“A Sete
nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos; daí se começou a
invocar o nome do SENHOR.”
(Gn.4.26)
Com a morte de Abel, a família de Adão e Eva ficou desestruturada e
Caim, o único filho homem que restou, passou a morar longe seguindo seu próprio
rumo. Adão e Eva tiveram várias filhas que não são contadas na genealogia
(Gn.5.4) e uma delas se tornou a esposa de Caim, possibilitando a formação de
um clã completamente independente da vida de seus pais.
O clã de Caim se multiplicou rapidamente. Em pouco tempo, construiu uma
cidade e Caim deu-lhe o nome de seu filho: Enoque (Gn.4.17). Caim e seus
descendentes não estavam interessados em agradar a Deus, por conseguinte não
ofereciam sacrifícios ao Senhor, como Deus os havia ensinado quando Abel ainda
estava vivo (Gn.4.7). O coração deste povo, distante de Deus, estava no mundo e
suas riquezas, e, logo, desenvolveu a tecnologia, aparecendo artesãos,
pecuaristas, músicos e artífices (Gn.4.20-22). Eles não viviam pela esperança
da vida eterna, nem eram movidos pelo Espírito Santo a dedicar a vida ao
Senhor. Eles viviam “sem Cristo, separados da comunidade de Israel e
estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo.”
(Ef.2.12).
O mundo sem Deus de nossos dias é semelhante ao clã de Caim. A tecnologia
avança de forma impressionante, mas enquanto isso a degradação da sociedade se
torna cada dia pior. O dinheiro é o deus do coração do homem que faz guerra,
mata, engana e se prostitui por causa de ouro e prata. O homem ama a si mesmo
incondicionalmente e tudo faz para se satisfazer. Enquanto isso, os filhos de
Deus amam ao Senhor mais do que tudo (Dt.6.5). Para os filhos de Deus, o
conforto não pode substituir o prazer de adorar ao Senhor, e em seu coração
está à certeza de que nem só de pão vive o homem, mas de toda Palavra que
procede da boca de Deus (Dt.8.3). Os olhos do povo de Deus estão fitos no
Senhor e o seu prazer está na sua presença, onde há delícias perpetuamente
(Sl.16.11).
No meio de toda a agitação pagã dos dias de Caim, Adão e Eva tiveram mais
um filho homem. A este filho, eles o chamaram Sete. Eles tinham a esperança que
Sete fosse um homem agradável a Deus como o foi Abel e se alegraram com o
nascimento dele. Desta vez, a esperança de Adão e Eva não falhou e após o
nascimento de Enos, o primogênito de Sete, os filhos de Deus recomeçam uma vida
de adoração ao Criador, pois a morte de Abel havia extinguido os louvores ao
Senhor. O nascimento de Sete é uma demonstração divina de que Deus é poderoso
para cumprir suas promessas mesmo quando tudo parece perdido. Nada poderia
impedir o agir de Deus! Fica evidente, desde o princípio, que a jornada até a
chegada do filho prometido seria difícil, pois obstáculos seriam colocados no
caminho, mas o Senhor se mostra poderoso e fiel para manter firme sua promessa,
providenciando os meios para preservá-la viva em cada geração. Adão e seus
descendentes deveriam confiar na promessa do Senhor e descansar o coração em
Deus, vivendo para agradá-lo enquanto esperavam com paciência o cumprimento da
promessa redentora.
Sete tomou a iniciativa de glorificar seu Criador, mesmo cercado de um
mundo anti-Deus encabeçado por seu irmão Caim. Sua coragem proveniente do
Espírito Santo, aquele que capacita os filhos de Deus para enfrentarem o mundo
(2Tm.3.12; At.4.29), fez com que Sete desse continuidade às obras de Abel que
eram justas e agradáveis ao Criador (Hb.11.4). Sete dará início a uma geração
marcada pela tranquilidade e longevidade, um árvore genealógica caracterizada
pela adoração a Deus, identificada pelos frutos de justiça, garantindo, assim,
a preservação do conhecimento de Deus e da promessa redentora dada a Adão e
Eva; transmitindo de pai para filho a Palavra do Senhor. Semelhante aos dias da
criação, o Espírito de Deus estava pairando sobre os filhos de Deus para garantir
que a vontade do Senhor seria realizada.
Com o nascimento de Enos, todos se alegraram, retomando a vida de
adoração a Deus, pois ressuscitou a esperança da concretização da promessa
redentora dada para Adão e Eva. Desta forma, a genealogia dos filhos de Deus
começou a ser contada, e Sete foi um importante instrumento divino, guiado pelo
Espírito de Deus, para educar seus filhos no temor do Senhor. Enquanto a
descendência de Sete se propagava, lado a lado ia se multiplicando também a
geração de Caim, desafiando a geração dos filhos de Deus a se manterem fiéis
diante da tentação de viver uma vida confortável, mas longe de Deus, como viviam
os filhos do primeiro homicida da história.
Enquanto o clã de Caim vivia segundo o coração pecador, multiplicando
seus pecados a cada dia (Gn.4.23), a genealogia de Sete era marcada pela
verdadeira adoração ao Senhor. O clã de Sete seria fundamental, pois o Messias
prometido viria de um homem justo e não de um assassino (Caim). Com o
nascimento de Enos, foi confirmada a casa de Sete que teria seu nome gravado na
terra por seus filhos, mantendo viva a esperança da vinda do salvador. Sete foi
instrumento do Espírito Santo para dar início à linhagem santa de onde o Filho
de Deus nasceria para glorificar ao Pai, salvando os pecadores que Ele amou
antes da fundação do mundo (Ef.1.4). Em todo tempo, Deus esteve conduzindo a
vida de Sete para amá-lo e adorá-lo, assim como nos diz o livro de Provérbios que Deus inclina o coração do rei
para onde deseja (Pv.21.1).
Caim ceifou um homem de Deus quando matou Abel, mas não conseguiu impedir
o plano redentor do Senhor. Abel foi o primeiro mártir, mas Sete é o primeiro
de uma longa e agraciada linhagem conduzida pelo Espírito Santo para fazer a
vontade do Senhor. Enquanto houvesse um descendente de Sete, haveria a
esperança da concretização da promessa Messiânica. Em tudo isso, é possível ver
a presença do Espírito de Deus, dando graça ao seu povo, capacitando seus
servos para fazer sua vontade, garantindo que tudo ocorrerá conforme seu
querer. Semelhante ao livro de Ester, Gênesis não deixa explícita a atuação do
Espírito Santo na vida de Sete e sua descendência, mas mostra as evidências de
que Ele estava lá para encher e conduzir seu povo pelo caminho por onde
deveriam andar.
De forma semelhante, a igreja é o instrumento de Deus para propagar ao
mundo o evangelho redentor, poder de Deus para a salvação. A preservação da
igreja não é garantida por homens fortes, mas pelo Espírito de Deus que enche
seu povo e o conduz para que resista aos dias maus, persevere nas adversidades
e faça sempre a vontade de Deus. A adversidade sempre estará presente, mas Deus
garante que seu projeto não será frustrado, pois Ele é poderoso para
confirmá-lo. Portanto, a igreja deve confiar e descansar no Senhor enquanto
realiza a obra de Deus (1Co.15.58). A história de Rute nos lembra que Deus é poderoso
para suscitar esperança quando tudo parece perdido (Jz.1.1-5//4.13-22). Não se deixe
levar pelas circunstâncias, pois Deus mostra seu poder nas adversidades,
vencendo os inimigos e suscitando grandiosa e poderosa salvação para seu povo.
Apenas viva abundantemente para Deus e descanse o coração no Senhor, pois o
Espírito de Deus está conosco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário