“Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o
homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn.2.18)
Para o bom funcionamento de uma sociedade é preciso que
todos os papéis sejam cumpridos corretamente. Assim, o professor precisa
ensinar com excelência e o médico cuidar bem da saúde das pessoas. O juiz deve
julgar retamente e o prefeito administrar corretamente a cidade para o bem de
todos. Quando tais papéis não são cumpridos, então a sociedade sente o
desequilíbrio sofrendo por causa de doenças não curadas ou com a impunidade
daqueles que são criminosos, com o alto índice de analfabetismo funcional e com
a má gestão dos bens públicos. De modo semelhante, vemos a importância de se
cumprir papéis dentro de uma estrutura empresarial. Seja qual for a empresa,
será composta por diversas funções e cada uma delas é importante, desde aquela
que higieniza o ambiente até aquela que chefia toda a empresa. Caso alguém não
cumpra seu papel, os demais sentirão o desequilíbrio e problemas começarão a
aparecer para todos.
Todos os seres da criação também possuem papéis específicos,
importantes para o equilíbrio da criação. Enquanto não havia pecado na criação,
tudo funcionava harmonicamente, sem morte nem sofrimento. Uma criação perfeita
e bela, feita muito boa, para glorificar o Criador em cada detalhe (Gn.1.31;
Sl.19.1). Todavia, o pecado entrou no mundo, afetando todas as coisas. O pecado
tornou feio aquilo que Deus fez belo: o trabalho que proporcionava o serviço a
Deus e ao próximo tornou-se penoso e avarento, de modo que uns são escravizados
enquanto outros fazem tudo por dinheiro; a relação sexual, instrumento para um
cônjuge satisfazer o outro, foi substituída pela lascívia, prostituição e
relações egoístas; a masculinidade e a feminilidade foram transformadas em
machismo e feminismo tornando a relação entre o homem e a mulher em uma verdadeira guerra entre pecadores.
Por causa do pecado, a sociedade tem visto a submissão da
mulher como algo ruim, e até mesmo diversos cristãos têm resistido ao assunto.
Os papeis foram invertidos, pois a sociedade está repleta de homens frouxos e
incompetentes, incapazes de governar bem a própria casa. Enquanto isso, as
mulheres ficam sobrecarregadas por assumirem tudo, tanto dentro quanto fora de
casa. Nos últimos dias, a situação ficou ainda pior aumentando o número de
homossexuais e feministas tão vulgares e levianos quanto foram os dias de Sodoma
e Gomorra, levando a sociedade à mais profunda miséria moral.
Com todos esses ataques à moralidade e ao modelo bíblico
familiar, muitos cristãos sentem a necessidade de forte auxílio, a fim de
resistirem aos ataques diabólicos do mundo pagão. Homens cristãos precisam ser
ensinados e motivados a assumirem o papel masculino ordenado por Deus desde a
criação e mulheres cristãs precisam ser ensinadas e encorajadas a viverem uma
vida bonita aos olhos do Senhor, conforme a vontade revelada por Deus desde o
Éden. Famílias cristãs precisam ser fortalecidas para perseverarem em seguir o
padrão divino num mundo que, constantemente, mostra sua completa indisposição
para com Deus, rebelando-se contra o Senhor, dizendo: “Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas”
(Sl.2.3).
Por causa do pecado, o homem e a mulher deixam de desfrutar
das delícias de uma vida em harmonia com a vontade do Criador. Os homens não
querem mais assumir a responsabilidade que lhes fora confiada por Deus nem as
mulheres querem mais o status de auxiliadoras, passando a usurpar aquilo que o
homem está negligenciando, criando, assim, uma sociedade confusa. Além disso, a
criação e a sociedade sofrem com a rebeldia do ser humano que rouba, mata e
destrói para satisfazer desejos egoístas, insaciáveis, incontroláveis e nocivos.
Por isso, a história testemunha a manipulação e o abuso entre as pessoas, quer
homens quer mulheres, tanto como expressão do machismo quanto do feminismo.
Mas, qual a vontade de Deus em relação aos papéis do homem e
da mulher? É importante observar que essa vontade é muito anterior à queda de
Adão e Eva, pois, ainda no Éden, Deus revelou os papeis do homem e da mulher
tanto por meio de seus atos criativos quanto por intermédio de sua Palavra
dirigida para Adão. O apóstolo Paulo chama a atenção para a necessidade de
observarmos a narrativa da criação em relação a tais papéis:
1 Coríntios 11:7-9: Porque, na verdade, o homem não deve
cobrir a cabeça, por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do
homem. 8 Porque o homem não
foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem.
