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terça-feira, 17 de novembro de 2015

Uma análise da obra que inspirou Anonymous

A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor.” (Rm12.19)

Conforme noticiários, o grupo de hackers conhecidos como Anonymous atacou recentemente o Estado Islâmico, bloqueando a comunicação de contas via internet, declarando, assim, guerra contra os terroristas. A iniciativa foi uma resposta ao ataque terrorista que deixou pelo menos 129 mortos na cidade de Paris. O grupo usa a máscara de Guy Fawkes, personagem histórico que inspirou o personagem principal da série de quadrinhos “V de vingança”. Semelhante ao personagem “V”, o grupo denominado Anonymous está decidido a fazer vingança com as próprias mãos.
A série de quadrinhos intitulada “V for Vendetta” (“V de vingaça”) surgiu na década de 80, período marcado por muitas tensões entre vários países, testemunhando o curso final da guerra fria que teve seu marco delimitado pela extinção da União Soviética em 1991. Todo o século XX foi intenso em conflitos que alcançaram o ápice nas duas grandes guerras mundiais, mas que estiveram presentes até ao fim da guerra fria. Enquanto nações brigavam para implantar seu governo e ideologia durante toda a guerra fria[1], a massa descontente e desiludida, com as promessas de prosperidade e progresso, manifestava sua insatisfação nas literaturas, nas músicas, na arte, nas ruas[2]. Muitos não deixaram suas marcas em protesto contra o que discordavam, mas se viam naqueles que tinham coragem e iniciativa para lutar contra as repressões indesejadas. O mundo passava por período de transformação, lutas e descontentamento em grande escala. [3]
As duas grandes guerras foram marcos importantes para a conjuntura ideológica mundial. O homem havia depositado toda sua esperança na humanidade e em sua razão. E a viva esperança, antes das guerras mundiais, de que o homem alcançaria dias de glória por meio das descobertas científicas, encontrou, ironicamente, na tecnologia o instrumento para viabilizar os massacres realizados nas guerras. Após alguns séculos de humanização e racionalização, “iluminando” o mundo e fazendo renascer, das cinzas, as culturas clássicas antigas Greco-romanas, o mesmo homem “racional maduro” que declarou a morte de Deus em sua filosofia[4] moderna, por considerar a religião uma expressão da imaturidade humana primitiva, testemunha os efeitos da razão humana sem o direcionamento da piedade cristã e seus valores ético-morais, pois se entrega às paixões infames, destruindo a si mesmo sem qualquer afeição natural (Rm.1.22,28-32). As promessas políticas e filosóficas de um futuro melhor começaram a ser desacreditadas e ao término da segunda guerra, o homem ocidental desejava apenas desfrutar de seu presente com o máximo de liberdade. Os babyboomers[5], geração concebida em anos pós-guerra, foram o resultado da insatisfação e cansaço das promessas de um futuro melhor e o desejo de viver o presente a todo custo. Os anos 50, então, foram marcados pela crise na moralidade da sociedade ocidental. A geração de jovens declarou rejeição aos valores da geração conservadora que, na prática, parecia não ter nada proveitoso para oferecer. Essa geração, babyboom, carregou consigo os ideais libertinos[6], fruto da insatisfação com a crise mundial, e, assim, viu nos valores absolutos, preservados por seus progenitores, inimigos para o desfrute de uma vida de gozo pleno. Desta forma, alguns simplesmente desprezaram todo e qualquer valor absoluto enquanto outros lutaram contra os valores, espalhando pelo mundo ocidental, durante a década de 60, o slogan: “sexo, drogas e rock’n’roll”.
Contudo, as lutas não haviam acabado com o fim da segunda guerra mundial. As tensões políticas continuaram ameaçando uma nova guerra enquanto a maioria da massa popular não aguentava mais brigar pelos interesses de alguns poucos que dominavam a política internacional. O coração da massa gritava “paz e amor!” enquanto criava uma segunda geração comprometida tão somente com a subjetividade de seu individualismo relativizado e pronta para levar adiante a contraditória luta contra os absolutos, pois mantinha no coração um ideal maior e soberano: não há absolutos.
Alan Moore (1953) e seu co-autor David Lloyd (1950) são fruto de uma geração pós-guerra que nasceu na década de 50. Viveram entre os desvarios do movimento hippie e os exageros das exigências totalitárias de um mundo em constante atrito. Viram conflitos internos e externos e o tão desejado fim da guerra fria. Como outros, eles deixaram marcas da insatisfação de sua geração e essas marcas foram expressas por meio da influente obra “V for Vendetta”.

