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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Meu Socorro vem do Senhor


Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro?  O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra. (Salmos 121.1,2)

 

Mesmo que muitas vezes não reconheça, o ser humano é profundamente necessitado do cuidado de Deus sem o qual não pode sobreviver. E para que as pessoas experimentem efetivamente isso, deparam-se com diversas circunstâncias as quais fragilizam a sociedade que se autoempoderou. Logo, podemos dizer que as muitas adversidades as quais põe o homem prostrado perante a face de seu Criador são benefícios divinos graciosos que convidam os pecadores a reconhecer a plena necessidade daquele que os criou e os sustenta.

Mas, numa sociedade autoidolatria, quem conhece o Criador, suas obras e suas promessas? Deus se tornou uma vaga ideia para o homem confuso de nossos dias. Então, em suas necessidades, as pessoas clamam a alguém sem saber a quem buscar e o que esperar. O único propósito é satisfazer, de alguma forma e o mais rápido possível, à necessidade momentânea, como numa espécie de fastfood espiritual. E logo que a necessidade é saciada, o pecador ocupado consigo mesmo volta seu olhar narcisista para o próprio umbigo, novamente, pois, aparentemente, não precisa de mais nada.

Portanto, enquanto nos dias de fartura as pessoas sentem-se autossuficientes, as tribulações obrigam o homem a reconhecer suas fraquezas. Então, as pessoas costumam clamar a Deus nos dias de angústias e necessidades, quando o dinheiro é pouco, a saúde não está bem ou a família enfrenta problemas. Sendo assim, muitos procuram a igreja, em tempos difíceis, na expectativa de que Deus veja a aparente “boa ação” e os ajude, atendendo aos pedidos de oração. E por melhor que possa ser, buscar a Deus nas necessidades, suas orações não deveriam se resumir a pedidos de um aflito. Logo, em que circunstâncias você tem orado ao Senhor?

O Salmo 121 expressa a plena convicção, proveniente do Espírito Santo, a respeito da fidelidade de Deus no cumprimento de suas promessas para com o povo de sua aliança. O clamor do salmista provém de lábios que conhecem o Senhor, suas obras e suas promessas. Ele faz referência aos atos criativos de Deus, conforme Gênesis 1 e 2, afirmando que Deus “fez o céu e a terra”. Ele faz alusão à glória dos atributos incomunicáveis de Deus que é onipotente, onipresente e onisciente (Sl.121.3-5). Ele faz menção às promessas divinas feitas aos patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó – Gn.12-50) e ao povo de Israel quando estava prestes a entrar na terra prometida (Dt.28).

Portanto, o Salmista conhecia o Deus a quem buscava e, por isso, sabia que nele encontraria refúgio certo em meio à tribulação. A glória de Deus, a grandeza de suas obras e a fidelidade de suas promessas deveriam suscitar tanto o temor no coração quanto o consolo para a alma daquele que busca o Criador. Por isso, em sua oração, o salmista encontra consolo para a sua alma, afinal o Senhor é fiel à sua aliança.

Logo, a fidelidade de Deus é uma implícita convocação à plena confiança nEle. Uma vez que Deus tem todo poder e suas promessas contemplam graciosamente o cuidado para com o povo de sua aliança, é imperativo para a igreja o descansar nEle completamente, como disse o apóstolo Paulo: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças” (Fp.4.6).

Por conseguinte, a oração do salmista nos revela que antes de buscar a Deus em suas necessidades, ele o buscava em seu coração, meditando na Palavra do Senhor na qual aprendera a confiar em Deus em meio às tribulações da vida. Logo, podemos afirmar que o salmista buscava em primeiro lugar a Deus e sua justiça, sabendo que as demais coisas seriam acrescentadas (Mt.6.33). Assim como Jesus ensinou seus discípulos a fazerem no dia a dia da vida. E você, tem buscado a Deus em primeiro lugar, ou só está interessado nas dádivas do Senhor?

O Salmo 121 é uma exortação para aqueles que não tem buscado a Deus com sinceridade em seu coração, para aqueles que não conhecem o Criador, ignorando a plena necessidade do divino. Sem o conhecimento de Deus, o pecador necessitado não encontra consolo nos dias maus nem esperança certa nas lutas, pois o profundo cuidado de Deus é para com aqueles que andam com Ele, que estão debaixo de sua aliança.

Por isso, o Salmo é também ânimo para os cristãos que têm vivido pela fé e confiado no amor, graça e misericórdia de Deus, manifestos, sobretudo, na cruz do Calvário. Aqueles que negaram a própria vida e, deixando tudo, tem seguido a Jesus sabem que têm, em Deus, consolo certo nos dias de angustia, pois o Senhor os socorrerá e os sustentará, de modo que a paz de Deus que excede todo entendimento guarde seus corações em Cristo Jesus (Fp.4.7) até que, no futuro, Cristo “lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap.21.4).


Famílias segundo o modelo Divino


Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom.” (Gn.1.31)

A igreja está cercada por passado e futuro gloriosos. No passado encontra-se uma criação perfeita e harmoniosa, vivendo dias de glória e santidade (Gn.1 e 2). No futuro, segundo as promessas dadas à igreja (Ap.21 e 22), está um novo céu e nova terra revestidos de toda perfeição e pureza. Neste passado e futuro temos o modelo de vida perfeita para a família cristã. No passado temos uma família criada a imagem e semelhança do Senhor (Gn.1.26-28), no futuro temos uma grande família, composta por todos os crentes, feitos filhos de Deus, em Cristo Jesus, chamados por Paulo de “família de Deus” (Ef.2.19).
Em Gênesis 1 e 2, Deus fez todas as coisas muito boas e dentro desta criação estava também a instituição da família (Gn.1.26-28; 2.18-25). E como deve ser a família cristã, conforme o modelo Bíblico do Éden?
A vida familiar no Éden responde esta pergunta:
1) Vivendo a imagem de Deus – No Éden o homem e a mulher viviam a harmonia da santidade de Deus no coração. Estavam em paz com Deus, em paz com a criação e em paz um com o outro. Não havia maus pensamentos, nem cobiças, nem pecados; tudo era perfeito e agradável, tudo era “muito bom”.
Com a queda o homem e a mulher perderam a santidade de Deus. Mas, graças ao Senhor, em Cristo Jesus essa santidade é restaurada por meio de sua justiça e pela santificação do Espírito Santo na Palavra. Olhem para Deus! Deus é amor, bondade, paciência, misericórdia, verdade, justiça... A família de Deus deve viver estes atributos divinos, por meio do auxílio do Espírito Santo, instruídos pela Palavra.
2) Obedecendo a Deus – Deus deu ordens para a família, por meio de seu cabeça, o homem, exigindo deles a fidelidade ao Criador. Contudo, Adão e Eva se rebelaram contra Deus, transgredindo o mandamento do Senhor, e por terem sido desobedientes ao mandamento de Deus, a Terra sofreu, e sofre até hoje, os danos da queda.
Mas, a misericórdia do Senhor tem estado presente não retribuindo ao pecador conforme suas más obras, e concedendo graciosas bênçãos diariamente. Deus tem dado mandamentos à família por meio da Escritura Sagrada, para que esta possa desfrutar da misericórdia e graça do Senhor. No obedecer, a família cristã demonstra a Deus seu amor e fidelidade e alcança do Senhor o favor.
3) Adorando a Deus – Deus santificou um dia para que toda a terra descanse nEle, em comunhão e adoração, para o bem de toda a criação. Na viração do dia, Deus se encontrava com Adão e Eva num relacionamento de plena comunhão e santidade. A família cristã precisa dedicar tempo ao Senhor. Quanto mais tempo na presença de Deus, mais verá os resultados na vida em família. O descanso de Deus é benefício para o homem e sua família que terão mais tempo, também, para desfrutar da presença de seus membros.
No Éden vemos o propósito do Senhor para nossas famílias: A felicidade em Deus. Não perca mais tempo fazendo tudo conforme o próprio coração. Em Deus há harmonia e felicidade para o lar..

Recuperando o Tempo Perdido

Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento.” (Lc.5.31,32)


Talvez você já tenha desejado ter a oportunidade de voltar ao passado, corrigir os erros e recuperar o tempo perdido. Não são poucas as ficções que refletem esse desejo do homem. Mas, o único tempo que Deus nos concedeu para usá-lo com sabedoria foi o presente. O futuro pertence completamente ao Senhor e o passado é história, não pode ser mudado. Já que não é possível voltar ao passado, como é possível recuperar a vida, a fim de se desfrutar de alegria no viver? Como usufruir de um presente e um futuro melhores sem mudar o passado?

