“Tenham confiança naqueles que vos dirigem e obedeçam-lhes. Porque eles preocupam-se constantemente com o vosso bem, sabendo que terão de dar contas a Deus. Procurem ajudá-los, por isso, a fazer o seu trabalho com alegria e não com queixumes, porque isso vos não serviria de nada” (Hb.13.17)
Todo pai e mãe procura ensinar seus filhos
a confiarem neles, a fim de que ouçam, aprendam e ponham em prática seus
ensinamentos. Isso é simplesmente universal, e ocorre durante todo o
crescimento da criança até o dia em que ela sai do ninho. Mas, em Hebreus, Deus
não está falando sobre a relação pais e filhos. O Espírito Santo está falando
para a igreja sobre sua relação com aquele que Deus mesmo escolheu para cuidar
da vida das ovelhas de Jesus (Jr.3.15; At.20.28; Ef.4.11-14).
Escolhi usar a tradução livre da Sociedade
Bíblica Portuguesa, porque é a que melhor se aproximou do sentido original do
texto de Hebreus 13.17. Em nossas traduções brasileiras, a primeira palavra do
versículo é “obedecei”. Para muitos, hoje, pode parecer autoritário. E mesmo
que o uso do imperativo (ordem divina) esteja correto, o propósito do autor não
é fazer os cristãos seguirem apenas ordens. Seu propósito é cultivar uma
relação de confiança entre as ovelhas e o seu pastor.
Por isso, o Espírito do Senhor diz à
igreja: confiem no pastor e, então, obedeçam aos ensinamentos que ele ensina da
parte de Deus. Essa é a relação que toda ovelha deveria ter com seu pastor:
confiança e obediência, como filhos devem aos pais (Rm.13; 1Co.4.14; Ef.6.1-3;
Fm.8-9). Por isso, Jesus disse: “as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo
nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora. Depois de fazer sair todas
as que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem, porque lhe reconhecem
a voz” (Jo.10.3-4 // 1Pe.5.1-4).
Quando essa confiança existe, promovida
pelo operar do Espírito Santo nos corações, então o fiel ensinamento pastoral é
recebido como Palavra de Deus (1Ts.2.13), de modo que as ovelhas são
verdadeiramente dirigidas, confortadas, exortadas, edificadas e abençoadas por
Deus, pois ouviram a pregação de um servo como quem ouve a Palavra do Senhor
(2Co.5.20). Por isso, o livro de Apocalipse foi entregue para cada pastor das
sete igrejas da Ásia Menor, a fim de que o pastor lesse e ensinasse a Palavra
de Deus para suas ovelhas (Ap.1.3; 2.8,12,18; 3.17,14).
Mas, nem sempre o pastor tem a graça de
ser ouvido e, isso, é bastante desanimador para qualquer servo de Deus (1Rs.19;
Is.53.1). Por isso, falando ao jovem pastor Timóteo, o apóstolo Paulo o
encoraja a perseverar na obra mesmo diante das adversidades, pois dias difíceis
surgiriam, nos quais, “como que sentido coceira nos ouvidos”, as pessoas
se recusariam a ouvir a Verdade ensinada (2Tm.4), pois “cercar-se-ão de
mestres segundo as suas próprias cobiças” (2Tm.4.3).
Contudo, um pastor jamais deseja que,
dentre suas ovelhas, haja tal dureza de coração. Então, como o apóstolo Paulo
disse, podemos ordenar, mas pedimos em nome do amor (Fp.8-9), pois isso é mais
proveitoso para as ovelhas de Cristo, confiadas ao pastor. Saiba que nenhum dos
profetas, apóstolos ou pastores escolheram o sofrível ministério da Palavra de
Deus. Deus impôs sobre nós tal missão. Então, o mínimo que as ovelhas de Cristo
poderiam fazer é tornar o ministério pastoral menos difícil, confiando e obedecendo
ao pastor, por amor ao Senhor de todos: Jesus Cristo, pois isso é bom e
agradável a Deus.
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