“Esperei confiantemente pelo SENHOR; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro” (Sl.40.1)
Morava em Ur dos Caldeus, um casal de idosos sem qualquer esperança de ter filhos. Tendo conhecido o Deus Criador que poupara a vida de Noé, seu progenitor ainda vivo, nos dias do dilúvio, terminaram por enveredar pelo caminho da idolatria, no qual não encontraram qualquer esperança de ter em seus braços uma criança que lhes fosse herdeira de tudo o que haviam construído ao longo da vida conjugal. Com 75 e 65 anos, respectivamente, Abrão e Sarai, precisavam de um grande milagre, porque além de idosa, Sarai também era estéril (Gn.11.30).
Em um determinado dia, o Criador de todas as coisas olhou para Abrão e Sarai com graça e misericórdia. Deus não considerou a miséria espiritual em que viveu aquele casal perdido nas práticas religiosas comuns à cidade de Ur dos Caldeus (Js.24.2). Com muito amor e bastante compaixão, o Senhor se dirigiu para Abrão, chamando-o para uma nova fase de sua vida familiar, convidando-o a mudar-se de cidade, de religião e de expectativa futura. Aquele que estava perdido e sem esperança seria um instrumento divino para a salvação de muitas famílias em toda a Terra (Gn.12.1-3).
Abrão ouviu atentamente o chamado divino e atendeu prontamente à ordenança do Senhor. Ele pegou tudo o que tinha e todos os que estavam sob sua responsabilidade e saiu em direção à terra de Canaão, conforme Deus havia ordenado. A promessa divina era demasiadamente maravilhosa: “de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! 3 Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn.12.2-3).
O encontro gracioso com Deus, trouxe grande esperança ao coração de Abrão. Ele ainda poderia carregar um filho ao colo, para o qual deixaria tudo o que tinha e, pelo qual, seu nome seria perpetuado por sobre a Terra. Abrão teria um filho gerado à sua imagem e semelhança. Um filho para ensinar-lhe tudo o que sabia, educar na justiça, colocar no colo com amor, dar-lhe carinho paterno, partilhar seus pensamentos e planos. E esse filho seria uma alegria não somente para Abrão e Sarai, mas ainda para muitas outras famílias, pois, por meio dele, as bênçãos divinas seriam derramadas sobre o povo de Deus.
E como bem disse o apóstolo Paulo: “Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera?” (Rm.8.24), Abrão precisou esperar por longos 25 anos até o cumprimento da promessa do filho. Com 100 anos, Deus trouxe à luz Isaque, filho da mulher estéril, filho da velhice, motivo de muito riso (significado de seu nome), tanto de Abraão quanto de Sara. A fé de Abraão se manifestou na paciente espera do cumprimento da promessa durante toda sua jornada até a concretização.
Mas, não somente a esperança revelava a fé de Abraão nas promessas de Deus. O amor de Abraão também manifestava suas convicções a respeito de tudo o que ouvia da parte de Deus. Esse amor mostrou sua plenitude quando Abraão foi colocado à prova:
Gênesis 22:1-3 Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui! 2 Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei. 3 Levantou-se, pois, Abraão de madrugada e, tendo preparado o seu jumento, tomou consigo dois dos seus servos e a Isaque, seu filho; rachou lenha para o holocausto e foi para o lugar que Deus lhe havia indicado
Isaque era o único filho de Abraão, filho de sua velhice, filho muito amado do patriarca e sua esposa. Todavia, não era a pessoa que ele mais amava, pois Deus ocupava o primeiro lugar em seu coração, como mais adiante fora ordenara por meio de Moisés: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (Dt.6.4-5). E esse amor foi demonstrado através de sua obediência diante a prova que lhe fora dada. Abraão mostrou que estava disposto a dar seu único filho para glorificar a Deus que o dera graciosamente. Abraão mostrou sua profunda fé por meio de seu intenso amor.
“Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência” (Rm.4.18). Enquanto esperava o cumprimento da promessa, Abraão percorreu uma longa jornada repleta de desafios. O próprio tempo foi desafiador, razão para Sara propor uma solução intermediária, dando a seu marido uma concubina, uma escrava egípcia de novo Agar (Gn.16). Sara quis dar uma ajudinha a Deus no propósito de cumprir a promessa. E, com isso, trouxe mais problemas para si mesma: “Vendo ela que havia concebido, foi sua senhora por ela desprezada” (Gn.16.4).
