“Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade
não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu
perdoaste a iniquidade do meu pecado. Sendo assim, todo homem piedoso te fará
súplicas em tempo de poder encontrar-te. Com efeito, quando transbordarem
muitas águas, não o atingirão” (Sl.32.5-6)
Quão difícil é para o homem pedir perdão por seus pecados.
Todavia, pedir perdão após reconhecer algum erro cometido não é sinônimo de
fraqueza, como se pensa costumeiramente, mas de maturidade. Davi foi um homem
valente, que em sua tenra idade não temeu lutar contra um urso e um leão
(1Sm.17.34-36); em sua adolescência não temeu matar um gigante guerreiro que
afrontava o Senhor (1Sm.17.37); e, no curso de sua vida lutou em grandes
guerras alcançando a paz para o povo de Israel (1Cr.28.3). E mesmo tornando-se
o grande rei de Israel, estava pronto para pedir perdão por causa de seus erros
(Sl.32; 38; 51).
Foi, também, um rei quem disse: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as
confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv.28.13), afinal “bem-aventurado aquele cuja iniquidade é
perdoada, cujo pecado é coberto” (Sl.32.1). A confissão de pecados pode ser
considerada como vitória contra a dureza do coração pecador que se recusa a
reconhecer sua miséria e pedir ajuda para Deus, a fim de que possa viver uma
nova vida por meio da superabundante graça do Senhor.
Para o mundo, o bom líder é aquele que não erra, mas para
Deus o líder segundo sua Palavra é aquele que reconhece seus erros, se retrata
diante do Criador e segue alegremente fazendo a vontade do Senhor. A ideia de
que o reconhecimento de erros cometidos está associado à fraqueza pode ser vista
na constante propagação que a mídia faz dos erros cometidos por nosso
presidente. Em vez de verem virtude na retratação e humilde confissão, o mundo
vê fraqueza. Essa atitude é própria de um mundo que ambiciona a glória de Deus,
como a ambicionava o rei da Babilônia: “Tu
dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei
o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte;
subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (Is.14.13-14).
O que impede que pessoas peçam perdão umas às outras é o
orgulho de um coração que pensa mostrar-se forte em sua tentativa de
transparecer perfeição. Por esse motivo, líderes não pedem perdão quando
cometem diversos erros; cônjuges não pedem perdão quando pecam um contra o
outro; irmãos em cristo preferem deixar a igreja a ter que confessar suas
faltas e restabelecer um relacionamento puro com os demais. E sem o perdão
mútuo as relações tornam-se superficiais e aparentes, formais e até cansativas.
Outro problema que a falta de perdão pode gerar é uma
balança injusta. Para aquele que não pede perdão, a lei é sempre aplicada ao
outro. Vemos isso quando, em João 8.1-11, Jesus livrou uma mulher adúltera da
condenação dos escribas e fariseus, os mesmos que planejariam a morte de Cristo
sem qualquer consciência de pecado (Mt.27.4). Também é possível encontrar tal
desigualdade na “praxe” de burlar a lei por interesses particulares, razão para vermos diversas pessoas terem medo de se expressar em concílios. E
constantemente isso acontece quando pessoas pedem perdão a Deus, mas não se
dispõe a perdoar a quem as feriu em alguma medida (Mt.18.23-35). Desse modo, a lei serve para
quem convém quando o coração endurecido não reconhece seus próprios pecados, a
fim de confessa-los a Deus para uma nova caminhada.
Mas, há tempo para mudar isso! As cartas do apóstolo Paulo
não foram escritas para pessoas incrédulas, mas para cristãos confessos,
mostrando que o processo de transformação do cristão ocorre ao longo de sua
jornada. Portanto, devemos lembrar constantemente seu ensino sobre a
necessidade de se praticar a confissão e o perdão, habitualmente: “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos
mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o
Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós” (Cl.3.13).
Pedir perdão é uma necessidade para o indivíduo e para a
sociedade. Sem essa prática, o homem não encontra o perdão divino, a fim de estar
em paz com Deus por intermédio da justiça do Senhor Jesus. Essa paz traz alívio
para o coração do pecador arrependido, pois está adornada com a fé nas
promessas do Senhor. A consciência de culpa pela ausência de confissão deixa o coração
apertado e a mente pesada, sem paz, “porque
a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de
estio” (Sl.32.4).
A sociedade também precisa da prática de pedir perdão, a
partir das relações familiares. Casamentos sem perdão se esgotam até que um dos
dois, ou ambos, sinta-se cansado demais para continuar. Pedir perdão com
sinceridade de coração pode salvar muitos casamentos que estavam à beira da
completa ruina. O homem não é mais homem se encobrir seus erros nem a mulher
será mais atraente se fingir não ter falhas. Muito ao contrário, o hábito de
reconhecer humildemente as próprias faltas mostra maturidade e beleza de
coração, capaz de cativar aqueles que estão dentro da relação conjugal.
De modo semelhante, as relações dentro da igreja de Cristo
precisam ser profundamente adornadas com o perdão mútuo. Não reconhecer as
próprias faltas enquanto, inevitavelmente, se está sempre observando os erros
dos outros faz com que as relações sejam fingidas e superficiais. Pessoas que
não reconhecem seus erros não estão prontas para viver em comunhão com outras. Essa
é uma das razões para a constante migração de pessoas de uma igreja para outra,
sem qualquer relação com a doutrina. É preciso resgatar o hábito de se pedir
perdão, mutuamente, dentro das igrejas, a fim de se salvar as relações cristãs.
A prática de se pedir perdão enriquece relações. O orgulhoso
se faz humilde e reconhece que, assim como os demais, também está sujeito a
muitos erros. Desse modo, desaparece a disparidade entre as pessoas, pois já
não haverá melhores e piores, mas pecadores arrependidos dispostos a perdoar e
pedir perdão, prontos para ajudar uns aos outros no propósito de viver uma vida
agradável a Deus. São estes que formam uma sociedade justa e agradável, igrejas
verdadeiras e puras, famílias saudáveis e estáveis. Afinal, há apenas um homem
que nunca pecou e jamais pecará: Jesus Cristo!
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