“O meu povo
está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote,
rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas
sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu
me esquecerei de teus filhos.” (Os.4.6)
Desde 1824, o Brasil é regido por Constituição
própria. Em 1891, a
nação ganhou nova constituição que ampliou a liberdade do país e fortaleceu
seus propósitos justos e igualitários. Em 1988, o Brasil recebeu uma nova
versão da Constituição federal que representou um avanço no propósito de
direcionar a nação dentro de um regime democrático e justo, a fim de garantir a
todo brasileiro os direitos necessários. Mas, o que aconteceu com este nobre
objetivo?
Quase vinte e cinco anos se passaram e os
direitos básicos do cidadão brasileiro são negligenciados e a injustiça
predomina nos quatro cantos do país. Este quadro caótico e controverso não é
estranho às Escrituras. A história de Israel no Antigo Testamento é bastante
semelhante. O povo recebeu das mãos de Moisés as leis divinas que regeriam a
nação. Conforme alerta Moisés, em Deuteronômios capítulo quatro, não haveria
nenhuma outra nação com leis tão justas como as leis dadas pelo Senhor, o Deus
de Israel. Contudo, por aproximadamente 1400 anos, desde a saída do Egito até
nascimento do Senhor Jesus, a nação esteve submersa em injustiças e violência,
a ponto do profeta Elias pensar não haver mais nenhum homem temente a Deus em
sua geração, além do próprio profeta. A miséria da nação culminou com a
dispersão das tribos do norte e o cativeiro de Judá, quando Deus castigou seu
povo, pois a iniquidade chegara ao seu limite.
O que aconteceu com Israel no Antigo Testamento
está acontecendo com o Brasil. Não que esta nação seja povo eleito de Deus, mas
pelo fato da verdade está presente apenas em papeis. O problema não
está na ausência da verdade, ou de leis justas para regerem a nação. O país tem
em suas mãos a Escritura Sagrada tanto Católica quanto Protestante; e se o
número de Católicos diminuiu talvez seja por que o número de evangélicos
cresceu alcançando uma estimativa atual de quarenta milhões, ou seja,
aproximadamente um quinto da população nacional. Desta forma, a verdade está
nas mãos, ou melhor, na prateleira da sala, quarto ou escritório de boa parte
das famílias brasileiras, aberta no Salmo 91, mas muito longe do coração. Há um
abismo entre a Palavra de Deus e a mente-coração do povo brasileiro. Este
abismo impede que a verdade passe do papel para a vida e se torne prática do
dia a dia brasileiro. As leis são criadas com nobreza, mas quebradas com
vileza, pois o coração pecador é senhor feudal dos vassalos brasileiros. E
quando a transgressão não é praticada nas surdinas, é acompanhada do terrível
adágio popular: "Leis existem para serem quebradas".
A verdade existe, mas longe do coração do povo.
Desta forma, o mal da nação começa no coração que anda tropeçando na verdade,
pois não consegue enxergá-la mesmo quando ela está "diante de seu
nariz". Uma das razões para este triste fenômeno está no foco da educação
brasileira que não visa o bem moral, mas o bem financeiro. Um adestrador
consegue condicionar o comportamento de um animal para que este saiba se
comportar, nos diversos ambientes de uma cidade, pois seu propósito está no
bem-estar do animal e da sociedade. No entanto, um professor não consegue
educar os alunos de uma sala de aula, para que estes tenham um comportamento
adequado no meio social, pois os fins que justificam os meios encontram
diversas alternativas para alcançar sua meta: mera sobrevivência. Sendo assim,
um dos "calcanhares de Aquiles" do país é a cosmovisão da educação
brasileira. A educação no Brasil visa o progresso financeiro do indivíduo. Por
isso, as escolas são medidas pela capacidade de habilitar um aluno para a aprovação
num exame universitário ou concurso público. Todos estão preocupados com o
sustento mensal, ou mesmo, cobiçando as riquezas disponíveis. Mas, pouquíssimos
estão preocupados com a educação ético-moral da sociedade e menor ainda é o
número dos que estão inquietos com o problema espiritual do homem, problema
este que é a raiz de todos os males.
O Brasil está tropeçando nos primeiros passos. O
problema na educação brasileira começa na família. A verdade está sendo
negligenciada desde o berço, pois a criança nasce num lar desestruturado, sem
qualquer competência para educar os filhos, para que estes se tornem bons
cidadãos balizados pela verdade. Os pais ensinam a mentir, depois mostram a
mentira e, por fim, apóiam a mentira de seus filhos. Desta forma, os
progenitores aperfeiçoam o potencial transgressor da criança que estava
aguardando apenas o desenvolvimento de suas competências para demonstrar quão
terrível ela é. Outra vez se esbarra na cosmovisão do brasileiro, pedra de
tropeço para seu bom desenvolvimento. Algumas famílias criam projetos
fantásticos, mas todos estes visam apenas o bom desempenho econômico. Os pais projetam
o futuro dos filhos, sonhando para eles riquezas e poder. Seus filhos se
tornarão grandes advogados, mesmo que sejam mentirosos e sanguessugas; se
tornarão médicos conhecidos, mesmo que sejam frios e interesseiros.
