É tão comum
encontrarmos problemas dentro das igrejas que o número de desigrejados tem
crescido bastante. Ou seja, há tantos problemas causados pelos membros das mais
diversas denominações que alguns deles, procurando fugir de tais problemas, se
afastam definitivamente da comunhão dos santos, na tentativa de viver um
cristianismo solitário. Outros saem da igreja local levados por uma espécie de síndrome
de superioridade, pois consideram-se superiores aos demais irmãos que julgam
estarem sempre errados. Portanto, o descuido dos cristãos no exercício de uma
vida piedosa bem firmada em Jesus tem gerado diversos problemas tanto para a
comunhão no seio da igreja quanto para o avanço do Reino de Deus. Melindre,
maldade, maledicência, carnalidade e egocentrismo tem gerado contendas
internas, disputas eclesiásticas, empecilhos na evangelização, além de expor um
mau testemunho perante o mundo que tem encontrado diversos motivos para falar
mal da igreja de Cristo, em nossos dias.
Contudo, por piores
que sejam os problemas, a Escritura nos diz que eles também podem cumprir o bom
propósito de auxiliar a revelar quem são os fiéis tanto com respeito à teologia
quanto em relação a sua prática. A igreja de Coríntios possuía muitos
problemas, principalmente de ordem moral, mas, diante de alguns desses
problemas, o apóstolo Paulo disse: “Porque até mesmo importa que haja partidos
entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso meio”
(1Co.11.19). Ou seja, muitos problemas ajudarão a igreja a ver quem são os
fiéis que não abandonam a fé por causa de dificuldades nem negam Cristo por
causa da pressão das pessoas nem trocam Jesus por causa da sedução do mundo nem
se rebelam diante da disciplina do Senhor nem tentam prejudicar a obra de
Cristo quando são desagradados etc.
Mesmo assim, não devemos
almejar que a igreja de Jesus viva em constante conflito e deficiência. Ver o
povo de Deus andando fielmente e alegremente com o Senhor é algo bom, pois
demonstra maturidade na fé, amor fundamentado na Verdade e firmeza na esperança
da glória a ser revelada dos céus (1Ts.1.3). Por essa razão, Paulo combateu
diversos pecados e problemas através do fiel ensino da Palavra de Deus, de
forma que, em todas as suas cartas, encontramos o apóstolo conduzindo os
cristãos a Cristo, a fim de que, olhando para o Senhor e Salvador, pudessem
viver uma vida cristã autêntica em que fosse “Cristo engrandecido” “quer pela
vida, quer pela morte” (Fp.1.20).
Qual, então, a
solução do Senhor para que a igreja viva uma vida plena? A resposta é Cristo!
Na ocasião em que escreveu a carta aos filipenses, Paulo estava preso.
Portanto, o apóstolo tinha um problema que tanto poderia entristece-lo quanto
poderia dificultar o avanço do evangelho. Então, olhando para Cristo, Paulo motiva
a igreja a alegrar-se em Jesus, viver de modo digno do Senhor e descansar o
coração naquele que a salvou. Toda a carta aponta para Cristo, tanto como
fundamento da fé quanto como exemplo de vida que deve ser seguido por todos.
Tudo gira em torno de Cristo, pois somente nEle os filipenses poderiam dar
graças a Deus mesmo diante das dificuldades (Fp.1.3-11); conseguiriam ver que
as cadeias não impediam a pregação da Palavra de Deus (Fp.1.12-26); seriam
capazes de lutar juntos pela fé que lhes fora entregue, esvaziando-se de si
mesmos (Fp.1.27-2.18); teriam forças para buscar aquilo que é de Cristo, não
apenas o que é próprio (Fp.2.19-30); resistiriam aos falsos profetas por meio
da plena convicção da Verdade que lhes fora ensinada fielmente (Fp.3.2-21);
superariam as diferenças e a ansiedade, a fim de terem apenas o que é puro e
verdadeiro na mente e no coração (Fp.4.2-9); e, venceriam, com firmeza, todos
os obstáculos da vida, a fim de não desistirem jamais da caminhada cristã
(Fp.4.10-20).