9 Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e
sim a mulher, por causa do homem.
1 Timóteo 2:11-14: A mulher aprenda em silêncio, com toda
a submissão. 12 E não permito
que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em
silêncio. 13 Porque,
primeiro, foi formado Adão, depois, Eva.
14 E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu
em transgressão.
Em ambos os textos, Paulo vai até a narrativa da criação
para lançar os fundamentos da diferença de papéis entre o homem e a mulher. O
fato de Deus ter feito primeiro o homem cumpriu o propósito de indicar sua
liderança, assim como ter criado a mulher para que o homem não estivesse
sozinho é um indicativo de que o homem é o cabeça da criação e a mulher sua
auxiliadora. Todavia, isso não torna o ser da mulher inferior ao ser do homem.
Por isso, Paulo complementa suas palavras, dizendo: “No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem,
independente da mulher. Porque, como provém a mulher do homem, assim também o
homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus.” (1Co.11.11-12). Portanto,
sem palavra alguma, no sexto dia da criação, Deus revelou sua perfeita vontade
ao cosmo. No Sexto dia, o Senhor criou a primeira família em que cada um tinha
um papel distinto e importante que servia ao bem-estar de todos.
É importante observar que o modelo divino original nunca
mudou (Mc.10.5-9). Se você está querendo saber como Deus quer que você aja,
quer homem quer mulher, então, vá para o Éden, pois lá Deus estabeleceu o papel
do homem e o papel da mulher. A entrada do pecado no mundo não mudou a vontade
revelada por Deus. Todavia, o pecado passa a ser um obstáculo para a prática da
Palavra do Senhor. Ou seja, você precisará lutar contra sua natureza pecaminosa
para conseguir cumprir a vontade de Deus, pois seu coração corrupto sempre se
mostrará indisposto até que tenha sido completamente transformado pelo Senhor
Jesus (1Co.15.50-58; 2Co.3.18). Logo, sua luta não é contra a pessoa a seu
lado, mas contra o coração dentro de você (Gl.5.16-17), como disse Deus a Caim:
“Se procederes bem, não é certo que serás
aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo
será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.” (Gn.4.7).
Em outra ocasião, o apóstolo Paulo faz alusão à relação
entre Cristo e a igreja, como exemplo a ser seguido pelo marido e sua esposa. Isso
ocorre porque Cristo é chamado de noivo da igreja, de modo que Ele a ama, cuida
e conduz, com graça e misericórdia. Assim, a igreja deve amá-lo e respeitá-lo
como a um esposo, sendo-lhe submissa e obediente em todas as coisas:
Efésios 5:22-33: As mulheres sejam submissas ao seu
próprio marido, como ao Senhor; 23
porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja,
sendo este mesmo o salvador do corpo. 24
Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em
tudo submissas ao seu marido. 25
Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se
entregou por ela, 26 para que
a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela
palavra, 27 para a apresentar
a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém
santa e sem defeito. 28 Assim
também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a
esposa a si mesmo se ama. 29
Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida,
como também Cristo o faz com a igreja; 30
porque somos membros do seu corpo. 31
Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se
tornarão os dois uma só carne. 32
Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja. 33 Não obstante, vós, cada um de
per si também ame a própria esposa como a si mesmo, e a esposa respeite ao
marido.
Esses textos (1Co.11.7-9; 1Tm.2.11-14; Ef.5.22-33) nos
remetem à vontade divina revelada na criação e à vontade divina revelada na
redenção (para a consumação), tendo em vista que Jesus receberá sua amada
noiva, a igreja, para viver com ela em plena alegria para sempre: “Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém,
que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu
esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de
Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus
mesmo estará com eles.” (Ap.21.2-3). Desse modo, todo modelo para o bom
viver do ser humano encontra-se na criação e redenção, a fim de que, por sua
graça, vivamos uma vida santa e feliz, agradáveis ao Criador, enquanto aguardamos
a volta do Senhor Jesus.
Portanto, a Escritura revela como era a relação social nos
dias em que o pecado não havia entrado na criação, quando os papéis do homem e
da mulher ainda estavam intactos. Também, revela a relação entre Cristo e
aqueles que foram regenerados para uma nova vida que culminará com a glória
eterna. E, assim, a Palavra de Deus aponta à sociedade caída qual o modelo a
ser seguido para que o homem e a mulher cumpram, cada qual, seu devido papel, a
fim de que satisfaçam a vontade de Deus e vivam em santa harmonia para o
bem-estar social.
