“E isto afirmo: aquele que semeia pouco,
pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará”
(2Co.9.6)
Mais um ano está findando, dando lugar à chegada de um novo
ano. O mês de dezembro, então, é adornado de muitas expectativas e anseios,
além dos muitos gastos e das muitas festas. Provavelmente, esse também é o
período com o maior número de preces (nas mais variadas religiões) no mundo
inteiro. As pessoas oram, rezam, fazem simpatias, consultam videntes etc. O uso
de roupas brancas no último dia do ano é mais uma superstição em prol da
realização dos anseios para o ano seguinte. As multidões querem saúde, pedem
dinheiro e revelam o interesse em um bem-sucedido relacionamento amoroso. Todos
desejam ter a certeza de que o ano seguinte será melhor do que o ano vigente. E
Deus é rapidamente lembrado como se fosse um gênio da lâmpada mágica.
Mas, você que tanto deseja coisas boas para o próximo ano, o
que tem feito a Deus e ao próximo? Que sementes você tem plantado diante de
Deus? Não é incomum que pessoas queiram o melhor para si, mas ficam se
corroendo de inveja quando outra pessoa alcança coisas boas. Até mesmo tem sido
comum que pessoas queiram ganhar muito, mas pagam pouco ao trabalhador digno de
um salário justo. Todos querem ganhar o salário no dia certo, mas muitos não
pagam o que devem no dia combinado. Pessoas querem ser amadas e bem-cuidadas,
mas não tem prazer em servir as pessoas diante de si. Os mesmos que pedem
paciência e misericórdia diante de suas falhas não estão dispostos a ter paciente
misericórdia para com o próximo. Seria justo que tais pessoas recebessem o
melhor de Deus, quando deram o pior para Deus e para as pessoas a seu redor?
Parece-nos que poucas pessoas lembram, nesse momento, que o
Criador de todas as coisas é Santo, Justo e Verdadeiro, além de Gracioso, Misericordioso
e Bom (1Pe.1.16; Sl.11.7; Jo.14.6; Sl.67.1; Sl.145.8; Sl.25.8). O Senhor não
distorce a justiça, ainda que esteja sempre pronto para perdoar por meio de
Cristo Jesus. Ou seja, Deus não inocenta o culpado nem condena o inocente. Não
foi sem razão que Jesus afirmou: “Tudo
quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles;
porque esta é a Lei e os Profetas” (Mt.7.12); e, nos ensinou a orar: “perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós
temos perdoado aos nossos devedores” (Mt.6.12), “porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas,
tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.” (Mt.6.14-15). Como,
então, uma pessoa pode esperar de Deus coisas boas se o despreza com sua vida?
Como esperar coisas boas das mãos do Criador se deu coisas ruins com suas
próprias mãos para as pessoas?
Se do mundo não podemos esperar coisas boas, pois faz o que
lhe é próprio: o mal (1Jo.5.19), do cristianismo deveríamos aguardar aquilo que
Cristo deixou como modelo de vida (Jo.13.34-35). Todo o Novo Testamento combate
o pecado dentro da igreja de Jesus: orgulho, inveja, maledicência,
desonestidade, maldade, mentiras, perseguição, tentativa de prejudicar o outro,
tirania no uso do governo, falta de amor para com as pessoas que divergem nas
ideias, boicote da obra do Senhor etc. (Mt.15.19; 2Co.12.20; Gl.5.19-21). Escrevendo
à igreja de Coríntios, Paulo disse que havia “muitos fracos e doentes e não poucos que dormem” (1Co.11.30),
porque a mão do Senhor pesara sobre aquelas pessoas, castigando-as como
advertência para toda a igreja.
Por conseguinte, Deus não quer tais pecados entre líderes e
liderados, entre oficiais e membros. O Senhor não quer as mesmas pessoas que
desejam ser bem-tratadas tratando mal aqueles que discordam delas; Ele não gosta
de ver aqueles que desejam o melhor para si dando o pior para o outro; O
Espírito de Deus não se alegra com relações permeadas por orgulho, inveja e
maledicência; Cristo não se agrada de que as mesmas pessoas que desejam receber
seu salário em dia, tentem prejudicar o outro (é comum fazerem isso contra os
pastores) não pagando aquilo que lhes é devido, “pois a Escritura declara: Não amordaces o boi, quando pisa
o trigo. E ainda: O trabalhador é digno do seu salário” (1Tm.5.18).
Diante disso, aplica-se a nossos dias o que disse o profeta
Isaías: “Pelo que, quando estendeis as
mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não
as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue.” (Is.1.15). Deus não
se agrada da injustiça praticada no meio da sociedade nem muito menos no meio
do povo do Senhor. Diversos dos profetas do Antigo Testamento trataram largamente sobre a injustiça social, como disse o profeta Miquéias: "Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus" (Mq.6.8). Devemos lembrar que Deus é o Juiz de toda a terra e dará a
cada segundo suas obras (1Pe.1.17). Não importa quão injustos sejam os juízes
desse mundo pecador, Deus sempre dá a palavra final e sua Palavra é sempre
justa, santa e perfeita. Ele não pode ser subornado nem enganado; Ele não
aceita favores nem “dá um jeitinho brasileiro”. O Senhor trata todos com
justiça, sabendo que a perfeita justiça de Deus é Cristo Jesus, Seu Filho.
Portanto, o que esperar para o novo ano? Em parte, isso
dependerá daquilo que você plantou, afinal não colhemos manga de parreira nem
figos de macieiras. Se você plantou espinhos não espere colher amoras, mas se
você realmente plantou dedicada-fé-obediente, confie no Senhor, pois Ele é Bom,
Justo, Fiel e conhece bem a vida de cada criatura sua. Não é necessário ser
profeta para saber que aqueles que plantaram o mal colherão o mal. E se, em
alguma medida, parecer que os maus estão se dando bem é porque Deus lhes
reservou algo muito pior para o futuro, quando a ira do Deus Todo-Poderoso será
derramada sobre todos os ímpios (Sl.73; Rm.2.5).
Todavia, não devemos entrar num fatalismo. Existe esperança
até mesmo para aqueles que plantaram coisas ruins, seguindo a maldado do
coração pecador (Lm.3.22). Essa esperança encontra-se em Cristo Jesus que
convida todo pecador ao arrependimento e conversão (At.2.38). Ou seja, caso o
pecador se arrependa de todos os seus pecados, confiando na justiça de Cristo,
e queira verdadeiramente mudar sua vida, como ocorreu com Zaqueu (Lc.19.1-10),
então seus pecados serão perdoados por meio de Cristo e Deus lhe tratará como
uma nova criatura em que tudo se fez novo por meio do Espírito Santo (2Co.5.17).
Com isso, não pense que Deus se engana com falsas e
passageiras conversões que visam apenas se livrar de prejuízos presentes. Deus
conhece o coração do homem (Sl.139) e sabe quais são suas intenções. Lembremos
que Judas Iscariotes foi escolhido para ser parte dos 12 apóstolos, mas desde o
início Cristo sabia que ele era um filho do diabo (Jo.6.70), um ladrão
enganador (Jo.12.6). Jesus afirmou que Deus procura adoradores que o adorem em
ESPÍRITO e em VERDADE, não somente cumprindo ritos em lugares separados para a
adoração (Jo.4.23-24), mas oferecendo a vida em culto constante ao Senhor
(Rm.12.1-2). Deus conhece o interior do homem e sabe quem recebeu um novo
coração no lugar do coração de pedra (Ez.36.26-27).
Desse modo, a verdadeira esperança de um futuro melhor
encontra-se somente em Cristo no qual somos perdoados e capacitados a viver uma
vida agradável a Deus (Gl.2.20); uma vida guiada pela Palavra Deus (Jo.17.17) e
marcada pelo fruto do Espírito (Gl.5.22-23). O verdadeiro cristão não precisa
fazer simpatias, vestir roupas de cores específicas ou seguir outros tipos de
superstições e misticismos para garantir um ano bom. O verdadeiro cristão sabe
que o Espírito Santo é a garantia deixada por Cristo, em sua amada Igreja
(2Co.1.22; Ef.1.14), de que não importa se haverá um lindo dia ensolarado ou se
cairá um forte temporal, pois o Senhor ama seu povo (Rm.8.31-39) e tem um maravilhoso
futuro para ele, um novo céu e nova terra, onde habitarão felizes para sempre
com Jesus (Ap.21-22).
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