Quando Jesus esteve na terra, ele viveu entre pecadores, muitos dos quais se arrependeram do passado marcado por muitos erros que tanto afrontaram Deus quanto deixaram consequências. Muitos doentes, prostitutas, publicanos e diversos outros pecadores, cansados de suas vidas errantes, foram atraídos pelas misericórdias, poder, sabedoria, bondade, amor e graça do Senhor Jesus. Outros o buscaram apenas por causa do pão que Cristo multiplicou (Jo.6), ignorando aquilo que Jesus tinha de melhor para lhes dar: a vida eterna. Todavia, todos aqueles que o buscaram de todo o coração encontraram nEle uma viva esperança de nova vida, pois Cristo não lançou fora nenhum dos pecadores arrependidos (Jo.6.37).

Jesus não trouxe o passado de volta para as multidões carentes, mas trouxe uma nova perspectiva para o futuro para aqueles que estavam sem esperança. Aqueles que compreenderam as promessas do Senhor encontraram alívio para o coração frustrado, triste e perdido. Quando Jesus perguntou para os discípulos se queriam ir embora, eles responderam: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus.” (Jo.6.68,69). Eles encontraram em Cristo o restaurador no qual estava toda a esperança de uma vida plena com Deus.

Cristo é o recuperador de tempo perdido, pois suas promessas são fiéis e verdadeiras e superam em muito todo sofrimento do homem, como disse Paulo: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Rm.8.18). Jesus promete perdão para todo aquele que o buscar arrependido; Ele promete cuidar de todo aquele que lhe entregar a vida; Cristo promete vida eterna para aquele que confiar em Sua Palavra.

Não importa o quanto você tenha errado na vida nem o quanto você se sinta pequeno diante do mundo, pois “onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm5.20-21). Cristo pode receber sua vida do jeito que se encontra nesse momento, para lhe trazer justificação, perdão e transformação por meio da Palavra de Deus e do Espírito do Senhor. Ele é poderoso para trocar seu coração marcado pelos pecados por um coração cheio de vontade de servir a Deus (Ez.36.26-27; Gl.5.22-23). Jesus pode transformar sua vida sem sentido numa vida plenamente feliz com Ele.

O que você precisa fazer é crer na obra redentora de Jesus e confiar-lhe completamente a vida, amando-o “de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mt.22.37). Depois disso, desfrutarás da “paz de Deus que excede todo entendimento” (Fp.4.7//Rm.5.1), mesmo que esteja lutando “diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd.3), pois Cristo será a causa e o propósito de sua nova vida, o agente condutor e motivador de seu novo viver, e ninguém poderá tirar essa vida de você (Rm.8.31-39).

Servos pela graça de Deus

Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça” (Jo.15.16)

Sou grato ao Senhor por cada oportunidade concedida para contribuir com a propagação da Palavra de Deus que é perfeita, fiel, reta, pura, límpida, verdadeira e justa (Sl.19.7-9). O serviço ao Senhor, nas mais diversas esferas da vida cristã, sempre será um privilégio gracioso, pois é confiado ao homem não por méritos nem por qualidades especiais, “pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são;  a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus” (I Co.1.27-29). Assim somos nós: loucos, fracos, humildes e desprezados perante o mundo, mas agraciados por Deus para manifestar sua glória por meio da pregação da Palavra e do testemunho fiel de Sua vontade. Não há em nós glória alguma, pois tudo provem do Senhor que efetua em nós tanto o querer quanto o realizar (Fp.2.13).
A humilde condição em que nos encontramos deve ser considerada parte do propósito de apontar para a glória de Deus. Jesus, o Filho de Deus, teve uma vida simples, filho de carpinteiro, esvaziado de glória e poder, feito um de nós, tentado em todas as coisas, submisso ao Pai em tudo e por fim humilhado até a morte e morte de cruz (Mt.13.55; Fp.2.7; Hb.2.17; 4.15; Lc.22.42; Fp.2.8). Seu esvaziamento tanto o identificava conosco quanto apontava às multidões a glória do Senhor, pois tudo fazia de acordo com a vontade do Pai e pelo poder do Espírito do Senhor. Portanto, se Ele, que é a nossa glória, fez-se desprezado pelo mundo para manifestar a glória do Pai, o que será de nós seus simples servos? Paulo diz que devemos seguir os passos de Jesus, a fim de que em nossa vida Deus seja engrandecido (Fp.2.5-11).
Ao mesmo tempo em que agradecemos a Deus por sua imensa graça, que nos basta (II Co.12.9), por meio da qual recebemos o privilégio de anunciar o Evangelho da salvação, também anunciamos que todo aquele que crê em Cristo é vaso de misericórdia em Suas mãos (Rm.9.23). Em Cristo, todos são servos; e cheios do Espírito Santo, todos são sustentados com o poder de Deus para servir. Para Deus não há pequeno ou grande, fraco ou forte, inculto ou sábio, “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Fp.2.13). Quem foram os “heróis da fé”? Abraão viveu no meio de um povo pagão (Js.24.2) e peregrinou em terra estranha (Hb.11.9), mas se tornou o pai da fé; José era o menor entre seus irmãos, vendido como escravo (Sl.105.17,18), porém Deus o fez instrumento de salvação; Moisés foi exilado no deserto (At.7.29) e quis rejeitar o chamado de Deus, contudo Deus o usou para libertar o grande povo de Deus; Gideão era da família mais pobre de Israel e o menor de sua casa (Jz.6.15), no entanto julgou as tribos de Israel; Ester era órfã que vivia com o tio, todavia tornou-se rainha numa terra estranha e libertou seu povo da iminente morte (Ester); os profetas viveram “errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra” (Hb.11.38), mas foram poderosos instrumentos para fazer ecoar a voz do Senhor por toda a terra. Nenhum deles foi homem de destaque, contudo, todos foram instrumentos nas mãos de Deus para revelar o poder do Senhor, Criador dos céus e da terra.
Com a igreja do Novo Testamento também foi assim, e continua sendo. Boa parte dos apóstolos eram pescadores, pessoas simples da sociedade. Diante do Sinédrio, Pedro e João foram considerados “iletrados ou incultos” (At.4.13), ou seja, eles não tinham recebido instrução rabínica (agrammatói), estudado aos pés de rabinos como Gamaliel, mas pregavam com firmeza e convicção, conhecimento e fidelidade às Sagradas Escrituras. Contudo, os líderes religiosos reconheceram que Pedro e João haviam estado com Jesus. Que anos proveitosos foram aqueles! Os discípulos haviam aprendido com o Mestre Jesus “coisas concernentes ao Reino de Deus” (At.1.3). E tendo sido revestidos com o poder de Deus (At.1.8), que o Espírito Santo trouxe para a igreja, como cumprimento da promessa de Joel 2.28, os apóstolos passaram a falar com ousadia, coragem e autoridade, iluminados para compreenderem a Palavra de Deus, a fim de ensinarem ao povo com precisão.
Não somos da escola de profetas do Antigo Testamento nem fomos escolhidos por Jesus como apóstolos autorizados para representá-lo com sinais e maravilhas. Contudo, somos membros do corpo de Cristo “fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior” (Ef.3.16). Você é parte deste corpo, igreja de Jesus, família de Deus, templo do Espírito Santo. Somos pedras vivas que juntas formam o grande e glorioso templo de Deus, sendo Cristo a pedra fundamental (I Pe.2.5). Tudo isto significa, que mesmo desprezados pelo mundo, os menores dos homens, somos instrumentos nas mãos do Altíssimo, tendo recebido dons, “visando a um fim proveitoso” (I Co.12.7).
Se você crê em Cristo como Senhor e Salvador e tem compromisso com Jesus e Sua igreja, então você também é parte do corpo de Cristo! Dentro desse corpo não há pequeno ou grande demais que não deva fazer parte da grandiosa obra incumbida à igreja de Jesus. Todos são servos, e cheios do Espírito somos instrumentos em Suas mãos. Talvez você esteja se perguntando: O que fazer para ser uma benção? A resposta é: Submeta sua vida ao Senhorio de Cristo! Viva para Jesus, fazendo sua vontade revelada nas Sagradas Escrituras! Busque-o em oração constante! Ouça a voz do Senhor que ecoa em Sua Santa Palavra! Você não precisa fazer mais que isto, pois o restante, todo o restante, está nas mãos do Senhor da glória. Assim, você estará se colocando humildemente e obedientemente nas mãos daquele que pode “das pedras suscitar filhos a Abraão” (Mt.3.9). Portanto, prostre-se hoje mesmo perante o Senhor, diga: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is.6.8).