A verdade deve ser inserida no coração do homem
brasileiro e a forma mais eficaz de se fazer isto é a partir dos lares.
Conforme Deuteronômio, capítulo seis, os pais são os responsáveis por ensinar
os filhos a amarem a Deus de "todo o coração, de toda alma e de toda
força". Este é o único meio de redirecionar a nação para dias melhores,
possibilitando a entrada da justiça nas mais diversas áreas da sociedade
brasileira. Não para que esta seja parte, apenas, das estantes das casas, mas
para fazer parte da mente-coração do povo brasileiro. Quando não há educação
para o bem, há educação para o mal. A ausência de boa educação solidificada na
verdade não torna o homem neutro, mas corrobora com seu aprendizado tendencioso
para o mal. A não educação é má educação.
No livro de Ezequiel, capítulo de número trinta
e seis, o profeta anunciou os dias em que a nação de Judá se converteria ao
Deus de Israel. O profeta escreveu durante o exílio babilônico, mas não
atribuiu ao castigo divino a eficácia da conversão do povo de Deus. Somente uma
atuação interna, na mente-coração de cada cidadão, poderia transformar a nação.
Então, Deus prometeu que dias viriam quando o problema da nação seria
resolvido. A injustiça e violência seriam retiradas de suas ruas e a justiça
entraria por suas portas para reger o povo. Mas, isto só ocorreria quando um
novo coração fosse dado ao povo e o Espírito do Senhor guiasse a disposição do
coração dos cidadãos de Judá.
Além do remanescente fiel, presente em cada
geração do Israel do Antigo Testamento, somente a partir do advento do cristianismo
é que o judeu-cristão demonstrou prazer na lei do Senhor, buscando a santidade,
não como ritual obrigatório, mas como desejo da alma sedenta pelo Deus vivo.
Desta forma, além da má cosmovisão da educação brasileira, a disposição do
coração do povo brasileiro também precisa ser transformada. O país não mudará
com novas leis, mas com um novo coração dentro de cada cidadão. O brasileiro
precisa de um coração disposto a viver a justiça por amor à verdade e não
apenas por medo das penalidades da lei. Quando este fenômeno acontecer no
interior do homem, a lei se tornará desnecessária, pois a justiça será parte da
integridade do cidadão.
Desta forma, encontra-se um dilema: Como mudar a
disposição de coração dos cidadãos? Conforme as Escrituras a educação é um
passo inicial para o alcance deste propósito. Para isto, pais e escola, que
dividem o tempo dos filhos da nação, precisarão trabalhar juntos no
redirecionamento da educação brasileira. Contudo, como é possível convencer
pais que foram mal educados à mudar o rumo de sua própria educação familiar?
Uma vez que tal dilema dificulta a reestruturação da educação brasileira, surge,
então, a necessidade de um maior número de escolas cristãs que possuam a
cosmovisão bíblica sobre a educação. Nas escolas, os filhos passam uma parte
significativa do dia a dia, entre vinte à quarenta horas semanais, tornando-a
um poderoso instrumento para a boa ou má educação. Assim, o investimento na
criação e sustentação de escolas cristãs é mais pertinente à evangelização do
que a construção de "templos" onde as crianças, adolescentes e jovens
terão um contato apenas semanal com a verdade.
Nas escolas cristãs, os educadores não apenas
orarão com seus alunos, mas instruirão o propósito para o qual o homem foi
criado: glorificar a Deus. De forma semelhante, os professores ensinarão a seus
alunos que o conhecimento deve ser verdadeiro e este também visa a glorificação
de Deus. O sonho profissional do aluno se enquadrará no propósito final do
homem e a ambição financeira nacional não será mais o norte para as crianças,
adolescentes e jovens deste país.
Recentemente, um arcebispo inglês desafiou os
bancos a mudarem o foco de trabalho. Estas poderosas instituições deveriam
trabalhar para o bom desenvolvimento do ser humano e não mais para a obtenção
de lucros tão somente. Ele os chamou de "bons bancos", que veriam nos
lucros, moderados, um recurso para investimento na sociedade. Este nobre
propósito do arcebispo somente será possível se a educação e a disposição de
coração da presente geração começar a tomar novo rumo. A igreja é a única
agente capacitada para realizar tamanha façanha. Ainda que as leis garantam uma
vida justa e digna a todo brasileiro a igreja é a única que pode mostrar a
retidão. Por isso, toda iniciativa educativa tem início nela. É nesta santa
instituição que se vê o homem de coração novo, educado na verdade. E é este
cidadão que pode ensinar à sociedade o caminho para uma nação justa, onde as
leis são fundamentadas na verdade e a justiça anda erguida por entre as ruas.
Muito bom! Eu acredito que ter um bom número de escolas cristãs em cada bairro ajudaria bastante.
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