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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Abel, verdadeiro adorador

 


Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta” (Gn.4.4)


Abel é lembrado por dois fatos marcantes de sua história: Primeiramente, por ter oferecido um culto agradável a Deus com um coração íntegro, por meio do sacrifício de um cordeiro. O Segundo fato é sua morte, tendo sido assassinado pelo próprio irmão Caim (Gn.4.4,8). Esses dois importantes momentos da história de Abel falam até hoje sobre a relação de Abel com Deus, o Criador (Hb.11.4).


Algum tempo após a queda, Adão e Eva tiveram dois filhos: ao primeiro chamaram Caim e ao segundo, Abel. Caim e Abel tomaram rumos diferentes: Caim se tornou lavrador enquanto Abel pastor (Gn.4.1-2). Em hipótese alguma, podemos dizer que alguma das duas profissões seja desmerecida. Devemos considerar que Caim, o primogênito, seguiu o trabalho do pai que, desde o Éden, era lavrador, pois fora colocado no Jardim do Éden para “o cultivar e o guardar” (Gn.2.15). Abel, todavia, seguiu um caminho diferente e se tornou pastor. Não sabemos o que levou Abel a pastorear, mas podemos dizer que Deus estava conduzindo a vida daquele jovem temente ao Senhor.


A história da redenção nos revela que Deus está ativo operando para cumprir sua boa, agradável e perfeita vontade na vida de seu povo (Rm.12.2). Todavia, nem sempre é fácil descansar em Deus, principalmente quando o caminho que temos que percorrer é difícil e contrário às nossas expectativas e planos. Contudo, precisamos confiar sempre, como fez Davi ao afirmar: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam” (Sl.23.4). Olhar para os personagens do passado, a fim de contemplar a perseverança e a confiança deles é um importante estímulo para que também perseveremos e confiemos durante nossa difícil caminhada cristã. Abel foi um desses personagens fiéis que glorificou a Deus com sua vida e pela morte.


Podemos considerar que a escolha feita pelo caçula de Adão foi uma providência de Deus. O Senhor conduzia o coração de Abel por meio do Espírito Santo para cumprir nele a sua Santa vontade. Em contexto e propósito bem diferentes, Deus conduziu Sansão, também (Jz.14.4). Mais adiante, Jesus afirmou para os discípulos, que o Espírito Santo os conduziria a toda Verdade (Jo.16.13) e Paulo disse que o Espírito do Senhor opera dentro do cristão para que busquemos e façamos a vontade de Deus (Rm.8.26-27). Ou seja, Deus sempre esteve presente operando na história da redenção para conduzir seu povo à boa, agradável e perfeita vontade divina. E, como se estivesse pensando em Caim e Abel, Paulo diz que “os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz” (Rm.8.5-6).


Faz uma grande diferença ser guiado pelo Espírito e pela Palavra do Senhor. Por isso, pergunto: quem tem guiado a sua vida, diariamente? A mídia constantemente divulga a ideia de que devemos confiar e seguir o próprio coração. Todavia, Jesus afirma que é dentro do coração que mora o pecado: “o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias” (Mt.15.18-19). Portanto, tenha cuidado com o que deseja o coração, o profeta Jeremias diz que “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jr.17.9). Todavia, a vontade de Deus sempre é boa, pois Deus é bom (Gn.1.31). Então, mesmo que seja difícil, confie no Senhor!


O pouco que nos foi revelado sobre Abel testemunha que ele era um homem de Deus. Conforme Hebreus, “pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala” (Hb.11.4). Portanto, podemos dizer que, assim como Enoque e Noé (Gn.5.22; 6.9) andaram com Deus, também Abel andou com o Senhor e o Espírito Santo conduziu suas escolhas (ser pastor), suas vontades (dar o melhor a Deus), suas ações (oferecer “das primícias do seu rebanho e da gordura deste” (Gn.4.4).


Também podemos dizer que a Palavra de Deus guiou a vida de Abel. Tendo ocorrido a queda de Adão e Eva, Gênesis 3.21 nos diz que “fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu”. Uma vez que Deus usou peles de animais (cf.Gn.27.16), foi preciso haver a morte desses animais. Podemos deduzir que Deus fez o primeiro sacrifício diante de Adão e Eva, ensinando-lhes que “sem derramamento de sangue, não há remissão” (Hb.9.22). Abel aprendeu com seus pais que Deus cobriu seus pecados por meio da pele dos animais que foram mortos em lugar deles. Assim, conduzido pela Palavra de Deus e pelo Espírito do Senhor, Abel ofereceu um culto agradável ao Criador, tornando-se o primeiro verdadeiro adorador que adorou a Deus em Espírito e em Verdade (Jo.4.24).