O Reino de Deus em nós

Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós.” (Lc.17.21)


Há dois mil anos atrás, Jesus, nascido numa manjedoura, filho de carpinteiro, residindo na pobre cidade de Nazaré, trouxe ao mundo a inauguração do maior, mais duradouro e mais glorioso Reino que o mundo já presenciou: o Reino de Deus. Esse Reino é maior que nosso mundo, pois diz respeito a toda a criação divina, visível e invisível, de um canto a outro do universo criado por Deus. Esse Reino tem início na eternidade e durará por todo o sempre, manifestando o Senhorio divino sobre todas as coisas criadas nos céus e na terra. Esse Reino é santo, justo, verdadeiro e glorioso, pois é governado pelo santíssimo Deus, Senhor dos senhores e Rei dos reis. Esse Reino cósmico-celestial já está entre nós! Mas como evidenciá-lo ao mundo?


Ainda que o Reino de Deus exista desde a eternidade, o pecado tornou a criação indigna da glória dessa Reino, então o império das trevas tomou conta do mundo. Desde a queda de Adão e Eva, o império das trevas (Cl.1.13) se instalou na criação como um parasita, corroendo tudo o que Deus havia criado para a sua glória. As implicações disso podem ser vistas em toda a história humana, pois o pecado se prolifera rapidamente e ferozmente. Em pouco tempo, aparece o primeiro homicídio (Gn.4.8), o orgulho (Gn.4.17), a poligamia (Gn.4.19) e toda sorte de violência e injustiça (Gn.4.23-24). O pecado se alastrou tanto que Deus decidiu dar cabo de toda carne e reduzir o tempo de vida do ser humano (Gn.6.3), recomeçando a história humana a partir de uma única família que se manteve temente a Deus: 


Gênesis 6:5  Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração [

Gênesis 6:11-12  A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência.  12 Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra


Apesar de todos os danos causados pelo pecado, Deus não desistiu do propósito de resgatar a sua criação. Ele poderia ter exterminado tudo, mas preferiu manifestar sua graça, bondade, misericórdia, amor, longanimidade, paciência e benignidade libertando e restaurando a criação que estava sob o jugo do império das trevas: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm.5.8).


O caminho até a volta do Reino de Cristo foi longo e difícil. Abel, o primeiro homem temente a Deus, foi morto por Caim, na tentativa de impedir o cumprimento da promessa divina a respeito do salvador prometido (Gn.3.15). Assim como os homens e os anjos não sabiam como se daria a salvação, quem faria parte da genealogia do Filho de Deus, também Satanás não fazia ideia quais seriam os progenitores do Messias. Toda a criação aguardava a revelação do projeto redentor que estava sendo descortinado aos poucos pela Palavra de Deus:


1 Pedro 1:10-12  Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada,  11 investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam.  12 A eles foi revelado que, não para si mesmos, mas para vós outros, ministravam as coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, coisas essas que anjos anelam perscrutar


Desde então, diversas foram as investidas do diabo para impedir que Deus consumasse a obra redentora. Afinal, a redenção da criação implica, também, na destruição de Satanás (Ap.20.7-15). Primeiro foi o assassinato de Abel, frustrado pela providência divina, suscitando outro descendente em seu lugar: Sete (Gn.4.25-26). Em Gênesis 6, após a multiplicação dos filhos de Caim, Satanás seduz os filhos de Deus, a fim de contaminá-los. A miscigenação entre os filhos de Sete e os filhos de Caim acarretou na corrupção dos filhos de Deus. A influência do mundo maligno foi tão grande que apenas uma família temente a Deus permaneceu perseverando em sua fé: a família de Noé (Gn.6.8-9).


As promessas divinas encontraram três adversários atuantes ao longo da história: O diabo, o mundo e o pecado (Ef.2.1-3). E por toda a história, esses três adversários se levantaram com o propósito de impedir o agir de Deus em favor de seu povo (Zc.3.1-5) e, consequentemente, da criação (Rm.8.19-21). Podemos ver essa atuação maligna na fome que assolou a terra de Canaã (Gn.37-50), na tirania de Faraó matando os israelitas (Ex.1-2), na oposição de Seom (amorreus) e Ogue (rei de Basã) no deserto (Nm.21), na ousadia de Balaque para amaldiçoar Israel (Nm.22-24), na ambição de Balaão que ensinou Balaque a armar ciladas para Israel (Nm.25.1-9; 31.16; Ap.2.4), na investida dos cananeus contra Josué (Js.10), nas tentativas de Saul e Absalão para matarem Davi, no ódio irracional de Hamã que desejava aniquilar totalmente os judeus (Et.8.5) e nas muitas guerras travadas contra Judá e Jerusalém com o fim de dominar e miscigenar o povo (Ed.9-10). Durante esse tempo, apenas algumas pessoas estiveram atentas ás promessas do Senhor (Hb.11):


Hebreus 11:35-40  Mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos. Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição;  36 outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas e prisões.  37 Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados  38 (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra.  39 Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa,  40 por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados


Contudo, enquanto isso, boa parte dos homens ignoravam a seriedade do plano de redenção. Os muitos pecados da nação escolhida, durante o Antigo Testamento, sem nenhuma preocupação com um verdadeiro arrependimento e mudança, tornavam a jornada redentora em um cenário caótico. Por essa razão, Deus realizou a dura e necessária purificação dos judeus por meio do cativeiro da Babilônia (2Cr.36). Os judeus foram levados cativos para a Babilônia em 586 a.C., e a partir desse episódio, Judá foi subjugado por diversos reinos sequencialmente: Babilônico, Medo-Persa, Grego, Ptolomaico e Selêucida, e Romano (Dn.2). Toda a experiência vivida por Israel, naquele período, fez com que o povo ansiasse pela reconstituição de seu próprio reino, livre e glorioso à semelhança do reinado nos dias do rei Salomão: “Eram, pois, os de Judá e Israel muitos, numerosos como a areia que está ao pé do mar; comiam, bebiam e se alegravam. Dominava Salomão sobre todos os reinos desde o Eufrates até à terra dos filisteus e até à fronteira do Egito; os quais pagavam tributo e serviram a Salomão todos os dias da sua vida.” (I Rs.4.20-21). Enquanto, no período interbíblico, os judeus criaram uma expectativa de tornarem-se um reino próspero e dominante na terra através da chegado do messias libertador, o dia da chegada do Reino dos céus estava próximo e viria através do Deus-homem sentado num jumentinho.


Jesus trouxe o Reino glorioso de Deus, manifestado em seu poder sobre o império das trevas: “Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós.” (Mt.12.28). No entanto, os judeus não conseguiram ver em Cristo um Rei e nem em suas obras a chegada do reinado libertador e próspero tão esperado por todos. Israel não entendeu que “o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.” (Rm.14.17). Jesus estava anunciando um reinado isento de interesses políticos corruptos, maior que construções formosas, à parte do domínio econômico mundial. O Reino de Cristo não era deste mundo e por não ser deste mundo, não tinha associações e interesses nas ambições do mundo (Jo.18.36). O Rei desse reino foi simples, humilde, servo, desprezado. Por isso, os judeus não lhe deram crédito algum. Qual a razão de ser deste reino tão aparentemente impotente? Onde está a glória deste reino celeste anunciado por um carpinteiro?


Jesus estava trazendo “um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre,” (Dn.2.44). O Reino dos céus é a manifestação do poder e glória, graça e vida abundante de Deus entre o Seu povo. Cristo, o mediador e o herdeiro do Reino dos céus, veio com poder, libertando os endemoninhados, curando os enfermos, restaurando os marginalizados (Mt.11.5). Cada gesto e Palavra de Jesus era uma manifestação de poder, glória, graça e abundância da vida do Reino de Deus. 


Como mostrar ao mundo a presença real do Reino de Deus que é invisível, ausente de estrutura física e palpável, no entanto, glorioso e superior a todo e qualquer reino deste mundo? Como revelar o poder, a glória, a graça e abundante vida deste Reino? Como disse o Senhor Jesus aos fariseus: “Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós” (Lc.17.20-21). 


