Pages

terça-feira, 4 de junho de 2013

O Reinado dos juízos de Deus

quando os teus juízos reinam na terra, os moradores do mundo aprendem justiça” (Is.26.9)

Após uma guerra sangrenta, a nação que conseguiu resistir até o fim é tida por vencedora, mesmo que seu exército tenha sido quase todo dizimado. Ficam apenas alguns sobreviventes que voltarão para casa levando a bandeira da vitória em suas mãos, mas estes darão à nação a alegria da vitória. Os mortos serão chorados, mas a nação receberá seus valentes vivos como heróis de guerra que venceram a batalha por todo o povo. É assim que se vêem os horizontes de glória ou obscuridade da história humana.
A idade média é situada entre o século V e XV da era cristã. É um período de aproximadamente mil anos, que viu o reinado do cristianismo nascer, se desenvolver e se deteriorar na cúpula de sua instituição. Para o mundo, foi um período de trevas, pois o cristianismo conseguiu dominar sobre o paganismo idólatra e imoral dos povos romanos, gregos e bárbaros. Para muitos evangélicos é um período de trevas, basicamente por causa da associação com o Catolicismo Romano vigente que nasce e se desenvolve neste período, quando erros foram cometidos pela liderança político-religiosa. Mas, como Deus vê este período?
É bem verdade, que vários pecados foram cometidos por alguns grupos tidos por cristãos, assim como hoje temos supostas igrejas como: “Igreja Universal do Reino de Deus”, “Internacional da Graça”, “Igreja Mundial do Poder de Deus” etc. Contudo, parece-nos que o olhar protestante para o medieval tem perdido o foco. A história registra incidentes lastimáveis vistos em pontos locais, atraindo os olhos da platéia para detalhes de um grande cenário. E quando se olha para detalhes de um grande cenário, se perde o propósito para o qual foi construído.
A glória do cristianismo medieval não está em suas pequenas histórias locais, mas no seu todo. É desta forma que o Antigo Testamento deve ser lido. Se fosse detalhada a vida de cada cidadão de Israel nos diversos períodos de glória da nação, não haveria nenhum momento de esplendor para o povo de Deus. No entanto, a glória do povo escolhido do Senhor é narrada com triunfo. O livro de Hebreus nos conta os feitos heróicos daqueles que venceram pela fé o mundo, mas se detalharmos a vida desses homens não veríamos tanta beleza assim.
O reinado de Salomão foi o período de maior glória da nação. Seu reinado foi próspero, seu domínio foi extenso e seu governante considerado o mais sábio de todos os homens sobre a terra. Segundo a promessa de Deus a Davi, o reinado de Salomão foi um tipo do Reinado Messiânico. No entanto, se detalharmos o período do reinado de Salomão, veremos os muitos pecados cometidos pelo líder e pelo povo, tirando assim a beleza do todo. Se fizermos isto, perderemos o foco da história que é de glória e não derrota. Os pecados têm seu valor, pois revelam que nenhum reinado neste mundo, por mais sábio que seja, será perfeito até que Jesus, o Rei dos reis traga seu Reino em plenitude e poder.
Como deveríamos, então, olhar para o período medieval? Da mesma forma que devemos olhar para as glórias de Israel! Um olhar de cima, numa visão panorâmica que revela a glória de seu todo, como numa batalha não se conta o número de mortos, mas a vitória nas mãos do restante que voltou para casa.
O cristianismo medieval foi glorioso, pois triunfou sobre o paganismo mundial. O politeísmo de quase todas as principais nações foi vencido e substituído pela adoração a um único Deus. A promiscuidade dos povos pagãos foi substituída pelos valores éticos-morais do cristianismo. A repugnante prática homossexual foi abolida e a poligamia sobreposta pela monogamia cristã. Perceba que um olhar panorâmico da história medieval nos proporciona uma visão da glória deste período tão perseguido por todos.
Quando a reforma protestante chega, o cristianismo medieval está desgastado, mas muitos de seus ensinos Bíblicos perduravam ainda no coração de fiéis. Por isso a reforma aconteceu. Se não houvesse homens com os ensinos medievais da Palavra de Deus no coração, não haveria o avivamento do cristianismo. Neste período, “os moradores do mundo aprenderam justiça” (Is.26.9b) e o cristianismo triunfou sobre o paganismo.
Desta forma, a reforma protestante é o avivamento do cristianismo medieval que precisava renovar suas forças para o período de trevas que se seguiria, pois paralelamente à reforma, ocorreu a volta do mundo pagão ao paganismo Greco-romano que teve início no renascentismo e iluminismo Europeus, seguidos por outros movimentos de caráter humanístico. O homem voltou a ser a medida de todas as coisas e com isso, o mundo declarou a morte de Deus, abandonou as Escrituras como regra de fé e prática e o retornou à promiscuidade, implantada pouco a pouco até nossos dias.
Dentro desta óptica, a era cristã está próxima de seu fim, e nossos dias maus cumprem seu propósito dentro das profecias divinas. Se assim o for, o cristão teve seus dias de glória no medieval, quando Cristo reinou por mil anos por meio do cristianismo. Mas, este olhar só é possível se ampliarmos a visão da história, com o objetivo de vermos o descortinar do grande projeto de Deus, nos desvencilhando, assim, da visão individualista ocidental que olha tanto para si mesma que não consegue ver o mundo ao seu redor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário