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sábado, 27 de novembro de 2021

A beleza eleva a alma


 Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo” (Sl.27.4)


Quem não se encanta com a beleza? Ela promove sorrisos e pode extrair lágrimas. Ela proporciona a sensação de bem-estar e eleva a alma humana. A beleza é demasiadamente aprazível, sendo um dos valores que está em Deus, o Criador. Deus é muito bom! Por isso, tudo o que o Todo-Poderoso faz é muito bom (Gn.1.31). Deus é belo! Por conseguinte, tudo o que procede do Senhor é belo. Pelo que, canta Davi no Salmo 19.1: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”.


Deus é tão gracioso que nos deu sentidos para percebermos a beleza, a fim de que glorifiquemos o Criador por meio da apreciação. Podemos ouvir a beleza e nos sentirmos flutuando. Somos capazes de apreciar o belo aroma aprazível. Também contemplamos a beleza da criação que nos cerca. Com a mão, tocamos o belo e aqueles que não podem ver conseguem sentir a beleza. E quem não vai às nuvens degustando os mais belos pratos que o paladar pode sentir?


Podemos afirmar, então, que Deus é louvado por todas as pessoas, até mesmo por aquelas que não o conhecem e por quem o despreza negando a existência do Criador. Porque todas as vezes que alguém aprecia a beleza da criação: contemplando belas paisagens, saboreando deliciosos sabores, encantando-se como o canto dos pássaros, cheirando as flores e sentidos os prazeres da vida, está louvando o autor de todas as maravilhas. Ou seja, é impossível deixar de louvar o Criador, pois somos, inevitavelmente, conduzidos a apreciar a beleza da criação de Deus.


Estamos cercados por uma criação bela. E Deus nos deu a capacidade de sentir toda esta beleza, de formas variadas, elevando nossa alma ao Criador, extraindo de nós os louvores que Ele é digno de receber como causa de todas as coisas, autor de tudo o que existe, “pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir” (Sl.33.9). Então, deveríamos apreciar a beleza das obras do Senhor rendendo louvores ao Criador. Isso significa que devemos tanto dedicar mais atenção às obras de Deus quanto devemos usufruir de tudo com sabedoria, glorificando ao Senhor.


A capacidade humana de produzir coisas belas, tais como as belas obras de arte, as belas catedrais, as belas músicas, as belas refeições é uma manifestação da imagem de Deus no homem. Deus produz o que é belo, por isso o homem, criado à imagem de Deus, produz o que é belo. Ou seja, produzir o belo é uma qualidade divina. Então, quando apreciamos as coisas belas que os homens produzem estamos, também, glorificando a Deus pela capacidade que dera aos homens de produzir o belo, pois tudo o que somos e temos provém do Criador. Por isso, o orgulho é extremamente ofensivo a Deus, pois despreza a causa de todas as coisas.


Mas, por que o homem não produz apenas o que é belo, já que somos a imagem de Deus? Por causa do pecado que entrou na criação como um parasita. O pecado corrompeu todas as faculdades do ser humano, fazendo com que o homem produza não somente o belo, mas, também, o que não é belo. As pessoas são capazes de amar e odiar, serem justas e injustas, verdadeiras e mentirosas, bondosas e malignas. Essa incoerência existencial se dá por causa do pecado intimamente presente no ser humano caído. Dessa forma, quando produzimos o belo nos aproximamos de Deus, mas quando produzimos o que é desarmônico, caótico, feio e ruim nos aproximamos do pecado. 


Assim como a justiça, o amor e a verdade são valores em si mesmos, a beleza é um valor em si mesmo. E estando todos os valores em Deus, devemos afirmar que todos eles se relacionam harmonicamente, ou seja, há beleza em todos os valores, assim como a beleza sempre estará em acordo com os demais valores. Os valores jamais serão excludentes, pois eles coabitam harmonicamente em Deus. Por isso, jamais poderíamos dizer que o pecado é belo, por mais mascarado que ele seja, já que a beleza é um valor divino e, portanto, santo. 


Portanto, a beleza vai muito além dos sentidos, razão porque Deus é belo (Sl.27.4; 29.2; 96.9; Is.4.2). Caso a beleza fosse algo apenas perceptível aos sentidos não poderíamos dizer que Deus é belo. Mas, há beleza na glória de Deus que pode ser sentida pela mente/coração, a mais encantadora beleza que eleva a alma humana ao céu dos céus. Com certeza, há muita beleza no plano redentor, nas promessas de Deus, no amor do Senhor por nós, porém somente podemos sentir essa beleza por meio da mente/coração. Assim, a beleza de Deus é tão aprazível que proporciona plena felicidade às criaturas, de modo a extasiar seus apreciadores.


Por essa razão, Jesus nos ensinou a cultivar a beleza mais que aparente, a beleza de uma vida santa e dedicada a Deus, afinal “o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração” (1Sm.16.7).


“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque limpais o exterior do copo e do prato, mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e intemperança! Fariseu cego, limpa primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo! Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt.23.25-28)


A beleza importa, mas não deve ser reduzida a traços. O apóstolo Pedro traça um paralelo entre a beleza aparente e a beleza interior de uma mulher: “Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus” (1Pe.3.3-4). Deus vê a beleza das virtudes no coração das pessoas, jamais se ilude com as aparências: “Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa será louvada” (Pv.31.30); Deus vê os valores usados na construção da obra do Senhor, jamais se engana com a formosura das edificações: “se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha” (1Co.3.12); Deus vê a beleza dos relacionamentos sinceros, humildes e abençoadores, não apenas os sorrisos aparentes: “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” (Sl.133.1).


Portanto, você deve apreciar todas as obras criadas por Deus, usando seus sentidos para glorificar o Criador. Mas, de todas as obras divinas a maior delas é a redenção aplicada ao coração do pecador. A mais bela obra do Senhor é invisível aos olhos humanos, mas deixa profundas marcas onde é pintada. Sua beleza está além da aparência, exalando mais que perfume de rosas. A beleza de um coração humilde, manso, amável, bondoso, paciente, generoso, tranquilo, íntegro, gentil, dedicado e justo expressa em cada cor, linha e pincelada a sabedoria e excelência do hábil artista que nos desenhou a forma, pintou nossa essência e está restaurando as cores de nossa vida.


Então, cultive uma vida bela aos olhos do Senhor! Cultive a beleza de uma vida amável, não fingida, bondosa e gentil. Cultive a beleza de uma vida íntegra, imparcial, justa e honesta. Cultive a beleza de uma vida dedicada, servindo ao próximo como ao Senhor. Excelentes artistas conseguem encantar os admiradores de suas obras e conduzi-los a sensações fantásticas que elevam a alma. Quanto mais marcantes serão as marcas deixadas por aqueles que vivem a beleza de uma vida cheia do Espírito Santo e da Palavra Divina, glorificando ao Senhor com cada virtude pincelada.

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