É preciso olhar
para Cristo! Dificilmente os problemas criados pelos cristãos não estão
relacionados à deficiência no olhar para Cristo. Uns não compreendem Cristo,
pois não se esforçam por entendê-lo; outros não olham atentamente para Cristo, como
deveriam, mostrando-se incapazes de imitá-lo em tudo; há quem olhe mais para si
mesmo, ou para outras pessoas, do que para Cristo, alimentando uma espécie de
egocentrismo ou idolatria; e, há quem desvie os olhos de Cristo, deixando-se
levar por seduções desse mundo que “jaz no maligno” (1Jo.5.19). Sempre
contemplamos algo, pois, para isso, Deus nos deu olhos. Portanto, se não
estivermos com os olhos fitos no Senhor Jesus, estaremos atentos ao mundo que
está ao nosso redor. E já que o ser humano costuma aprender por mimetismo, ou
seja, imitando, então nos tornamos parecidos com aquilo que tanto contemplamos
seja bom seja ruim, quer Cristo quer o maligno.
Olhe para Cristo!
Veja como Jesus pregou para as multidões e como ensinou seus discípulos
preparando-os para transmitir o Evangelho ao mundo. Jesus não abriu mão da
Verdade, pois veio cumpri-la (Mt.5.17-48) e mesmo diante da indisposição das
pessoas não deixou de ensinar somente a Verdade (Jo.6.22-71). Jesus não se
intimidou diante dos adversários que tentavam prendê-lo (Mt.23.1-39) nem atraiu
pessoas por meio de carisma, mas por intermédio da pregação do Evangelho
(Mc.1.38). Jesus falava abertamente e era sincero com todos, mesmo quando a
Verdade machucava o coração orgulhoso do ser humano. O falar de Cristo era
manso e suave para com os quebrantados e arrependidos (Mt.11.28-29), mas firme
e duro ao se dirigir para os hipócritas e enganadores (Mt.23), pois tanto
recebia com amor aqueles que queriam ser transformados pelo poder da Palavra de
Deus quanto lutava contra todos que desviavam o povo de Deus dos santos
caminhos do Senhor.
Olhe para Cristo! Contemple
o viver de Cristo que andou humildemente entre os pecadores, pois “se esvaziou,
assumindo a forma de servo” (Fp.2.7), servindo sua geração com graça e amor,
dizendo: “sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar
os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz,
façais vós também” (Jo.13.14-15). Observe o sacrifício de Jesus por meio do
qual todo aquele que nEle crê recebe a vida eterna (Jo.3.16) e imite-o
entregando, totalmente, sua vida ao Senhor para que outras pessoas possam ser
abençoadas por meio de seu falar e agir, não vivendo mais para si, mas para
aquele que por nós morreu. Veja o grande amor de Cristo pelo Pai a quem dedicou
sua vida para fazer exatamente a vontade do Senhor. Portanto, olhe para aquele que
tanto é poderoso para salvar quanto para nos fazer frutíferos, por meio de seu
Espírito e Palavra que nos foram dados graciosamente.
Para que seu olhar
esteja direcionado a Cristo, você precisará “negar a si mesmo” (Mt.16.24),
deixando, assim, de contemplar a própria vida. Em si mesmo, você encontrará
fraquezas e pecados que o afastarão do Senhor e o desmotivarão durante a
caminhada cristã. Porém, em Cristo, você encontrará força e santidade que tanto
o confortarão diante das adversidades quanto o motivarão a continuar lutando
pelo Senhor, na certeza de que Deus está presente para capacitá-lo a ser fiel e
abundante na obra, “sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1
Co.15.58).
Olhando para Jesus,
não há como desistir nem desanimar, pois nEle sempre encontraremos poder para
vencer as tentações, resistir ao inimigo, superar as tribulações. Olhando para
Jesus, lutamos por algo superior ao que pode ser oferecido nesse mundo, pois
lutamos por uma pátria celestial que do céu será manifesta para aqueles que
perseverarem até o fim. Olhando para Jesus, temos uma verdadeira compreensão
sobre a igreja, pois entendemos tanto sua glória quanto suas fraquezas, tendo
em vista que ela já desfruta do Reino de Deus, mas ainda não em sua plenitude.
Somente por meio de um firme e constante olhar para Cristo, cada cristão saberá
lidar com as fraquezas e os defeitos dos irmãos, bem como tratar as próprias
lutas travadas no coração; saberá viver de modo digno do Senhor para que Deus
seja glorificado na humildade, na santidade, na pureza, na bondade, na
submissão, na fidelidade, na paciência, na compaixão, na justiça e na
integridade presente em todos os relacionamentos de um povo que existe por
Cristo e para Cristo. Portanto, olhe para Jesus e não desvie seu olhar dEle,
sabendo que somente Cristo pode sustentar você até o fim, preservando-o para o
dia de seu glorioso retorno.
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