“Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt.4.17)
Sem floreios, sem meias palavras,
sem receio das reações, Paulo afirma em sua carta: “Não há justo, nem um sequer” (Rm.3.10). O apóstolo nos revela o
olhar de Deus para a humanidade, não apenas o olhar de um pecador que contempla
sua própria imagem em um espelho. Essas palavras entram no coração como afiada
espada de dois gumes, dilacerando todo orgulho e vaidade do homem que se vê com
alta autoestima.
Em um só momento, todos os
conceitos que o pecador tem sobre si são desfeitos e até aquilo que parece ser
bom é reputado a nada. O que fazer, agora, que descobriu seus muitos pecados,
por meio da pregação da Palavra de Deus? Deveria desistir da vida? Ou, ignorar
a Verdade divina revelada sobre sua natureza pecadora? O que fazer agora?
Mesmo que essas perguntas nunca
ecoem da boca, elas serão feitas no coração. O que fazer após lhe ser revelada
a natureza pecadora? A resposta que brota do coração distingue os homens diante
de Cristo, dividindo-os inevitavelmente, pois enquanto alguns herdarão a vida
eterna muitos outros desprezarão a graça redentora.
O que fazer agora que sabe que é um
pecador? O que fazer depois que lhe revelaram a miséria de sua alma, a maldade
de seu coração, a vaidade de suas obras, os pecados de seus pensamentos? Odiar
o pregador por ter lhe contado a Verdade não mudará sua condição, apenas
confirmará quão mau é seu coração. O que fazer agora?
É diante desse dilema que Deus
revela a solução, “porque não tenho
prazer na morte de ninguém, diz o SENHOR Deus. Portanto, convertei-vos e vivei”
(Ez.18.32). Da mesma forma como Deus revela a miséria da alma humana, Ele
aponta a graça divina da redenção por meio do sacrifício de seu Filho
unigênito, Cristo Jesus, que se entregou a si mesmo para pagar os pecados do
homem.
Portanto, a mensagem divina tanto
acusa o homem por seus pecados quanto lhe revela a redenção por Cristo Jesus.
Dessa forma, o pecador humilhado, ao ter seus mais íntimos pensamentos e
sentimentos pecaminosos expostos diante da santidade de Deus, encontra a destra
do Senhor Jesus estendida em sua direção, oferecendo-lhe uma nova vida
justificada para a santificação.
O que fazer agora? Caim recebeu
semelhante proposta do Senhor quando lhe foi revelado o pecado de seu coração
(Gn.4.4-7). Caim recebeu o chamado ao perdão e mudança de vida (Gn.4.7), mas os
rejeitou, odiando a revelação de seu pecado e desprezando a graça divina da
redenção, preferindo matar seu irmão a ter que arrepender-se de seus pecados da
mente e coração.
Como Caim, a maioria dos homens
odeia ter seus pecados revelados. Eles querem mentir sem que sejam chamados de
mentirosos; eles querem orgulhar-se de si mesmos sem que sejam chamados de orgulhosos;
eles querem matar sem que sejam chamados de assassinos; eles querem maldizer
sem que sejam chamados de maledicentes; eles querem rebelar-se sem que sejam
chamados de insubordinados; eles querem roubar sem que sejam chamados de
desonestos e ladrões.
Por isso, quanto mais a Palavra
pregada revela seus pecados mais eles odeiam a Deus, à Escritura e ao pregador.
Essa é uma das reações, silenciosa ou barulhenta, do coração pecador quando se
depara com a revelação de seus pecados, mesmo diante do chamado divino que lhe
apresenta o gracioso perdão por meio da confiança na obra redentora de Jesus
Cristo.
Mas, nem todos reagem assim. A
Escritura também revela a reação de homens quebrantados pelo Espírito de Deus,
como Davi. Ele havia adulterado com a mulher (Bate-Seba) de seu soldado, Urias
(2Sm.11). Diante disso, o profeta Natã procurou o rei, a fim de revelar-lhe o
pecado cometido diante de Deus e lhe declarou o iminente castigo divino. Natã
foi enviado por Deus tanto para acusá-lo quanto para apresentar-lhe o gracioso
perdão divino (2Sm.12.1-15).
Davi era rei de Israel e tinha
autoridade para mandar matar qualquer homem. Mas, diante da revelação de seu
pecado, ele prostrou-se perante a face de Deus em profundo arrependimento e
chorou na presença do Senhor, reconhecendo seu pecado e rogando-lhe o perdão
(Sl.51): “Compadece-te de mim, ó Deus,
segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga
as minhas transgressões” (Sl.51.1).
O coração de Davi foi dilacerado ao
ouvir a Palavra de Deus, mas encontrou na graça divina o alento necessário para
recobrar o ânimo, a fim de encontrar perdão e santificação na obra redentora do
Senhor. Davi se humilhou diante do Senhor na esperança de que o próprio Deus o
erguesse de seu estado de miséria para uma nova vida desfrutada em santidade.
Seu arrependimento foi sincero e pode ser visto em todas as reações de Davi:
confissão do pecado, restituição do dano e mudança de comportamento (2Sm.12.24;
16.10; 1Rs.1.1-4; 1.28-31).
O que fazer quando Deus revela
nossos pecados? Arrependa-se verdadeiramente, confie na justiça de Cristo e
busque no Senhor a graça necessária para que sua vida seja mudada para a glória
de Deus. Diante disso, o Senhor lhe dará perdão e capacidade para viver uma
nova vida pelo poder do Espírito e da Palavra, e todos verão que “onde abundou o pecado, superabundou a graça”
do Senhor Jesus Cristo (Rm.5.20).
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