“Não
tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão taqmbém cada qual o que
é dos outros.” (Fp.2.4)
A igreja de Jesus recebeu a importante missão de expandir o
Reino de Deus (At.1.1-11). Contudo, não devemos confundir a expansão do Reino
com a abertura de denominações ou a construção de prédios para uso religioso. É
possível (e tem acontecido) que o denominacionalismo preste mais desserviço ao
Reino de Deus do que um verdadeiro serviço missionário. Podemos ver isso tanto
no conteúdo do ensino pregado em muitos lugares quanto na prática daqueles que
se reúnem, pois é fundamental que Deus seja verdadeiramente glorificado tanto
por meio da pregação fiel da Palavra do Senhor quanto no puro testemunho de uma
igreja santa, amorosa, simples, piedosa, humilde, honesta, mansa, dedicada e
serva. Por isso, há o fruto do Espírito (Gl.5.22-23).
Paulo, então, se preocupou, em todas as suas cartas, em
ensinar a Verdade e exortar à prática da santidade, principalmente do amor
(1Co.13.1-8). Por meio da leitura das cartas do apóstolo, temos a clara ideia
de que a igreja não é um ajuntamento de pessoas religiosas, somente, mas o
Corpo de Cristo, a Comunhão dos Santos, o Templo do Espírito de Deus (At.2.42; Ef.4.12;
1Pe.2.5). Portanto, não basta juntar pessoas em torno de uma ideia religiosa. É
preciso que as pessoas agregadas sejam verdadeiramente cristãs, convertidas
pelo poder da Palavra de Deus e do Espírito do Senhor, a fim de que se submetam
ao governo absoluto de Cristo e busquem uma vida em acordo com a vontade de
Deus revelada.
Uma das características da igreja do Senhor Jesus é o
cuidado entre os irmãos. Encontramos esse cuidado nos primeiros cristãos, quando
o Espírito Santo manifestou sua presença no meio da igreja convertendo,
aproximadamente, três mil pessoas que foram agregadas ao povo de Deus e tiveram
a vida transformada: “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em
comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos,
à medida que alguém tinha necessidade” (At.2.44-45). Aqueles que haviam
pedido a morte de um inocente, Jesus Cristo, agora estavam dando tudo de si
para abençoar os irmãos em Cristo Jesus. O Espírito Santo por meio da fiel
pregação da Palavra de Deus operou verdadeira nova vida naquelas pessoas e a
prova encontrava-se na perseverança na “doutrina dos apóstolos e na comunhão,
no partir do pão e nas orações” (At.2.42).
Em Filipenses, Paulo exorta a igreja a mostrar que o Espírito
Santo realmente estava presente entre aqueles cristãos. Isso aconteceria por
meio de relações fraternas permeadas pelo amor de Cristo, afinal o Senhor Jesus
havia dito: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim
como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos
que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo.13.34-35). Jesus
havia deixado claro que o amor não se expressa em palavras, mas é demonstrado
em atitudes, das quais sua cruz é a maior (Rm.5.8). Então, aquela igreja também
deveria mostrar que o amor de Cristo estava presente em seu meio:
Se há, pois,
alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do
Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, 2 completai a minha alegria, de
modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma,
tendo o mesmo sentimento. 3
Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada
um os outros superiores a si mesmo. 4
Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o
que é dos outros. (Fp.2.1-4)
A Escritura sempre apresenta dois caminhos ao homem: 1. O
caminho de Deus; 2. O caminho do pecado. Não há uma terceira opção: “Quem
não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Mt.12.30). O
mesmo acontece no texto de Filipenses 2.1-4. Paulo coloca a igreja na parede:
Há conhecimento da Palavra de Deus entre vocês? Há amor no coração de vocês? Há
a presença do Espírito de Deus com vocês de modo que haja afeto e misericórdia da
parte de Deus? Só é possível haver duas respostas: 1. Sim, tudo isso está
presente conosco; 2. Não, nada disso está presente entre nós. Todavia, Paulo
não quer uma resposta verbal apenas, mas uma demonstração da presença do Senhor
naquela igreja por meio do testemunho de vida dela.
Para o momento, nosso propósito é chamar a atenção, mais
especificamente, para Filipenses 2.4. Esse texto é uma exortação ao amor, não
uma sugestão para a espionagem, maledicência ou curiosidade sobre a vida alheia.
Paulo ensina a igreja que estava na importante cidade de Filipos a exercer o
amor mútuo, pois famílias de cristãos estavam cuidando apenas de si mesmas. Ou
seja, cada um estava cuidando de seus próprios interesses sem se importar como
estava a vida do irmão. Isso é comum no mundo pagão. Todavia, até entre não
cristãos podemos ver fortes gestos de cuidado com o próximo, presente em
iniciativas voluntárias. Isso nos mostra que Deus criou o homem para amar e a
indiferença é resultado da entrada do pecado no mundo.
Nesses dias difíceis, você tem cuidado dos irmãos em Cristo?
E como podemos fazer isso? A forma mais fácil de cuidarmos uns dos outros é
orando uns pelos outros (Tg.5.16). Quando oramos pelos irmãos estamos pedindo
que Deus cuide deles, fazendo aquilo que não podemos fazer e nos ajudando a
fazer aquilo que devemos fazer. A igreja deve fazer isso continuamente, tanto
em suas reuniões de oração quanto em suas orações particulares. Os resultados
da oração são maiores do que costumamos ver, pois raramente vemos aquilo que
Deus está operando em cada vida e família, tanto dentro das pessoas quanto fora
delas. Então, não ore esperando ver respostas rápidas ou aparentes. Ore
confiando que Deus é poderoso e gracioso para agir na vida das pessoas pelas
quais você está intercedendo, sabendo que por meio da oração você está ajudando
a cuidar delas.
Além da oração, cuidamos uns dos outros com atitudes: o
ensinar, o estar junto, o ouvir, o aconselhar, o servir, o dar, o corrigir, o
suprir etc. O cuidado dos irmãos ocorre por meio de ações no cotidiano que
mostram a preocupação mútua com as necessidades e bem-estar uns dos outros, incluindo
a correção quando necessária. Quando não há cuidado mútuo, então o amor está
ausente do meio cristão, o que normalmente acontece em tempos maus, quando o
pecado se prolifera na sociedade (Mt.24.12). Portanto, a igreja deve estar sempre
atenta à medida do amor em seu meio, a fim de que seja vista como verdadeira
discípula de Cristo, Aquele que a amou com a própria vida. E por meio desse
amor no meio da igreja, cada cristão desfruta e testemunha quão bom é o amor de
Deus, pois ele também é manifesto através da vida daqueles que fazem a sua
Santa vontade.
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