Voltaremos, então, nossos olhos para os textos-bases
mencionados: Gênesis 2.15-25 (1Co.11.7-9; 1Tm.2.11-14) e Efésios 5.22-33. No
primeiro texto (Gn.2.15-25), temos a criação perfeita de Deus e sua vontade
revelada para as relações sociais. No segundo texto (Ef.5.22-33), encontramos a
redenção da relação entre o homem e a mulher por meio da redenção do
relacionamento entre Cristo e a igreja. Por fim, veremos que a Escritura aplica
os ensinamentos desses textos à vida cotidiana com respeito ao relacionamento
entre o homem e a mulher, de modo que cada um cumpra seu devido papel (Tt.2.1-6;
1Pe.3.1-7). Nosso desejo é mostrar que o ensino bíblico sobre a liderança
masculina e a submissão feminina é benéfico para ambos e necessário para a
constituição de uma sociedade saudável e forte. Vejamos, então, o primeiro
texto, precedido por Gênesis 1.26-27:
Gênesis 1:26-27: Também disse Deus: Façamos o homem à
nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do
mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e
sobre todos os répteis que rastejam pela terra.
27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o
criou; homem e mulher os criou.
Gênesis 2:15-25: Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e
o colocou no jardim do Éden para o
cultivar e o guardar. 16
E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás
livremente, 17 mas da árvore
do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela
comeres, certamente morrerás. 18
Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. 19 Havendo, pois, o SENHOR Deus
formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os
ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos
os seres viventes, esse seria o nome deles.
20 Deu nome o homem a todos os animais domésticos, às aves
dos céus e a todos os animais selváticos; para o homem, todavia, não se achava
uma auxiliadora que lhe fosse idônea. 21
Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu;
tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. 22 E a costela que o SENHOR Deus
tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. 23 E disse o homem: Esta, afinal,
é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do
varão foi tomada. 24 Por
isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só
carne. 25 Ora, um e outro, o
homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.
O primeiro texto (Gn.1.26-27) é fundamental, porque nele a
ontologia humana é válida para o homem e para a mulher. O homem não é melhor do
que a mulher nem a mulher melhor do que o homem. A dignidade deles encontra-se
em carregarem a imagem de Deus, de modo a serem capazes de interagir
perfeitamente com o Criador, refletindo sua glória, pois seus atributos
comunicáveis (amor, bondade, misericórdia, justiça sabedoria, santidade,
veracidade etc.) são encontrados tanto no homem quanto na mulher. Portanto,
qualquer tentativa de inferiorizar o homem ou a mulher revela-se ignorante ou
rebelde, pois Deus os fez essencialmente iguais.
Todavia, a igualdade ontológica entre o homem e a mulher não
significa igualdade funcional. Temos todos a mesma essência e possuímos os
mesmos atributos comunicáveis de Deus, mas não temos os mesmos papéis que devem
ser exercidos socialmente. Deus entregou para o homem e para a mulher
diferentes papéis, a fim de que na diversidade coloquem em prática os atributos
comunicáveis do Senhor. Portanto, é fundamental que haja contentamento da parte
tanto do homem quanto da mulher com respeito ao que Deus lhes confiou, pois os
papéis do homem e da mulher fazem parte dos atos criativos de Deus (Gn.2.15-25).
O contentamento deve estar presente em toda a vida do cristão, como disse o
apóstolo Paulo: “Em tudo, dai graças,
porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1Ts.5.18).
Em 1 Coríntios 12, o apóstolo Paulo faz uma importante
analogia entre os dons dados à igreja e as funções dos membros do corpo humano.
Cada parte de nosso corpo possui uma função, de forma que há uma co-dependência
entre os membros do corpo, pois, caso algum membro não cumpra seu papel, todo o
corpo sofrerá o dano. Portanto, todos os membros são importantes, todos são
necessários e o bem-estar do corpo depende do bom desempenho do papel de cada
um. Essa mesma analogia pode ser aplicada aos papéis do homem e da mulher, de
modo que as relações sociais, a começar pela família, também são codependentes.
E para que as relações sejam agradável a todos, é fundamental o contentamento
de cada um com aquilo que Deus lhe entregou como papel social.
