“Em verdade, em verdade te digo: quem
não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.”
(Jo.3.5)
Quando o homem
se rebelou contra Deus, o Espírito Santo deixou de proporcionar a plena relação
entre Deus e Adão. O relacionamento foi desfeito, porque “as vossas iniqüidades fazem
separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de
vós, para que vos não ouça” (Is.59.2). Do paraíso perfeito onde
viviam Adão e Eva, o homem foi lançado para o império das trevas que o subjuga,
pois o pecador está morto em seus delitos e pecados (Ef.2.1). Em trevas, o
homem não consegue ver a verdade, por meio da qual pode ser liberto (Jo.8.32),
então, fica tateando à procura de Deus (At.17.27). É necessário, então,
conduzir o pecador até a luz para que este veja a saída da escuridão. E este é
um dos papeis do Espírito Santo, conduzir o pecador até a luz de Cristo para
que o Filho o liberte das trevas (Cl.1.13-14).
Com graça, o
Espírito Santo vem ao encontro do pecador e abre seu entendimento para que este
veja a verdade. Uma excelente analogia se encontra no livro de 2 Reis, capítulo
6, quando o moço que servia ao profeta Elizeu tem seus olhos abertos para ver
que muito maior era o exército do Senhor ao redor deles para os proteger do que
as tropas da Síria que estavam lá para prender Eliseu. A verdade estava lá, mas
o moço não conseguia vê-la, até que teve seus olhos espirituais abertos.
Algo
semelhante acontece com aqueles que o Espírito Santo regenera. O Senhor Jesus
anunciou a verdade durante todo seu ministério, pois seu maior cuidado era
pregar as Escrituras que testificavam sobre Ele (Mc.1.38; Jo.5.39). No entanto,
os discípulos não compreendiam os maravilhosos feitos do Senhor Jesus, pois “o seu
coração estava endurecido” (Mc.6.52; 8.17). Mas, após a ressurreição
a realidade deles muda, pois o Senhor Jesus “lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras”
(Lc.24.45). Algo novo aconteceu neles de forma que as mesmas Palavras ouvidas
durante os três anos de ministério de Jesus, agora faziam sentido para eles,
pois tinham entendimento de Deus para compreenderem a Revelação divina.
O mesmo
acontece com Nicodemos, mestre em Israel, em seu encontro com Cristo (Jo.3).
Jesus lhe ensina verdades básicas do Reino de Deus, verdades estas que já
haviam sido ensinadas no Antigo Testamento: Ezequiel profetizou três vezes o
novo coração que seria dado à Israel, para que este andasse na Palavra do
Senhor (Ez.11.19; 18.31; 36.26). Um pouco antes de Ezequiel começar a
profetizar, Jeremias roga a graça regeneradora do Senhor sobre a vida de Israel
(Lm.5.21), a fim de que este fosse restaurado por Deus. Contudo, Nicodemos não
compreendeu as Palavras de Jesus, pois seus olhos estavam encobertos. Ele
precisava da regeneração, a circuncisão do coração (Rm.2.29), conforme
disse-lhe Jesus: “Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo”
(Jo.3.7).
Escrevendo à
igreja em Colossos, o apóstolo Paulo diz que rogava a Deus por entendimento
para que os irmãos tivessem o prazer de compreender as Escrituras Sagradas e,
assim, poderem praticar a vontade do Senhor: “não cessamos de orar por vós e de
pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a
sabedoria e entendimento espiritual” (Cl.1.9). Portanto, além de ser
o autor da vida, o Espírito Santo é também o responsável pela nova vida no
homem pecador. É por meio do Espírito Santo que o homem recebe entendimento
para compreender as maravilhas da lei do Senhor e aplicar à vida de forma que
possa viver para agradar àquele que o criou para Sua glória e o resgatou para o
louvor de Seu Santo NOME.
Desde o Antigo
Testamento, o Espírito Santo atua em homens e mulheres concedendo-lhes a fé
(Ef.2.8) para crerem nas promessas do Senhor (Hb.11). Contudo, o Novo
Testamento revela novidades na dádiva do Espírito Santo após a ressurreição de
Cristo. Esta nova atuação do Espírito não se restringe à capacitação de todo o
povo de Deus para a obra do Senhor (At.2.17-18), como veremos em postagem
posterior, mas diz respeito também à ampla ação regeneradora nos pecadores
espalhados pelo mundo. O Senhor Jesus afirma que o mundo estava prestes a
receber a visita do Espírito Santo, como nunca havia sido vista entre judeus e
gentios: “convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós
outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier, convencerá o
mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da
justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o
príncipe deste mundo já está julgado” (Jo.16.7-11). O Novo
Testamento inaugura a plenitude da atuação do Espírito Santo na criação,
preparando-a para a recriação de todas as coisas, a revelação dos filhos de
Deus (Rm.8.19-23).
Nenhum comentário:
Postar um comentário