O Reino de Deus é propagado através da Pregação da Palavra de Deus e por meio da vida daqueles que são súditos, e filhos, deste Reino eterno. A igreja, desta forma, precisa continuar pregando o evangelho a todas as gerações e nações, para que o Reino dos céus continue a crescer. O senhorio de Deus abrange toda a criação, mas somente aqueles que estiverem unidos a Cristo são considerados parte do Reino de Deus (Ef.2.11-22). A igreja prega a justiça e a santidade do Reino de Deus, mostrando ao mundo os valores eternos e perfeitos deste Reino sem mancha. Enquanto os reinos humanos são marcados pelo pecado e todo tipo de injustiça, o Reino eterno de Cristo é santo, como Santo é o Senhor do Reino. Mas, ainda que o Reino seja santo e justo não é excludente. A graça divina, presente no Reino de Deus, possibilita ao pecador, que reconhece com sinceridade sua condição miserável e sua necessidade da justiça de Cristo, a inclusão no perfeito Reino divino através da justiça do justo e justificador, Jesus. Dentro deste reino invisível, mas glorioso, o pecador justificado encontra vida abundante. 


Neste Reino recebe-se o amor incondicional de Deus, que alcança até o mais solitário dos homens (1Jo.4.7-21); a paz de Deus que excede todo entendimento, capaz de guardar os corações nas lutas da vida (Fp.4.6-7); a esperança da vida eterna, que concede sentido às frágeis vidas humanas (1Co.15; 1Pe.1.3-5); a alegria no Senhor, mesmo em meio a lágrimas diante das aflições do mundo (Fp.4.4); e “toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef.1.3). Ao anunciar o agir de Deus, poder, glória, graça e abundante vida, a igreja está anunciando o Reino presente e eterno de Seu Filho, dominando e subjugando os poderes deste século.


Todas as vezes que você submete seus pensamentos à santidade do Senhor Jesus, você estará revelando o poder do Reino de Deus para subjugar sua vida ao Reinado eterno e poderoso de Jesus. Assim, ocorrerá com cada gesto e palavra dita ou evitada, por causa do conhecimento da Palavra de Deus. Dessa forma, você mostrará ao mundo que o Reino de Deus é realmente poderoso, não só para justificar o pecador, como também para transformá-lo com poder, moldando-o ao caráter de Cristo (2Co.3.18). O mundo verá que o poder transformador deste Reino é glorioso, ou seja, santo, justo, verdadeiro, amável (Gl.5.22-23). Verá ainda, que tais valores, poderosamente restaurados no pecador, agora justificado, trazem consigo, de forma graciosa, a vida abundante desse Reino, concedendo o prazer de ser súdito do Reino de Deus. Nesses termos, vê-se a seriedade de cada palavra e ação da igreja perante o mundo, que carrega consigo a mensagem do poder e graça que o Reino veio trazer para os pecadores arrependidos.

E eu com isso!


O título acima: E EU COM ISSO, é uma redução popular da expressão: “O que eu tenho a ver com isso”. Trata-se de um fenômeno comum em toda língua: a lei do menor esforço. Reduzimos expressões maiores, retirando letras e até mesmo palavras, trocando fonemas mais difíceis de serem pronunciados por outros mais fáceis. O resultado: novas expressões na língua. As expressões acima falam muito, sejam elas mais curtas ou mais longas. Com elas quero dizer: “Eu não tenho nenhuma relação com este problema, não fui eu quem o criei, nem tampouco o sofri, por isso que os envolvidos resolvam-no.” Não preciso de tantas palavras, e nem mesmo de poucas, para dizer em alto e bom som o que penso a respeito dos acontecimentos da vida. Nossa cosmovisão é expressa através de nossas atitudes diárias, sejam elas ativas ou passivas.

Ao lermos os evangelhos, encontramos a biografia de Jesus. Cada palavra dita, cada resposta, cada gesto, cada iniciativa e até sua morte na cruz, fala o que precisamos saber acerca deste homem-Deus e sua cosmovisão. Jesus se prepara, durante a sua infância e juventude, no conhecimento das Sagradas Escrituras e capacitação de sua vida para o serviço ministerial que exerceria (Lc.2.46-52). Jesus viveu na terra sujeito às mesmas fraquezas e por isso, teve que desenvolver-se para o ministério que realizaria (Hb.4.15). Ele fez de sua vida um preparo para o cumprimento do propósito eterno do “Pai que está nos céus”. O mundo precisava de um salvador e Jesus sabia que ele era este salvador. Sua vida foi moldada e conduzida por sua cosmovisão: “A criação de Deus se perdeu e o Pai quer resgatá-la e recriá-la para glorificar eternamente a Sua justiça, misericórdia e graça”.

O ministério de Jesus não foi marcado por um simples amor subjetivo e abstrato conforme o conceito ocidental de amor. Jesus caminhou três anos pela Galiléia com propósito definido: cumprir sua missão conforme a cosmovisão Bíblica divina, segundo já mencionamos. O amor de Jesus pelo Pai, que está nos céus, direcionou seus atos. Ele esteve com os religiosos da época, que viviam uma religiosidade aparente, hipócrita e política e não se contaminou, nem cedeu à tentação de ser aceito nos círculos deles. Jesus esteve entre prostitutas; cobradores de impostos usurpadores; homens e mulheres marginalizados e não se contaminou com nenhum de seus pecados. Jesus foi verdadeiro “Sal e Luz” na terra. Ele confrontou a hipocrisia religiosa da época, pregou arrependimento aos pecadores e mostrou o caminho santo do Senhor a todos os que o ouviam. Jesus revelou a chegada do Reino, início da recriação de Deus, através de sua vida santa e irrepreensível e através de suas palavras misericordiosas, graciosas e também justas e verdadeiras, sem tolerar o pecado, nem abandonar o pecador arrependido.

Sua missão: Identificar-se com o homem em tudo, mas sem pecado, e morrer em seu lugar para ser justo e justificador de todo o que nele crê (Rm.3.26; I Jo.1.9). Para isto, nasceu numa manjedoura, viveu uma vida simples, andou entre os pobres e carentes da palavra de Deus. Antes de Jesus iniciar o ministério, o diabo o tentou dizendo: “Já que és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pão” (Lc.4.3). Jesus rejeitou a tentação, respondendo com a própria Palavra de Deus, mas não fez isto por que considerava pecado transformar as pedras em pão, ou ainda, porque queria simplesmente confrontar o diabo e mostrar que nunca ouviria conselho algum dele. Jesus rejeitou completamente a tentação, de transformar aquelas pedras em pão, porque seu ministério exigia seu esvaziamento completo, sua identificação com o ser humano frágil, sujeito às tentação e também às necessidades e por isso não faria uso de sua glória para benefício humano pessoal. Jesus rejeitou a proposta do diabo de desistir da missão de salvar o homem pecador. A cosmovisão de Jesus e sua convicção ministerial definiram sua escolha naquele momento.

Jesus não foi o único que viveu de forma coerente com a sua cosmovisão e missão. Os apóstolos abandonaram suas vidas cotidianas para viverem segundo a cosmovisão que Jesus transmitira a eles. Eles abandonaram até mesmo a possibilidade de viverem cercados de mais prestígio e prosperidade, como o apóstolo Paulo que fabricava tendas, era influente no meio Judeu e até mesmo prestigiado com a cidadania romana, e deixou tudo para ser um peregrino de Cristo “em tudo recomendando-nos a nós mesmos como ministros de Deus: na muita paciência, nas aflições, nas privações, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns,” (II Co.6.4-5). A vida, daquele que era convertido ao Senhor, mudava de forma que: os escravos passavam a servir melhor a seus senhores, a fim de ganhá-los para Cristo e os senhores tratavam bem seus escravos, para transmitir o amor de Cristo por todos, sem acepção de pessoas (Ef.6.5-9). Os usurpadores devolviam o dinheiro roubado mostrando o operar transformador de Deus em suas vidas (Lc.19.8). Os discípulos deixaram suas vidas pacatas e tranquilas, e seguiram os passos de João Batista (e todos os profetas anteriores a ele) e Jesus denunciando o pecado com voz profética (Mt.3.7; 12.34; 23.33; At.7.51-54). A igreja prosseguiu com a cosmovisão Bíblica vivida e pregada por Jesus: “A criação de Deus se perdeu e o Pai quer resgatá-la e recriá-la para glorificar eternamente a Sua justiça, misericórdia e graça”. Esta vida passageira passou a ser justificada pela utilidade no serviço prestado ao Senhor perante o mundo “a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz“ (I Pe.2.9).