O homem recebeu do Senhor a responsabilidade de cultivar e
guardar a criação (Gn.2.15), também protegendo-a das ameaças do pecado
(Gn.2.17). Por isso, Deus trouxe ao homem todos os animais, a fim de que Adão
desse o devido nome a cada um deles. O homem é posto por regente da criação:
cultivador, protetor e condutor de tudo o que Deus criara. Portanto, o homem
deveria trabalhar sobre a criação procurando desenvolvê-la; deveria protege-la
das possíveis ameaças que tentaria contaminar e destruir a criação (Gn.3.1); e,
deveria conduzir a criação à plena obediência a Deus, de modo que a Palavra de
Deus prevalecesse em toda a terra.
Esses são os papéis do homem diante de Deus e da sociedade,
não somente no Éden, mas ainda nos dias de hoje. Portanto, cabe ao homem a
maior responsabilidade e este deve assumir seu dever. Você, homem, deve aceitar
como missão dada por Deus, o cultivar, o proteger e o conduzir todas as coisas,
a começar pela família. Cabe a você, homem, trabalhar tanto para o sustento de
seu lar quanto para o desenvolvimento da sociedade; cabe a você proteger sua
família das muitas ameaças não somente físicas como, também, morais e
espirituais; cabe a você lutar contra todo mal que tenta destruir a sociedade
invertendo os valores, e solapando a família; cabe a você conduzir a família, a
igreja e demais pessoas da sociedade para Cristo, através do fiel ensino da
Palavra de Deus, por meio da qual o homem tem seu relacionamento com Deus
restaurado. Tudo isso, cabe a você, homem, e não pode ser transferido para a
mulher em hipótese alguma.
Para isso, você, homem, precisa assumir sua masculinidade,
deixando de lado toda preguiça, comodismo, indisposição, má vontade, egoísmo,
interesse próprio, rebeldia, frouxidão e indiferença, pois o Senhor lhe pedirá
contas daquilo que confiou às suas mãos para ser feito. Então, assuma seus
papéis como responsável pela criação de Deus e busque no Senhor o auxílio e
capacitação necessários para o bom desempenho de seus papéis, pois ainda que
Deus tenha lhe confiado tais papéis, Ele não desampara aqueles que querem ser
fiéis à sua vontade. Portanto, cumpra sua missão em oração, em humilde
disposição para servir fielmente, em dedicação dependente da graça divina,
reconhecendo que “dEle, por meio dEle e
para Ele são todas as coisas” (Rm.11.36).
Não cabe ao cristão a caricatura de um homem preguiçoso ou
desengonçado que não faz nada em casa ou que é incapaz de conduzir uma família.
Essas caricaturas feministas mostram o estado deplorável a que foram sujeitos
os homens por causa do pecado. Mas, Cristo é o restaurador do homem e pode
fazê-lo fiel aos papeis designados por Deus. Encontramos tal restauração no
texto de Efésios 5.22-33, citado anteriormente. Neste texto, Cristo é o exemplo
da varonilidade perfeita, modelo para todo aquele que fora restaurado por meio
da regeneração operada através da Palavra de Deus e do Espírito Santo
(Ez.36.26-27; Jo.3.3-8; Gl.2.20). Nele, o homem é o cabeça da mulher que deve
ser amada, cuidada, protegida e conduzida para que não tenha rugas, nem mácula,
antes seja santa e sem defeito. Para isso, o homem deve estar disposto a dar a
própria vida à semelhança de Cristo, assumindo de tal modo sua responsabilidade
que esteja disposto a dar a vida para cumprir sua missão.
Portanto, o varão de Efésios 5.22-33 é valente, responsável
e fiel a Deus, pois coloca sua missão acima de sua própria vida, pois antes
importa obedecer a Deus (1Sm.15.22; At.5.29). Nesse varão podemos ver os
atributos comunicáveis de Deus tais como o amor abnegado. Por este amor, o
homem é capaz de dar a própria vida por aquela que está sob seus cuidados.
Nele, encontramos a misericórdia capaz de perdoar os muitos pecados daqueles
que estão sob sua responsabilidade, quer esposa quer filhos, sejam funcionários
sejam ovelhas. Assim, por meio desse varão, pessoas são conduzidas à glória de
Deus que se revela na prática de seus atributos.