Vemos, então, que andar com Deus é mergulhar frequentemente na profundidade da riqueza do conhecimento de Deus que nos foi revelado para sabermos quem Deus é e qual a sua vontade para nossas vidas. Além disso, andar com Deus é ser cheio do Espírito Santo. Jesus ensinou os discípulos a buscarem uma vida cheia do Espírito Santo: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lc.11.13). E os discípulos experimentaram essa promessa divina, conforme nos revela o livro de Atos dos Apóstolos: “Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus” (At.4.31).


Assim, também, está acessível a nós a promessa de vivermos uma vida cheia do Espírito Santo. Para isso, você deverá se entregar completamente ao Senhor, por meio de Cristo Jesus, dando início a uma vida de oração e meditação na Palavra do Senhor. Desse modo, Deus falará profundamente a seu coração e trabalhará poderosamente sua vida. Então, enquanto ora e medita, você é capacitado a lutar contra todo pecado contando com o gracioso auxílio do Senhor. Andando com Deus, você viverá o fruto do Espírito Santo: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl.5.22-23). Esse é o resultado de uma vida com Deus.


Parece-nos, conforme Gênesis 4.3, que demorou certo tempo considerável até que a família de Adão começasse a cultuar a Deus. Podemos conjecturar que a “vergonha” que Adão e Eva tiveram do pecado durou mais tempo do que poderíamos imaginar. Mas, por meio dos filhos, o culto ao Senhor é restaurado. Nisso, vemos a graça divina alcançando a família por meio de seus filhos (Sl.8.2; Mt.21.16). Mas, também podemos ver as consequências do pecado que logo cedo trouxe a morte para a família de Adão e Eva, pois Caim, matou seu irmão (Gn.4.8).


Mas, antes da tragédia, Abel apregoou seu testemunho nas portas da história da igreja do Senhor. Por meio de Abel, Deus nos revelou como queria ser adorado e o que seria necessário para a adoração. O livro de Gênesis nos diz que “aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante” (Gn.4.3-5).


O texto testifica que Deus se agradou tanto de Abel quanto de sua oferta. Portanto, tanto o elemento subjetivo quanto o objetivo da adoração agradaram ao Senhor. Assim, Deus nos revela que o culto possui um caráter subjetivo que diz respeito ao coração do sujeito que adora (Dt.6.5), e o caráter objetivo que diz respeito às ordenanças de Deus quanto à forma como devemos adorar a Deus (Jo.4.22). Todo culto deve ser oferecido de todo o coração e de acordo com a vontade de Deus, ou seja, em Espírito e em Verdade (Jo.4.24). Assim, Abel fala ainda hoje sobre uma vida que agrada ao Senhor.


É importantíssimo considerarmos o que Deus nos revela sobre a adoração por meio do culto oferecido por Abel. Ele nos fala que Deus não quer apenas sua presença em um lugar escolhido para o culto. O Senhor ordena que o amemos de todo o coração, de toda a alma e de toda a força (Dt.6.5), como único Deus. Além disso, Abel nos ensina que é direito de Deus escolher os elementos da adoração para que ofereçamos um culto do jeito que o Senhor quer (Rm.9.4-5). E, para isso, será necessário conhecer a vontade revelada que é a Escritura Sagrada. Portanto, a adoração deve ser oferecida de toda a mente e de todo o coração. Um culto racional (Rm.12.1-2) é um culto com entendimento, envolvendo todas as nossas emoções direcionadas para Deus e todo nosso entendimento para aprendermos mais de Deus. Quem oferece um culto de qualquer jeito também será tratado por Deus com repreensão, semelhante ao que aconteceu com Caim (Gn.4.5-7).


Mas, por ser um homem temente a Deus, Abel não somente agradou ao Criador, como também desagradou profundamente às trevas. Seu testemunho incomodou tão profundamente, que Caim, movido por ira, o matou: “Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas” (1Jo.3.12). Abel morreu por seu um homem temente a Deus, portanto foi o primeiro mártir da história eclesiástica. Sendo assim, “irmãos, não vos maravilheis se o mundo vos odeia” (1Jo.3.13). Também, devemos estar prontos para sofrer por amor àquele que se entregou em uma cruz por nos amar, Jesus. O cristão deve estar sempre consciente de que andar com Deus expõe nossas vidas, tanto aos olhos de Deus, de modo agradável ao Senhor, quanto à vista do mundo e do diabo, de modo a suscitar o desagrado e a ira do mundo e do diabo.


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