“Mas a quem hei de comparar esta
geração? É semelhante a meninos que, sentados nas praças, gritam aos
companheiros: Nós vos tocamos flauta, e não dançastes; entoamos lamentações, e
não pranteastes. Pois veio João, que não comia nem bebia, e dizem: Tem demônio!
Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de
vinho, amigo de publicanos e pecadores! Mas a sabedoria é justificada por suas
obras.” (Mt.11.16-19)
Certo filho viajou para outra cidade, a fim de
trabalhar numa empresa que o convidou. Em casa, os pais preocupados com ele
resolvem enviar uma carta, a fim de orientá-lo com respeito aos cuidados
necessários para o dia a dia, uma vez que o jovem rapaz estava longe da família.
O amor e zelo dos pais pelo filho os levam a escrever em tom paterno as
seguintes palavras:
-
Meu filho, cuidado com o mundo! Não se deixe influenciar pelas más companhias.
Quando receber seu salário não o gaste todo, procure guardar um pouco.
Cada uma das palavras foi escrita com amor, com o
propósito de prevenir o filho de possíveis problemas, afinal o mundo “jaz no
maligno” (1Jo.5.19). Os pais sabem que o coração do filho não é diferente do
coração das demais pessoas, pois todos nascem pecadores (Sl.51.5); e a ausência
de educação na Palavra de Deus deixa o pecador livre para seguir os caminhos do
próprio enganoso coração; caminhos que levam para a perdição (Jr.17.9).
Longe de casa, o filho se acha mais independente do que
nunca. Se antes já se achava sábio demais aos próprios olhos ao pensar ser autossuficiente
em tudo, considerando desnecessário todo ensino paterno, estando longe de casa
sua autonomia aumentou e o senso de autoconfiança endurecera mais ainda o
coração. E por mais inexperiente que fosse o rapaz, não estava disposto a
aprender.
Como se não bastasse à dureza natural do coração do
jovem, a carta chega a suas mãos num longo e cansativo dia de trabalho, e seu
coração estava pesado e chateado. Então, ao ler a carta, o rapaz a interpreta como
palavras duras e desnecessárias, da seguinte forma:
- “MEU
FILHO, CUIDADO COM O MUNDO”
Pensa
o rapaz: – Eles estão pensando que eu sou o que? Não sou burro, já sou adulto,
sei muito bem me virar.
-
“NÃO SE DEIXE INFLUENCIAR PELAS MÁS COMPANHIAS”
Pensa
outra vez o jovem: – E eu vou andar com trombadinhas!? Sou um rapaz
trabalhador.
-
“QUANDO RECEBER SEU SALÁRIO, NÃO GASTE O TODO, PROCURE GUARDAR UM POUCO”
-
Por fim, o rapaz resmunga alto: – Meus pais estão pensando que eu sou idiota, sei
muito bem me virar.
Desta forma, o problema não estava nas palavras
escritas pelos pais, mas na disposição do coração do jovem, e, por isso, as
boas palavras ditas com amor para o bem do filho foram recebidas como palavras
de ofensa por causa do coração amargurado e endurecido do jovem. Sua
autossuficiência e dureza de coração o fizeram desprezar os próprios pais que,
em todo tempo, queriam o bem de seu filho, ensinando aquilo que é bom e o conduziria
a uma vida mais segura. Então, incapaz de ouvir os conselhos dos pais, o jovem
se afasta daqueles que o amam e percorre seu caminho sozinho, “quebrando a
cabeça” na estrada da vida.
O comportamento daquele jovem pode ser encontrado não
somente em crianças, adolescentes e jovens, mas, em grande medida, entre os
adultos, também. De forma bastante semelhante, diversas pessoas tem se
comportado como “cristãos” autossuficientes que não precisam mais de ensino. Com
pouco tempo de "membresia" numa igreja local, muitos já pensam saber o suficiente
para se conduzirem sozinhos. Por esta razão, se comportam como peritos
identificadores dos defeitos alheios enquanto não conseguem ver as próprias
falhas. E quando recebem o correto e bom ensino da parte de Deus, agem com
melindre, como crianças mimadas, incapazes de ser advertidas para que andem pelo
bom caminho do Senhor.
Por esta razão, estamos presenciando uma geração de
“desigrejados”. São pessoas sempre insatisfeitas com a igreja e que se colocam
acima dela. Ao encontrar defeito nas igrejas locais, tais pessoas passam a vida
frequentando cultos aleatórios para não ter compromisso com nenhuma igreja local. Algumas dessas pessoas se tornam caça-pregações, indo atrás de “bons sermões”, ou sermões que agradem o coração delas, se
comportando como expectadores de cultos sem qualquer compromisso com a vida do
corpo de Cristo. Essas pessoas não sabem se relacionar com as demais. Elas não
sabem receber ordens; não sabem ouvir: - Não! quando precisam; nem sabem perdoar o irmão. Elas não percebem os próprios
erros nem sabem ser submissas à liderança. Por tudo isso, essas pessoas não
conseguem conviver com a igreja de Jesus, se esquecendo do que diz a Escritura:
“Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos
mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o
Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja
o amor, que é o vínculo da perfeição.” (Cl.3.13-14).
Vivemos no meio de uma geração melindrosa, sentida com tudo, incapaz de
ouvir a Verdade, incapaz de ser advertida; uma geração de clientes que acha que
“tem sempre razão”, tratando a igreja como um supermercado, trocando de igreja
todas as vezes que se desagrada do “serviço” oferecido.
Mas, o cristão não pode agir como uma criança mal-educada que chora e bate os
pés quando os pais não fazem a vontade dela. O cristão deve agir com
maturidade, pronto para lidar com as adversidades da vida e diferenças das
pessoas. O cristão deve obedecer todo ensino QUE PROVÉM DA PALAVRA DE DEUS. O cristão deve
estar disposto a ceder para o bem da igreja, sem abrir mão da VERDADE, e estar preparado
para ser chamado à atenção quando for necessário. O cristão deve amar a igreja,
e saber que é amado tanto nas palavras brandas de conforto quanto nas palavras
duras de exortação.
E você, como tem recebido as mensagens que vem do
Senhor? Como você se relaciona com a igreja de Jesus? Não seja melindroso! Seja
maduro na fé e no amor, e siga junto com o povo de Deus sempre olhando para o
Senhor Jesus! Você foi chamado para servir, não para ser senhor. Enquanto a igreja
estiver vivendo entre a primeira e a segunda vinda de Jesus, os cristãos serão
imperfeitos, pois o pecado não fora completamente tirado do mundo. Portanto,
tenha paciência com os irmãos, ajude-os a crescer espiritualmente e esteja
pronto para ser guiado e corrigido por meio da Palavra do Senhor. Nessa relação
cotidiana com a igreja local, você será trabalhado pelo Senhor para que seja
aperfeiçoado na fé, na esperança e no amor de Cristo. Durante esse processo, você poderá ajudar na formação de uma
geração de cristãos maduros na fé. Cristãos que vivem para a glória de Deus!
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