Para cumprir sua missão, o homem precisará deixar de pensar
em si mesmo para buscar o interesse daqueles que estão sob seus cuidados. Isso
não significa fazer todas as vontades da esposa, filhos, membros da igreja,
funcionários etc., mas fazer aquilo que for melhor para eles, mesmo contra o
gosto deles. O pai chegará cansado em casa, mas não deixará de ler a Bíblia
para seus filhos, mesmo que eles não queiram. Acordará mais cedo aos domingos
para levar a família até a Escola Bíblica Dominical mesmo quando a vontade de
todos, inclusive a própria vontade, for ficar dormindo até tarde, pois sabe
quão importante é aprender a Palavra de Deus. Assim, o homem deverá ser “forte e corajoso” sem se desviar “nem para a direita nem para a esquerda”,
sem cessar “de falar deste livro da lei”,
sabendo que “o SENHOR, teu Deus, é
contigo por onde quer que andares” (Js.1.6-9).
Logo, pesa sobre o homem uma grande responsabilidade. Quando
feministas dizem que a vida da mulher é mais difícil ou que a vida da mulher é
sofrida ou que possui mais responsabilidade, entre outras expressões
semelhantes, elas, na verdade, estão usurpando o papel dado ao homem, a fim de
receberem toda a glória. A verdade é que ao homem foi confiada a criação e que
sua responsabilidade é cultivar, guardar e conduzir todas as coisas, incluindo
a mulher que lhe deve submissão como fiel auxiliadora. Assim, ao mesmo tempo em
que pesa sobre o homem a responsabilidade de cuidar de tudo, também é verdade
dizer que ele não deve fazer isso sozinho, pois Deus lhe deu uma ajudadora que
deverá estar sempre a seu lado, tornando sua missão mais agradável e menos
cansativa.
O papel da mulher é anunciado por Deus antes mesmo de
cria-la, ao chama-la de: auxiliadora. Devemos dar uma atenção especial ao
termo, pois ele indica alguns papéis. O primeiro deles é ajudar o homem no
exercício de todas as tarefas que lhe foram confiadas. Portanto, a mulher deve
estar presente na vida do homem em seu dia a dia de modo que este possa contar
com sua ajudadora em todas as suas responsabilidades. Em sua responsabilidade
de gerar filhos para Deus, ele encontra a esposa que terá satisfação em
compartilhar o prazer e dar à luz filhos para a glória do Senhor. Em sua
responsabilidade de ser pai, ele encontra a mãe que deve ajuda-lo a cuidar,
guardar e educar os filhos, conduzindo-os a Cristo. Em sua responsabilidade de
trabalhar, ele encontra uma parceira disposta a ajudar no sustento do lar ou no
cuidado com a casa, trabalhando para o bem da própria família. Em sua
responsabilidade de cuidar dos necessitados, o homem encontra uma mulher
altruísta, dedicada no cuidado para com o próximo. Em sua responsabilidade de
servir a Deus, o cristão encontra uma mulher temente ao Senhor, que tem prazer
na Palavra de Deus, que ora e adora o Senhor, dedicando-se à obra de Cristo
Jesus. Em sua responsabilidade de governar a família, a igreja e a sociedade, o
homem encontra uma mulher submissa, pronta para obedecer e ser conduzida, que se
sente satisfeita em ser cuidada, pastoreada e guiada em Cristo.
O segundo papel indicado pelo termo: auxiliadora, é a
submissão que Deus requer da mulher em relação ao homem. A mulher foi feita
para ser cuidada, apascentada, amada, protegida e ensinada. Mas, para que isso
possa ocorrer, é necessário que a mulher seja submissa, pois caso contrário,
tentará dividir a liderança da casa, da igreja e da sociedade, criando um cabo
de força de mulheres contra homens. Desse modo, em vez de facilitar o trabalho
masculino, a mulher o torna mais difícil, tornando-se um empecilho para o bom
exercício da missão confiada ao homem. Por isso, o livro de Provérbios diz que
“a mulher sábia edifica a sua casa, mas a
insensata, com as próprias mãos, a derriba” (Pv.14.1), obrigando o homem a
guerrear contra a própria auxiliadora, osso de seus ossos e carne de sua carne
(Gn.2.23).