CONTEXTO HISTÓRICO-IDEOLÓGICO DA OBRA PRIMÁRIA
Mais que um filme, a obra se tornou porta voz da insatisfação social, tanto positiva quanto negativa, que se tornou ícone da contracultura, motivando protestos contra abusos de poder, ou mesmo em defesa da anarquia. Assim, o filme: “V de Vingança” (do original: “V for Vendetta”), “é um filme de ação [...], dirigido por James McTeigue e produzido por Joel Silver e pelos irmãos Wachowski, que também escreveram o roteiro”[7]. O filme popularizou e adaptou uma antiga série de romances gráficos criada originalmente em 1982, pelo britânico Alan Moore, que teve em seu co-autor, David Lloyd, a criação da afamada máscara, uma caricatura do personagem histórico, Guy Fawkes (1570-1606) que tentou explodir o parlamento inglês em 05 de novembro de 1605, na Conspiração da Pólvora.
Conforme Alan Moore, em entrevista à UOL: “Há 30 anos eu estava apenas respondendo à situação da Inglaterra da minha perspectiva. Não eram premonições do que aconteceria no futuro.”[8], e que em certa medida se manifestou em diversos países, afinal o descontentamento aumentou com o passar dos anos até alcançar o fim da Guerra Fria e do regime comunista em muitas nações. Por meio do personagem “V”, Alan Moore demonstra sua insatisfação contra as entidades que detinham o poder político e econômico, e transmite seu ideal de liberdade plena do indivíduo na formação de uma nação legislada e governada pelo povo. Sua origem e trajetória, criado numa cidade industrial pobre, provavelmente ajudou a construir as idéias libertárias que são transmitidas em super-heróis realistas que não confiam no mundo o qual estão salvando da tirania[9]. Ironicamente, Alan Moore perdeu todos os direitos autorais de sua obra para grandes corporações, e conforme disse: “Não tenho uma cópia de V em casa”[10]. Ciente das manifestações ocorridas no mundo, que tem feito uso da máscara, Lloyde, autor da máscara, afirma: “Gosto de saber que a máscara está sendo usada como um símbolo de resistência. É para isso que ela foi criada.”[11] Apesar de se admirar com os ocorridos manifestos e apreciar a dimensão dos protestos que tem acontecido no mundo, influenciados pelo enredo e ideais da história de “V de Vingança”, Alan Moore afirma que não se agradou tanto do filme que atenuou o anarquismo, removendo algumas imagens que foram consideradas não muito relevantes para o contexto de seu lançamento.
É importante salientar que não foi sem razão que os autores de “V de Vingança” expressaram a insatisfação com a política. A década de 70 foi marcada por crises[12], como a crise do petróleo; por manifestos, como o surgimento da defesa do meio ambiente; e, por escândalos, como a deposição do presidente norte-americano Richard Nixon. Diversos conflitos políticos, lutas armadas e repressões de governos, ocorriam no contexto mundial. O totalitarismo fictício representado no enredo da história de “V de Vingança” expressa alguns governos ditatoriais desacreditados, que nos “anos 1970 foram marcados por violência política, luta armada e terrorismo de esquerda e de direita, bem como pelo endurecimento do aparato repressivo estatal.”: Espanha, Grécia e países do Cone Sul, bem como o neo-stalinismo de Brejnev[13] que conseguiu administrar progressivamente a União Soviética, fortalecendo seu exército e atemorizando os norte-americanos[14]. Além destes, outros países viviam a crise do regime comunista que estava próximo do fim.
A década de 80 não foi muito diferente dos anos anteriores. Diversos conflitos se estabeleceram pelo mundo, relacionados não apenas com os interesses político-econômicos, mas, também, envolvendo preconceitos étnicos e religiosos. Os regimes comunistas estavam em descrédito, pois não cumpriram com a promessa de prosperidade e igualdade para todos. Desta forma, pleitos entre a massa e o governo se tornaram inevitáveis. Enquanto isso, a Inglaterra implementava o sistema Capitalista Neoliberal e desenvolvia seu sistema de monitoramento por câmeras, além de tornar mais agressiva a política externa contra o regime soviético, por meio da primeira ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, conhecida, também, como Dama de Ferro. O enrijecimento inglês, para evitar a entrada do indesejado sistema político-filosófico-econômico de outros países, não agradou a muitos que lutavam pelo ideal da plena liberdade, fora das restrições sociais balizadas e executadas pelo governo nacional.

O CONTEXTO HISTÓRICO-IDEOLÓGICO DO FILME
Vinte e quatro anos depois (2006) da primeira edição de “V for Vendetta”, surge nas telas uma adaptação da obra em formato cinematrográfico. A obra original foi modificada pelos irmãos Wachowski, conhecidos pela direção da série Matrix, para se adequar melhor ao contexto atual, mas manteve a idéia original das Histórias em Quadrinhos escritas por Alan Moore. Assim como Alan Moore, os irmãos Wachowski cresceram vendo histórias em quadrinhos e adoravam ficção, dentre as quais destacam a trilogia de Tolkien. O propósito deles em cada uma de suas obras cinematográficas é mexer com as expectativas dos públicos. Alguns dos temas que marcam presença em seus trabalhos são: “a natureza inexplicável do universo” e a interconectividade do tempo e espaço. Lana Wachowski, antes Larry, é transgênero, ou seja, transitou do gênero masculino para o feminino. “Até 2002, Lana Wachowski viveu como um homem chamado Larry. Nesse mesmo ano, Wachowski se divorciou de Thea Bloom e se casou novamente com uma mulher.”[15]. Andrew e Lana Waschowski nasceram em família próspera economicamente, filhos de um hardcore ateu e uma ex-católica que virou Xamanista[16]. Hoje os Waschowski afirmam ter crenças religiosas não-denominacionais.
Durante o interregno entre a primeira edição e o filme, o mundo sofreu mudanças, algumas positivas, como o fim da guerra fria, mas outras negativas, como a aceitação paulatina mundial da relativização dos valores ético-morais. O processo de humanização alcança progresso significativo e o mundo se volta para um único valor: o valor da vida humana livre, que se expressa também na luta pela autosustentabilidade, slogan que tem marcado as empresas nestes últimos anos, em prol da conservação da vida humana no mundo. Assim, diversas entidades se voltam para a luta contra os preconceitos: raça, cor, religião e sexo.