Sara não havia refletido na dimensão do poder e da fidelidade de Deus. O Criador de todas as coisas não precisava de “ajuda” para realizar sua vontade, pois da mesma forma como criara tudo com o poder de sua Palavra, também governava todas as coisas por meio dessa Palavra poderosa. Mais à frente, o Senhor exorta Sara por não acreditar na Palavra divina:
Gênesis 18:13-14 Disse o SENHOR a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: Será verdade que darei ainda à luz, sendo velha? 14 Acaso, para o SENHOR há coisa demasiadamente difícil? Daqui a um ano, neste mesmo tempo, voltarei a ti, e Sara terá um filho
Tudo o que Abraão e Sara precisavam era confiar e esperar no Senhor, como posteriormente dirá Davi: “Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará” (Sl.37.4-5). Não é diferente em relação a sua vida. E caso não haja alguma promessa divina a respeito de sua necessidade, a esperança do pecador encontra-se na certeza de que Deus conhece seu coração e sua vida e se inclina para ouvir as orações daqueles que se achegam humildemente: “Esperei confiantemente pelo SENHOR; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro” (Sl.40.1).
Salmo 113:5-9 Quem há semelhante ao SENHOR, nosso Deus, cujo trono está nas alturas, 6 que se inclina para ver o que se passa no céu e sobre a terra? 7 Ele ergue do pó o desvalido e do monturo, o necessitado, 8 para o assentar ao lado dos príncipes, sim, com os príncipes do seu povo. 9 Faz que a mulher estéril viva em família e seja alegre mãe de filhos. Aleluia!
Por essa razão, o apóstolo Paulo, quando preso, conhecendo a ansiedade da igreja em Filipos, a admoesta, dizendo: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.” (Fp.4.6). Tudo o que a igreja precisava fazer era lançar sobre o Criador toda as suas necessidades, confiando plenamente na bondade, no poder e na fidelidade de Deus, conforme afirma Davi: “Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa, porque dele vem a minha esperança.” (Sl.62.5)
O profeta Jeremias viveu dias de calamidades e profetizou o castigo de seu próprio povo. Tudo a seu redor estava caótico: a sociedade estava corrompida, a religião tornara-se idólatra, a maldade estava nas ruas e ele mesmo fora perseguido por diversos homens perversos de entre seu próprio povo. Mas, enquanto o mundo mudava para pior a seu redor, Deus permanecia o mesmo com toda a sua Santidade, Fidelidade, Glória e seu Poder. Por isso, Jeremias apazigua seu coração trazendo à memória a Palavra do Senhor:
Lamentações 3:21-26 Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. 22 As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; 23 renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. 24 A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. 25 Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca. 26 Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio.
Portanto, há esperança quando o pecador se humilha na presença do Redentor e, reconhecendo seus pecados, clama ao Salvador. Há esperança quando o coração contrito lança sua ansiedade sobre o Senhor e busca a vontade de Deus, de toda a sua alma. Há esperança quando o cristão descansa a alma nas promessas divinas, apesar das circunstâncias contrárias, a fim de aguardar confiantemente o agir do Senhor: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera.” (Is.64.4). Há esperança para todo aquele que olha com fé e amor para o Senhor da glória, “porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade” (Sl.100.5).
Por meio da graça e do poder de Deus não há dor tão grande que não possa ser dissipada, nem ferida tão profunda que não possa ser curada. Não há promessas difíceis demais que não sejam cumpridas, nem sonhos tão pequenos que, em santidade, Deus não possa se dispor graciosamente a realizar. Em Deus, o coração desvalido encontra esperança para viver e a alma desanimada refaz suas forças nas misericórdias do Senhor. O que parecia impossível ao coração pecador, torna-se um simples obstáculo para os que contemplam, pela fé, a graça e o poder de Deus, confiando em Suas promessas e em Seu amor.
Em Cristo Jesus, há real esperança para você! Portanto, ouça o Espírito Santo (Rm.8.26) falando pela Palavra divina: “Ao meu coração me ocorre: Buscai a minha presença; buscarei, pois, SENHOR, a tua presença” (Sl.27.8). Então, “espera pelo SENHOR, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo SENHOR” (Sl.27.14).
A fé definitivamente não é um salto no escuro. Glórias ao Senhor!
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