Qual a cosmovisão da igreja atual e dos membros que ela compõe? Nossa sociedade possui as mesmas marcas do pecado presente na sociedade dos dias de Jesus e dos apóstolos e por isso precisa do mesmo remédio: a voz profética anunciando a justiça, misericórdia e graça de Deus. O projeto de Deus de recriar o mundo, resgatando um povo Seu, continua em voga. Mas como a igreja tem vivenciado a cosmovisão divina e pregado o projeto de Deus para o mundo?

Estamos cercados de pecados, dentro e fora da igreja. Temos lideranças políticas e eclesiásticas manchadas com o pecado, corrompidas por causa do dinheiro e do status, e a sociedade está mergulhada na maldade. Cada esfera da vida social tem revelado a necessidade de mudanças. Quem estaria apto para levantar voz profética, denunciando os pecados da sociedade e anunciando a justiça, misericórdia e graça divinas? É claro que é a igreja, a agente de Deus para anunciar Sua Palavra e Reino. Não há outra instituição que tenha recebido a missão de ser “Sal e Luz” neste mundo estragado e escuro (Mt.5.13-16).

Enquanto assistimos televisão, o mundo ao redor gira e o pecado se prolifera. Em seu bairro um homem é roubado, mas a rua onde foi roubado é longe de sua casa; na política milhões são desviados, mas não parece afetar seu bolso; o sistema de saúde pública é precário e muitos morrem por isso, mas você tem plano de saúde; o liberalismo está mudando nossas leis e concedendo a oportunidade para a proliferação do pecado, mas sua família parece que não sofrerá os danos desses males; o ensino público é péssimo, com problemas morais (homossexualismo) e antibíblicos (darwinismo), mas seu filho estuda em escolas particulares e você só está interessado em ver seu filho ter uma boa profissão.

Em tudo isto você está dizendo: E EU COM ISSO?. Estamos cercados de problemas sérios e destruidores, mas enquanto parecem não afetar sua vida pacata, sentado numa poltrona assistindo televisão, você continua inerte. O mundo está se destruindo e o maligno está entrando em nossas casas e igrejas para “roubar, matar e destruir” (Jo.10.10), mas as igrejas comemoram festas de aniversários, pulam e brincam em passeatas sem objetivos e procuram algo para se entreterem dentro de quatro paredes.

O dilema, meus irmãos, é que os problemas sociais já alcançaram nossas vidas, nossas famílias e igrejas. Por onde andamos ouvimos músicas imorais e vazias de qualquer conteúdo proveitoso. Vemos outdoors com mulheres seminuas e insinuações provocantes. Somos alvo da violência na cidade e temos medo de usar objetos mais valiosos na rua, pois poderemos ser alvo de assalto. Estes problemas sociais afetam nossas famílias. Mas você não vê. Seus filhos estarão aprendendo que, um dos pecados mais sérios descritos na bíblia: o homossexualismo (ou sodomismo), deve ser tratado com naturalidade. Será que não precisamos nos levantar de nossas poltronas confortáveis e tomar alguma providência?

Espero que ao final desta leitura você não diga em seu coração: E EU COM ISSO?

Sede Santos!

porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” (I Pe.1.16)

Creio que não precisaria falar aqui dos conceitos de “Santo” e “Santificação”, pois a maioria já ouviu falar, de ambos, diversas vezes, mas vou teimar em mencioná-los. Na verdade, nossa preocupação não está no conhecimento conceitual dos termos, mas em todas as implicações e aplicações para nossas vidas. No entanto, é bom lembrarmos, a fim de termos plena certeza, que todos estão cientes do que estaremos tratando. Há uma diferença grande entre esses dois conceitos. Mas antes de conhecermos a diferença entre ambos, vamos entender a fonte deles.

Na visão de Isaías, da glória de Deus, os anjos proclamavam que Deus é “Santo, Santo, Santo” (Is.6.3), ou seja, Santíssimo. Deus diz a respeito de si mesmo que “eu, o SENHOR, vosso Deus, sou Santo” (Lv.19.2). O salmista reconheceu a santidade de Deus proclamando: “Tu és Santo, entronizado entre os louvores de Israel” (Sl.22.3). O apóstolo Pedro apontou para a santidade de Deus ao exortar a igreja para ser santa “segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento” (I Pe.1.15).

Deus é Santo em todos os Seus atributos. Tudo quanto Ele faz é perfeitamente Santo. Todo Seu proceder é limpo, puro, perfeito, justo, amável, louvável, imaculado, verdadeiro, santíssimo. Mesmo depois de todos os adjetivos que oferecemos para apresentar uma imagem da santidade de Deus, sabemos que nossa compreensão limitada do eterno terá dificuldades para compreender a “largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade” (Ef.3.18) da santidade do Senhor. Para clarear nosso entendimento, expomos a cruz de Cristo. Veja o Cristo, ensangüentado, sofrendo, despido, ofendido, ridicularizado, açoitado, gemendo, morrendo horrivelmente numa cruz. Por que tudo isso? Por causa da Santidade de Deus! A temível e imensa Santidade de Deus exigiu a profundidade do sofrimento de Cristo. Cristo morreu naquela cruz para satisfazer a justiça de Deus, para tomar sobre si todos os nossos pecados, a fim de receber o castigo que, nós pecadores, merecíamos por afrontar a Santidade de Deus. Cristo estava removendo toda sujeira, mancha, iniqüidade, injustiça, mentira, impureza, vergonha de nossas almas. Para considerar-nos limpos e aceitos por Deus, foi preciso pagar o preço da Santidade de Deus. O tamanho da Santidade de Deus foi a proporção do sofrimento de Cristo.

Agora podemos fazer distinção entre os conceitos de “Santo” e “Santificação”. Cristo pagou nossas dívidas, “ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is.53.5). Ao realizar a tremenda obra da salvação, Jesus trouxe para o pecador arrependido, que o confessa como Senhor e Salvador (Rm.10.9), a Sua justiça. Cristo nos tornou santos perante o Deus Santo, sem sermos. A ira de Deus que “se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” (Rm.1.18) foi aplacada pelo sacrifício vicário de Cristo. O sangue de Cristo nos purificou de todo pecado, tornando-nos alvos como a neve perante o Deus Santíssimo. Desta forma, Deus olha do céu, e vê no pecador remido o aroma suave de Seu Filho, o límpido sangue do cordeiro, as alvas vestes do servo sofredor do Senhor. Em um único ato, onde Deus “prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm.5.8), fomos considerados completamente limpos de toda dívida e por isso santos ao Senhor.

Cristo realizou a obra de justificação considerando-nos santos perante o Deus Santo. No entanto, Jesus não livrou-nos da natureza pecaminosa que habita em nós. Perante o juiz Santo e Supremo de toda a Terra, estamos livres de qualquer culpa, mas nossas vidas ainda estão marcadas com a inclinação para o mal. A obra de Cristo foi consumada (Jo.19.30), mas o grande projeto de Deus de recriar todas as coisas para Seu Filho, ainda está em andamento. Cristo abriu as portas que possibilitaram o início da recriação do mundo. Ao libertar-nos da escravidão do pecado, tornando-nos herdeiros e filhos de Deus pela adoção, Jesus possibilitou a concretização da obra recriadora de Deus.

Para dar andamento na obra recriadora de Deus, o Espírito Santo, que regenera o coração do homem conduzindo-o a Cristo, também inicia a obra da santificação na vida daqueles que estão em Jesus. Diferente da obra de justificação, que num só ato, nos considera justos e santos diante do Deus Santo, a obra de santificação é um processo longo que durará toda a nossa vida e que somente será completado quando Cristo vier em glória, trazendo esta mesma glória para Sua igreja que será transformada, para ser tal como Ele é. O Espírito Santo molda o caráter, santo e perfeito, de Cristo, em nossas vidas, através de Sua Santa Palavra. O mundo torna-se ferramenta para o desenvolvimento do processo de santificação, pois “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Rm.8.28). O mundo ao nosso redor, as tribulações, os relacionamentos, e todas as demais coisas, serão instrumentos de Deus para operar em nós Sua obra santificadora.