CARACTERÍSTICAS DO PERSONAGEM PRINCIPAL
Sem nome nem rosto, sem passado nem identidade, o personagem principal do filme é chamado tão somente pelo codinome “V”, signo este que tanto remete ao número cardinal 5 (cinco), em algarismo Romano, do quarto do campo de concentração onde ele foi encarcerado para ser usado em experimentos bioquímicos, quanto a inicial do nome “Vendetta” (Vingança) que era o propósito para o qual o personagem vivia e morreria, cumprindo assim seu destino como representante da vox populi. “V” é mais que um personagem de um enredo, é a personificação de uma idéia que age ativamente: lutando contra o indesejado governo totalitário; apreciando o belo na arte feita pelo homem: músicas, filmes, pinturas, esculturas e poesias; mudando o comportamento daqueles que não tinham coragem de expor seus pensamentos contra a repressão da liberdade. Desta forma, o personagem mostra a dimensão do poder da idéia que resiste às intempéries da história e perpassa o tempo, capaz de implodir os mais poderosos governos e transformar o mundo.

Mas e quanto ao homem? Sei que seu nome era Guy Fawkes. Sei que, em 1605 ele tentou explodir o Parlamento. Mas quem era ele, realmente? Como ele era? Falam para nos lembrarmos da idéia, não do homem. Pois um homem pode fracassar. Ele pode ser preso, morto e esquecido. Mas, 400 anos depois uma idéia ainda pode mudar o mundo.[17]

Em seu primeiro contato com Evey, uma funcionária da rede estatal de televisão, que vem ao seu encontro como uma dádiva do destino, afinal “não existe coincidência, apenas a ilusão de uma coincidência”[18], “V” surge numa entrada triunfal repleta de classe e ação. Após matar alguns representantes do governo, os “homens-dedo”, responsáveis pela ordem nas ruas, e que ao encontrarem Evey, após o horário de recolher, queriam estuprá-la, “V” se apresenta com um texto rico em vocabulário e em palavras iniciadas com a letra “v”, revelando desde o primeiro encontro sua ontologia, o contexto cultural no qual se encontrava e seu propósito de fazer renascer as chamas do ideal de liberdade apagado violentamente pelos que detinham a palavra e o poder:

Voilà! À sua vista um humilde veterano do vaudeville trajado com vestes de vítima e vilão pelas vicissitudes do destino. Este semblante não é um mero verniz de vaidade, é um vestígio de vox populi, agora vazia e esvaecida. Porém, esta valorosa visitação de uma vexação passada se encontra vivificada, e fez um voto de vencer os vermes, venais e virulentos, que se valem do vício e valorizam a violação violenta depravada e voraz da vontade… O único veredito é a vingança, a vendetta, tida como volitiva, não por vaidade, pois o valor e a veracidade de tal devem um dia vindicar o vigilante e o virtuoso. Verdade como esta vivida verborragia já se torna assaz verboso. Permita-me que eu acrescente que é uma grande honra para mim conhecê-la, e a senhorita pode me chamar de "V".[19]