O que torna o papel da mulher difícil é a indisposição do
próprio coração que luta contra a vontade de Deus: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente
corrupto; quem o conhecerá?” (Jr.17.9). Deus já havia alertado Caim quanto
a necessidade de lutar contra os maus desejos do coração (Gn.4.7) e Jeremias relembra
os perigos de deixar o coração guiar a vida tanto do homem quanto da mulher. Portanto,
a mulher deve estar atenta à necessidade de lutar contra a rebeldia natural do
coração pecador. Ou seja, viver uma vida de submissão tanto a Deus quanto ao
homem é um exercício espiritual e carece da ajuda do Senhor Jesus que pela
Palavra de Deus e por meio do Espírito Santo pode capacitar a mulher a ter
prazer em obedecer.
Então, não se engane! A má vontade para ser submissa é uma
indisposição do coração pecador. E para vencer, você, mulher, deverá levar a
luta contra o pecado a sério (Hb.12.4). O orgulho do coração rebelde facilmente
se mostrará hostil a toda submissão, denominando-a de humilhação, pois ignora
que todo o povo de Deus deve ser submisso ao Senhor Jesus que mostrou seu tão
grande amor dando a vida pela igreja (Rm.5.8). O que é uma bênção do Senhor:
ser cuidada, apascentada, amada, protegida e ensinada será interpretado pelo
coração pecador como um sinal de inferioridade, de forma que a beleza da
fragilidade feminina ganha uma caricatura grotesca de uma mulher sem valor.
Caso a mulher não lute contra a indisposição do coração, o pecado ganhará força
substituindo a beleza da feminilidade criada por Deus por uma mulher vulgar com
traços masculinos, agindo como animal irracional, enganosamente se autodenominando
de autossuficiente e poderosa.
Não devemos subestimar a luta contra o coração indisposto a
fazer a vontade de Deus. Não vivemos em um paraíso nem recebemos ainda um corpo
incorruptível (1Co.15.50-58). Assim como o homem deve lutar contra a irresponsabilidade,
a mulher deve lutar contra a insubmissão. Diariamente, ambos deverão sondar o
coração e pedir graça e força a Deus para vencer as inclinações da carne,
vivendo pelo Espírito do Senhor. Nessa luta contra o pecado, a família é
abençoada pelo cuidado de um homem responsável e pela beleza de uma mulher
amável, ajudadora e submissa que tem prazer em ser apascentada por seu marido.
Quando cada um cumpre seu papel, toda a família é abençoada. E famílias
saudáveis compõe igrejas saudáveis e sociedades saudáveis, pois, para todas as
esferas, o homem foi posto por cabeça e a mulher por sua auxiliadora.
Todavia, não devemos ignorar o fato de que nem o homem nem a
mulher encontrarão no outro uma pessoa perfeita que cumpre cabalmente seus
papéis. Não devemos ser iludidos pelos contos de fadas, pois não existe um
príncipe e uma princesa perfeitos. Meu próximo é sempre um pecador, quer seja
um filho(a) quer seja um cônjuge. No dia a dia, nos depararemos com os defeitos
do outro, de modo que somos desafiados a ser pacientes e perseverantes no
propósito de fazer a vontade do Senhor, confiando a Deus tanto a vida pessoal
quanto familiar. Ou seja, quando o homem não for responsável no cumprimento de
seus papéis, a mulher deverá orar por sua família e perseverar com paciência no
exercício de seus papéis sem usurpar a missão dada ao homem nem lutar contra
aquele que Deus lhe deu por cabeça. De modo semelhante, quando a mulher não for
submissa e fiel em auxiliar o homem, este deverá orar por sua família e
perseverar pacientemente no exercício de suas responsabilidades, sabendo que
seus papéis foram estabelecidos por Deus e devem ser bem desenvolvidos para a
glória de Deus.
Essa é a vontade do Senhor para todas as gerações, a fim de
que seu nome seja glorificado em todo tempo em meio à sociedade. Encontramos no
Novo Testamento algumas aplicações de tais princípios ordenados por Deus.
Gostaríamos de mencionar dois deles: Tito 2.1-6 e 1 Pedro 3.1-7:
Tito 2:1-6: Tu, porém, fala o que convém à sã
doutrina. 2 Quanto aos homens
idosos, que sejam temperantes, respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e
na constância. 3 Quanto às
mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não
caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, 4 a fim de instruírem as jovens
recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, 5 a serem sensatas, honestas, boas
donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não
seja difamada. 6 Quanto aos
moços, de igual modo, exorta-os para que, em todas as coisas, sejam
criteriosos.