Aprendemos, então, que somos considerados santos por um ato de justiça do Senhor Jesus; e que somos alvos da santificação numa operação diária do Espírito Santo, moldando-nos ao caráter de Cristo, o varão perfeito, através das Sagradas Escrituras.

Conforme mencionamos no início, nosso objetivo é traçar as implicações e aplicações do conhecimento destes dois conceitos:

Primeiramente podemos dizer que a justificação implica em certeza de salvação. O crente deve confiar na suficiência da cruz de Cristo, como poder de Deus para a salvação, que garante nosso galardão até o ultimo dia. Ao sermos considerados santos diante de Deus pelo sacrifício de Jesus, deixamos de ter qualquer dívida pendente e por isso a obra de Cristo é irrevogável. Paulo diz “que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Fp.1.6), ou seja, a santificação está intimamente ligada à justificação, uma vez que fazem parte da mesma obra de recriação do mundo, que inicia na igreja.

Infelizmente ainda pecamos, e num desses deslizes que você cometer, corra apressadamente para os braços do Senhor Jesus confessando a Ele suas faltas na certeza que Ele é porto seguro, lugar para ancorarmos nossas ansiedades, medos, dúvidas e descansarmos confiando em Seu amor. Você está lutando para apresentar-se santo diante de Deus num gesto sincero de consagração. No entanto, seus esforços parecem vãos e a natureza pecaminosa que habita em você vence mais uma vez. Sozinho você não irá conseguir. Você precisa do agir do Alto, do operar do Senhor. É preciso entregar a Ele também a santificação, certo de que Ele é poderoso para vencer teu inimigo: sua própria natureza caída.

Deposite a fé nas promessas do Senhor que são verdadeiras. Não somos obras do acaso. Você não adentrou ao Reino de Deus por uma simples decisão própria, diante das circunstâncias que se estabeleceram em sua vida. A vida é poema de Deus e Seu amor eterno revelado na salvação individual, Sua obra prima. A infelicidade do pecado, o mundo que nos assedia e o diabo que nos persegue, não serão jamais suficientes para “separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm.8.39). Somos convocados a confiar a vida nas mãos do Espírito Santo, certos que estará completando em nós a obra recriadora de Deus.

Em segundo lugar, devemos entender que o projeto divino de salvar a criação, recriando todas as coisas, é santo, como Santo é o Deus que arquitetou. Por um ato Jesus considerou-nos santos e por um processo diário o Espírito nos Santifica. Todo o projeto de Deus aponta para a Sua santidade. Seu Reino presente entre nós, e os filhos deste Reino, devem ser igualmente santos. Sendo assim, devemos buscar “a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb.12.14). Cada tema da vida humana deve ser submetido ao crivo da santidade de Deus. Todas as áreas da vida: namoro, lazer, trabalho, estudo, casamento, relacionamentos fraternos, pensamentos, sentimentos, palavras, atitudes, culto, vida diária, devem ser marcadas pela santificação. A Palavra de Deus e o Espírito Santo devem determinar a forma como usufruímos e vivenciamos todas as coisas, de forma que “quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” (I Co.10.31).

Ao acordarmos, logo nos colocamos de joelhos para agradecer as ternas misericórdias e apresentar a vida ao Senhor, num sentimento de completa dependência do agir do Espírito Santo para que vivamos aquele dia de forma santa e agradável. Cada pensamento, sentimento, palavra, atitude, escolha, são julgados pela Palavra de Deus e discernidos pelo agir do Espírito em nós. A vida é conduzida pela presença real e transformadora do Senhor, muito mais presente e marcante que a coluna de nuvem e de fogo que conduziram Israel no deserto durante o dia e a noite (Ex.13.22).

Ao terminar o dia, nos colocamos humildemente perante o Senhor pedindo perdão pelos pecados cometidos, confiando em Seu amor e obra. Descansamos nos braços de um Deus Santo, certos de que estamos sendo protegidos pelo “Guarda de Israel” (Sl.121.4) “que trabalha para aquele que nele espera.” (Is.64.4), “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef.4.13).

