarem o evangelho em lugares longínquos. Todavia, fazer missões não é uma
ordenança apenas para alguns ou somente para adultos. Nossos filhos precisam
aprender sobre a missão de propagar o evangelho no dia a dia para um mundo
perdido e sem esperança. Nossos filhos têm contato com pessoas carentes de
Cristo, mas tantas vezes não se dão conta de que seus amiguinhos irão para o
inferno por não crerem no Salvador Jesus. Além disso, os pais precisam ter
alegria em preparar os filhos para serem missionários. Não é incomum que pais
prefiram que o filho seja um médico ou um engenheiro ou um juiz ou mesmo um
empresário do que um missionário ou pastor. Isso mostra que os pais não
conseguem discernir o que é melhor, pois o amor ao dinheiro cegou o
entendimento deles. Portanto, pais e filhos precisam aprender sobre a ordenança
e beleza de ser missionário. Para isso, não é preciso que um missionário venha
falar de missões para seus filhos, pois os pais devem ser os primeiros
estimuladores dessa belíssima obra.
8 – O valor do dízimo para o
cristão
Nossa
sociedade é autossuficiente e avarenta. As pessoas só buscam o Criador quando
não conseguem resolver seus problemas sozinhas e mostram muito mais amor ao
dinheiro do que ao Senhor de toda a terra. Nossos filhos precisam aprender que
tudo o que precisamos está em Deus e que dEle vem todas as coisas boas, razão
para devolvermos o dízimo de tudo o que temos. Dizimar é mostrar reconhecimento
da origem de nossos bens; é mostrar gratidão para com Deus; é estar livre da
escravidão do pecado da avareza; é demonstrar prazer na obra do Senhor; é saber
o que fazer com o dinheiro. Portanto, não há idade para ensinar um filho a
dizimar, mostrando todas as implicações práticas desse bom ensino bíblico
presente antes da Lei (Gn.14.20; 28.22), durante o regime da Lei (Lv.27.32;
Ml.3.8; Mt.23.23) e depois da Lei, como valor muito superior aos dez por cento
na dedicação de cada cristão (At.2.45; At.4.34; 2Co.9.6-7; Fp.4.10-20). O
ensino sobre dízimo, portanto, tem uma ampla relação com a relacionamento entre
o cristão e Deus e entre o cristão e o próximo, pois trata acerca da mordomia
cristã de tudo o que Deus tem dado ao homem.
9 – Trabalhando para a
glória de Deus
O
trabalho tem sido alvo de pensamentos controversos. Enquanto para alguns é um
meio para enriquecer para outros é um castigo de Deus, razão para evitarem o
trabalho. Essa mentalidade é construída no coração das pessoas ao longo de
anos, desde a infância. Por isso, há tantos problemas relacionados ao universo
do trabalho: péssimo serviço, maltrato de chefes, desonestidades, exploração,
excesso de trabalho etc. Todavia, Deus abençoou o homem com o trabalho, pelo
qual pode servir tanto a Deus quanto ao próximo e, ainda, construir
criativamente um mundo mais confortável e uma sociedade mais organizada. Para
mudarmos a cultura do trabalho, precisamos ensinar para nossos filhos qual o
propósito original de Deus ao dar o trabalho ao homem. Os filhos precisam
aprender que o trabalho é uma bênção e que seu propósito não é enriquecer.
Desse modo, será possível mudar também a forma como os filhos veem os estudos
que é o principal trabalho da criança e do adolescente.
10 – Aprendendo a viver em
família
A
família tem sofrido tanto em nossos dias. As pessoas não sabem mais viver em
família. O problema começa no propósito das pessoas em casarem: satisfazerem a
si mesmas por meio do outro. Por isso, casamentos acabam com facilidade e os
relacionamentos são tão instáveis. As pessoas não querem suportar os defeitos e
fraquezas do outro nem fazer a manutenção dos relacionamentos, a fim de
preservá-los. Os compromissos não são cumpridos nem mesmo sob assinaturas e
testemunhas. Os filhos precisam aprender a conviver com pecadores e honrarem
compromissos. É necessário ensinar o valor das alianças e o caráter inquebrável
delas, conforme Deus faz aliança com seu povo. Esse aprendizado deve começar em
casa na relação com os pais e irmãos, bem como se estender para os
relacionamentos com as demais pessoas do mundo ao redor. Filhos que sabem o
valor da família não a trocarão por nada.
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