“Consolai-vos, pois, uns aos outros e
edificai-vos reciprocamente.... ...admoesteis os insubmissos, consoleis os
desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos.”
(1Ts.5.11,14)
A santificação
é um processo que visa à impressão da imagem de Cristo no pecador regenerado.
Esta ocorre durante toda a vida por meio do Espírito Santo e Sua Palavra, que
operam eficazmente, transformando o cristão diariamente. A vida é lapidada,
retirando-se as arestas do pecado e desenhando a beleza da santidade de Deus no
coração humano.
No peito do
cristão bate um coração repleto de amor, derramado pelo Senhor que o salvou.
Sua alma é continuamente grata, cônscia de seus muitos pecados perdoados
(Sl.103.1-3; Lc.7.40-47), “por causa do
grande amor com que nos amou” o Senhor Jesus (Ef.2.4). O desejo do
discípulo, portanto, é viver a vontade de Deus, e, para isso, sabe que é
necessário buscar a santificação. Seu coração está no Senhor, “porque,
onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt.6.21),
e seu interesse nas “coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à
direita de Deus” (Cl.3.1).
Mas, para
agradar o Senhor da glória, o cristão precisa fazer morrer a velha natureza
todos os dias, e, revestido “do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento,
segundo a imagem daquele que o criou” (Cl.3.10), subjugar sua vida
ao santo querer de Deus revelado em Sua Santa Palavra.
Porém, nem sempre o cristão está atento à necessidade de mudança. Davi, certo
de que não si discernia tão bem quanto Deus o conhecia, pede o gracioso agir do
Senhor em sua vida, a fim de tirar pecados de seu coração, por meio de
provações que o tornariam mais maduro em sua caminhada junto ao Senhor: “Sonda-me,
ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se
há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”
(Sl.139.23-24). Davi sabia que as lutas aperfeiçoavam o guerreiro, ou, como
disse o apóstolo Paulo: “nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo
que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a
experiência, esperança” (Rm.5.3,4).
Ao longo dos
séculos, para alcançar a santificação, muitos se retiraram para lugares
isolados com o propósito de não se contaminarem com os pecados do mundo. Homens
e mulheres dedicaram a vida à meditação, pensando que assim se aproximariam
mais do Senhor. Mas, ao contrário do que pensavam, os eremitas e monges, a
santificação é um processo que exige, em sua maior parte, relacionamentos. É no
convívio com o outro que o cristão descobrirá suas fraquezas e imperfeições, e
terá o desafio de buscar a impressão do caráter de Cristo em si, na dependência
constante do operar do Espírito.
Você ama? O
amor exige alguém para ser amado. Logo, o amor exige um relacionamento. Você é
paciente, bondoso, generoso, fiel? E como você sabe se possui ou não estas
virtudes? É por meio dos relacionamentos que descobrimos se possuímos ou não
alguma virtude como estas, e em que grau elas estão em nós. Mas , você dirá: Deus
é amor (1Jo.4.16), e Ele não depende nem precisa de ninguém, sendo Ele Deus
único eternamente. Contudo, Deus tem um eterno relacionamento dentro de si,
pois Ele é Trino, ou seja, existe na pessoa do Pai, Filho e Espírito Santo,
tornando possível o amor em si mesmo, num relacionamento eterno dentro da
Trindade.
Como saber se
uma pessoa é egoísta? Dê uma caixa de chocolate para ela, diante de seus
parentes ou amigos, e veja se ela reparte com todos. Como saber se a pessoa é
paciente? Coloque-a diante de pessoas que, com seus hábitos, exigirão paciência,
e verás se ela as suporta. Como saber se uma pessoa tem amor em seu coração?
Veja se esta pessoa se dá para os outros, ou usa os outros em benefício
próprio. Por meio do outro com quem nos relacionamos, quer seja cônjuge, irmão,
filho, pai, amigo, vizinho, colega de trabalho, descobrimos o quanto precisamos
mudar abandonando pecados e buscando virtudes que encontraremos no Senhor por
meio do Espírito que habita em Sua igreja.
As pessoas ao
nosso redor não são pedras de tropeço, mas instrumentos para nossa própria
edificação, desafiando-nos a repensar os comportamentos, palavras e conceitos.
Além de procurar ser um instrumento para a santificação do outro, aproveite no
outro a oportunidade de vê a si mesmo, avaliando seu próprio modo de pensar e
agir ao ser desafiado por meio do relacionamento.
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