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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O precioso dom da Fé


desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus” (Cl.1.4)

Desde o século XIV, o humanismo tem retirado Deus do centro de todo o universo e substituído pelo próprio homem. Este passou a ser a centro do mundo, enquanto descobria, contraditoriamente, que o planeta Terra era apenas uma grão de poeira na imensidão do universo. A cultura pagã antiga foi resgatada e o homem tornou-se a “medida de todas as coisas”, expressão do sofista Protágoras (487 – 420 a.C.), ressuscitada pelo humanismo e retratada na obra de Leonardo da Vinci, chamada: o Homem Vitruviano, desenhada na década de 1490 d.C.. Após dois séculos de rebelião, aparece um novo movimento no século XVII: o racionalismo. Com a subversão do homem, colocando-se no centro do universo, logo sua razão é considerada capaz de compreender todas as coisas. O homem põe sua “fé na capacidade da mente humana para entender” a realidade.
Contudo, crer em Cristo não é um desafio exclusivo para a nossa geração. A fé é um necessidade para toda e qualquer geração. A incredulidade é uma característica natural do homem pecador que “se não vir em suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acredita” (Jo.20.25). Podemos recorrer à história humana, a fim de ratificar tal afirmação, afinal o “homem moderno só acredita naquilo que pode ser comprovado”, um pressuposto científico completamente anticristão, que nega a existência de Deus pela impossibilidade de prová-la metodologicamente. Nosso pressuposto é de que a Palavra de Deus é a verdade (Jo.17.17) e a ela recorremos para conhecer a verdade sobre a história humana.
A incredulidade precede a queda. Antes da desobediência, Adão e Eva duvidaram da ordem divina, sendo incrédulos com respeito à Palavra de Deus, caindo na cilada da serpente (Gn.3.1-5). O homem não creu no primeiro mandamento de Deus: “da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn.2.17). Por duvidar da Palavra de Deus, Adão e Eva desobedeceram, recebendo punição divina, presente até hoje na criação que “a um só tempo, geme e suporta angústias até agora” (Rm.8.22). Mais adiante, nos dias de Noé, “anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos” (Mt.24.38-39). O mundo desprezou o chamado ao arrependimento, pregado durante cem anos por Noé e sua família (II Pe.2.5), enquanto construíam um barco de tamanhos monumentais para serem salvos do castigo de Deus.
Faltar-nos-ia tempo e espaço para falar da incredulidade de Israel, demonstrada geração após geração em todos os livros da Escritura. As gerações dos filhos de Israel “fizeram o seu coração duro como diamante, para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o SENHOR dos Exércitos enviara pelo seu Espírito, mediante os profetas” (Zc.7.12). Nem mesmo a geração dos dias de Jesus, demonstrou disposição de coração para crer, “porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados” (Mt.13.15). Embora Jesus tenha realizado diversos sinais e milagres que confirmavam as profecias do Antigo Testamento e apontavam para a Sua Messianidade, os Judeus se mantiveram endurecidos de coração. Até os discípulos duvidaram de Cristo tendo que ser exortados quando “apareceu Jesus aos onze, [...] e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado” (Mc.16.14).
Cônscio da incredulidade natural do homem pecador, pois “não há quem entenda, não há quem busque a Deus, não há temor de Deus diante de seus olhos” (Rm.3.11,18), Paulo dava graças ao Senhor pela fé dos Colossenses. A plena disposição deles em crer na “palavra da cruz, loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” (I Co.1.18), provinha da graça do Senhor. Somente Deus poderia torná-los sensíveis ao evangelho da graça para receberem perdão e salvação de Cristo. Eles haviam nascido “da água e do Espírito” (Jo.3.5) e recebido “coração novo” e “espírito novo” (Ez.18.31). Deus tirara “o coração de pedra” trocando-o por um “coração de carne” (Ez.36.26). Agora, cheios da fé proveniente da presença do Espírito de Deus, os Colossenses eram capazes de “andar nos estatutos de Deus, guardando os juízos do Senhor e observando Seus preceitos” (Ez.36.27).
Fé cristã é crer na Palavra de Deus. Fé é crer em Deus, em Seus poderosos feitos do passado e em Suas promessas para o futuro. A fé cristã não é “salto no escuro”, nem o “mover do sobrenatural”. Ainda que “fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hb.11.1), o que se espera está revelado nas Escrituras, o fatos aguardados foram prometidos por Deus em Sua Palavra. Fé cristã é crer no Deus revelado nas Escrituras, confiar em Sua Palavra, obedecendo a seus mandamentos, e aguardar firmemente as promessas deixadas por Ele na Sagrada Escritura, “buscando as coisas do alto” (Cl.3.1)
Crer em Deus é um milagre: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Ef.2.1). Por esta razão, Paulo ficava bastante feliz quando ouvia falar da fé de uma determinada comunidade. Significava que Deus havia sido gracioso com aqueles pecadores, dando-lhes a oportunidade de serem salvos da ira vindoura (I Ts.1.10). Ao receberem o gracioso dom da fé, as dúvidas do coração eram dissipadas, as incertezas da mente eram substituídas pela verdade. A vida ganhava sentido, servir ao Senhor da glória, e o destino final do homem se descortinava diante de seus olhos: a gloriosa vida eterna concedida gratuitamente para os que humildemente andassem com Deus.
O resultado da fé é uma vida frutífera, íntegra, que Paulo chama de “operosidade da vossa fé” (I Ts.1.3). Os Colossenses deveriam viver “de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra” (Cl.1.10). O pecador recebe o dom da fé para “desenvolver [...] a salvação com temor e tremor” (Fp.2.12). Mas, como Paulo sabia que os Colossenses realmente haviam recebido o dom da fé? O apóstolo recebeu informações de Epafras de que os Colossenses estavam produzindo frutos de justiça decorrentes de uma genuína fé em Cristo Jesus. Eles haviam aprendido que eram “feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef.2.10). Desde então, estavam dedicando a vida ao Senhor de suas almas.
O desespero humano, crescente nestes últimos séculos, é decorrente das incertezas humanas. A incapacidade da mente humana de assegurar o futuro do homem e dar respostas satisfatórias para a realidade, sobre a vida e a morte, trouxe desespero para a humanidade sem mais nenhuma razão para existir. O pecador precisa da fé para existir. Ao desprezar Deus, o homem renegou a existência de vida após a morte. O homem colocou-se como obra do acaso, vagando na imensidão do universo. Sua realidade passou a ser apenas material e presente. Para o homem moderno, a única razão da vida é explorá-la ao máximo lutando pela sobrevivência de sua existência curta e sem rumo. Sem Deus, a morte para o mundo é um fatalismo, o fim da existência. Tal pensamento tem levado os homens à loucura. Ao desprezar o Criador, o homem negou sua própria existência.
Damos graças ao Senhor por conceder à muitos pecadores o dom da fé para que conheçam a Deus e se arrependam de seus pecados. Assim como Paulo se alegrava na fé dos Colossenses, há muito “júbilo no céu por um pecador que se arrepende” (Lc.15.7). No entanto, lembre-se que a fé não é improdutiva, não volta de “mãos vazias” para Deus. O pecador crente é conduzido pelo Espírito e pela Palavra de Deus para produzir frutos de justiça, certo que “Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp.2.13). A Fé é um precioso dom com o propósito de glorificar a Deus.

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