“naquele
tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às
alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo.” (Ef.2.12)
Sem o propósito de dar spoiler do
ultimo filme de Capitão América, gostaria de lembrar a cena em que um dos
vilões conta para o “Pantera Negra” a razão pela qual tentou destruir os
super-heróis: vingança. Conforme a fala do vilão, ele havia perdido num só
momento: o pai, a esposa e o filho. Tudo o que ele mais amava havia morrido,
fazendo com que seu coração perdesse prazer na vida. Desde então, seu propósito
de vida passou a ser se vingar daqueles que, sem querer, foram à causa da morte
das pessoas que ele amava. Não havia mais outro propósito em sua vida, não
havia mais razão para ter alegria, não havia qualquer esperança em seu coração,
porque ele trocou o eterno pelo temporário, o Criador pela criatura, amando
aquilo que é passageiro mais do que aquele que permanece para sempre.
Apesar de estarmos falando de um
filme, o problema traçado nele está presente na vida de muitas pessoas em nossa
geração. Nem todas elas desejarão se vingar daqueles que lhes fizeram mal, mas,
num mundo sem Deus, o coração do homem está sem sentido, propósito e esperança.
Por esta razão, shoppings faturam muito dinheiro com aqueles que tentam
preencher o vazio do coração comprando algo, tantas vezes, desnecessário; os
consultórios de psicólogos estão cheios de pessoas desesperadas, frustradas e
perdidas, tentando encontrar alento, direção e alegria. Problemas da vida,
perdas de pessoas amadas e frustação de sonhos levam pessoas ao desespero,
perdendo razão, propósito e prazer em viver, pois colocaram o coração sobre
coisas passageiras.
Tudo na presente criação é
passageiro (Mt.6.19-21). As coisas se gastam, o dinheiro se acaba, as vidas
morrem. Colocando o coração nessas coisas, o homem vive um ciclo infeliz de
constante angústia pela perda e necessidade de achar outro objeto para ser alvo
de amor e devoção, substituindo o anterior que já não existe mais. Portanto,
amar as coisas da vida, com um amor demasiado, será sempre um risco ao coração,
levando o homem ao vazio e infelicidade. O ser humano precisa amar, de todo seu
coração, alguém que permaneça para sempre, alguém imutável, alguém perfeito em todo
seu ser, pois mesmo que amemos muitas pessoas e gostemos de muitas coisas,
sempre teremos a necessidade de amar alguém acima de todos os demais, alguém
que será alvo de toda nossa devoção.
Os mandamentos presentes em
Deuteronômio 6.4-5 tanto apontam para a glória única de Deus, e sua singular
dignidade em ser amado acima de tudo, como, também, direcionam o homem para o
único alvo estável para a dedicação de todo amor: o Criador. Ao amar Deus de
todo o coração, o homem entrega sua vida e devoção para aquele que permanece
para sempre e não muda pelas circunstâncias da vida; um lugar seguro para
repousar os anseios; alguém perfeito para amar e ser por ele amado. Portanto,
crer em Deus como único Senhor e amá-lo de todo o coração são graças divina
para o ser humano, pois somente nEle o homem encontra total satisfação, plena
segurança e felicidade permanente.
Com o amor firmado em Deus,
recebemos dele diversas promessas que são fiéis e verdadeiras, pelas quais
devemos aquietar o coração. A principal dessas promessas é a certeza da vida
eterna para todos os que creem em Cristo (Jo.17.3). Isso significa que os
sofrimentos e privações da vida são passageiros. Portanto, não devemos nos
desesperar por causa dos problemas e perdas da vida. Deus tem um paraíso para
seu povo, um lugar de paz eterna. Um dia, encontraremos nossos irmãos e irmãs
na fé, que amamos, de forma que a morte não é uma separação definitiva dos
laços fraternos, mas um passageiro distanciamento até o dia da volta de Jesus (1Ts.4.13-18).
Um dia, as tribulações serão extintas, e nunca mais haverá sofrimento para o
povo de Deus (Ap.21.4). Naquele dia, nosso prazer não será a abundância de bens
e a fartura de comida, mas a presença de Cristo. Finalmente, o coração do homem
amará plenamente e unicamente ao Senhor, e, por isso, será feliz eternamente,
pois Deus será a fonte de toda sua alegria.
Por essas razões, tribulações e
perdas da vida não devem abalar os cristãos. Paulo exorta a igreja de
Tessalonicenses a não se desesperar por causa da perda de entes queridos, pois
a esperança em Cristo deve consolar a igreja pela certeza de que Jesus voltará,
e, com Ele, haverá o eterno encontro entre todos os irmãos na fé. A confiança
nas promessas do Senhor consola o coração nos dias da angústia; e o amar a Deus
de todo coração, alma e força (Dt.6.5) preenche o vazio, trazendo satisfação,
razão e propósito à vida, mesmo diante dos maiores desafios da jornada cristã.
Enquanto Deus não for o único
Senhor dessa geração, e o amor não for dedicado totalmente a Jesus, a vida das
pessoas será marcada por vazios, desconsolos e desesperos. É preciso se desfazer
dos ídolos do coração. É preciso parar de amar pessoas ou objetos com aquele
amor que deve ser dedicado somente ao Senhor (Mt.6.19-24). É preciso lembrar
que enquanto estiverdes no mundo, “passais
por aflições” (Jo.16.33), mas aqueles que amam somente a Deus, de todo o
coração, sempre encontrarão forças no Espírito do Senhor para seguir em frente
sem desanimar (Fp.4.13), pois a graça do Senhor sempre lhes será melhor do que
a vida (Sl.63.3). Portanto, troque os ídolos do coração pelo Deus da glória, e
verá que mesmo que “caiam mil ao teu
lado, e dez mil, à tua direita” seu coração estará firme e inabalável, pois
o Senhor será sua alegria e esperança (Sl.91.7). Não se desespere, pois tudo
existe em Cristo e para Cristo, e a pequena vida daquele que crê encontra em
Jesus esperança, razão e propósito para existir.
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