“Por todos os
lugares andam os perversos, quando entre os filhos dos homens a vileza é
exaltada.” (Sl.12.8)
Dificilmente, um
brasileiro decente não está cansado da corrupção de nosso país. A moral do povo
brasileiro está descendo ladeira abaixo muito rapidamente, solapando a base da
sociedade: a família. Ocasionalmente, temos a impressão que “já não há homens piedosos; desaparecem os
fiéis entre os filhos dos homens” (Sl.12.1). E como se não bastassem os
problemas políticos e culturais dessa nação pagã, o cristianismo brasileiro se
mostra bastante enfermo, de modo que até dentro das igrejas locais “falam com falsidade uns aos outros, falam
com lábios bajuladores e coração fingido” (Sl.12.2).
Essa experiência
infeliz e esse sentimento triste não são exclusividade de nossa geração e
nação. Desde que o homem pecou contra o Senhor (Gn.3), o “mundo jaz no maligno” (1Jo.5.19), “não há um justo, nem um sequer” (Rm.3.10) e, portanto, a sociedade
está sujeita à degradação da cultura que culmina, de tempos em tempos, no caos
moral, conforme nos revela a narrativa do dilúvio (Gn.6-9). Semelhante a um
vírus o pecado se prolifera até tomar conta de todo o corpo, levando o
indivíduo à morte; assim como o mofo, o pecado se alastra por todo o ambiente
até deixa-lo sombrio e inabitável, caso ninguém intervenha dando fim ao avanço
do mal. Muitas gerações testemunharam os danos do pecado e muitos justos
suspiraram perturbados por viverem numa geração corrompida. Davi passou pela
mesma experiência angustiante e soltou gritos de socorro ao Senhor, pois
somente Deus poderia intervir, tanto convertendo o coração dos pecadores quanto
fazendo justiça em toda a terra, livrando, assim, aqueles que temem o Senhor
das garras dos homens ímpios (Sl.12.1).
O clamor de Davi
também ecoou da boca de Cristo: “geração
incrédula e perversa! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei?”
(Mt.17.17). Jesus presenciou os efeitos do pecado na sociedade, se aborreceu
com os hipócritas (Mt.23), se entristeceu com a miséria espiritual de seu povo
(Lc.19.41) e chamou os “cansados e
sobrecarregados” (Mt.11.28) para que, nEle, encontrassem alívio. Jesus
testemunhou a injustiça, a mentira e a falsidade naqueles que se opuseram-lhe
dia a dia, tantas vezes com palavras bajuladoras: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus, de
acordo com a verdade, sem te importares com quem quer que seja, porque não
olhas a aparência dos homens” (Mt.22.16//Mt.12.38) e na cruz clamou a Deus
Pai: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?” (Mt.27.46). Portanto, o clamor indignado e angustiado de
Davi também nos remete para os sentimentos de Cristo diante de uma “geração incrédula e perversa” (Mt.17.17).
Além de nos remeter
ao sofrimento do Messias, o Salmo 12 nos conduz à graça de Cristo. Por isso,
Jesus chamou as multidões a si mesmo, a fim de que encontrassem alívio nEle
(Mt.11.28). O pecador cansado de um mundo mentiroso, injusto e perverso encontra
refúgio em Cristo que, por meio da Palavra e do Espírito de Deus, liberta do
império das trevas, todo aquele que crê. Os pobres, os sofridos e os
marginalizados foram abrigados por Jesus que comeu com eles, andou no meio
deles, libertou os cativos do diabo e deu esperança de vida eterna a todos os
que nEle creram. Dessa forma, Jesus se levantou “por causa da opressão” (Sl.12.5) não somente dos pobres, mas,
também, de muitos outros pecadores.
Quando nos sentimos
tristes por causa do mundo enganador em que vivemos, somos lembrados ainda,
pela Palavra de Deus, que há uma esperança de vida eterna, um “novo céu e nova terra” onde “a morte já não existirá, já não haverá luto,
nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap.21.1,4).
Então, aqueles que encontram abrigo em Jesus são atraídos a refugiar-se nas “Palavras do Senhor”, “palavras puras” como “prata refinada em cadinho de barro, depurada
sete vezes” (Sl.12.6); Palavra que não mente nem engana jamais; que revela
o pecado do coração do pecador e concede graça e misericórdia a todo aquele que
arrependido entregar a vida ao Senhor.
Por fim, o Salmo 12
aponta para necessidade de orarmos: “venha
o Teu Reino; faça-se a Tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt.6.10),
pois em um mundo que jaz no maligno “por
todos os lugares andam os perversos” (Sl.12.8). Então, a igreja deve usar “a prática de súplicas, orações,
intercessões, ações de graças em favor de todos os homens” (1Tm.2.1), para
que Deus intervenha impedindo a proliferação do mal na sociedade. Além disso, a
igreja é lembrada de sua responsabilidade como “sal da terra” e “luz do mundo”
(Mt.5.13-16), propagadora e praticante da Verdade, agente de transformação de
todas as esferas da cultura social.
Portanto, por pior
que seja a situação em que se encontram as denominações, a nação e o mundo, há
uma esperança: Jesus. Mesmo em um mundo em que “a vileza é exaltada” (Sl.12.8), os justos devem lembrar que há um
reto Juiz para quem podem clamar por socorro. O caos ao nosso redor demonstra a
necessidade que o pecador tem de Cristo e, por meio da Palavra de Deus, o
cristão é lembrado que sua esperança não está nesse mundo, mas nas promessas de
Deus, na vida eterna que Ele prometeu para aqueles que nEle creem. A perversão
da sociedade deve, ainda, despertar o cristão para a necessidade de propagar a
justiça e a Verdade, a fim de mudar o mundo a seu redor. E recordar que, em
Jesus, os crentes encontram guarida, bem guardados do mundo mau, mesmo que
tenham que pagar o preço de pertencer a Cristo (Mt.5.11-12).
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