Santos num mundo pervertido

O profeta Habacuque viveu em dias difíceis no reino do Sul, composto pelas tribos de Judá e Benjamim. O reino do norte, já havia sido levado cativo pelo império Assírio, e Judá havia assistido a devastação de dez tribos irmãs, que por rebeldia contra Deus, tanto dos reis quanto do povo, foram castigados severamente. No entanto, os reis que sucederam a Josias (Jeoacaz, Jeoaqui, Joaqui e Zedequias), nas tribos do sul, continuaram a fazer o que era mau aos olhos do Senhor (2 Reis 23.32,37; 24.9,19). Conduziam Judá ao pecado, de forma que a vida espiritual do povo estava em decadência, assim como esteve nas dez tribos do norte. Uma pequena parte da nação mantinha-se fiel ao Senhor, juntamente com os profetas que pregavam incansavelmente a Sagrada Escritura, a fim de fazer com que o povo se arrependesse e voltasse humildemente para os preceitos Santos de Deus. Imaginem a luta desse remanescente fiel. Imaginem o sofrimento desses homens que estavam dispostos a perder a vida por amor à aliança de Deus. Dispostos a pagar o preço de serem fiéis, não se contaminando com a vida pervertida do restante do povo.
Nossos dias também são difíceis e temos visto homens corruptos no poder, agindo de forma pervertida e aprovando as mais diversas imoralidades, como o homossexualismo. Enquanto houver pecadores rebeldes contra o Criador, a maldade estará presente no mundo, em maior ou menor proporção, até que o Senhor Jesus volte para finalmente julgar as nações e salvar o seu povo. Mas Deus observa Sua criação. Quando a iniqüidade de um povo, ou pessoa, chega ao limite, Ele traz seu juízo sobre eles. Trata-se de um juízo parcial, mas que aponta para o grande juízo final. Por isso, a igreja é convidada a esperar e confiar no Senhor que é o justo juiz de toda a Terra.
O castigo de Deus sobre Israel não havia sido suficiente para que Judá temesse e andasse na Lei. Ainda que os sacerdotes continuassem a sacrificar e cumprir os rituais e festas ordenadas nos cinco livros da Lei, o faziam por mera formalidade, com desprezo e má vontade, entregando, a Deus, animais cochos, mancos e com defeitos (Ml.1.6.14). Paralelamente aos sacrifícios trazidos ao Senhor, o povo também fazia sacrifícios aos deuses pagãos nos diversos altares haviam sido levantados por toda a Judéia contaminando a muitos dentre o povo. A nação que havia sido tirada, com braço forte, do Egito e conduzida pelo deserto durante quarenta anos, comendo do maná (Sl.78.24) e não envelhecendo as vestes e sandálias (Dt.29.5), agora virara as costas para o Deus dos céus e da terra e seguia após outros deuses, obra das mãos dos homens, que tem olhos e não vêem, tem ouvidos e não ouvem (Jz.2.12; Jr.7.9; Sl.115.4,5).
A vida religiosa de Judá deve servir de lição para nossos dias. Eles estavam vivendo uma religiosidade tradicional, sem vida, sem sentido e completamente vazia do conhecimento experimental de Deus. A vida deles não era moldada pela Palavra de Deus. Suas convicções não eram fruto do ensino e comunhão com o Senhor. Seus planos não eram instruídos pela Sagrada Escritura. Como está sua vida cristã? Será que não se tornou uma mera religião de cumprimento de regras, rituais e festas? Ser cristão é conhecer tanto intelectualmente quanto experimentalmente o Deus criador e salvador de nossas vidas. É ter comunhão com o Senhor e viver de forma agradável a Ele, pois é o amado de nossas almas. Deus não precisa de sacrifícios, de rituais, nem de nossa ajuda. A adoração deve brotar de corações permeados com o amor de Deus, cheios da presença do Espírito Santo, completamente agradecidos pela tão grande salvação recebida do Senhor Jesus. A religiosidade expressa em repetição de práticas e obediência sem alegria nem compreensão, não nos achega a Deus, mas um coração contrito e humilde que se lança na presença do Senhor e o busca confiantemente, alcança o Seu favor.
A conseqüência moral, em Judá, foi imediata. A nação estava vivendo dias de: imoralidade, violência, injustiça, mentira, frieza, prostituição, desprezo pelo sagrado. Os pecados se multiplicaram e Judá se assemelhava aos ímpios em sua conduta perante o Senhor. Isto entristecia o coração de Habacuque que pregava contra o povo, chamando-o ao arrependimento e mudança de vida.
Os perversos provocavam o “afrouxamento da Lei” (Hc.1.4) e assim anulavam a justiça. A Lei foi dada para conduzir o pecador à uma vida santa com o propósito de mostrar ao mundo a santidade de seu Deus. Ela conduz à uma vida que é agradável ao Senhor, e produz uma sociedade agradável de se viver. Com a multiplicação da maldade, os tementes a Deus estavam sendo pressionados a não serem “tão rigorosos” no cumprimento dos mandamentos. Pouco a pouco, os mandamentos divinos iam sendo deixados para trás. Com o tempo toda a nação estava vivendo segundo seu coração e o pecado que no início parecia pequeno e inocente havia tomado conta de todo o povo.
Algo muito parecido ocorre ainda hoje. O diabo tem enganado as multidões com suas mentiras e eufemismos. Somos movidos a satisfazer os prazeres e desejos da carne como: piadas indecentes, usar o NOME de Deus em vão, mentir, não se congregar com a igreja, cometer injustiças, falar palavras torpes, assistir programações e filmes com cenas imorais, agir com politicagem dentro da igreja, não conduzi a família nos caminhos do Senhor, deixar de adorar, rir de coisas que desagradam o coração de Deus, e etc.. E diante desses pecados somos tentados a dizer: “isso não fará mal a ninguém.”. A televisão começou com sua imoralidade expondo mulheres de biquíni composto. Foi um escândalo para muitos, mas logo consideraram que não havia problema em expor corpos semi-nus. Com o tempo o biquíni foi reduzido em seu tamanho e as pessoas foram se acostumando. Hoje as mulheres andam quase nuas, e a televisão expõe cenas imorais abertamente e as pessoas não se escandalizam. Será que deixou de ser pecado? NÃO! As pessoas se acostumaram com a maldade e tudo começou com: “isso não fará mal a ninguém”.
A Lei de Deus, é perfeita, pura, límpida, justa, verdadeira, e apta para tornar o homem íntegro (Sl.19.7-9; Hb.4.12; 2 Tm.3.16,17). Tudo foi escrito para nosso próprio bem e devemos crer em tudo. Seu caminho nos conduz para a vida eterna e proporciona uma sociedade justa e vidas íntegras. Creia na Palavra de Deus. Dê importância aos seus mandamentos. Considere todo pecado sério e grave. Busque a santificação plena. Só há um modo de mudar a sociedade e torná-la um lugar agradável de se viver: Fazendo-a aceitar os padrões de Deus. É preciso mostrar para nossa sociedade que ser cristão é uma opção de vida, como se fora mais uma religião. Ser cristão é uma necessidade pessoal e social. Fora do cristianismo o indivíduo está debaixo da ira de Deus, vazio por dentro e sem sentido em sua vida. A morte será para este indivíduo o seu maior inimigo, pois a conduzirá para o castigo eterno. Fora do cristianismo a sociedade está entregue às suas paixões carnais. É apenas um amontoado de pecadores fazendo o que deseja o coração. Nada poderá impedir a violência, prostituição, imoralidades, enganos, mentiras, a autodestruição da raça humana. Cristo é uma necessidade do homem, tanto para o presente quanto para o futuro.
O profeta Habacuque amava o Senhor e sabia que o NOME de Deus estava no meio de Judá. O Templo era a referência de Sua presença no meio do povo e o povo era testemunha de Suas grandiosas obras. Quando a nação escolhida se desviava do caminho reto, o NOME do Deus dos exércitos, que libertara Israel do Egito com braço forte, era difamado entre as nações (Is.52.5; Rm.2.24). Habucuque clamava a Deus pedindo juízo sobre os ímpios de Judá que pervertiam o povo e prejudicavam o remanescente fiel do Senhor, tentando conduzi-los à perdição.
O profeta também amava Seu povo e queria vê-lo fiel à aliança de Deus. Mas para que o reino de Judá voltasse à aliança de Deus e fosse abençoado pelo Senhor era necessário que os ímpios fossem castigados, a fim de tirá-los do meio do povo, purificando a nação e servindo de exemplo aos demais que deveriam temer o Deus de Israel. Este castigo, provavelmente incluiria o rei que governava perversa e infielmente a nação, e a fazia desviar-se da Lei. O profeta diz: “Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás?” (Hc.1.2). O clamor de Habacuque grita juízo contra os ímpios e misericórdia pelos tementes a Deus. O ímpio precisava ser julgado, castigado e tirado do meio do povo como um praga que precisa ser exterminada, caso não devorará toda a árvore. Os tementes a Deus que praticavam a justiça, amavam a misericórdia e andavam humildemente com o Senhor (Mq.6.8), careciam de misericórdia, pois os ímpios estavam roubando, matando e destruindo (Jo.10.10) suas vidas. O juízo de Deus sobre os ímpios, então, seria um gesto de misericórdia para com os justos, que viviam pela fé, esperando na justiça de Deus, vivendo em oração na certeza de que o justo juiz de toda a Terra haveria de julgar a causa deles.
Amamos a Deus e queremos ver Seu SANTO NOME ser glorificado entre Seu povo. É preciso desejar e praticar a justiça, zelar pelo NOME de Deus, viver segundo Sua Palavra. É preciso amar a igreja. Orar por ela. Querer vê-la santa, sem ruga, nem mácula, nem mancha alguma (Ef.5.27). Deus é glorificado pela Sagrada Escritura. A igreja é purificada pela Palavra de Deus.Queremos uma sociedade melhor, fruto de pessoas melhores. E para alcançarmos isto é necessário falar da Mensagem da Cruz em todo tempo. É preciso ser testemunha de Cristo, na divulgação da Sua grandiosa obra redentora, e numa vida íntegra, segundo os preceitos divinos. Fale e vive de forma que edifique aqueles que ouvem. Quando a igreja vive de forma santa ao Senhor, testemunha da santidade de Seu Deus e usufrui de uma comunidade agradável de conviver. Nosso desafio é mostrar a Santidade do Deus Santíssimo num mundo completamente pervertido, confiando na justiça daquele que é o Juiz de Toda a Terra (Gn.18.25) e rogando por Suas ternas misericórdias que permeiam toda a Terra (Sl.145.9).

