“A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã. Mais do que os guardas pelo romper da manhã” (Sl.130.6)
No quarto dia da criação, Deus fez todos os astros: o sol, a lua e as estrelas (com certeza, os demais, também). Além de embelezarem o universo, os astros deveriam iluminar a terra e ser instrumentos “para sinais, para estações, para dias e anos” (Gn.1.14). Dessa forma, Deus providenciou para toda a criação a possibilidade de recomeços, uma grande graça que antecede a queda do homem e a consequente entrada do pecado no mundo (Gn.3). Cada novo dia, cada nova semana, cada novo mês e cada novo ano proclamariam a esperança de um novo recomeço para “todos os que estais cansados e sobrecarregados” (Mt.11.28), preparando a humanidade para a necessária e plena restauração de tudo através da vida, morte, ressurreição e retorno de Jesus Cristo, o Filho de Deus, Salvador.
Por conseguinte, não somente a criação como, também, a história redentora nos mostra a bênção dos recomeços. Após muitos anos, nos quais os homens viviam segundo o próprio coração, Deus recomeçou a história humana com o dilúvio, trazendo a possibilidade de uma vida social melhor, marcada pela graça redentora de Deus que salvara toda a família de Noé (Gn.6-9). Mas, não muito tempo depois, os homens, guiados pelo coração pecador, voltam a se rebelar contra o Criador. Então, novamente, Deus manifesta sua graça afastando uns dos outros por meio da diversidade de línguas e, assim, o Senhor impediu a proliferação do pecado entre os homens (Gn.11). Desse modo, as famílias recomeçariam a vida, cada qual vivendo em uma região do mundo.
Desde então, o homem tem visto recomeços diversos ao longo de toda a história humana, como a história de Abraão (Gn.12), a jornada de José (Gn.37) e o êxodo de Israel (Ex.15). Esses e outros recomeços alimentariam a esperança dos homens na salvação prometida por Deus (Gn.3.15), pois, um dia, o Senhor graciosamente poria fim a todo mal e todo pecado, restaurando a criação para uma nova e eterna vida de santidade e felicidade com o Criador. Desde que o pecado entrou no mundo, a criação necessita de um recomeço universal, conforme o apóstolo nos diz: “A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm.8.19-21).
Portanto, não devemos olhar para os recomeços com medo, mas com esperança. Não devemos ter medo do amanhã, mas a esperança de que, em Cristo, ele poderá ser melhor do que nosso hoje. Cada novo ano deve alimentar a esperança da eternidade, pois, um dia, Jesus Cristo voltará para restaurar todas as coisas, trazendo “novo céu e nova terra” (Ap.21.1). Isso não significa que devemos viver atrás de novidades, pois somente Deus pode determinar o fim de uma jornada e o começo de outra. Por isso, disse Jesus: “não andeis ansiosos pela vossa vida” (Mt.6.25). É Deus quem nos traz à luz e é Ele que fecha nossos olhos com o último suspiro.
Sendo assim, apesar de todos os dias terminarem com a escuridão da noite, na qual devemos descansar a vida aos cuidados de Deus até o dia amanhecer, sempre temos a esperança do nascer de um novo dia que ilumine nosso viver. Por causa do pecado, a história humana continua carecendo de novos recomeços, como foi a Reforma Protestante e diversos outros avivamentos cristãos. E como a vida de personagens bíblicos tiveram várias etapas e recomeços, assim, também, Deus conduz nosso viver por diversas fases, quer sejam pastos verdejantes e águas de descanso (Sl.23.2-3) quer sejam vales da sombra da morte (Sl.23.4). Assim, os dias continuam indo e vindo, alimentando a esperança de um novo e eterno amanhecer com a volta de Jesus Cristo. Então, mantenha viva a esperança em seu coração! E quando a noite chegar, entregue sua vida aos cuidados do Senhor, pois Ele fará raiar sua luz sobre aqueles que esperam nEle.
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