“mas recebereis poder, ao descer
sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como
em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” (At.1.8)
No dia
seguinte, após aquele maravilhoso encontro com Cristo, o cristão percebe que a
inclinação para o pecado não foi retirada. Seu corpo ainda é corruptível
(1Co.15.53) e como Paulo, reconhece que o bem que deseja fazer não faz e o mal
que detesta, esse ele faz (Rm.7.19), pois, há em seus “membros, outra lei que, guerreando
contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos
meus membros” (Rm.7.23), à vista disso exclama: “Desventurado
homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm.7.24).
O cristão é o
único ser humano que possui duas naturezas: a espiritual e a carnal. Todos os
demais homens são apenas escravos do pecado e o bem que fazem é vestígio de
atributos divinos comunicáveis. Pelo poder do Espírito Santo, o cristão pode
dizer não para a carne que tenta conduzi-lo ao pecado todos os dias. Quanto
maior a relação com Deus mais cheio estará o cristão do Espírito de Deus e
assim mais apto estará para dizer não à natureza pecaminosa. Porém, se o
cristão relaxar no uso dos meios de graça (as Escrituras, os Sacramentos e a
Oração), mais vulnerável estará e a natureza carnal, o mundo e o diabo não o
pouparão, fazendo de tudo para conduzi-lo à queda.
O Espírito
Santo é santificador. Aqueles que Ele regenera, dando nova vida para crerem em
Cristo, também são santificados para que sejam conforme a semelhança do Filho
de Deus (2Co.3.18). Sua fantástica e graciosa ação no pecador o faz desejar “a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”
(Rm.12.2). Com esta volição conduzida pelo Espírito Santo, o pecador lutará
contra a própria carne, a fim de mortificar seus efeitos, aprisionando-a num
calabouço esquecido em seu coração. A eficácia deste feito dependerá da atuação
do Espírito: quanto mais presente Ele estiver na vida do cristão, mais
expressivos serão os resultados.
O Espírito
Santo, também, não nos deixa só diante da grandiosa obra do Senhor. Mesmo
regenerados, somos apenas humanos marcados pelas fraquezas e limitações
naturais. Além do mais, a guerra na qual o cristão se encontra “não é
contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os
dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas
regiões celestes” (Ef.6.12). Para vencer cada batalha, serão
necessárias armas espirituais disponibilizadas por Deus e acessíveis pelo
Espírito Santo.
Ao longo da história
do povo de Deus, encontraremos homens destemidos que receberam dons
extraordinários, coragem e força sobrenaturais. Eles venceram gigantes,
destruíram muralhas, tiveram visões celestiais e resistiram ao vale da sombra
da morte porque o Senhor estava com Eles, capacitando-os por meio do Espírito
Santo, para revelarem a glória de Deus em suas pequenas vidas.
Ao ler estas
histórias, o homem incrédulo as denomina de mitos e lendas, pois tais fenômenos
não podem ser repetidos experiencialmente pelo homem natural. Mas, ao ler as
Escrituras Sagradas, o Cristão se alegra, pois Deus comunica Seu poder e graça
sobre a vida daqueles que confiam nEle. Assim, as histórias do passado cumprem
seu papel no projeto redentor e também fortalecem o cristão para os desafios
presentes, a fim de que busquem no Senhor tudo que for necessário para vencerem
cada batalha da jornada cristã.
Conforme o
livro de Hebreus, foi por meio da fé que homens de Deus andaram intimamente com
o Senhor, confiando em promessas impossíveis aos olhos dos homens (Hb.11). Eles viram suas fraquezas serem sobrepostas pelo poder de Deus e, movidos pelo Espírito Santo, desafiaram o mundo. Estes grandes homens de Deus venceram desafios intransponíveis aos olhos humanos, para manifestar a glória do Senhor. Não estavam apenas superando suas limitações e desenvolvendo seus potenciais, eles eram instrumentos para a realização da obra de Deus. O olhar deles estava na glória do Senhor e, semelhante a Jesus, tinham fome por fazer a vontade do Senhor (Jo.4.34), pois o Espírito Santo os enchia gloriosamente.
No
livro de Atos, o Senhor Jesus dá aos apóstolos uma grande missão: testemunhar o
evangelho do Reino em todo o mundo. Isto significava pregar a Palavra no meio
de um mundo hostil e pastorear aqueles que cressem no evangelho. Para que os
discípulos cumprissem a missão, Jesus promete o derramamento do Espírito Santo.
Esta presença inusitada do Espírito (Jo.7.39) ocorre no capítulo 2 de Atos,
conforme profecia de Joel, capítulo 2, versículos 28 e 29: “E
acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos
filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens
terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito
naqueles dias” (Jl.2.28-29). Este fenômeno não corresponde ao papel regenerador
do Espírito, mas à sua função capacitadora. É fácil perceber isto, quando se
observa que os discípulos já haviam recebido o entendimento para compreenderem
as Escrituras (Lc.24.45) e, assim, já eram legítimos cristãos, aguardando, somente, a
capacitação do Espírito para cumprirem uma missão.
A vida cristã
deve ser frutífera e por isso o Senhor nos deu de Seu Espírito para nos
qualificar a realizar a obra de Deus. Sem a capacitação do Espírito o cristão
receberá a vida eterna, mas não estará apto para cumprir sua missão de
glorificar o Senhor por meio da pregação da Palavra de Deus, produzindo frutos de justiça para a glória do Senhor. Por esta razão, confiando na promessa divina, em Atos, capítulo
4, versículos 24 à 31, a
igreja ora rogando por coragem para anunciar as Escrituras em meio à
perseguição dos judeus. Legítimos cristãos precisavam do poder do Senhor para
cumprir a missão recebida de Deus e este poder seria concedido pelo Espírito
Santo atuando no meio da igreja.
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