“Se, pois, o Filho vos libertar,
verdadeiramente sereis livres.” (Jo.8.36)
O que é ser livre? O
conceito popular de liberdade é “poder fazer o que quiser”. Uma criança que
gostaria de comer doces à vontade ou um adolescente que gostaria de chegar muito
tarde em casa ou um jovem que quer usar drogas pensam que liberdade é não ter
alguém proibindo aquilo que gostariam de fazer, ainda que o que gostariam de fazer
seja prejudicial. Esse é o conceito filosófico do mundo humanista e a ideia
popular de nossos dias sobre a liberdade: ser livre é fazer o que quiser ainda
que isso seja prejudicial à própria vida.
Que liberdade estranha! A
liberdade é algo bom, mas se aquilo que o homem faz é prejudicial, então já não
é bom. Logo, poderíamos chamar isso de liberdade? Jesus esclarece o assunto ao
dizer: “Replicou-lhes Jesus: Em verdade,
em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo.8.34).
Ou seja, conforme Jesus, fazer o que é mau para mim mesmo (ou para outra
pessoa) não é próprio da liberdade, mas da escravidão. O escravo gostaria de
ter coisas boas, mas a escravidão o impede. Além disso, é a escravidão quem
impõe ao escravo o sofrimento, os açoites e outras coisas ruins. Como, então,
podemos chamar de liberdade a prática daquilo que é danoso à vida?
O correto conceito de
liberdade encontra-se em Deus, afinal Ele é o único ser plenamente livre, pois
é perfeito e autoexistente, enquanto que nós somos imperfeitos e dependentes, pois
não temos vida em nós mesmos nem vivemos o quanto desejarmos; somos finitos. O
mundo ignora o problema de seu conceito de liberdade, porque nega tanto a existência
de Deus quanto o dia do juízo divino. O mundo ignora que tudo que existe tem
sua origem e fim em Deus sem o qual nada existiria.
Deus conhece tanto o bem
quanto o mal (Gn.3.22) e permanece Santo, Justo e Verdadeiro, além de Gracioso,
Misericordioso e Bom (1Pe.1.16; Sl.11.7; Jo.14.6; Sl.67.1; Sl.145.8; Sl.25.8). Mesmo
conhecendo o bem e o mal, todas as virtudes encontram-se plenas em Deus, pois
Aquele “que não pode mentir” (Tt.1.2)
também “não pode ser tentado pelo mal e
ele mesmo a ninguém tenta” (Tg.1.13). Desse modo, Deus é plenamente livre,
pois nenhum mal é capaz de induzi-lo, influenciá-lo ou tenta-lo, de modo que
Deus sempre faz aquilo que glorifica a si mesmo. Deus não busca aquilo que é
mau nem aquilo que prejudica a si mesmo. Deus é sempre livre para fazer o que é
bom e glorificar seu Santo Nome.
Quando o homem faz aquilo
que é mau, ele atrai sobre si problemas, angústias e juízo merecido. Ao roubar
alguém, o ladrão que diz ter feito uso de sua “liberdade” para roubar ficará
preso durante certo tempo de sua vida por ter agido “em acordo com sua vontade”.
Será que podemos chamar isso de liberdade? Não! A verdade é que o ladrão não
conseguiu dominar seus maus desejos e sendo vencido pelo pecado praticou aquilo
que é mau tanto para si mesmo quanto para seu próximo. Na prisão, sua ação
impensada de roubar deixa de ser chamada de liberdade para ser denominada de erro,
injustiça ou pecado.
Quando alguém usa drogas
ou fuma prejudica seu próprio corpo. Quer seja um viciado quer não, está fazendo
aquilo que é prejudicial à própria vida. Talvez não tenha prejudicado ninguém,
mas danificou a si mesmo por causa de sua incapacidade de vencer o desejo de
fazer o que é ruim. Seu desejo foi mais forte do que sua capacidade de agir
corretamente, pois esteve o tempo todo consciente das implicações de suas
escolhas. Quando alguém faz escolhas “inocentes”, ou seja, sem a consciência do
mal, então mostra-se escravo da ignorância, pois prejudica a si mesmo sem
saber. Mas, quando as pessoas fazem escolhas conscientes, revelam-se escravas
da vontade, pois nem mesmo o conhecimento do bem e do mal foi suficiente para
libertá-las de seus maus desejos.
Toda ação atrai uma
reação de semelhante proporção. Aquele que fez o que é bom receberá o que é
bom. Mas, aquele que fez o que é mau receberá o que é mau, pois Deus, o Criador
de tudo, é também o justo juiz de todos e pedirá contas por tudo o que fizeram.
Toda má palavra e má ação receberão a justa punição. Assim, quem pensava ser
livre por fazer algo que contraria as leis divinas, verá que era escravo do
pecado e incapaz de viver livremente em acordo com essas leis, prejudicando a
si mesmo. Portanto, não há liberdade quando o homem não é capaz de fazer o que
é bom e ter prazer nisso.
A morte revela a falta de
liberdade do homem, pois nem mesmo o mais saudável dos homens pode fugir dela. Sem
que queiramos, nascemos; e, sem que possamos impedir, morremos. A humanidade
está impreterivelmente presa à vida temporal. Logo ninguém está livre para ser
o que quiser nem para viver o quanto desejar. O ser humano pode ignorar a
realidade, mas não pode fugir dela. Por conseguinte, a liberdade não pode ser
definida apenas pela imaginação humana. Só é possível definir a liberdade a
partir da compreensão da realidade: Deus é o Criador e Juiz de toda a criação.
Ser livre é ser capaz de
viver o que é bom e ter prazer naquilo que é bom, pois do bem se tira o bem.
Aqueles que são livres para fazer o que é bom receberão, em Cristo, a recompensa
de sua fé-obediente, pois não agiram como escravos do pecado, antes viveram na
liberdade do Filho de Deus (Gl.2.20). Ser livre é ser capaz de tomar boas e
corretas decisões na vida quando tem diante de si muitas opções tentadoras e maléficas.
A liberdade traz benefícios àquele que é livre da mesma forma que o jugo da
escravidão é danoso ao homem. Assim, a verdadeira liberdade é permanentemente
boa e benéfica, e sempre glorifica Aquele que a dá aos filhos dos homens:
Cristo Jesus, o libertador do homem. Você é verdadeiramente livre para fazer só
o que é bom?
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