O passado do personagem principal remonta apenas à sua lembrança como cobaia em experiências bioquímicas, nas mãos do governo. Não há família nem endereço, não há infância nem qualquer outra reminiscência de sua juventude. Seu passado é resumido na memória da razão pela qual se vingará de seus inimigos e libertará o povo do governo opressor sob o qual estava subjugado pelo medo e iludido por mera verbosidade. Após o incêndio no campo de concentração, onde “V” esteve encarcerado, resultando em sua liberdade, o personagem passará seus dias se preparando enquanto planeja sua vingança contra os responsáveis diretos por todos os abusos que sofreu. Seu ideal é vingar-se por si e por todos os cidadãos “vítimas e vilões das vicissitudes do destino”[20] que estavam nas mãos do tirano governo que monopolizava a nação, impondo o medo por meio de uma serie de catástrofes forjadas.
“V” assume alguns caracteres de outros personagens como Edmond Dantes, personagem da obra “O conde de monte Cristo”. Assim como Edmond Dantes, “V” também é alvo de injustiça do sistema corrompido, é aprisionado, sai da prisão revoltado, assume como maior propósito de sua vida se vingar de seus inimigos e alcança o sucesso de sua empreitada. Este personagem recebe uma alusão direta como influenciador dos ideais de “V” que, assistindo a obra, afirma apreciar com distinção o filme “O conde de monte Cristo”. Mas, outras características de “V” o distanciam de Edmond Dantes e o aproximam do Fantasma da ópera que assim como “V” também assombrava seus inimigos, tinha um amor impossível de ser vivido, aprisionou sua amada e usava máscara para esconder suas deformações. Desta forma, o personagem é rico em analogias que relembram história, arte e filosofia, numa fria beleza contagiante.
“V” surge entre o povo. Sua origem remonta àqueles que sofriam os abusos do governo, uma minoria rejeitada pelos preconceitos quanto: raça, cultura, religião e sexo. Ele foi um entre os encarcerados. Mas, diferente das demais vítimas do governo, “V” sobrevive a tudo: aos experimentos, à catástrofe do campo de concentração, ao tempo; e, enquanto o povo se enfraqueceu pelo medo, “V” se preparou e se fortaleceu para se expor na hora certa, como uma idéia que aguarda o momento certo para vencer seu inimigo, matando-o em suas mentiras, revelando suas fraquezas e medos. Como uma idéia, ele parece não morrer e apesar do fracasso do povo em lutar e resistir à repressão do governo, “V” resiste aos ataques armados aparentemente ileso, afinal “idéias são a prova de balas”[21]. Sua morte física não é dramatizada como uma perda, uma derrota, pois é alcançado seu objetivo ao manter a idéia viva a atuante não somente em Evey, que dá segmento ao plano de destruir o parlamento, símbolo do poder estatal, mas também no povo que sai às ruas, caracterizado com vestes e máscara de Guy Fawkes, incorporando assim a idéia que nasceu no coração de um homem da massa marginalizada, mas alcança a alma da nação que se dispõe a lutar por ela.
Mesmo contrariando os padrões ideais, numa visão mais positiva acerca da imagem e destino dos heróis, “V” surge como salvador do povo contra toda tirania de uma minoria que governa e monopoliza o sistema. Com marcas de um anti-herói, “V” não tem escrúpulos em matar friamente sem qualquer julgamento nem desiste da idéia de torturar a frágil Evey para torná-la fria o suficiente, a fim de resistir às possíveis ameaças do governo que buscava encontrar o lugar onde se refugiava e planejava o esperado ataque ao Parlamento. Além disso, seus indefesos protegidos são marginalizados que contrapõe os valores ético-morais de uma sociedade cristianizada: homossexuais, prostitutas, drogados etc. “V” luta contra a imposição de quaisquer valores que reprimam a livre vontade do homem de ser o que quiser e fazer o que desejar, desde que não fira o outro. Enquanto afirma a ausência de verdade que norteie de forma absoluta a sociedade, substituindo-a por meras convenções sociais, “V” contraditoriamente afirma: "Pelo poder da verdade, eu, ainda vivo, conquistei o universo"[22]. A sociedade, então, deveria ser governada pelo povo respeitando todas as diferenças, pois vontade do povo é a autoridade máxima que legisla suas próprias leis e exige a prática delas. “V” abre o caminho para os cidadãos ingleses, agindo em nome do povo, fazendo o que a população não tinha coragem. Conforme Evey: “Ele era Edmont Dantès. Era meu pai, minha mãe, meu irmão, meu amigo. Ele era eu, era você, era todos nós.”[23]

