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quinta-feira, 3 de maio de 2018

Uma vida integralmente cristã


Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.” (Rm.14.17)

Quanto de sua vida é cristã? Parece estranha a pergunta, mas é assim que a geração pós-moderna (subjetivista) entende o cristianismo: uma questão de “fé”, apenas. Ou seja, para os cristãos de nossos dias, questões de fé são tratadas na “igreja”, e não há nenhuma relação com o trabalho, o estudo, a família, o comércio, a política, a arte, a economia e os diversos planos para a vida.

Fruto desse subjetivismo, surgiu a ideia que sobre “política, futebol e religião não se discute”. Ou seja, “cada cabeça é um mundo” e “o que é verdade para um não é verdade para o outro”. Todas essas frases mostram que a vida cristã tornou-se uma “mera religião” dentro do universo subjetivo de cada indivíduo. A conversão deixou de ser uma realidade objetiva operada no sujeito pecador. E sem o conceito de Verdade absoluta, a vida cristã também deixou de estar em acordo com essa Verdade que se distingue de toda mentira própria de um mundo em pecado.

Certo dia, fomos a uma loja de roupas e, enquanto minha esposa provava alguns vestidos, fiquei observando os detalhes da loja: a música ambiente era evangélica, as atendentes estavam vestidas com “saias jeans” características de algumas denominações, mas havia diversas roupas inapropriadas à venda (minissaias e shortinhos). Então, perguntei para uma das atendentes se o dono da loja era evangélico. A resposta foi afirmativa. Diante disso, questionei: “Como vocês conseguem vender algo que nem mesmo usariam, pois sabem que é indecente?”

Aqueles cristãos não conseguiam perceber a incoerência de suas ações. Para ficar mais claro, podemos dizer que seria semelhante a um cristão não usar drogas, mas vendê-las na rua para que outras pessoas vivam escravas das drogas. O cristão pode fazer isso? NÃO! Como é possível alguém pertencer ao Santo e Justo Rei, Senhor da glória, e ao mesmo tempo fazer papel de funcionário de Satanás, oferecendo ao mundo algo que é reprovado por Deus em Sua Santa Palavra?

O mesmo tem acontecido em diversas outras áreas da vida social: cristãos tocam na igreja glorificando a Deus, mas o negam em outros ambientes tocando músicas que desprezam o conhecimento do Senhor; cristãos adoram a Deus na igreja, mas ensinam nas aulas de biologia que tudo é fruto de uma evolução; cristãos defendem, na igreja, que Deus é justo e verdadeiro, mas são desonestos na administração dos bens e mentirosos nas transações comerciais.

A conversão tornou-se uma passagem de uma religião para outra, exigindo, apenas, um compromisso com “programações” de uma igreja local. O ativismo das igrejas locais tem ajudado a cegar seus membros e a falta de cuidado na pregação da Escritura tem mantido o povo sem o conhecimento da Verdade libertadora. Por essa razão, pessoas que participam das atividades de uma denominação consideram que isso as torna cristãs, mesmo que a vida diária esteja tão longe de Deus quanto se estivessem vivendo longe da igreja.

Para entendermos a integridade da vida cristã, precisamos entender, primeiramente, o Reino de Cristo, pois, conforme nos ensina Paulo, a conversão é uma passagem do império das trevas “para o Reino do Filho do seu amor” (Cl.1.13). Ou seja, o cristão é aquela pessoa que foi liberta pelo poder da Palavra e do Espírito de Deus, sendo por eles transportado da escravidão do pecado, do mundo e do diabo para viver uma vida santa, justa e agradável a Deus dentro do Reino de Seu Filho, Jesus Cristo.

Quando Jesus veio, trouxe consigo seu Reino glorioso, razão pela qual grandes maravilhas foram operadas por Ele e seus discípulos, mostrando ao mundo que o Reino dos céus estava chegando. Sua morte e ressurreição marcaram o estabelecimento do Reino de Deus entre os homens, e o Pentecostes confirmou tal presença concedendo, aos súditos desse Reino, poder para realizarem a vontade do Rei dos reis e Senhor dos senhores. A igreja, então, avança confiante, pois as portas do inferno não podem resistir ao poder da Palavra e do Espírito de Deus (Mt.16.18).

Mas, o Reino do Senhor Jesus não diz respeito apenas à evangelização ou aos cultos ou à pregação. Nesse Reino, tudo é novo e santo, justo e verdadeiro, amável e bom. Quando a Palavra e o Espírito de Deus convertem uma pessoa, ela é liberta de todo jugo do império das trevas para viver uma vida completamente nova no Reino de Deus. Por isso, tanto Jesus ensinou sobre a santidade (Mt.5-7) quanto os apóstolos aplicaram a obra redentora ao dia a dia das igrejas, de modo que todas as esferas da vida pessoal e social deveriam ser redirecionadas para Cristo por meio de um viver “de modo digno do Senhor” (Ef.4.1; Fp.1.27; Cl.1.10; 2 Ts.2.12).

Os cristãos, portanto, tem um jeito santo e agradável a Deus, dirigido pela Escritura Sagrada e pelo Espírito Santo, de trabalhar, estudar, se relacionar, viver em família, tratar os problemas, lidar com as tentações, se submeter às lideranças, administrar os bens, se envolver com a política, comer e beber, se divertir, fazer e apreciar a arte, educar filhos, procurar uma pessoa para casar, ver a si mesmo e aos outros e fazer planos para a vida. Essa é a nova vida que Jesus dá para aqueles que são alcançados pelo poder da Palavra e do Espírito de Deus. Tudo se faz novo (Gl.2.20)!

Isso ocorre porque a conversão atinge e muda aquilo que é mais essencial na vida: o coração. Conversão não é mudança de status social nem do pobre para o rico nem do rico para o pobre; conversão não é deixar alguns vícios, apenas: bebida, fumo, prostituição ou drogas; conversão não é mudança de roupa, apenas; conversão não é mudança de algumas ideias. A conversão é mudança de coração, pois do coração brotam todas as coisas, e somente Deus tem poder para fazer essa cirurgia (Ez.36.26-27). Quando ocorre a genuína conversão, o indivíduo é conduzido a deixar de amar a si mesmo, a fim de dedicar todo seu amor a Cristo, o Salvador. Como disse Jesus: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt.16.24).

Quando pessoas mudam coisas externas tais como: roupas, hábitos, ideias etc, mas não têm o coração transformado pelo poder de Deus, elas se tornam meras religiosas que serão parte de um igreja local, frequentarão as programações da denominação, mas não terão o fruto do Espírito Santo, pois são incapazes de produzir frutos de justiça, como disse Jesus: “Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons” (Mt.7.18).

Sua vida inteira é cristã? Tudo em você realmente glorifica a Deus: palavras, ações, intenções, ideias, satisfações, planos e motivações? Você já crucificou suas paixões, orgulho, desejos maus e pensamentos pecaminosos? Somente por meio da verdadeira conversão que ocorre no mais íntimo do coração, você viverá a inteireza de sua vida para a glória de Deus, como verdadeiro súdito do Reino dos céus. Portanto, corra para Cristo, pois somente Ele pode transplantar um novo coração em seu peito para que a nova vida, proporcionada pelo Espírito de Deus, pulse cheia de vigor dentro e fora de você.

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