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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Contínua Obra da Igreja

Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.” (I Co.3.6,7)

Há um habito pecaminoso que tenho percebido nas pessoas que assumem algum tipo de liderança: elas primeiro querem diminuir aqueles que vieram antes delas, destruindo todo trabalho que fizeram, dando a impressão de que nada foi bom, para depois exaltarem a si mesmas e deixarem suas próprias marcas, como se fossem heroínas.
Este fenômeno torna-se mais notório no período de eleições. Os candidatos recebem um tempo para anunciarem suas propostas, para que os eleitores possam avaliar quais delas melhor satisfazem suas necessidades sociais. No entanto, a política deixou de ser um serviço público e passou a ser um campo de batalha. Os “generais” de cada partido tentam promover a si mesmos, atacando e destruindo a imagem dos outros, considerados “inimigos”. Cada qual deseja estabelecer seu reino e para que sejam bem sucedidos em seus “planos de conquista”, precisam primeiramente eliminar o “inimigo”. Todo general considera que é preciso sacrificar algumas vidas, e essas vidas são os cidadãos que no final da batalha sempre perdem a guerra.
Infelizmente este comportamento desprovido de qualquer preocupação, ética e moral, também tem sido praticado nas lideranças de outras as áreas da sociedade, incluindo a religião. A concorrência ministerial tem feito do mundo um campo de batalha. Os campos que “já branquejam para a ceifa” (Jo.4.35), viraram campos minados. Parece que os ceifeiros foram expulsos e o que resta são soldados de guerra. Enquanto os “generais” tentam vencer a batalha, a fim de estabelecer seus reinos, a igreja do Senhor Jesus sofre com a guerra. É triste ver a noiva de Cristo, que Ele tanto ama, sofrer os danos da guerra desses pecadores egoístas. Quando o Senhor dos exércitos, o Rei dos Reis, vier, pedirá contas de tudo quanto foi feito à Sua igreja. A glória desses “generais” sucumbirá, pois não lutaram pelo Senhor e Sua igreja, mas por si mesmos, com o propósito de engrandecer seus próprios nomes.
Jesus separou doze homens para o seguirem, a fim de aprenderem tudo quanto era necessário para o ministério apostólico. Um deles foi o traidor e os onze discípulos que permaneceram “não [poderiam] deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” (At.4.20). Eles deveriam testemunhar tudo “o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida” (I Jo.1.1). Esses onze apóstolos deveriam trabalhar juntos em prol do Reino de Deus, pois “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” (Jo.13.35). O trabalho era cooperativo e entre eles não haveria senhor e servo, pois todos deveriam estar dispostos a servir, da mesma forma como Jesus “sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros.” (Jo.13.14). Não era um jogo de concorrência, mas uma cooperativa que tinha o propósito de glorifica o único Mestre e Senhor de todos: Jesus.
Se os discípulos não tivessem aprendido este mandamento de Jesus, provavelmente teriam visto o apóstolo Paulo como um concorrente do ministério deles. No entanto, a chegado do apóstolo foi bem recebida e “quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam, a mim e a Barnabé, a destra de comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios, e eles, para a circuncisão” (Gl.2.9). O Senhor Jesus havia escolhido mais um apóstolo para realizar a obra da propagação do evangelho do Reino de Deus. As tarefas foram distribuídas e cada um foi enviado a executar seu papel. Não havia entre eles maior ou menor, o que havia era um colegiado de pastores que tinham o propósito de anunciar a Cristo aos pecadores e edificar a igreja na Palavra de Deus.
O apóstolo Paulo ensina este mandamento à igreja dos Gálatas: “sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor” (Gl.5.13). Mas, é na carta aos Coríntios que o apóstolo nos ensina dois princípios fundamentais para a realização da obra do Senhor: “Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (I Co.3.6,7).
O primeiro princípio de Paulo é que a obra da igreja deve ser contínua. O bastão do primeiro corredor é passado para o segundo e assim sucessivamente, como numa corrida de revezamento. Nesta corrida “todo atleta em tudo se domina para alcançar uma coroa incorruptível, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (I Co.9.25, 27). Cada novo trabalhador não deve destruir a obra realizada anteriormente, mas dar continuidade ao trabalho, aperfeiçoando-o para Deus. Todos são trabalhadores da mesma ceara e por isso o trabalho que um termina é o ponto de partida para o próximo trabalhador. É desta forma, que a igreja se desenvolve, sempre crescendo, com a participação de todos.
O segundo princípio é que todo trabalho foi dado para a glória de Deus e não para o envaidecimento particular dos trabalhadores. Todos se unem para exaltar a Deus realizando Sua grandiosa obra de propagação do Reino dos céus. Por isso, o que importa para os trabalhadores, não são as marcas que lhes caracterizam, mas as que glorificam a Deus edificando a igreja de Jesus. O propósito dos dons e ministérios da igreja é o “aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef.4.12,13), a fim de que a igreja de Jesus glorifique perfeitamente a Deus numa vida de integridade Bíblica.
É importante lembrar também, que todos os trabalhadores são pecadores. Mesmo depois de ser alcançado pela graça salvadora e transformadora de Deus, o crente ainda deve lutar contra a carne, certo de que ainda é um pecador. Sendo assim, os trabalhadores desta ceara, ainda estão sujeitos à falhas e imperfeições. Por esta razão, torna-se necessária a compreensão do papel aperfeiçoador daqueles que recebem o bastão. As gerações futuras devem buscar aprimorar a obra realizada pelas gerações passadas. As falhas cometidas devem ser corrigidas. O trabalho imperfeito deve ser aperfeiçoado, para que todos se tornem colaboradores, e, no final, a obra de Deus esteja perfeita para Ele mesmo.
Pense na igreja como uma casa que está sendo construída, e os ministérios como pedreiros que estão edificando a casa. O primeiro pedreiro levanta a parede ao redor da casa até a altura de um metro e depois vai embora. O segundo pedreiro recebe a obra para dar continuidade, a partir da altura de um metro. No entanto, ele prefere destruir aquelas paredes, levantadas pela metade, pois considera que pode fazer melhor. Então, o segundo pedreiro recomeça o trabalho, mas também não consegue levantar mais que um metro de parede. Se todos os pedreiros que vierem, destruírem o que foi feito para recomeçar tudo de novo, a casa não será construída nunca. É preciso que cada pedreiro dê continuidade à obra começada, fazendo apenas os concertos necessários, para que um dia, o dono da casa receba-a concluída, tendo contado com a participação de todos os cooperadores da obra. É assim que a Palavra de Deus ensina sobre os ministérios e a edificação da igreja de Cristo.
Qual a motivação do trabalho que você realiza na igreja? Qual seu ponto de partida? Dê continuidade ao trabalho daqueles que Deus chamou antes de você. Realize com zelo e dedicação, mantenha-se firme no propósito de fazer Cristo conhecido de todos. Seu propósito não é realizar-se no ministério e trabalhos que desempenha na igreja. Seu objetivo é apontar a glória de Deus, que é a nossa razão de existir. O crescimento e a edificação da igreja serão nossa recompensa e alegria. Com estes propósitos em mente seu trabalho terá começado bem.

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