A COSMOVISÃO SUBJACENTE À OBRA
A obra primária, editada em 1982, descreve “um distópico futuro de 1997 no Reino Unido, em que um misterioso Revolucionário tenta destruir o Estado, através de ações diretas.”[24] O filme altera a data em que a trama será desenrolada para o final da década de 2020.
Ainda que Alan Moore afirme não ter como propósito fazer “premonições do que aconteceria no futuro”[25] a leitura que ele fez de seu presente em 1982 o conduziu a imaginar o consequente futuro catastrófico de algumas nações como os Estados Unidos e a Inglaterra. Um dia a massa que sustenta o poder dos governos se revoltaria contra os abusos, e, conforme ambas as produções, este dia não estaria tão longe. Tanto Alan Moore quanto os irmãos Wachowskis, refletem gerações cansadas de viverem debaixo da máscara por muitos anos, como minorias dentro de um sistema de plausibilidade contrário a seus desejos e convicções. Conforme as palavras do personagem Gordon Deitrich: "Você usa a máscara tanto tempo que esquece quem você é."[26]
Por causa da forte influencia dos ensinos cristãos, dominantes no ocidente pelo cristianismo medieval e o protestantismo reformado, aqueles que não foram expurgados viveram enrustidos, guardando no coração seus desejos proibidos enquanto outros praticavam seus pecados no recônditos de seus aposentos “sagrados”. “V de Vingança” reflete a revolta da minoria reclusa contra o sistema que impõe os valores absolutos. Todavia, o enredo vai além e induz à idéia de que na verdade a minoria pode expandir-se e tornar-se a massa que cansada dos poucos que detêm o poder e a palavra, impondo seus ideais político-religiosos, terá poder suficiente para lutar por seus objetivos libertários. O homem é um ser livre e as leis são meras convenções instituídas pela liderança que quer tirar proveito do povo.
O filme aponta para três grupos de pessoas que constituem o mundo: Poucos homens que governam nações; uma grande massa que, em vista da falta de conhecimento, se acomoda e é conduzida pela liderança manipuladora; e, uma minoria que não se adéqua aos padrões instituídos e é marginalizada. Dentre esta minoria pode-se encontrar aqueles que não reagem às reprimendas se escondendo em máscaras, fingindo ser o que não são enquanto um grupo menor ainda se dispõe a lutar por seus ideais. O homem, fruto do meio, é essencialmente bom e no gozo de sua liberdade pode construir um mundo melhor. Contudo, contrariando tal conceito surgem dentre estes homens os tiranos que buscam sobrepor os demais e com ímpeto conseguem convencer o restante da massa a deixá-los governá-los.
A caricatura bastante hostil do governo totalitário do filme reflete a imagem monstruosa que seus autores e roteiristas têm do mundo político revestido de valores absolutos. A imagem política associada à religião, prática ainda vigente na Inglaterra, acusa com certa razão algumas práticas abusivas do governo em nome da fé, mas também reflete sua completa descrença e antagonia à religião cristã como expressão autentica da vontade de Deus revelada na sagrada Escritura bem como a necessidade do homem de ser regido por leis absolutas que estão gravadas no coração do homem criado, não somente para interagir com o próximo, mas também com o próprio Criador, a quem deve prestar conta de tudo.
O absolutismo é retratado pejorativamente em diversas esferas da sociedade: Na política o governo é ditatorial e tanto legisla em benefício próprio quanto executa sua vontade a seu bel-prazer para satisfazer os propósitos pessoais de seus representantes. Desta forma, a economia também é manipulada pelo governo que forja eventos para desestabilizar a economia, e se apresenta posteriormente como salvador do problema, trazendo soluções eficazes, a fim de que o povo deposite toda confiança no mesmo, além de enriquecer seus proponentes. Para a difusão dos propósitos do governo, a mídia escraviza as mentes encobrindo a verdade e criando mentiras que amedrontam o povo que pouco a pouco começa a não mais acreditar no que se diz. O entretenimento é vazio e os apresentadores não têm nenhum compromisso com a verdade. Uns poucos ícones que se comprometem a fazer uso de sua função para entreter o povo e transmitir a verdade são coibidos.
Ademais, a religião é o alicerce que dá força para tudo que é feito pelo governo que a proclama como crença obrigatória isenta de qualquer questionamento a despeito de estar fundamentada tão somente na autoridade de um homem que domina tudo. Há uma relação de troca onde o governo é fortalecido pela religião e a religião protegida pelo governo. Tudo é feito em nome da fé e por esta se comete as mais diversas barbaridades: O chanceler domina como líder absoluto, experimentos são realizados em pessoas, se exige apoio às causas arbitrárias do governo, confisca-se obras de artes, músicas etc., e contraditoriamente se pratica a prostituição. Nas palavras de “V”: "Eis que me fiz de santo quando na verdade era o demônio". Desta forma, a religião é tratada pejorativamente como um instrumento para monopólio da massa, transmitindo, assim, a idéia de Karl Marx, em sua Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, de que “a religião é o ópio do povo”[27]. Palavras como “Deus” e “Jesus Cristo” são pronunciadas tanto na imposição tirana dos ideais do ditador quanto no momento ultimo no qual os vigorosos líderes se encontram face a face com a morte e revelam, contraditoriamente, medo. A divindade é invocada na boca de ex-militar que coordenou o massacre bioquímico e de um religioso lascivo, ridicularizando a imagem clerical. Assim, o divino é vulgarizado como uma idéia enfraquecida usada pelos manipuladores do sistema. Enquanto isso, “V” realiza sua vingança com eficácia em nome da livre razão humana e se torna cada vez mais forte no coração do povo ao lutar pelo ideal de justiça, igualdade e liberdade.

ANÁLISE TEO-REFERENTE DA OBRA
O presente tópico pretende avaliar a obra “V de Vingança”, tendo como referencia o tema central da Escritura Criação-Queda-Redenção e os pressupostos escriturísticos decorrentes dele. A fim de conhecer a cosmovisão por trás da obra, serão respondidas as sete perguntas sugeridas por James Sire em seu livro “Dando nome ao elefante”[28]:

1. Qual é a realidade primordial – o realmente real? Diz Lewis Prothero, um dos personagens, pela TV: “Deus existe”, e faz menção aos eventos catastróficos passados como instrumentos de juízo, quando na verdade foram manipulações do partido tirano, pondo em dúvida a verdade sobre a afirmação: “Deus existe”. No restante do filme, Deus é o “totalmente outro” que paira como idéia universal, ora transcendendo a criação ora sendo confundido com a mesma[29], mas nunca interferindo realmente ou sendo invocado para este fim. Contudo, em certos momentos a divindade parece ser identificada com o termo Destino que aparece conduzindo algumas situações sobre as quais “V” acredita serem mais que acasos, elas eram construções propositais para se alcançar um fim desejado. As Escrituras afirmam que Deus é um ser pessoal e em todo tempo Ele se revela como acessível e graciosamente se dispõe a se relacionar com aqueles que o buscam em verdade. Deus é o realmente real, a realidade primordial de quem tudo procede. Ele afirma: “Eu Sou o que Sou”. (Jr.29.13; Sl.25.14; Jo.1.14; Sl.145.18; Ex.3.14; Jo.14.6).