1 Pedro 3:1-7: Mulheres, sede vós, igualmente,
submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra,
seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, 2 ao observar o vosso honesto
comportamento cheio de temor. 3
Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços
de ouro, aparato de vestuário; 4
seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um
espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus. 5 Pois foi assim também que a si
mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando
submissas a seu próprio marido, 6
como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos
tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma. 7 Maridos, vós, igualmente, vivei
a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa
mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente,
herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas
orações.
Ambos os textos são bastante práticos para o dia a dia. Paulo
e Pedro estão preocupados com a vida familiar, a partir da qual a sociedade
também pode ser reconstruída. Para isso, a sã doutrina precisa ser posta em
prática tanto por homens quanto por mulheres, quer por adultos quer por jovens.
Em Tito, os mais velhos, quer homens quer mulheres, devem ser exemplos para os
mais novos, de modo que não somente os homens, mas, também, as mulheres ensinem
a prática do bem, inclusive com respeito à sujeição ao marido. Em Pedro, o
comportamento das mulheres podem ser instrumento para testemunhar a beleza da
nova vida em Jesus, atraindo o marido para Cristo. Em ambos os textos, a
submissão feminina é importante e agradável a Deus, posta em paralelo com
outros importantes comportamentos (“sensatas,
honestas, boas donas de casa, bondosas”) próprios de mulheres tementes a
Deus.
Em cumprir os devidos papéis dado por Deus ao homem e à
mulher, Deus é glorificado, pois a vida cristã está fundamentada em Cristo.
Mas, quando homens não são responsáveis no exercício da liderança nem as
mulheres são fiéis no auxílio e na submissão, Paulo diz que a Palavra de Deus é
difamada (Tt.2.5). Desse modo, nossas atitudes atingem Deus, tanto
entristecendo o Espírito Santo (Ef.4.30) quanto atraindo a ira do Senhor que
zela por seu Santo Nome (Hb.10.26-31). Portanto, o cumprimento dos respectivos
papéis deve ocorrer por amor a Deus em primeiro lugar. Depois, por consciência
de que a vontade de Deus é “boa,
agradável e perfeita” (Rm.12.2), na certeza de que a prática do mandamento
do Senhor proporcionará uma vida familiar e social “tranquila e mansa, com toda a piedade e respeito” (1Tm.2.2).
Quando o homem cumpre seu papel assumindo a liderança da família,
da igreja e da sociedade, a mulher descansa em seus cuidados, proteção e
direção. Ela não precisa se preocupar com aquilo que o homem está cuidando para
o bem-estar dela. Ela não se sentirá sozinha ou desprotegida, porque o homem
está continuamente cercando-a e protegendo-a. Ela não ficará perdida, pois o homem
estará sempre à sua frente para guia-la pelo caminho em que deve andar, de modo
que a mulher possa viver tranquilamente usufruindo o melhor da vida com
segurança. Sua saúde físico-mental decorrerá da certeza de que o homem é um
lugar de descanso para que possa repousar segura, confiando no Criador que
capacita aquele a quem Ele responsabilizou pelo cuidado de toda a criação.
De modo semelhante, quando a mulher assume seu papel de
auxiliar o homem e ser-lhe submissa, o trabalho do homem torna-se mais leve,
pois sempre tem alguém a seu lado para ajuda-lo quando necessário. Nas lutas da
vida, ele encontra conforto nas palavras sábias de uma auxiliadora fiel. Na
fraqueza e desânimo ele encontra motivação nas palavras e atitudes de uma auxiliadora
sábia pronta para o encorajar. Ao tomar decisões importantes, o homem encontra
numa mulher submissa o apoio necessário para não desistir de suas decisões
conduzindo a família pelo melhor caminho. Sua submissão, então, se expressa em
atitude de apoio e motivação, não apenas em concordância passiva obrigatória. Desse
modo, o papel do homem torna-se mais agradável à sua vista e mais produtivo para
todos.
Diante de tudo isso, cabe a você buscar em Deus todo auxílio
necessário para que cumpra a vontade revelada por Deus para o homem e para a
mulher. Para isso, você precisará negar a si mesmo como bom discípulo de Jesus
(Mt.16.24) que para fazer a vontade de Deus negou a si mesmo dizendo: “não seja como eu quero, e sim como tu queres”
(Mt.26.39). Somente assim, o orgulho será vencido dando lugar ao prazer de
fazer a vontade de Deus, sendo bênção para o próximo, tanto em casa quanto na
igreja e demais esferas da sociedade.
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