Casei com uma diarista!
Você já teve a sensação de estar casado (ou casada) com um mero profissional? Ele trabalha e traz para casa o pão de cada dia e paga todas as contas. Ela arruma a casa e lava as roupas diariamente. Mas, em ambos os casos não há amor. Não há um abraço, não há um beijo, não há carinho, não há diálogo, não há cuidado com a subjetividade do outro. O lar parece uma empresa sendo administrada por dois profissionais bem focados em seu trabalho; e mais nada.
Essa é a realidade de muitos casais. Essa triste realidade fica pior ainda quando a mulher vive reclamando de tudo ou o marido não quer saber de nada. A gélida atmosfera de um lar sem amor dá lugar às tempestivas ondas bravias de um oceano abarcando fragatas em pleno espírito de guerra. Pouco sobra para contar a história. Com tais cenários, não é difícil entender o número de casais se divorciando, afinal há um limite para tudo.
Salomão parecia saber muito bem o que era conviver com uma mulher vazia, sem amor, mas cheia de maldade. Ele menciona quatro vezes quão desagradável é conviver com uma mulher rixosa e iracunda. Segundo Salomão, é melhor viver ao relento com sol, chuva, frio e calor, quer no eirado quer no deserto do que conviver com tal mulher:
Melhor é morar no canto do eirado do que junto com a mulher rixosa na mesma casa (Pv.21.9)
Melhor é morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e iracunda (Pv.21.19)
Melhor é morar no canto do eirado do que junto com a mulher rixosa na mesma casa (Pv.25.24)
O gotejar contínuo no dia de grande chuva e a mulher rixosa são semelhantes (Pv.27.15)
Fomos feitos à imagem de Deus, logo temos a necessidade de amar e sermos amados. Quando isso não acontece, naturalmente sentimos certo vazio dentro de nós. Esse amor é preenchido por Deus que ama seu povo com real e profundo amor. Contudo, o amor de Deus não anula um desejo humano natural por ser amado e acariciado por alguém especial para sua vida.
Essa necessidade começa na infância quando carecemos do amor dos pais. Ser pai e mãe não se resume a suprir necessidades materiais dos filhos, tais como comida, roupas, casa etc. Os filhos sentem a necessidade de dialogar, falar e ouvir; necessidade de receber carinho, beijos e abraços; necessidade de sentir o cuidado, a preocupação, a atenção, o interesse dos pais na vida de seus filhos. Quando isso não acontece, os filhos sentem certo vazio dentro deles, uma lacuna deixada em seu coração, ainda que tenham todos os bens materiais que uma pessoa possa desejar. É bem cedo que uma pessoa percebe que dinheiro e bens não substituem o amor.
Em 1 Coríntios 13, Paulo nos diz que nada pode substituir o amor. Conforme o apóstolo, o amor é maior que os dons; é maior que todo conhecimento; é maior que os milagres; é maior que os sacrifícios. Sem amor, a vida é desafinada, sem valor, sem proveito. Deus é amor, portanto viver para Deus é, também, viver o amor divino: “E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele” (1Jo.4.16).
Quando não há amor, os homens são como “nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos” (Jd.12). O amor é fruto do Espírito de Deus e fora plenamente demonstrado na cruz do Calvário quando Jesus se entregou, voluntariamente, para sofrer e morrer em nosso lugar. Foi pensando nesse amor que Jesus disse aos discípulos: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (Jo.13.34).
Pois bem, voltando ao contexto familiar, a necessidade do amor se torna maior ainda. O lar é o porto seguro do ser humano, frente ao vasto e inconstante oceano que é a sociedade. No lar, o coração-mente de cada pessoa é forjado, podendo adquirir estabilidade ou instabilidade, confiança e convicções ou medos e dúvidas. O amor é o caminho necessário para uma pessoa crescer saudável, capaz de lidar com os desafios da vida com esperança.
Mas, esse amor não deve durar apenas na fase de desenvolvimento de uma pessoa. Ao chegar à fase adulta, o homem e a mulher deverão continuar vivenciando o amor no seio do lar. Com o casamento, o amor que antes receberam dos pais passa a ser dado pelo cônjuge. Quando isso não acontece, o cônjuge deixa uma lacuna no coração da outra pessoa, criando um conflito interno nela, pois o lar onde nascera e crescera era um porto seguro, mas após o casamento tornara-se um iceberg.
Não deixe isso acontecer! Os cônjuges têm obrigação de tornar o lar em um lugar de refrigério para o desgastado, um oásis para o cansado, um rio caudaloso para o sedento, um banquete para o faminto, um abrigo para o peregrino, um quartel para o soldado, um porto seguro para os navegantes dessa vida marcada por lutas e tribulações.
O que se espera de uma esposa não é que saiba cozinhar, lavar e passar roupas e arrumar uma casa. O que se espera de uma esposa é que seja meiga, doce, amável; que tenha prazer em dar prazer; que seja cuidadosa com o marido; que proteja o esposo das tentações; que auxilie o homem nas responsabilidades, lutas e tribulações da vida.
O que se espera de um marido não é que traga o pão de cada dia e pague as contas da casa. O que se espera do esposo é que cuide e proteja; que ouça e converse; que dê atenção e esteja ao lado; que seja forte para carregar a família nas costas, a fim de que tenha segurança. A mulher não quer um sustentador apenas, mas um homem para amá-la e cuidar dela.
Família não é empresa que precisa apenas ser administrada. Casamento é lugar de amor, de cuidado, de carinho, de diálogo, de compreensão, de auxílio mútuo. Esse é o lugar que acolhe e abriga os corações cansados de um mundo debaixo do pecado, dando alento e esperança para seus tripulantes.
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