2. Qual é a natureza da realidade externa, isto é, do mundo à nossa volta? O ambiente naturalista é retratado nas experiências científicas que expõe a crença na possibilidade das mutações genéticas. A natureza é o berço da humanidade e sua casa permanente, o único mundo real, e que estava passando por uma séria crise, por causa das ambições humanas. Essa idéia expressa bem o contexto do autor que assistia na década de 80 as expectativas do círculo acadêmico quanto aos resultados de experiências nucleares. No entanto, as Escrituras afirmam que a criação é obra do Criador e sua essência boa vem daquele que a criou para Sua glória. A natureza não tem um fim em si mesmo, mas tem como propósito glorificar a Deus. Ao criar o homem, Deus entregou-lhe a criação para que a desenvolve-se por mandato cultural. Assim, tudo existe para revelar a glória do Senhor e, portanto, tem começo, meio e fim determinado por Deus (Gn.1-2; Rm.11.33-36; Ap.4.11).

3. Que é um ser humano? A forma como as cobaias eram tratadas no campo de concentração assemelha a raça humana com os demais seres vivos, conceituando-o como uma mera espécie desenvolvida. Por ser uma simples espécie viva desenvolvida, o homem não possui alma e sua relação é simplesmente natural, pois faz parte da natureza. A moralidade é um fenômeno social, não ontológico. A desvalorização do homem torna a existência humana uma mera busca pela sobrevivência e satisfação dos instintos naturais, o que justificaria o homossexualismo e outras práticas consideradas pecaminosas pelas Escrituras cristãs. Todavia, a Palavra de Deus é clara ao conceituar o homem um ser religioso, ou seja, feito a imagem e semelhança de Deus para se relacionar com Ele. Desta forma, o ser humano é distinto de todas as demais obras da criação, um ser integral formado de corpo e alma, que existe para a eternidade (Gn.1.26-28; Mt.10.28).

4. O que acontece às pessoas quando morrerem? Toda esperança revelada no filme diz respeito à mudança do curso da história humana. Os mortos são lembrados quanto ao importante papel que desempenharam enquanto vivos e a vida é celebrada como a expressão máxima da existência humana. Por isso, deve ser desfrutada ao máximo sem, contudo, perder o mais importante: a integridade, a preservação do eu. A lembrança, após a morte, cumpre papel importante como instrumento para a preservação dos ideais que não morrem, pois sobrevivem no espírito humano. Mas, conforme disse o apóstolo Paulo: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” (1Co.15.19). A esperança cristã aponta para a vida após a morte, afinal o Senhor não é Deus de mortos e sim de vivos (Mt.22.32). A morte, portanto, não é o fim, mas um estado intermediário enquanto se aguarda a ressurreição para a vida eterna ou castigo eterno (Mt.25.31-46). Tal esperança é fundamental para o viver do homem, pois o conduz em suas escolhas e no uso que deverá fazer de sua vida (Ec.11.9).

5. Por que é possível conhecer de fato alguma coisa? Uma série de trocadilhos é feito acerca da verdade que em todo tempo existe, apesar de ser deturpada pelo partido tirano, ocultada por “V” em vários diálogos e desconhecida do povo cativo pela ignorância. Mas, como é possível encontrar a verdade? Pela razão limpa de toda influencia externa. Quando o povo se desfaz do medo imposto e de suas crendices, então percebe a verdade acerca de quem é e do que deveria fazer. Essa verdade é o humanismo. Entretanto, a Bíblia afirma que a Verdade é mais que um conceito é o próprio Deus (Jo.14.6) de quem todas as coisas procedem (1Cr.29.14). O conhecimento é possível porque Deus fez um mundo objetivo, passivo de ser conhecido, fundamentado em leis que não mudam, e concedeu ao homem a razão para conhecer de forma objetiva (1Cr.16.30; Sl.93.1; Ec.3.14,15). Não apenas o conhecimento do mundo foi dado ao homem, mas também o próprio Deus se revelou de forma objetiva para que o homem o conhecesse como Ele é (Ex.34.6-7; Dt.29.29; Jr.9.24).

6. Como sabemos o que é certo e o que é errado? O homem é um ser neutro que pelas vicissitudes do destino pode trajar-se de vítima ou vilão, afirma “V” em sua apresentação. Ou seja, a sociedade é quem corrompe o homem. Contraditoriamente, é a atitude de um indivíduo quem altera o curso social e mobiliza todo o povo a lutar por seu direito de liberdade de expressão. O certo e o errado dizem respeito apenas às relações sociais. O homem não tem o direito de fazer mal ao próximo, ainda que em casos de tirania a violência possa ser útil. Não havendo um Ser Absoluto, Criador de tudo ao qual o homem deve dar satisfação, então o homem é livre para realizar sua vontade. A única regra, necessária para a preservação do próprio homem, é o respeito ao próximo, que é uma convenção social. Mas, como o homem sabe que há o certo e o errado? Para o naturalismo, o certo e o errado são definidos na necessidade de autopreservação. Mas, conforme as Escrituras, assim como um pai dá regras para o filho, o Criador de todas as coisas instituiu leis para serem obedecidas. Somente com bases na criação do homem a imagem de Deus se explica a lei gravada em seu coração (Rm.2.15). Sendo criatura, o homem deve prestar contas a Deus que julgará a todos (Rm.2.16; Sl.96.13). Assim, o certo e o errado são definidos objetivamente pelo Criador de todas as coisas a quem o homem deve obediência.

7. Qual é o significado da história humana? A vida humana possui fim em si mesmo, não apenas como indivíduo que deve gozar a vida em sua plenitude, mas o homem tem um dever para com a humanidade, por ser parte dela, e, portanto, encontra propósito de vida, também, sendo instrumento para possibilitar o desfrute abundante da vida nas futuras gerações. Essa interconexão entre os humanos parece também ligá-los ao Destino, uma expressão do divino. Não há menção de sua origem nem de seu fim como destino último da humanidade. A história humana parece, então, seguir os moldes clássicos, de uma história circular que se perpetua pelo tempo sem qualquer direcionamento objetivo ou fim determinado. Segundo as Escrituras, a história humana é o palco para a manifestação da glória de Deus (Sl.139.16; Sl.115.3), tanto da justiça quanto da graça revelada aos pecadores que o buscam (Jo.3.16; Rm.9.17). Assim, o homem encontra o sentido para a vida cumprindo o propósito de glorificar a Deus, fonte da plena alegria, a felicidade e realização na vida (Sl.51.12; 67.2; 119.174; At.20.24; Fp.4.4).
Com as respostas às sete perguntas de James Sire, é possível se detectar o tema Criação-Queda-Redenção[30] nos pressupostos filosóficos da obra, pois a natureza humana é intrinsecamente religiosa, afinal “numa visão bíblica, somos todos religiosos, presos inevitavelmente a um deus ou outro.”[31] Em “V de Vingança”, a criação é tratada em termos naturalistas e a história é centrada no homem como fim de todas as coisas. Deus não se manifesta, tornando vaga a Sua relação com a criação, e os homens precisam fazer justiça com as próprias mãos. As únicas leis absolutas vigentes são as leis universais, impossíveis de serem transgredidas, ainda que contradigam a teoria da evolução, e o homem nenhuma conta tem a prestar a não ser a si mesmo. A criação, então, é a mesma de sempre, imperfeita por natureza.
A queda, então, é vista como a corrupção do homem dentro do contexto social. O problema humano não é o pecado que está dentro dele, fazendo o transgredir a lei de Deus em sua relação inevitável com o Criador. Como fruto do meio, o homem é corrompido de acordo com a influencia que recebe da sociedade e essa corrupção diz respeito a perda da integridade pessoal, ou seja, sua virgindade humana, que é estado neutro no qual nasce e é a expressão máxima de seu ser, sem qualquer imposição ou influencia externa. O problema do homem é social e não individual. Por isso, o mal é visto nos governos e em todos os absolutos que impõe ao homem regras que interfiram em sua liberdade de ser o que é.
Sendo o problema do homem um mal social, a solução também estará relacionada com uma intervenção na sociedade, desfazendo toda instituição que reprime o homem privando-o de sua liberdade. Por isso, a luta de “V” não era contra o pecado no coração do homem que deveria ser combatido pela Verdade que é a Palavra de Deus, mas ele luta contra um sistema e por isso faz uso da força bruta para se livrar a qualquer custo das ervas daninhas que danificavam o perfeito jardim do homem: uma sociedade formada por indivíduos livres.
Contudo, o plano objetivo de Deus, revelado nas Escrituras, aponta para uma criação feita muito boa para revelar a glória do Senhor. Foi o pecado, que habita agora no coração do homem, que o direcionou a amar a si mesmo se satisfazendo em seus ídolos e que trouxe a morte ao mundo que sofre as angústias deste pecado. Por isso, a redenção da criação é providenciada por meio da satisfação da justiça de Deus e pelo operar regenerador do Espírito Santo, dando ao homem uma nova vida para crer e andar com Deus. A solução para o mundo não é a vingança do homem, mas a redenção em Cristo Jesus.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[1] GUERRAS E CONFLITOS. Guerra fria. Disponível em: http://guerrasportalprofessor.wordpress. com/grandes-guerras/guerra-fria/ Acesso em 19 de dezembro de 2013, às 22h30min.
[2] CRUZ, Maria Aparecida Souza. A guerra fria e a contracultura. Disponível em: http://www.historia.uff.br/nec/materia/grandes-processos/guerra-fria-e-contracultura . Acesso em 15 de dezembro de 2013, às 15h.
[3] Ibid.
[4] SCHILLING, Voltaire. A morte de Deus. Disponível em: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/ artigos/nietzsche_deus.htm . Acesso em 18 de dezembro de 2013, às 23h.
[5] Babyboom, literalmente explosão de bebês, é a denominação dada à geração que nasceu entre 1945 e 1964. Após o fim da segunda grande guerra mundial, com a volta dos maridos para casa e retorno de diversos jovens solteiros também, muitos filhos nasceram aumentando consideravelmente a população de muitos países. Esta geração marca o início de um novo rumo do mundo. Os conflitos continuaram no mundo dividido entre os Estados Unidos e a União Soviética, mas a população mundial começava a expressar seu descontentamento de forma mais expressiva. Em 1969 ocorreu o primeiro festival Woodstock, considerado a maior manifestação de paz de todos os tempos, ainda que não tenha sido o primeiro manifesto entre os hippies.