Passado Glorioso, Futuro cheio de Esperança

Cristo deixou para sua igreja promessas referentes ao futuro glorioso do novo céu e nova terra, para que o cristão vivesse pela esperança. Em dias difíceis como estes, marcados pela maldade, desilusões e ausência de valores morais e éticos absolutos, a promessa da volta de Jesus renova a esperança do cristão. Foi com o propósito de trazer firmeza na esperança do Senhor, que os profetas no Antigo Testamento anunciaram a salvação de Deus, a restauração de Israel e a chegada de um reinado eterno de paz, em novo céu e nova terra (Ez.37; Dn.2.27-45; 12; Os.14; Jl.2.12-32; Am.9.11-15; Ob.15-21; Mq.5.2-9; 7.8-20; Sf.3.8-20; Ag.2.20; Zc.14.16-21; Ml.4.1-6). Em meio ao caos: moral e religioso, político e econômico, que a nação vivia, a esperança do povo estava nas promessas do Deus de Israel (Hc.3.17-19).
A certeza de que Cristo voltará (I Co.15) renova as forças do cristão para continuar realizando obra do Senhor e resistindo às inúmeras tentações das quais é alvo no trabalho, colégio, comércio, ambientes de lazer, através da televisão, outdoors, músicas, na conduta diária das pessoas ao seu redor. A descrição apocalíptica do novo céu e nova terra (Ap.21) consola a igreja que chora por justiça (Ap.6.9-11), lembrando-a de que Cristo voltará e quando voltar a levará para que esteja onde Ele também está (Jo.14.1-3). A ressurreição de Cristo (Cl.1.18) renova o ânimo da igreja, certa de que Cristo é o primogênito dentre muitos irmãos (Rm.8.29), e lembra-a de que, não sendo deste mundo, não deve se conformar com o mundo (Rm.12.1,2), e sim perseverar firme na fé (At.13.43), combatendo o bom combate do Senhor (II Tm.4.7) até que finalmente receba a coroa da vida (Tg.1.12).
As Parábolas do Reino, proferidas por Jesus, exortam a igreja a ter mais paciência e firmeza na espera da concretização das promessas escatológicas (Mt.25.1.13). As tribulações presentes são amenizadas, pois não podem ser comparadas com a glória que há de ser revelada nos filhos de Deus (Rm.8.18). Vale a pena esperar, diz a mensagem dos últimos dias.
Cada sofrimento, cada injustiça, cada tristeza e dor vêm acompanhados da esperança dos dias gloriosos do futuro prometido. O crente é como um soldado que deixa sua saudosa pátria em dias de guerra. A firmeza e força desse simples homem, na batalha, em meio ao cenário caótico das noites sombrias e dias sangrentos, vem da esperança de liberdade e dias gloriosos para seu povo, sua nação. O desejo de voltar para seu lar e desfrutar da paz e prosperidade de sua terra o mantém de pé, na fome e sede, no sol e na chuva, na bonança e na tormenta, passando pelo vale da sombra da morte. O passado ditoso que areja sua mente lhe dá esperança de um futuro igualmente feliz e ambos se tornam combustível para mantê-lo firme no campo de batalha.
Se hoje o cristão olha para o futuro, vislumbrando pela fé as promessas do Senhor (Hb.11.2), é porque houve um passado glorioso (Gn.1 e 2). O desejo ardente por um futuro perfeito, vem da saudade de um passado maravilhoso. Deus criou o universo perfeito para que em si revelasse a bondade, santidade, sabedoria e poder de Deus. Cada vez que uma árvore frondosa dava seus frutos saborosos, para saciar a fome e alegrar o coração dos inúmeros seres vivos que deles desfrutavam, a criação agradecia a Deus, louvando-o por ser tão bondoso para com todos eles. Quando o homem e a mulher contemplavam a beleza dos rios, com suas margens verdejantes e montes cobertos de toda espécie de vida, viam a criatividade de Deus e exaltavam Sua sabedoria nos detalhes de cada ser, na beleza do todo harmonioso da criação, num cenário de beleza e diversidade. A imensidão do céu e fulgor do sol anunciava o poder de Deus e a infinitude de Seu ser. E Deus era louvado em todas as Suas obras e em cada uma delas havia a benção do Soberano Criador.
Tudo no universo apontava para a glória de Deus. Mas a queda manchou a criação, fazendo-a perder a harmonia e perfeição, e onde a vida imperava a morte apareceu. Mas o universo não perdeu completamente as marcas que apontam para seu Criador. Hoje, a criação olha saudosa para seu início glorioso, como o povo de Israel chorava pelos dias gloriosos de Jerusalém, lamentando a perda de tais dias (Sl.137.1). Toda esperança, depositada no Senhor, está na restauração (Jr.33.11; Rm.8.21) dos dias em que Deus era louvado em cada gesto da criação. Como o ancião relembra os dias de vigor de sua carne e conta as memórias de sua juventude, a criação aguarda a renovação de toda a sua vida, lembrado que fora criada muito boa (Gn.1.31), para viver continuamente na presença de seu Deus e nEle estava a vida e todo seu prazer.
Havia harmonia com todos os seres criados. Até o leão pastava com as ovelhas (Gn.1.30) e delas cuidava como um pai a seus filhos. Viver não era uma luta pela sobrevivência, mas o desfrute da excelência da vida, que resplandecia a bondade de Deus na beleza das flores, no sabor dos frutos, na harmonia dos animais, na comunhão com o Senhor. A felicidade não era momentânea, nem mesmo almejada, era real e permanente. Todo trabalho a ser realizado estava em manter-se fiel ao Deus que os criara; e como um jardineiro que se deleita no hobby de zelar por suas flores, o homem cuidava do jardim de Deus.
Por mais real que tenha sido o paraíso onde viveram Adão e Eva, a descrição de tal beleza ainda desafia a imaginação do homem e torna-o saudoso por aqueles dias tão magníficos. A saudade, aqui, cumpre um importante papel: É que lembrando o passado o crente mantém os olhos fixos no futuro, para que não se perca no caos do presente. Por melhor que seja a vida de alguém, neste mundo presente, sempre será marcada pelas desventuras da vida caída. Os erros cometidos, acompanhados de suas tristes conseqüências, os pecados dos quais se é vitima, a miséria dos marginalizados na sociedade e a morte inevitável, não podem ser ignorados, pois fazem parte de um mundo caído. Desta forma, o mundo presente jamais poderá ser comparado com o prometido mundo porvir. Até mesmo o mais feliz dos homens, que já viveu aqui, terá sua felicidade por desprezível ao compará-la com toda a glória que os filhos de Deus herdarão por ocasião da volta de Jesus. Tudo nesta vida leva a igreja a desejar o cumprimento da promessa restauradora de Deus.
Na revelação de Deus, o passado e o futuro estão imersos um no outro de forma que ao olhar para o passado glorioso de uma criação feita em completa perfeição e harmonia, a igreja é conduzida à esperança do futuro promissor que a aguarda. Ao olhar, pela fé, para o futuro que está reservado para o povo de Deus, a igreja é reconduzida para o passado e nele vê concretamente parte da glória que lhe aguarda e tem sua esperança renovada.
A Palavra de Deus conclama a igreja a olhar para o passado, as grandiosas obras de Deus na história, e para o futuro, vislumbrando as promessas pela fé. Deste modo ocorre com a Ceia, pois disse Paulo que: “todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.” (I Co.11.26). O mesmo ocorre com a obra redentora. O passado histórico da vida, morte e ressurreição de Cristo, trouxe vida ao crente de forma que nele a igreja é justificada. A futura vinda do Senhor Jesus é a viva esperança dos crentes, no qual estarão “firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (I Co.15.58).
O passado perfeito de Adão e Eva exorta a igreja a ser santa, pois a criação fora feita para isto. O futuro prometido por Cristo de um Reino de Santidade Eterno exige que a igreja busque a santificação, pois “sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb.12.14). A igreja de Cristo vive entre duas épocas perfeitas, criação e consumação, passado e futuro, e ambas servem de persuasão à santidade.
Conclui-se, então, que moldar-se a esses modelos revelados nas Sagradas Escrituras é uma intimação divina, a fim de que todo escolhido de Deus chegue à “unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef.4.13).
As verdades acima são reais e têm repercussões práticas para sua vida. Você está vivendo num mundo caído e há marcas disto em você: a) em seus pensamentos maus: imoralidades, cobiças, altivez, enganos, perversidades e outros. b) em seus sentimentos maus: indiferença, ódio, lascívia, arrogância, egoísmo e outros. c) em suas ações, concretizando todo mau pensamento e sentimento. Você precisa de ajuda!
Ao olhar para a criação você verá que o projeto de Deus é muito bom, completamente diferente do que se vê no mundo caído e em sua própria vida. Fica claro que você precisa de ajuda. Cristo morreu e ressuscitou possibilitando a restauração da criação. Em Seu sangue há perdão, em sua ressurreição há vida eterna. O Espírito Santo aplica toda esta obra redentora de Cristo trazendo a justiça dEle para os que crêem. Ele operará em tua vida convencendo-lhe “do pecado, da justiça e do juízo” (Jo.16.8), fazendo-o crer na obra de Cristo (Ef.2.8) e concedendo-lhe a paz com Deus por meio do perdão (Rm.5.1).
Além disso, o Espírito Santo estará limpando o coração e a mente de toda mancha deixada pelo pecado. A Palavra de Deus será o instrumento do Espírito para purificar sua vida. É necessário meditar na Palavra do Senhor com frequência, viver em dependência de Deus através da oração. A vida cristã é uma nova vida. Enquanto você fazia o que queria e bem entendia no passado, passará a viver segundo a vontade de Deus revelada nas Escrituras. O pecado é trocado pela santidade, a amargura pelo contentamento, a desilusão pela esperança eterna. Um pecador perdido alcançado pela graça e misericórdia, poder e justiça de Deus.
A criação muito boa de Deus e a nova Jerusalém de Apocalipse, serão motivadores para que você siga firme na caminhada cristã, certo de que vale a pena ser fiel. O futuro que Deus tem reservado para seus servos fiéis é majestoso, de uma felicidade indescritível. Olhe para Cristo e lembre de suas promessas e as lutas da vida serão enfrentadas com mais firmeza.
Se toda tua vida aqui fosse cercada de prosperidade, alegrias, saúde e realizações, ainda assim você caminharia para a morte. Tua vida não teria sentido e todo teu empenho para realizar os projetos, findaria a qualquer momento, e não desfrutarias deles após a morte. Aprenda com o passado e ouça as promessas do futuro e veja que há muito mais na vida, além deste mundo pecador.
O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.” (Ap.3.5,21).