“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida,
mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.” (Rm.14.17)
Quanto de sua vida é cristã? Parece
estranha a pergunta, mas é assim que a geração pós-moderna (subjetivista)
entende o cristianismo: uma questão de “fé”, apenas. Ou seja, para os cristãos
de nossos dias, questões de fé são tratadas na “igreja”, e não há nenhuma
relação com o trabalho, o estudo, a família, o comércio, a política, a arte, a
economia e os diversos planos para a vida.
Fruto desse subjetivismo, surgiu a
ideia que sobre “política, futebol e religião não se discute”. Ou seja, “cada
cabeça é um mundo” e “o que é verdade para um não é verdade para o outro”.
Todas essas frases mostram que a vida cristã tornou-se uma “mera religião”
dentro do universo subjetivo de cada indivíduo. A conversão deixou de ser uma
realidade objetiva operada no sujeito pecador. E sem o conceito de Verdade
absoluta, a vida cristã também deixou de estar em acordo com essa Verdade que
se distingue de toda mentira própria de um mundo em pecado.
Certo dia, fomos a uma loja de
roupas e, enquanto minha esposa provava alguns vestidos, fiquei observando os
detalhes da loja: a música ambiente era evangélica, as atendentes estavam
vestidas com “saias jeans” características de algumas denominações, mas havia diversas
roupas inapropriadas à venda (minissaias e shortinhos). Então, perguntei para
uma das atendentes se o dono da loja era evangélico. A resposta foi afirmativa.
Diante disso, questionei: “Como vocês conseguem vender algo que nem mesmo
usariam, pois sabem que é indecente?”
Aqueles cristãos não conseguiam
perceber a incoerência de suas ações. Para ficar mais claro, podemos dizer que
seria semelhante a um cristão não usar drogas, mas vendê-las na rua para que
outras pessoas vivam escravas das drogas. O cristão pode fazer isso? NÃO! Como
é possível alguém pertencer ao Santo e Justo Rei, Senhor da glória, e ao mesmo
tempo fazer papel de funcionário de Satanás, oferecendo ao mundo algo que é reprovado
por Deus em Sua Santa Palavra?
O mesmo tem acontecido em diversas
outras áreas da vida social: cristãos tocam na igreja glorificando a Deus, mas
o negam em outros ambientes tocando músicas que desprezam o conhecimento do
Senhor; cristãos adoram a Deus na igreja, mas ensinam nas aulas de biologia que
tudo é fruto de uma evolução; cristãos defendem, na igreja, que Deus é justo e
verdadeiro, mas são desonestos na administração dos bens e mentirosos nas
transações comerciais.
A conversão tornou-se uma passagem
de uma religião para outra, exigindo, apenas, um compromisso com “programações”
de uma igreja local. O ativismo das igrejas locais tem ajudado a cegar seus
membros e a falta de cuidado na pregação da Escritura tem mantido o povo sem o
conhecimento da Verdade libertadora. Por essa razão, pessoas que participam das
atividades de uma denominação consideram que isso as torna cristãs, mesmo que a
vida diária esteja tão longe de Deus quanto se estivessem vivendo longe da
igreja.
Para entendermos a integridade da
vida cristã, precisamos entender, primeiramente, o Reino de Cristo, pois,
conforme nos ensina Paulo, a conversão é uma passagem do império das trevas
“para o Reino do Filho do seu amor” (Cl.1.13). Ou seja, o cristão é aquela
pessoa que foi liberta pelo poder da Palavra e do Espírito de Deus, sendo por
eles transportado da escravidão do pecado, do mundo e do diabo para viver uma
vida santa, justa e agradável a Deus dentro do Reino de Seu Filho, Jesus
Cristo.
Quando Jesus veio, trouxe consigo
seu Reino glorioso, razão pela qual grandes maravilhas foram operadas por Ele e
seus discípulos, mostrando ao mundo que o Reino dos céus estava chegando. Sua
morte e ressurreição marcaram o estabelecimento do Reino de Deus entre os
homens, e o Pentecostes confirmou tal presença concedendo, aos súditos desse
Reino, poder para realizarem a vontade do Rei dos reis e Senhor dos senhores. A
igreja, então, avança confiante, pois as portas do inferno não podem resistir
ao poder da Palavra e do Espírito de Deus (Mt.16.18).
Mas, o Reino do Senhor Jesus não
diz respeito apenas à evangelização ou aos cultos ou à pregação. Nesse Reino,
tudo é novo e santo, justo e verdadeiro, amável e bom. Quando a Palavra e o
Espírito de Deus convertem uma pessoa, ela é liberta de todo jugo do império
das trevas para viver uma vida completamente nova no Reino de Deus. Por isso,
tanto Jesus ensinou sobre a santidade (Mt.5-7) quanto os apóstolos aplicaram a
obra redentora ao dia a dia das igrejas, de modo que todas as esferas da vida pessoal
e social deveriam ser redirecionadas para Cristo por meio de um viver “de modo
digno do Senhor” (Ef.4.1; Fp.1.27; Cl.1.10; 2 Ts.2.12).
Os cristãos, portanto, tem um jeito
santo e agradável a Deus, dirigido pela Escritura Sagrada e pelo Espírito
Santo, de trabalhar, estudar, se relacionar, viver em família, tratar os
problemas, lidar com as tentações, se submeter às lideranças, administrar os
bens, se envolver com a política, comer e beber, se divertir, fazer e apreciar
a arte, educar filhos, procurar uma pessoa para casar, ver a si mesmo e aos
outros e fazer planos para a vida. Essa é a nova vida que Jesus dá para aqueles
que são alcançados pelo poder da Palavra e do Espírito de Deus. Tudo se faz
novo (Gl.2.20)!
Isso ocorre porque a conversão
atinge e muda aquilo que é mais essencial na vida: o coração. Conversão não é
mudança de status social nem do pobre para o rico nem do rico para o pobre;
conversão não é deixar alguns vícios, apenas: bebida, fumo, prostituição ou
drogas; conversão não é mudança de roupa, apenas; conversão não é mudança de
algumas ideias. A conversão é mudança de coração, pois do coração brotam todas
as coisas, e somente Deus tem poder para fazer essa cirurgia (Ez.36.26-27).
Quando ocorre a genuína conversão, o indivíduo é conduzido a deixar de amar a
si mesmo, a fim de dedicar todo seu amor a Cristo, o Salvador. Como disse
Jesus: “Se alguém quer vir após mim, a si
mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt.16.24).
Quando pessoas mudam coisas
externas tais como: roupas, hábitos, ideias etc, mas não têm o coração
transformado pelo poder de Deus, elas se tornam meras religiosas que
serão parte de um igreja local, frequentarão as programações da denominação,
mas não terão o fruto do Espírito Santo, pois são incapazes de produzir frutos
de justiça, como disse Jesus: “Não pode a
árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons”
(Mt.7.18).
Sua vida inteira é cristã? Tudo em você realmente glorifica a Deus: palavras, ações, intenções, ideias,
satisfações, planos e motivações? Você já crucificou suas paixões, orgulho,
desejos maus e pensamentos pecaminosos? Somente por meio da verdadeira conversão
que ocorre no mais íntimo do coração, você viverá a inteireza de sua vida para
a glória de Deus, como verdadeiro súdito do Reino dos céus. Portanto, corra
para Cristo, pois somente Ele pode transplantar um novo coração em seu peito
para que a nova vida, proporcionada pelo Espírito de Deus, pulse cheia de vigor
dentro e fora de você.
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