[6] O termo libertino aqui tanto carrega consigo o sentido mais positivo, livre de qualquer empecilho, quanto o mais negativo: dissoluto, licencioso, devasso, lascivo. A geração que nasce após a guerra voltou-se em grande medida contra a disciplina e autoridades, cansada das guerras e suas conseqüências, procurou se entregar a uma vida livre de “qualquer regra”. Contudo, alguns estavam simplesmente cansados da tirania dos governos e procuraram tirar de sobre os ombros o peso da opressão.
[7] WIKIPÉDIA. V de Vingança (filme). Disponível em: pt.wikipedia.org/wiki/V_de_Vingança_(filme) Acesso em 20 de dezembro de 2013, às 16h32min.
[8] MEDEIROS, Estefani. Criador de "V de Vingança", Alan Moore diz que "é maravilhoso o que está acontecendo" no Brasil. Disponível em: http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/ 2013/06/29/o-que-estao-fazendo-e-maravilhoso-diz-allan-moore-sobre-protestos-no-brasil.htm. Acesso em 20 de dezembro de 2013, às 16h15min.
[9] JUSTINO, Lucas. Escritores que você deveria conhecer. Disponível em: http://manualdatecnologia. com/cantinho-hq/escritores-que-voce-deveria-conhecer-alan-moore/ Acesso em 19 de dezembro de 2013, às 09h.
[10] MEDEIROS, op. cit.
[11] CIRNE, Pedro. Eu também iria às ruas, diz criador de máscara sobre protestos no Brasil. Disponível em: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/06/26/eu-tambem-iria-as-ruas-diz-criador-de-mascara-sobre-protestos-no-brasil.htm. Acesso em 20 de dezembro de 2013, às 15h50min.
[12] Crise Mundial dos Anos 70. In: infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2014. Disponível em: www.infopedia.pt/$crise-mundial-dos-anos-70;jsessionid=GrbnQpbdpPJ2KJjgEy+VEA__. Acesso em 20 de dezembro de 2013, às 18h.
[13] Leonid Brejnev foi um estadista soviético, o mais proeminentes de seu partido e chegou a assumir o cargo de chefe do estado.
[14] Leonid Brejnev. In: UOL.  Disponível em: http://educacao.uol.com.br/biografias/klick/0,5387,194-biografia-9,00.jhtm. Acesso em 20 de dezembro de 2013, às 16h40min
[15] Lana Wachowski, diretora de Matrix, fala pela 1ª vez sobre a sua mudança de sexo. In: Revista Monet. Editora Globo, 2012. Disponível em: http://revistamonet.globo.com/coluna/blog/ cinema/lana-wachowski-diretora-de-matrix-fala-pela-1%C2%AA-vez-sobre-a-sua-mudanca-de-sexo/. Acesso em 20 de dezembro de 2013, às 16h50min.
[16] Praticante de Xamanismo, busca por interagir com o mundo espiritual, energias que transcendem este mundo. O xamã é uma pessoa considerada como tendo acesso e influência no mundo dos espíritos benevolentes e malevolentes.
[17] Diálogo entre Evey e o investigador-chef, Eric Finch.
[18] Frase citada por “V” para expressar a perfeita sincronia de fatos que não surgem por acaso.
[19] Auto-apresentação do personagem “V” para Evey após livrá-la dos Homens-Dedo que tentaram estuprá-la.
[20] Trecho do filme no qual o personagem “V” faz sua auto-apresentação em seu primeiro encontro com Evey, após ter libertado-a das mãos dos “homens-dedo” que queriam estuprá-la, ironicamente ao lado de um cartaz do governo que dizia: “Força através da pureza, pureza através da fé”.
[21] Frase referida por “V” em diálogo final com o Sr. Creedy em estação de metrô.
[22] Frase dita por “V” em discurso para Evey.
[23] Resposta dada ao inspetor-chef Finch que perguntou para Evey: “Quem era ele?”
[24] WIKIPÉDIA. V for Vendetta. Disponível em: pt.wikipedia.org/wiki/V_for_Vendetta. Acesso em 20 de dezembro de 2013, às 16h23min
[25] MEDEIROS, Estefani. Criador de "V de Vingança", Alan Moore diz que "é maravilhoso o que está acontecendo" no Brasil. Disponível em: http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/ 2013/06/29/o-que-estao-fazendo-e-maravilhoso-diz-allan-moore-sobre-protestos-no-brasil.htm. Acesso em 20 de dezembro de 2013, às 16h15min.
[26] Frase citada pelo personagem Gordon Deitrich, um homossexual enrustido e apresentador de TV, em conversa com Evey.
[27] MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. São Paulo: Boitempo, 2010, p.145
[28] SIRE, James W. Dando nome ao elefante: cosmovisão como um conceito. Brasília: Editora Monergismo, 2012. p.138
[29] “Deus estava na chuva”, diz a carta de Valerie relatando a forma como a avó se referia aos tempos chuvosos.
[30] PEARCEY, Nancy. Verdade absoluta: libertando o cristianismo de seu cativeiro cultural. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.33-70
[31] POWLISON, David. Ídolos do coração & feira das vaidades: vida cristã, motivação individual e condicionamento sociológico. Brasília: Refúgio, 1996, p.

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