“Olhar altivo e coração orgulhoso, a lâmpada dos perversos, são pecado” (Pv.21.4)
Ele é o Rei da Glória, o Criador de todas as coisas que existem no universo. Ele é o Senhor de tudo o que há, pois tudo é dEle. Ele tem todo poder e nada lhe é impossível. Ele tem o domínio sobre todas as criaturas e não há inimigo que possa lhe resistir. Ele jamais precisa de alguém, sempre bastando a si mesmo. Mesmo assim, decidiu, por sua livre vontade, salvar os indignos pecadores humilhando-se até a morte e morte de Cruz (Dt.21.23; Gl.3.13). Ninguém é tão glorioso como Cristo e nenhum homem foi tão humilde quanto o Filho de Deus.
Jesus poderia ter se orgulhado diante dos homens por tudo que Ele é e possui. Ele foi único em toda a sua geração, pois viveu sem pecado (Hb.4.15). Ninguém era como Ele em conhecimento, virtude e poder, e aquela geração testemunhou isso:
“Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mt.7.28-29)
“E maravilharam-se os homens, dizendo: Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?” (Mt.8.27)
“Todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si: Que vem a ser isto? Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!” (Mc.1.27)
“Maravilhavam-se sobremaneira, dizendo: Tudo ele tem feito esplendidamente bem; não somente faz ouvir os surdos, como falar os mudos.” (Mc.7.37)
“Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não me credes?” (Jo.8.46)
Caso Jesus se gloriasse de si mesmo, não estaria mentindo em nenhum momento, “porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl2.9). Sua glória era real, apesar de oculta em sua simples aparência, pois a Ele foi reservado tudo o que é humilde: nasceu em uma manjedoura, sendo o Rei da Glória (Lc.2.7); fugiu, com seus pais, dos inimigos que queriam mata-lo, sendo o Senhor dos Exércitos (Mt.2.13); andou como peregrino pela terra, sendo o Senhor de todo o universo (Mt.8.20); esteve entre pecadores e publicanos, sendo Santo, Santo, Santo (Mc.2.16; Lc.7.37); foi ridicularizado, cuspido, ofendido, humilhado e maltratado, sendo o majestoso Deus Todo-Poderoso Criador de tudo (Mt.27.39-44); foi morto por pecadores, sendo o Deus da vida (Mt.27.27-54). Diante de tudo isso, o apóstolo Paulo nos diz:
“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Fp.2.5-8)
É fundamental que estejamos atentos ao fato de que o apóstolo Paulo aplica a humildade de Cristo à vida cristã. Ou seja, além da humilhação de Jesus fazer parte do plano redentor, também é o modelo a ser seguido por aqueles que foram chamados para serem seus discípulos. Nas palavras do próprio Cristo: “Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt.16.24//Lc.22.25-27; Jo.13.13-17).
Diferente de Cristo, nenhum ser humano possui glória em si mesmo. Somos criaturas de Deus, de modo que toda virtude, capacidade e bens provém do Criador. Tiago nos diz que “toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg.1.17). O Rei Davi, depois de ter sido abençoado com um reino próspero, dedicou ofertas para a construção do Templo, dizendo:
“Porque quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos dar voluntariamente estas coisas? Porque tudo vem de ti, e das tuas mãos to damos. Porque somos estranhos diante de ti e peregrinos como todos os nossos pais; como a sombra são os nossos dias sobre a terra, e não temos permanência. SENHOR, nosso Deus, toda esta abundância que preparamos para te edificar uma casa ao teu santo nome vem da tua mão e é toda tua.” (1Cr.29.14-16)
Deus nos abençoou com a criação para que desfrutássemos dela nos alegrando nEle. É assim que comemos e bebemos para a glória de Deus, pois tudo vem do Senhor (1Co.10.31), “portanto, ninguém se glorie nos homens” (1Co.3.21). Da saúde ao pão de cada dia, somos abençoados diariamente com a providência do “Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mt.5.45). Conforme nos fala o profeta Jeremias:
“Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR.” (Jr.9.23-24)
Logo, o orgulho é tanto uma mentira quanto uma afronta ao Deus Criador e Provedor de todos. Para que os irmãos de Coríntios compreendessem bem a tolice do orgulho no meio da igreja (equivalente ao evangelicalismo “pop star gospel” de nossos dias), ele apresenta exemplos:
“Estas coisas, irmãos, apliquei-as figuradamente a mim mesmo e a Apolo, por vossa causa, para que por nosso exemplo aprendais isto: não ultrapasseis o que está escrito; a fim de que ninguém se ensoberbeça a favor de um em detrimento de outro. Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?” (1Co.4.6-7)
Qual, então, deve ser a atitude do cristão frente as bênçãos concedidas por Deus? “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos” (Fp.4.4). “Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1Ts.5.18). “Quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co.10.31). “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Mq.6.8).
Deus quer que seu povo se alegre com humilde gratidão diante dEle, aprendendo “a viver contente em toda e qualquer situação” (Fp.4.11). Essa santa alegria que é fruto do Espírito anda em harmonia com o amor, portanto não se ensoberbece (1Co.13.4-6), sabendo que foi Deus quem o fez branco, amarelo ou negro; foi o Senhor quem decidiu que você nascesse no Brasil ou nos Estados Unidos, no Rio Grande do Sul ou no Amazonas. A Escritura diz que “o rico e o pobre se encontram; a um e a outro faz o SENHOR” (Pv.22.2). Portanto, cabe ao homem pedir a Deus sabedoria (Tg.1.5) para viver as dádivas do Senhor com alegria, glorificando seu NOME.
Olhe para o autor e Senhor de tudo e se alegre nEle em todas as suas dádivas graciosas. Assim, o branco não se orgulhará de ser branco, desdenhando os demais; o rico não se gabará de ser rico, menosprezando o pobre; o doutor não se envaidecerá por ter alcançado tal status, certo de que Deus pode usar até uma jumenta para falar a verdade (Nm.22.28; 2Pe.2.16); o patriota não se orgulhará de si mesmo, pois nada tem que não tenha recebido, pois, da mesma forma como recebeu, pode também lhe ser tirado; “outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça” (1Pe.5.5). Então, viva a verdadeira piedade bíblica!
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