“E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e
aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele” (1Jo.4.16)
Já há algum tempo venho procurando
mostrar que o amor próprio é o principal agente motivador das ações humanas,
confundido, diversas vezes, com o amor ao outro. As escolhas que você faz
decorrem de seu amor próprio: a comida, o lazer, o trabalho, as amizades etc.
Você não faz escolhas que sejam ruins para si mesmo, mas procura aquilo que
considera bom para si, mesmo que não seja realmente bom. E uma das escolhas
feitas por amor próprio é a escolha do outro, já que o outro também é
instrumento para o bem-estar.
Por acaso alguém procura um
cônjuge que lhe seja desagradável? Não! Pelo contrário, tantos pretendentes são
descartados por não satisfazerem aos critérios pessoais que atendem ao amor
próprio: aparência, comportamento, status social etc. Quando uma pessoa diz que
casará com alguém porque o ama, na verdade (na grande maioria dos casos) ela
está casando porque ama a si mesma e o futuro cônjuge satisfaz esse amor
próprio, pois promove bem-estar para ela. Caso o futuro cônjuge não fizesse com
que se sentisse bem, não haveria casamento, pois não se costuma casar para o
bem do outro, mas para o próprio benefício. Isso é amor próprio!
Podemos ver isso melhor nos
momentos em que o cônjuge não causa satisfação, despertando diversos
sentimentos, pensamentos e atitudes completamente contrários ao amor, incluindo
o divórcio. Por que brigas, discórdias, angústias, aborrecimentos, frustrações
etc.? O verdadeiro amor é uma dádiva, logo, nos momentos em que o cônjuge
mostra seus mais profundos defeitos, este amor deveria revelar sua natureza
tanto incondicional quanto altruísta, sempre preocupado com o bem-estar alheio,
pois vive para abençoar, não para ser abençoado.
Contudo, os problemas nos
relacionamentos revelam que as pessoas casam por amarem a si mesmas, não por
amarem alguém. O outro é sempre um instrumento para a satisfação pessoal, para
o bem-estar próprio. O mesmo pode ser afirmado sobre as demais relações,
incluindo as relações fraternas dentro das igrejas locais. Observemos que, com
muita naturalidade, pessoas se aproximam umas das outras formando grupos de
amizade de acordo com a afinidade. Ou seja, costuma-se procurar as pessoas que
melhor satisfazem às expectativas do amor próprio, preferencialmente se
evitando aquelas que demonstram maiores defeitos.
Por isso, tanto os casamentos quanto
as demais relações fraternas precisam conhecer a Verdade libertadora que revela
seus mais profundos enganos e o único Caminho para redimir plenamente os
relacionamentos. É preciso conhecer a si mesmo para reconhecer a necessidade de
mudança. Uma pessoa doente só procura auxílio médico quando reconhece que tem
alguma doença, caso contrário, dificilmente buscará ajuda. E, uma vez
reconhecido o problema revelado pela Palavra de Deus, faz-se necessário
encontrar a solução. Para isso, precisamos do endereço certo do único médico da
alma, capaz de alcançar as profundezas do ser e, a partir dele, restaurar as
relações: Cristo Jesus.
Cristo é mais que um exemplo de
amor verdadeiro, pois ele realmente se entregou para salvar pessoas que não o
agradaram, nem mesmo um pouco, como podemos ver nos evangelhos (Lc.23.34). Cristo
amou pessoas desagradáveis, muitas das quais estavam pedindo sua morte na cruz
(At.2.36). Ele suportou os muitos defeitos de seus discípulos, mesmo não
precisando deles (Mt.26.34). Cristo realmente mostrou-nos aquilo que o apóstolo
João nos diz posteriormente: “E nós
conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor” (1Jo.4.16).
Portanto, Cristo realmente é o perfeito exemplo de amor, o amor que Ele nos
ensinou a ter (Mt.5.43-48) no meio de seu povo (Jo.13.34-35).
E este amor visto em Cristo nos é
oferecido não apenas como exemplo, mas, também, como dádiva a ser vivenciada em
nós. Pelo Espírito de Deus e por meio da Palavra do Senhor, Cristo transforma
nossa vida (2Co.3.18) para que não vivamos segundo nosso coração pecador, mas
conforme a santa vontade do Senhor, afirmando “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que,
agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo
se entregou por mim” (Gl.2.20). Em Cristo, então, recebemos mais que um
exemplo de vida, passamos a ter uma nova vida capaz de amar como Ele nos amou,
pois o amor é fruto do Espírito Santo que Ele nos deu e habita no meio de sua
igreja (Gl.5.22). Portanto, se aproxime de Cristo para ter vida nEle. É por
meio dessa nova vida em Cristo que casamentos são restaurados, igrejas vivem o
verdadeiro amor e a sociedade pode desfrutar de uma nova forma de se
relacionar.
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