Pensavam que nunca chegaria o momento. Tudo parecia tão
calmo e sereno que até os mais valentes se deixaram levar pela brisa suave
desses dias tranquilos. Homens e mulheres, adultos e jovens; soldados de um numeroso
exército descansava em seu arraial fronteiro ao império das trevas. Porém, ao raiar
do sol, nas primeiras horas de um dia qualquer de primavera, algo inesperado
acontece: o inimigo subestimado inicia seu ataque surpresa contra o grande, mas
inapto, exército. Despreparados, sem fardamento nem armamento, os soldados
correm de um lado para o outro confusos e vulneráveis, pois poucos estavam
vigilantes para aquele dia.
Um pelotão inimigo chamado tentação inicia a empreitada, avançando
contra os soldados mais jovens. Milhares de flechas são atiradas para o céu em
direção à juventude, a fim de eliminar a força juvenil que se encontrava
perdida em meio ao campo de batalha. Não seria difícil resistir ao ataque do
pelotão tentação, mas poucos soldados jovens estavam munidos de seu escudo da
fé. Sem defesa, centenas de jovens vão ao chão atingidos pelas flechas sujas e
afiadas, pontiagudas e precisas. O chão é manchado pelo sangue que escorre do
coração dos jovens atingidos pelas flechas da tentação. Não poucos caem mortos
e muitos feridos precisam ser recolhidos com urgência para não perecerem com os
demais.
Apesar do massacre inicial, alguns jovens se mantêm firmes
no campo de batalha, resistindo às setas malignas por meio do escudo da fé enquanto
avançam com determinação tendo nas mãos a espada do Espírito desembainhada. Todavia,
o ataque inimigo não se encerrou. Outras tropas inimigas aparecem por detrás
lançando, com suas catapultas, grandes pedras de intrigas, rixas, inimizades,
porfias e maledicências, a fim de dividir famílias e igrejas, homens e mulheres,
enfraquecendo, assim, o exército do Senhor. Por causa do despreparo, muito são
atingidos e outros abandonados, irmãos se voltam contra irmãos, e maior é o
número de mortos pela espada de seu semelhante do que os feridos pelas armas
inimigas. A guerra parece estar perdida para o povo de Deus.
Ainda no campo de batalha outra multidão confusa não sabe o
que fazer nem tem forças para lutar. Sem saber manusear a espada do Espírito
que é a Palavra de Deus, os pobres recrutas e veteranos não são capazes de
vencer batalhas pessoais contra os inimigos; e, enfraquecidos pela falta de uma
vida de oração se deixam levar por todos os enganos e mentiras dos adversários
que andam em derredor “como leão que ruge procurando alguém para devorar”
(1Pe.5.8). Inevitavelmente, fracos e despreparados sucumbem diante dos inimigos,
mostrando que o elevado número de soldados não equivalia à real quantidade de
valentes prontos para vencer batalhas pelo Senhor.
Um número significativo de soldados cai e, semelhante à
narrativa sobre Gideão (Jz.7), restam apenas uns poucos heróis da fé. Todavia,
o pequeno número não deve ser subestimado, pois esses valentes possuem a
armadura de Deus (Ef.6.10-18), porque guardaram firme na mente e no coração a Palavra
do Senhor, bem firmados nas promessas divinas. Então, cheios do Espírito do
Senhor, com a espada do Espírito em uma mão e o escudo da fé na outra, jovens e
adultos, homens e mulheres avançam, certos de que as “portas do inferno não
prevalecerão” (Mt.6.18). Eles não temem gigantes ateus nem monstros mentirosos,
não se dobram diante de dominadores nem demônios imundos. Dispostos a dar a
vida pelo Rei dos reis e Senhor dos senhores, eles avançam cautelosamente para
não caírem nas lamas imorais deixadas como armadilhas pelos adversários.
Contudo, tais soldados não são invulneráveis nem perfeitos e
no final de cada dia precisam voltar ao arraial, a fim de serem limpos de toda
sujeira que se lhes apegou ao corpo, curados de todos os ferimentos feitos
pelos inimigos, fortalecidos com o bom alimento provindo da Palavra divina e revigorados
descansando nos braços do Deus eterno “que trabalha para aquele que nele espera”
(Is.64.4). No arraial, os valentes do Senhor encontrarão mestres enviados por
Cristo para assistirem aos santos valentes de Deus, preparando-os para que tenham
um bom desempenho na batalha.
Nossa narrativa pode parecer uma simples ficção, mas diz
respeito ao dia a dia da igreja espalhada pelo mundo. Nossos jovens têm caído
no campo de batalha, famílias são destruídas pelos adversários, igrejas são
divididas por aqueles que se infiltram sorrateiramente no meio do povo de Deus,
fingindo ser cristãos. Mesmo assim, muitos ignoram os acontecimentos e seguem
como se nada estivesse acontecendo. Líderes continuam preocupados com o
enchimento de denominações como meros clube de pecadores, contentando-se,
assim, com as aparências e o fato de poderem dominar sobre o ignorante e fraco
povo.
A igreja, então, precisa de constante oração. Ela necessita
de pastores que pastoreiem a igreja conforme o coração de Deus, conscientizando-a
que "a vida não é um piquenique, mas uma guerra" (Dr. Ligon Duncan) em que o Reino de Deus avança
contra o império das trevas para libertar as ovelhas de Jesus. Jovens precisam
ser preparados para lutar o bom combate do Senhor; adultos necessitam ser conscientizados
sobre a importância de cuidarem dos mais jovens por meio do bom ensino e testemunho;
homens precisam ser preparados para liderarem a família e a igreja por meio da
Palavra do Senhor; e, mulheres devem ser amadurecidas para auxiliarem na luta
contra todo mal sendo fiéis e amáveis companheiras nos dias bons e maus.
Você está pronto para a batalha? Então, ore pela igreja e
ajude os demais irmãos a se prepararem também.
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