Pages

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Cristo, Salmos e você - SALMO 5

Dá ouvidos, SENHOR, às minhas palavras e acode ao meu gemido” (Sl.5.1)

As pessoas costumam orar com mais ardor quando precisam de ajuda. Mesmo aquelas que não fazem da oração um hábito diário são propícias a inclinar-se em orações e jejuns, clamando nas horas de aflição. Isso ocorre porque muitos problemas fogem ao suposto controle humano, e, na necessidade de uma cura, uma solução financeira, um alento para o coração etc., vale todas as tentativas, dentre as quais se encontram o clamar a Deus. Portanto, nem sempre a devoção é o resultado de um coração cheio do Espírito de Deus, pois muitos a praticam com um único propósito: resolver o problema que incomoda tanto. E você já pensou na razão e propósito pelos quais ora e jejua ao Senhor?
Durante o cativeiro de Judá, o povo adotou uma série de Jejuns que foram praticados durante mais de setenta anos (Zc.7.5; 8.19). Tendo acabado o cativeiro, um grupo de homens se dirige ao Senhor para perguntar até quando deveriam praticar aquele jejum, afinal o contexto dos judeus havia mudado. Então, veio a Palavra do Senhor ao profeta Zacarias, confrontando a causa e propósito daqueles rituais (Zc.7.1-7): Vocês fazem tudo isso por minha causa e para minha glória? Na verdade, vocês não fazem jejuns por si mesmos? Toda aquela devoção dedicada por mais de setenta anos servia apenas ao propósito de atender às próprias necessidades do povo, pois não buscavam ao Senhor com o fim de glorificá-lo e amá-lo. Deus não queria jejuns e rituais de autocomiseração. O Senhor procurava um povo que o buscasse em ESPÍRITO e em VERDADE (Jo.4.23-24); um povo que “executasse juízo verdadeiro e mostrasse bondade e misericórdia” (Zc.7.9).
Nos salmos davídicos, encontramos um homem aflito, mas confiante; necessitado, mas desejando a glória de Deus. Os clamores de Davi não são o resultado de um desejo egoísta por ser atendido e socorrido na hora da angústia. Ele almejava a glória do Senhor, por isso não clamou contra aqueles que eram apenas seus inimigos, mas contra os que eram inimigos de Deus. Davi se incomodava com o pecado no meio de seu povo; ele se irritava em ver o ímpio desonrar a Deus, praticando a injustiça, maltratando o pobre, perseguindo o justo; ele confrontou os arrogantes que confiavam na própria força, e resistiu a todos que afrontavam ao Senhor da glória. Davi amava Deus e desejava ver a glória do Senhor se manifestar na vida de seu povo, a fim de que “regozijem-se todos os que confiam” no Senhor, e “folguem de júbilo para sempre” “os que amam” o Nome do Senhor (Sl.5.11). Mesmo as orações aflitas de Davi estão marcadas por seu amor a Deus e zelo por Israel. Em outras Palavras, Davi orava para que santificado fosse o Nome do Senhor e manifesto fosse o seu Reino, de forma que a vontade de Deus fosse feita “assim na terra como no céu” (Mt.6.9).
As orações de Davi nos lembram os clamores de Jesus. As poucas orações reveladas nos Evangelhos mostram que seu coração estava centrado na glória do Pai e seu cuidado era dedicado à igreja que tanto amava (Jo.17). Suas orações expressavam seu anseio pela glória de Deus e desejo em ver as bênçãos do Senhor sobre seu povo. Seus inimigos eram aqueles que odiavam a Deus, por isso não clamou por si mesmo, antes intercedeu pelo povo e buscou a glória do Senhor (Lc.22.42). Mesmo diante da humilhação da cruz, ele olhou para as multidões perdidas e intercedeu por elas (Lc.23.34), porém não deixou de proferir palavras imprecatórias contra os líderes que enganavam e pervertiam aquela geração (Mt.23.13-36), pois Ele amava as ovelhas que lhe foram confiadas pelo Pai, e seu propósito era guarda-las de todo mal. Jesus confrontou aquele geração de vida mentirosa (Jo.8.44), mostrou seu zelo pela casa de oração (Jo.2.13-17) e seu prazer em fazer toda a vontade de Deus (Jo.17.4).

Qual a razão de suas orações? Nossas orações devem ser fruto de nosso amor a Deus, não de nossas necessidades apenas. Nossos inimigos não são os que pisam em nosso pé, mas os que odeiam nosso Senhor e Salvador Jesus. Portanto, ore porque deseja falar com Deus; clame porque você está incomodado com o pecado; jejue porque você quer passar horas na presença do Senhor, em oração. Seja as afrontas dos inimigos de Deus, o motivo para seu gemido angustiado. Não deixe que as necessidades sejam a razão de sua busca pelo Senhor, pois Deus procura os que são movidos à sua presença por meio do Espírito e pela Verdade. Os que buscam a Deus porque precisam resolver um problema podem até encontrar solução, pois em ouvi-los, Deus manifesta a grandeza de sua misericórdia. Porém, somente os que anseiam a glória de Deus, manifesta entre os homens, verão a beleza do novo céu e nova terra, pois são estes que Deus procura para habitar na nova Jerusalém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário